30 julho, 2014

SILVA, Antonio A. dos Santos - ROMANCES HISTORICOS E LENDAS. Por... Porto, Typ. a vapor de Arthur José de Souza & Irmão, 1903. In-8º (19cm) de XI, [1], 146, [2] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª (e única) edição. Ilustrada com o retrato do autor em extratexto.
Obra rara e muito curiosa - episódios históricos escritos em verso.
Com uma carta de Camilo Castelo Branco ao autor (p. 115-116), a propósito do poema Travessuras de Gnido.
"Deixemos pois que na poesia da historia o poeta use de uma fórma que, prestando-se a todos os estylos, se amolda melhor, por facil, sonora, lendaria, á memoria dos successos que aviva, e até aos conceitos philosophicos de que esse genero sóe exornar-se.
De «lendas» poderia o auctor titular quasi todos estes romances, porque não são elles a exacta reproducção de factos ou ainda anecdotas historicas; todavia, tendo por base aquelles ou estas, afastam-se uns mais e outros menos na sua contextura litteraria da licção, para tomarem tonalidades romanticas, que o leitor illustrado muito bem esmerilhará do que é nitidamente scientifico."
(excerto do proémio)
Poemas:
- O velho Burgo. - Mir-Hocem. - Nossa Senhora da Batalha. - Brancaflor. - Cedofeita. - A Pomba do Mosteiro. - A andorinha do outro verão. - Travessuras de Gnido. - Um casamento regio. - A Balia de Leça.

"Brandia Affonso o montante
co'o vigor de leonez
contra o moslemo flamante
de Sus, Tafilet e Fez.

Dom Froylão, dos seus guerreiros
o mais distincto campeão,
no vigor do braço ferreo
inda excedia o irmão.

Os ricos-homens, que os seguem
ou na algara ou na batalha,
rompem couras d'um revez,
d'um talho, cotas de malha.

Os infanções, a pionagem,
em cada bote de lança
alluem torres, que ruem
co'os defensor's, na matança!"

(excerto do poema, Nossa Senhora da Batalha)

Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta vinco no canto superior dto.
De assinalar, o bonito e muito invulgar efeito das capas, com relevo, reproduzindo pele de serpente.
Raro.
Conhece-se apenas um exemplar registado, propriedade da Biblioteca Nacional.
Indisponível

29 julho, 2014

SANCHES, José Dias - RELIQUIAS DO PASSADO. [S.l.], [s.n. - Comp. e imp. na Sociedade Industrail de Tipografia, Limitada - Lisboa], [193-]. In-8º (19,5cm) de [6], 125, [6] p. ; [21] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição. Ilustrada com desenhos no texto e 21 estampas em folhas separadas.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Obra dedicada sobretudo a aspectos de Lisboa.
"Nestes tempos desordenados e alucinantes, em que a vida se embriaga de modernismos exóticos, e um egoismo doentio sufoca tôda a pureza dos caracteres, nesta saramanda endemoninhada, onde as virtudes tombam para o lado entontecidas de vicios, nesta algazarra turbulenta e confusa, onde a humanidade pinoteia sem um ideal de beleza que a dignifique, nem uma moral que a torne respeitada, sabe bem rebuscar na papelada referente ao nosso passado estético, elementos que suscitem ao nosso espírito um interêsse vivo por motivos que tanto enobreceram os tempos de antanho. Com essas peregrinações formei êste feixe singelo e despretencioso, de pequenas relíquias do passado, tendo em vista apenas uma vontade, a de acertar."
(introdução)
Matérias:
- Relíquias do passado [introdução]. - O Rossio de ontem. - A vila do silencio. - O Mosteiro dos Jeronimos. - O alto da Ajuda. - O Restelo velho . - Candeias. - Figurinhas de barro. - Da vida e obra do escritor Pedro Diniz. - Vulcanos nacionais. - João de Ruão. - Chaminés alentejanas.
José Rodrigo Dias Sanches (1903-1972) Foi um diplomata e genealogista português. Escreveu sobre diversos assuntos. Os Sanches de Vila Viçosa (1970) é a sua obra mais conhecida.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas algo sujas, com defeitos marginais.
Invulgar.
Com interesse olisiponense.
Indisponível

28 julho, 2014

ANDREA, Alvaro de Carvalho - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DA PLUVIOSIDADE EM PORTUGAL E EM ESPECIAL NA SERRA DA ESTRÊLA. Por... Licenciado em Medicina, 1.º Ajudante de Observador do O. C. M. Lisboa, Tipografia da Emprêsa Nacional de Publicidade, 1933. In-4º (24,5cm) de 101, [1] p. ; [3] f. desd. ; [1] f. il. ; il. ; B.
Obra ilustrada no texto com inúmeros gráficos e mapas estatísticos e numéricos, alguns deles desdobráveis.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"O presente trabalho [...] encontra-se dividido em três parte: na primeira estuda-se a pluviosidade em Portugal e averigua-se qual o ponto do nosso país onde se regista a maior quantidade de chuva; na segunda comparam-se os valores da chuva na região mais pluviosidade de Portugal, isto é, da Serra da Estrêla, com os valores da chuva nas regiões de maior pluviosidade dos outros países da Europa, cujos dados pudemos obter; finalmente na terceira parte estuda-se em especial a pluviosidade da Serra da Estrêla."
(excerto da introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas oxidadas.
Muito invulgar.
Indisponível

27 julho, 2014

LOPES, João Batista da Silva - ISTORIA DO CATIVEIRO DOS PREZOS D'ESTADO NA TORRE DE S. JULIÃO DA BARRA DE LISBOA DURANTE A DEZASTROZA EPOCA DA UZURPASÃO DO LEGITIMO GOVERNO CONSTITUCIONAL DESTE REINO DE PORTUGAL. Por..., Um dos martires da referida Torre. TOMO I [e II, III e IV]. LISBOA, NA IMPRENSA NACIONAL. 1833-1834. 4 vols in-8.º (16cm) de  VI, LXXVIII, 212, [4] p. (I), 355, [1] p. (II), 271, [1], (48) p. (III) e 223, [1] p. (IV) ; E. em dois tomos.
Edição original.
Contém a relação dos presos no Forte (618), por nome, lista extraída do Caderno dos asentos que havia na Torre, melhorada com as declarasões d'alguns dos prezos. e dos Malandros (12), cujo "calão, ou algaraviada", está listada no final do tomo I.
"Com o intuito de perpetuar a memoria dos males que um governo absoluto acarreta sobre os mizeraveis que teem a desgrasa de cair em suas garras, e despertar no animo de todo o omem que tenha conhecimento da sua dignidade, quanto é preferivel morrer d'uma ves com as armas na mão em defeza dos sagrados direitos da liberdade, do que curvar servilmente o colo á ferrea vara do despotismo, me dei ao trabalho de coligir os principaes acontecimentos que ocorrêrão nas prizões da Torre de S. Julião da Barra de Lisboa, em que esteve encerrada uma boa porsão de vitimas da asanhada crueza do governo uzurpador, que por seu delegado escolheu para mais atormentar eses malfadados o facinorozo Teles Jordão de sempre ezecravel memoria. Os tormentos e martirios, que este monstro e seus dignos satelites, infligirão aos prezos, darão brado não só em todo o Portugal, mas em toda a Europa; muitos parecerão incriveis; poso porem segurar, que tudo o referido nesta obra, ou foi por mim prezenseado, ou me foi contado pela propria vitima, e confirmado não poucas vezes por testemunhas oculares."
(excerto do prefácio)
Matérias:
TOMO I. Advertencia. Prefacio. Relasão dos Prezos d'Estado na Torre. Cap. I. Minha prizão em Lagos até ser removido para Lisboa. Cap. II. Prizão na cadeia da cidade do Limoeiro até ser trasladado para a Torre de S. Julião. Cap. III. Torre de S. Julião da Barra nos governos do coronel reformado Ignacio Joaquim de Castro, e do brigadeiro Joze Joaquim Simões. Cap. IV. Governo do brigadeiro Joaquim Teles Jordão - Janeiro 1829. Documento ilustrativo: - Calão, ou Algaraviada dos Malandros.
TOMO II. Cap. V. Continuasão do governo do Teles Jordão. - 1830. Cap. VI. Continuasão do governo do Teles Jordão. - 1831. Cap. VII. Continuasão do governo do Teles Jordão. - 1832. Documento ilustrativo. - Representasão do sr. D. J. M. de Souza Coutinho.
TOMO III. Cap. VIII. Governo do marexal de campo Diogo da Cunha Souto Maior. Cap. IX. Governo do brigadeiro Raimundo Joze Pinheiro. Cap. X. Continuasão do governo do dito. - Misionarios. Cap. XI. Governo do coronel Pedro Joze Santa Barbara.
Cap. XII. Novo governo do Teles Jordão. Documentos ilustrativos. N.º 1. Bilhete do sr. Ferrão a sua Irman. N.º 2. Bilhete do sr. Pereira e Melo a sua Irman. N.º 3. Requerimento do sr. Garrido. N.º 4. Bilhete do Pinete á mulher. N.º 5. Estrato da pratica do Misionario. N.º 6. Reprezentasão prezentada pelo Misionario. N.º 7. Resposta dos Prezos Ecleziasticos. N.º 8. Resposta do sr. Ramon de Masoti. N.º 9. Requerimento do Misionario, e Despaxo do governador. N.º 10. Projeto de resposta do sr. Pereira do Carmo. N.º 11. Resposta final ao Misionario. N.º 12. Sonetos. N.º 13. Sentensa do sr. F. A. Pinto. N.º 14. Agradecimentos ao Misionario. N.º 15. Boletim da molestia do sr. Xarrua.
TOMO IV. Cap. XIII. Remosão para Cascaes. - Governo do brigadeiro Tiago Pedro Martins. Cap. XIV. Regreso para a Torre de S. Julião. Cap. XV. Pasatempos dos Prezos. Cap. XVI. Concluzão. Lista dos Prezos falecidos. Dita dos srs. suscritores.
João Batista da Silva Lopes (1781-1850). "Nascido na cidade de Lagos, no Algarve, em 1781. Exerceu durante alguns anos na sua pátria a profissão de Advogado. Seguidor das doutrinas liberais, teve de sofrer por elas longo e penoso martírio, vendo-se forçado a emigrar em 1823, e sendo em 1828 preso a 24 de Maio, e lançado nos calabouços da torre de S. Julião da Barra, onde jazeu até 24 de Julho de 1833. Entrou depois no serviço do Estado na qualidade de Chefe adido á 1.ª Repartição do Arsenal do Exército. Nomeado Deputado às Cortes nas legislaturas de 1842 e 1848, aí apresentou varias propostas e projectos de lei sobre assuntos de administração civil e militar. Foi Socio da Acad. R. das Ciencias de Lisboa, da de Turim, e do Instituto Hist. Geogr. do Rio de Janeiro. Tendo-se-lhe agravado com a detenção na torre a falta de vista, que padecera desde a juventude, achou-se a final acometido em 1848 de um ataque de amaurosis, que o impossibilitou de toda e qualquer aplicação visual. N'este estado viveu ainda dous anos, até falecer em 1850."
(Inocêncio T. III, pp. 316)
Encadernações recentes em meia de pele com ferros gravados a ouro nas lombadas.
Exemplares em bom estado de conservação, aqui e ali com defeitos marginais, sobretudo nas primeiras páginas de cada volume. Em falta as duas gravuras (planta da prisão e do subterrâneo) e da partitura musical do código de assobios dos presos, que integram a obra, mas que só muito raramente a acompanham.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

26 julho, 2014

MACEDO, Francisco Newton de - ASPECTOS DO PROBLEMA PSICOLÓGICO. Criteriologia. Lisboa, Livraria Férin, 1919. In-8º (19cm) de 89, [7] p. ; B.
1.ª edição.
"Desde que Fechner julgou ter resolvido na simplicidade abstracta duma expressão logaríthmica o problema eterno e sempre instante das relações entre a matéria e o espirito, inúmeras teem sido as tentativas realizadas para elevar (dentro dum critério scientista) a psicologia á categoria de sciencia exacta.
Á grandeza do ideal a atingir só pode ser comparada a tenacidade dos esforços realizados, a crença, na possibilidade de realização, de todos aqueles que, seguindo a via traçada pelo fundador da Psicofísica, tentaram descobrir, na complexidade estonteante e fugidia da fenomenalidade psicologica, invariantes que permitissem o estabelecimento de relações causais."
(excerto do Cap. I, A Crise da Psicologia)
Matérias:
I - A crise da psicologia. II - A psicologia racional e o conceito de alma. III - O Associacionismo. IV - A psicologia scientifica e o conceito de casualidade. V - O problema.
Francisco Romano Newton de Macedo (1894-1944). “Professor Universitário e Publicista. Natural da cidade de Lisboa, nasceu a 6 de Novembro de 1894, aí cursou a Faculdade de Letras e se graduou como bacharel em Filosofia, com a dissertação "A Crise Moral e a Acção Pedagógica". Como professor de Filosofia no Liceu Central de Gil Vicente, em Lisboa, desde 1916, conheceu Leonardo Coimbra e com ele estabeleceu uma fértil convivência profissional e intelectual que acabaria por se transformar numa amizade duradoura. Aquando da primeira passagem de Leonardo Coimbra pela pasta da Instrução Pública, Francisco de Macedo foi nomeado pelo Governo para um dos novos lugares de professor ordinário na Faculdade de Letras de Coimbra. Contudo, na sequência do conflito gerado pela criação da 1.ª Faculdade de Letras do Porto, solicitou a sua transferência para esta nova instituição, iniciando a carreira docente universitária a partir de 18 de Outubro de 1919. Nomeado pouco depois Professor Ordinário do 6.º Grupo (Ciências Filosóficas) e, mais tarde, professor catedrático, ao abrigo do Estatuto da Instrução Universitária de 1926, teve a seu cargo a regência das cadeiras de História da Filosofia Antiga, História da Filosofia Medieval, História da Filosofia Moderna e Contemporânea, História da Civilização, História das Religiões e de Psicologia Experimental. Por duas vezes eleito e nomeado para Bibliotecário da 1.ª Faculdade de Letras do Porto (1920-1929), serviu ainda como director interino durante o afastamento de Leonardo Coimbra para funções governativas. Em 1925, foi convidado para Chefe do Gabinete do Ministério da Instrução de João Camoesas. No final do ano retomou as funções docentes na Faculdade de Letras, tendo-lhe sido outorgado o grau de Doutor em Letras – Ciências Filosóficas no dia 2 de Dezembro. Com o triunfo da Ditadura Militar, em 1926, foi eleito pelo Conselho Escolar da Faculdade como seu vogal no Conselho Superior de Instrução Pública. Aqui lutou contra as ameaças de encerramento da Faculdade de Letras que, no entanto, acabariam por triunfar com a publicação do Decreto n.º 15 365, de 12 de Abril de 1928. Manteve-se em funções nesta instituição até 31 de Outubro de 1930. Uma bolsa da Junta de Educação Nacional permitiu-lhe deslocar-se a Paris, onde se especializou em Psicologia Experimental. De regresso ao país, já na qualidade de adido, prosseguiu os seus estudos e investigações até à colocação como professor provisório no Liceu Passos Manuel, em Lisboa, em Novembro de 1933. Não obstante a sua reconhecida cultura e inteligência, as posições políticas que assumiu ditaram o seu afastamento do ensino oficial, acabando por leccionar em colégios particulares de Lisboa, cidade onde viria a falecer a 17 de Agosto de 1944.” (in sigarra.up.pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

25 julho, 2014

AMORIM, Francisco Gomes de - GARRETT : memorias biographicas. Por... Conservador da Bibliotheca e Museu de Antiguidades Navaes, Socio da Academia Real das Sciencias de Lisboa, do Instituto de Coimbra, da Real Academia Hespanhola de Historia, etc., etc. Tomo I [e Tomo II e Tomo III]. Lisboa, Imprensa Nacional, 1881-1884. 3 vols in-4º (22,5cm) de [4], 398, [2] p. ; [1] f. il., XXXII, 723, [5] p. e VIII, 717, [3] p. ; [5] f. fac-sim. E.
1.ª (e única) edição das memórias biográficas de Almeida Garrett. Obra de referência e de singular merecimento, talvez a mais importante publicada sobre o poeta português.
Ilustrada com um retrato de Almeida Garret no início do 1.º volume, e com 5 fac-símiles, 3 das quais em folhas desdobráveis, respectivamente, do Plano da biografia de Garrett, como ele queria que a fizesse o autor das Memórias; a última carta que dirigiu a Gomes de Amorim; as primeiras quatro estrofes de O Anjo Caído; a última página literária que escreveu - da primeira cena da comédia O Conde de Novion, no final do 3.º volume.
"É como a luz do sol o genio dos grandes poetas. O seu clarão brilhante, espalhando-se na terra, aquece e alumia as almas de todos os que encontra. Manifestando-se no livro, astro da intelligencia, afugenta as trevas dos cerebros mais obscuros; esclarece e persuade, até os proprios que não querem convencer-se nem illustrar-se. Na poesia, enternece os insensiveis, arranca lagrimas dos corações mais seccos, risos dos labios mais cerrados, gritos da admiração dos peitos mais frios e indifferentes. É uma força invencivel, que transforma os individuos, subjugando a vontade dos mais rebeldes e o espirito dos mais pertinazes. Denuncia, enfim, a centelha divina, que o Creador poz na mente do homem.
Quando o escriptor se chama Homero, Virgilio, Dante, Milton, Camões ou Garrett, os seus poemas atravessarão os tempos e o espaço, cada vez mais admirados e queridos. As suas idéas, similhantes aos raios fulgurosos do rei dos astros, brilharão com o mesmo esplendor com que foram ennunciadas milhares de annos antes! Depois de terem commovido e enthusiasmado as gerações extinctas, demonstrarão ás presentes que nem os seculos depravados, nem as epochas de obscurantismo lhes alteraram a primitiva grandeza e a graça nativa! Filhas do genio, só deixarão de existir quando Deus, destruindo o mundo e chamando a si o ultimo homem, volver tudo ao nada, de onde nos tirou a sua omnipotencia."
(excerto da introdução, I, O genio dos grandes poetas)
Francisco Gomes de Amorim (1827-1891). "Escritor português, nascido a 13 de agosto de 1827, em A-Ver-o-Mar, Póvoa de Varzim, numa família de pequenos lavradores do Douro Litoral, e falecido a 4 de novembro de 1891, em Lisboa. Emigra para o Brasil com apenas dez anos, aliciado por engajadores. Aí conhece uma existência aventureira, trabalhando primeiro como caixeiro e depois como roceiro na selva amazónica. Autodidata, depois de ler o poema Camões, de Almeida Garrett, escreve ao escritor, exprimindo-lhe a sua admiração, e este decide apadrinhá-lo e promover o seu regresso a Portugal, que acontece em 1846. Gomes de Amorim passa de operário a conservador de museu e inicia a sua atividade literária, colaborando em vários periódicos, como O Panorama (1837-1868) e a Revista Universal Lisbonense (1841-1859), e publicando, em 1858, o primeiro volume de poesias, Cantos Matutinos. Poeta, dramaturgo, romancista, é certamente muito marcado pela obra de Garrett, acrescentando à sua influência um tom exótico e original, produto dos anos passados no Brasil. Das suas obras destacam-se Fígados de Tigre, comédia onde parodia o melodramatismo ultrarromântico, e os três volumes das Memórias Biográficas de Almeida Garrett, onde oferece um interessante testemunho sobre a vida e a época contemporânea do fundador do romantismo português."
(Gomes de Amorim. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014)
Encadernações em meia de pele com ferros gravados a ouro nas lombadas.
Exemplares em bom estado de conservação. Defeitos nas pastas (vol. 1) e nas extremidades das lombadas (vol. 2 e 3). Mancha de humidade à cabeça no vol. 1 - afecta as primeiras folhas do livro. Assinatura de posse nas f. rosto dos 3 volumes.
Obra invulgar e muito apreciada.
Indisponível

22 julho, 2014

SILVA, Agostinho Velloso da - VERDADEIRA HISTORIA DA VIDA E CRIMES DO CELEBRE SALTEADOR DE MIDÕES, JOÃO BRANDÃO. Por... Edição Completa. Porto, Livraria Portugueza-Editora de Joaquim Maria da Costa, 1906. In-4º (22cm) de 16 p. ; B. Bibliotheca de Leituras Populares, N.º 3
Biografia de João Brandão divulgada em folheto de cordel.
"Correm impressas varias historias da vida e crimes do celebre bandido João Victor da Silva Brandão, mas todas ellas são mais obra da phantasia dos que as escreveram do que o relato fiel das aventuras d'aquelle terrivel faccinora, que, durante cerca de vinte annos, trouxe apavorados os povos que demoravam nos limites dos districtos de Coimbra, Vizeu e Guarda, ou seja das duas Beiras e ainda da provincia do Douro, que termina, ao sul, pelo districto de Coimbra.
Destina-se, portanto, este opusculo a narrar com fiel verdade tudo quanto de interessante ocorreu na vida do celebrado faccinora, segundo apontamentos colhidos em boas e insuspeitas fontes."
(excerto do texto)
Matérias:
- Nascimento e vida de João Brandão. - Primeiro crime. - Assassinato do juiz de Midões. - Uma infamia e cobardia. - João Brandão assassina um primo. - O casamento de João Brandão. - Assassinato do ferreiro de Candosa. - Ultimo crime de João Brandão. - João Brandão no tribunal. - Libello accusatorio. - Julgamento e sentença. - Morte de João Brandão no degredo.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. Rasgão nas 2 últimas folhas, sem perda de papel.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

20 julho, 2014

ROSA, Vitoriano - O MODERNO CINEMA ITALIANO. Olhão, [s.n.], 1953. In-8º (19,5cm) de 64 p. ; il. ; B.
1.ª edição; publicada em Olhão.
Ilustrada no texto com fotografias a p.b. de cenas de rodagem de diversos filmes.
"O cinema, seja real ou fantástico, é um mundo novo. Ele, leitor amigo, deu-nos uma visão nova dos seres e das coisas; levou-nos ao Texas, a Paris, a Atenas, mostrou-nos a China, a Argentina ou Angola; fez-nos conhecer o mundo que habitamos, desde o Polo Norte ao Polo Sul..."
(excerto do prólogo)
"Quando Mussolini assumiu o poder, o cinema italiano viu ruir, desde logo, o esforço esperançoso dos seus cineastas para a reconquista dos êxitos aureos da época 1910/1915.
De facto, escravisados por Mussolini, os cineastas italianos tiveram de se ajoelhar como quaisquer lacaios da propaganda fascista. Enquanto a Censura impunha as suas leis, enquanto os cineastas inconformistas eram atirados para os campos de concentração, Mussolini aproveitava as possibilidades do cinema na propaganda do seu regime."
(excerto do texto)
Vitoriano Rosa (1931-2008). "Nasceu em Olhão a 23 de Dezembro de 1931 e faleceu em Lisboa a 15 de Fevereiro de 2008, aos 76 anos. Desde muito cedo dedicou-se à escrita sobre cinema, colaborando em jornais algarvios. Ainda em Olhão, foi membro fundador nessa vila do primeiro cineclube do Algarve, mantendo-se associado aos cineclubes do Porto, Santarém e Lisboa. Colaborou na primeira publicação dedicada ao realizador Manoel de Oliveira, numa iniciativa do cineclube de Estremoz. Em 1953 publica “O Moderno Cinema Italiano”, em edição de autor com a ajuda financeira de amigos. Um ano depois veio viver para Lisboa, trabalhando na distribuidora Sonoro Filmes. Trabalhou em seguida na Agência Portuguesa de Revistas e foi subdirector da revista Plateia. Em 1979 foi um dos fundadores e accionistas do diário Correio da Manhã, jornal em que passou a trabalhar e onde se manteve como crítico de cinema. Participou durante décadas em festivais de cinema nacionais e internacionais, tanto na qualidade de enviado especial como enquanto membro de júri. Nos anos 1970, foi fundador e redactor da revista Cinema 15."
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Carimbo de posse na f. rosto e na p. 31.
Invulgar.
10€

18 julho, 2014

THEMUDO, Mário da Silveira Guerra Freire - COIMBRA E A GUERRA AERO-QUÍMICA. Por... Tenente coronel de Artilharia. [S.l.], Separata de «Notícias Farmacêuticas», 1937. In-4º (24cm) de 25, [3] p. ; il ; B.
Ilustrado com o retrato do tenente coronel Freire Temudo em página inteira.
Palestra sobre a defesa anti-aérea de Coimbra.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
"Uma das maneiras de realizar a defesa em conjunto da população duma cidade tem por base a ocultação desta por meio de nuvens de fumo.
A ocultação durante o dia, principalmente quando se trate duma grande cidade, é empresa difícil e dispendiosa.
Coimbra apresenta um certo número de características especiais que se traduzem em dificuldades quanto à possibilidade de tornar eficas a sua ocultação.
A sua referenciação é muito fácil em virtude da configuração extremamente acidentada da sua superfície, da indicação que é dada pelo rio Mondego e especialmente pelas pontes sôbre êste rio junto à cidade e ainda por causa das linhas férreas que a servem. [...]
Baseando-nos em algumas das considerações que acabamos de fazer, podemos pois concluir que:
a) A cidade de Coimbra pela natureza bastante acidentada da sua superfície se encontra em condições de notável gravidade perante o perigo de um ataque aero-químico.
b) Os meios químicos que maiores efeitos de destruição deverão produzir na cidade de Coimbra são os explosivos e os produtos incendiários.
c) A parta alta da cidade é a mais vulnerável aos explosivos e aos produtos incendiários.
d) A parte baixa da cidade é a mais vulnerável aos gases.
e) A defesa activa anti-aérea deverá ser constituída:
1.º Por aviação defensiva de efectivo funcionado pelo provável valor da aviação empenhada no ataque;
2.º Pela artilharia anti-aérea indispensável que, para facilidade de comando e conveniência de dotação de todos os meios necessários ao bom funcionamento dos serviços, fixamos num grupo de baterias;
3.º Pelas metralhadoras pesadas correspondentes.
f) A defesa passiva anti-aérea deverá ser contituïda por fumos de ocultação, abrigos, aparelhos anti-gás e possívelmente falsos objectivos."
(excerto do texto)
Matérias:
- O perigo aero-químico. - A defesa contra o perigo aero-químico. - A defesa activa. - A defesa passiva.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro e muito curioso.
Indisponível

17 julho, 2014

FEIO, Maria - SIDONIO PAES ATRAVEZ DO CORAÇÃO. Lisboa, Lumen, 1921. In-8.º (16,5cm) de 180 p. ; B.
1.ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa da autora.
Biografia de Sidónio Pais.
"É num sentido todo de ordem social e humanitaria, que este livro sahe á publicidade. Não é um livro politico, é uma these de psicologia e de pacifismo. Não discute uma pessoa, mas uma personificação. Essa personificação é transcendentemente emblematica.
A execução deshumana que vitimou Sidonio Paes é a execução que a humanidade vem praticando contra si mesma, desencadeando guerras e atraindo ao seu destino todas as expiações que ferem de morte num fraticidio universal e horrendo."
(excerto do Cap. I, Sidonio Paes)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Amarelecido; capas manchadas; falha de papel no topo da lombada.
Muito invulgar.
Indisponível

16 julho, 2014

AZEVEDO, Aluizio - LIVRO DE UMA SOGRA. Rio de Janeiro, Domingos de Magalhães - Editor : Livraria Moderna, 1895. In-8.º (18 cm) de 341, [3] p. ; E.
1.ª edição.
"De volta da minha ultima peregrinação a Europa, depois de cinco annos de saudades do Brasil, foi que, pela primeira vez, senti todo o peso e toda a tristeza do meu isolamento e pensei com menos repugnancia na hypothese de casar. Foi a primeira vez e tambem a ultima que semelhante velleidade me passou pelo espirito; d'ahi a vinte e quatro horas tinha resolvido ficar eternamente solteiro."
(Excerto do Cap. I)
Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo (1857-1913). "Nasceu em São Luís do Maranhão, em 1857. Contrariando a vontade paterna, que era vê-lo comerciante, viaja, aos 17 anos, para o Rio de Janeiro e começa a estudar pintura na Academia Imperial de Belas Artes. Logo passa a colaborar, com caricaturas e poesias, em jornais e revistas. Com a morte do pai em 1878, é obrigado a retornar a São Luís, onde, em 1880, lança o romance Uma Lágrima de Mulher, exageradamente sentimental, em estilo romântico. Fortemente influenciado pelas leituras de Eça de Queiroz e de Émile Zola, que lhe apontam um novo caminho, publica em 1881 O Mulato, obra que inaugura o Naturalismo na literatura brasileira. Por tratar-se de um libelo contra a vida e os costumes maranhenses no período abolicionista, o romance provoca violenta reação da sociedade provinciana e do clero, coagindo-o a voltar para o Rio de Janeiro, onde passa a viver da literatura, publicando romances, escrevendo folhetins e contos em jornais e redigindo peças teatrais. Em 1895, ao ingressar na carreira diplomática, abandona a literatura. Esteve, a serviço do Brasil, na Espanha, no Japão, no Uruguai, na Inglaterra, na Itália, no Paraguai e na Argentina, onde morreu em 1913.
Na carreira literária de Aluísio Azevedo, podemos distinguir duas posições estéticas simultâneas: de um lado, os romances românticos, que o próprio autor chamava de "comerciais", destinados a alimentar os jornais e a agradar a um público acostumado aos sentimentalismos e às extravagâncias da moda; de outro, os romances "artísticos", em que o autor adere ao espírito naturalista, produzindo verdadeiras obras-primas. À linha folhetinesca pertencem Memórias de um Condenado, Girândola dos Amores, Filomena Borges, entre outros. À linha artística pertencem os romances maiores de Aluísio: O Mulato, Casa de Pensão e O Cortiço. Escreveu também O Coruja, O Homem e o Livro de Uma Sogra.
Há nas principais obras do autor uma preocupação constante com a denúncia de situações sociais desumanas e injustas, que o tornam, acima de tudo, um romancista social."
(Fonte: www.lpm.com.br)
Bonita encadernação em meia de pele com nervuras e dourados gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Páginas encontram-se amarelecidas pela acção do tempo, e pelo tipo de papel utilizado na impressão. Discreto carimbo da Livraria de João Martins Ribeiro, Rio de Janeiro, na f. anterrosto
Raro.
280€

15 julho, 2014

SALGADO, Fr. Vicente - COMPENDIO HISTORICO // DA // CONGREGAÇÃO // DA // TERCEIRA ORDEM // DE // PORTUGAL // COMPOSTO // POR // FR. VICENTE SALGADO, // Ex-Geral, e Chronista da mesma // Congregação. // LISBOA. M. D. CC. LXXXXIII. // NA OFFICINA DE SIMÃO THADEO FERREIRA. // Com Licença da Real Meza da Comissão Geral so- // bre o Exame, e Censura dos Livros. In-8.º (16 cm) de [2], IV, [2], 230 p.
1.ª edição.
Importante obra histórica setecentista sobre a Ordem Terceira de S. Francisco.
"O Instituto da Terceira Ordem de S. Francisco, approvado pelos Summos Pontifices Honorio III., e Nicoláo IV. para todas as pessoas, e estados do mundo christão, a que meu Santo Patriarca deo o nome, e titulo de Ordem da Penitencia, reduzida a vida regular, e essenciaes votos, he a materia, sobre que me propuz discorrer em Compendio, mosttrando a sua origem, e a primitiva antiguidade desta Corporação em Portugal."
(Excerto do texto)
Frei Vicente Salgado (1732-1802). "Cronista da Ordem Terceira, aluno de Frei Manuel do Cenáculo, a quem inabalavelmente designa por “Meu Mestre”, e seu grande admirador como fiel e permanentemente transparece nas crónicas quer manuscritas (1787 e 1797) quer impressas (1786, 1790 e 1793)."
Segundo Inocêncio (Inocêncio VII, 441), "Fr. Vicente Salgado, Franciscano da Congregação da terceira Ordem, foi natural de Lisboa, e n. na freguezia de S. Nicolau, a 5 de Abril de 1732. Habilitado apenas com os estudos menores, entrou na Ordem de S. Francisco, professando no collegio de S. Pedro de Coimbra a 25 de Agosto de 1748. Ahi cursou as aulas maiores, tendo por mestre o sabio Fr. Manuel do Cenaculo, depois bispo de Beja. Estudou a paleographia com o professor P.e José Pereira, e adquiriu sufficientes conhecimentos da numismatica no Museu Bejense. Applicou se com particularidade ao conhecimento das antiguidades nacionaes e da sua Ordem, tornando se umas e outras assumpto especial da sua predilecção. Foi Prégador geral jubilado, Secretario do conselho, Cartorario, Prelado nos conventos de Arraiolos e Vianna do Alemtejo, primeiro Reitor do collegio d'Evora, Professor de latinidade em Silves, Chronista da sua congregação, nomeado em 13 de Junho de 1787, e Ministro geral, eleito no capitulo de 1789. - M. no convento de N. S. de Jesus de Lisboa, a 30 de Abril de 1802, com 70 annos de edade." 
Exemplar desencadernado em bom estado de conservação. Aparado.
Raro.
Indisponível

14 julho, 2014

O CORONEL JOÃO DE ALMEIDA. Sua acção militar e administrativa em Angola (1906-1911). Publicação de iniciativa dum grupo de companheiros e amigos coloniaes. Lisboa, [s.n.], 1927. In-8.º (19cm) de 121, [3] p. ; [1] f. il. ; [1] mapa desd. ; B.
Ilustrado com um retrato do biografado e um mapa desdobrável de Angola, ambos extratexto.
"O presente livro escrito por um grupo de oficiais do Exército, amigos devotados das nossas colonias, é uma homenagem tardia ao mérito e ao valor do Coronel do Corpo do Estado Maior João de Almeida, figura magnífica de portuguez e de colonial do mais alto relevo, homenagem de que tomam a iniciativa alguns dos seus antigos auxiliares e cooperadores."
(excerto da introdução)
Subscrevem a obra:
General Luna de Carvalho; Coronel Ribeiro Vilas; Coronel medico Sezinando Arnêdo Peres; Coronel Fernando Guardado; Major Adaúta F. Mendonça; Major João Henrique Melo; Major J. Ribeiro da Costa Junior; Major Albano de Melo; Major J. Almeida Arez; Major Veloso de Castro; Major Costa Dias; Major-medico José Firmino Vieira de Meireles; Capitão José de Albuquerque; Capitão António Maria Falcão Teles; Capitão J. Rodrigues d'Oliveira.
Matérias:
I - Antes de partir para África. II - No Quartel General em Loanda. III - Expedição do Cuamato em 1906. IV - Reconhecimentos do Cuanhama e do Evale. V - Reconhecimentos nos distritos de Huila, Mossamedes e Benguela. VI - Reconhecimentos das regiões dos Dembos e dos Mahungos. VII - Campanha dos Dembos. VIII - No governo da Huila. XIX - Operações efectuadas em 1908. X - Operações efectuadas em 1909. XI - Operações efectuadas em 1910. XII - A obra administrativa. XIII - A obra de João de Almeida. XIV - Recursos de que dispôs na sua tarefa. XV - João de Almeida perante a opinião.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

13 julho, 2014

SANT'ELMO, Ruy - CHINA, PAÍS DA ANGÚSTIA : Kakemonos. Desenho de Fong-Iôn-Chi. Lisboa, Parceria António Maria Prereira, 1938. In-8º (19cm) de 221, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Crónicas sobre a China de Ruy Sant'elmo, pseudónimo de Abilio Augusto de Brito e Nascimento (1885-1942).
Inclui uma tradução inédita do original chinês de «Chon-Kôc-Chao», da autoria de Camilo Pessanha (p. 21-23).
"Foram os seus incentivos [de Leal da Câmara, a quem o autor dedica o livro] que me animaram a escrever, não o livro estranho que me pediu - pois a tanto me não chega «engenho e arte» - mas, impressões apenas, das mais chocantes para a nossa sensibilidade de ocidentais, sôbre as estranhas coisas daqui. Na meia dúzia de Kakemonos que lhe ofereço, dedico e consagro, o meu pincel seguiu a imagem colhida num abrir e fechar de olhos sôbre a vida em flagrante dêste povo incompreendido. [...]
Cópias do natural, elas lhe mostrarão, iluminadas pelos clarões adivinhantes do senso divino dos Artistas, os recessos da alma nublosa da China. [...]
É que a alma dum povo pode, por simpatia, sentir-se, mas jamais compreender-se..
Vou por isso tentar apenas esboçar a frio o esquema duma das mais belas tradições do povo chinês, fulcro à volta do qual tôda a sua vida decorrre, e onde me parece se cruzam os liames que formam a trama da sua estrutura psíquica e moral: - o culto dos antepassados."
Índice:
- Kakemonos. - Dedicatória. - A Sombra de Confúcio. - A 5.ª Concubina. - Laços de família. - Ópio. - A terceira felicidade. - Flôes de lótus. - A suprema vingança. - A nobre família «Li». - A maior luta. - Excerptos de crítica.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Pequenos defeitos marginais na capa.
Pouco comum.
Indisponível

11 julho, 2014

PORTUGUESES NA GUERRA DO VIETNAME. Organização, introdução e notas de Adalino Cabral e Eduardo Mayone Dias. Rumford, RI (USA), Peregrinações Publications, 2000. In-8º (20,5cm) de 191, [1] p. ; mto il. ; B.
Entrevistas com emigrantes portugueses dos Estados Unidos que participaram na Guerra do Vietname. Publicado em Rumford, Rhode Island (EUA).
Muito ilustrado com fotografias a p.b. no texto. Na foto acima, em pose, Adalino Cabral, veterano do Vietname, e um dos organizadores do livro. 
"A todos os combatentes portugueses e luso-descendentes, a todos os que tombaram na Guerra do Vietname, a todos os membros do Exército, Marinha, Força Aérea, Corpo de Fuzileiros Navais e Guarda Costeira dos Estados Unidos que de lá regressaram, a todos os pais, irmãos, cônjuges e restantes familiares, bem como àqueles que souberam acolher com  dignidade e respeito o antigo combatente oferecendo-lhe um bem merecido abraço de boas-vindas quando mais era preciso e o continuam a fazer.
Todos sois "NUMBER ONE."
(dedicatória)
"Pareceu aos dois organizadores desta obra, emigrantes ambos nos Estados Unidos há longos anos, que seria valioso reunir testemunhos de outros emigrantes portugueses que tivessem servido a pátria adoptiva na Guerra do Vientname. Foi de facto uma guerra onde também portugueses estiveram presentes. E, mais uma nota a acrescentar à imensidão da tragédia dessa contenda, cerca de cem militares com sobrenomes portugueses por lá tombaram para sempre.
Nestas entrevistas tentámos determinar, para além dos naturais traumatismos a que está sujeito qualquer combatente, que grau de identificação sentiam os emigrantes portugueses, incorporados nas forças armadas americanas, com os ideais do seu país de acolhimento. Como é que a rejeição tantas vezes antes experimentada se poderia coadunar com a lealdade à nova nação que, na maioria dos casos, uma fria ordem oficial os mandava servir, que papel desempenharia uma possível gratidão pelo que a América lhes havia oferecido, até que ponto o sentido de dever os motivaria. E como reagiram quando se viram envoltos numa guerra distante, em que o perigo e a iminência da morte mesmo na retaguarda os cercavam quase a cada momento.
Uma faceta à margem dos nossos propósitos que emergiu destes diálogos foi uma curiosa amostragem do "portinglês", o falar luso-americano a que, diga-se de passagem, ambos os organizadores deste livro têm dedicado considerável atenção."
(excerto da nota prévia)
Índice:
Nota prévia.
Dois depoimentos à maneira de prefácio.
Texto de Adalino Cabral.
Texto de Eduardo Mayone Dias.
"A morte da poesia", poema de José Brites.
Entrevistas
1 - Amílcar Cerejo. 2 - Dinis Manuel Oliveira. 3 - Eduardo José F. Coelho. 4 - Francisco Cunha. 5 - Helder Correia. 6 - Henrique Oliveira de Sousa. 7 - Henry Mello. 8 - Horácio Manuel S. Almeida. 9 - João Marques Constantino. 10 - José Urbano Almeida. 11 - Jose Valadão Sousa. 12 - Lúcio Serpa. 13 - Luís Esteves. 14 - Manuel Botelho Tavares. 15 - Manuel Bráulio da Costa Fontes. 16 - Victor do Couto.
Posfácio.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Esgotado.
25€

09 julho, 2014

VIEIRA, Affonso Lopes - A DIANA DE JORGE DE MONTEMOR. Em português de... Lisboa, Sociedade Editora Portugal-Brasil, 1924. In-8.º (18cm) de LXXII, 246, [10] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Versão portuguesa de Diana, novela pastoril originalmente escrita em castelhano, obra maior do poeta quinhentista português, Jorge de Montemor.
"Empreendendo, após a reconstituição do Amadis, a ressurreição da Diana, dou um passo tão natural que a própria essência das coisas me levou à composição dêste diptico, ou, melhor diria: à união do amoroso Par, pois que êstes livros têm sexo, e ao Conto masculino e cavaleiro responde a feminina Novela pastoril. [...]
É tempo de entrar no coração da Grei um dos maiores poetas portugueses, a quem os nossos compêndios de literatura dedicam escassas linhas, e a quem havemos mantido estrangeiro ao nosso sentimento, alhio à nossa admiração, desanexado nas nossas letras, abandonando-o às espanholas; o poeta que, entre todos, fêz soar dentro da alma de Castela, hirta e pomposa, severa e genial narradora de gestas, a música diversa de um lirismo que vibrou no mundo todo. [...]
E não queiramos mal a Jorge de Montemor por haver ritmado em castelhano a inspiração do nosso lirismo. De-mais, constituindo o elemento lírico a feição mais original de Portugal no conjunto no conjunto hispânico em que se integra, e conservando-se a feição tão acentuada que logra manter todo o carácter através do alheio idioma, o problema da linguagem passa, nestes casos pretéritos, a segundo plano. Nem o Amadis deixaria de ser português ainda quando a sua primitiva redacção não fôsse portuguesa, nem a Diana perdeu qualquer fôro nacional por haver sido redigida em castelhano."
(Excerto do prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas sujas.
Invulgar.
Indisponível

08 julho, 2014

NOVO CATHECISMO SCIENTIFICO, COMPOSTO DE DOUTRINAS MUITO UTEIS A TODO O ESTADO DE PESSOAS, PARA BEM REGULAREM SUAS ACÇÕES. EXTRAHIDO, E CONFORME COM A SCIENCIA DOS COSTUMES, EM QUE SE TRATÃO RESUMIDAMENTE AS REGRAS MAIS PRINCIPAES, E NECESSARIAS A TODA A PESSOA PARA BEM VIVER, E SER FELIZ. POR HUM ANONIMO PORTUGUEZ. OFFERECIDO A SEUS COMPATRIOTAS PARA EDUCAÇÃO DA MOCIDADE. LISBOA: 1823. TYPOGRAPHIA PATRIOTICA. In-8º peq. (14cm) de 126, [2] p.
Curioso trabalho publicado sob anonimato, uma espécie de manual de bons costumes.
"Este Cathecismo consta de 15 Capitulos, como adiante se mostra, e estes de doutrinas uteis, claras, e necessarias a quem as não souber.
No fim destes se dá humas breves noções de virtudes moraes, que o homem pode adquirir pela frequencia de seus actos bons."
(introdução)
Matérias:
I. Obrigações, e officios do homem para com Deos.
II. Das obrigações do homem relativamente á Religião.
III. Das obrigações do homem para consigo mesmo.
IV. Das obrigações do homem para com os outros homens.
V. Das obrigações do homem para com os outros, em razão do dominio.
VI. Das obrigações do homem para com os outros em razão dos pactos, e contractos.
VII. Da Sociedade para que o homem nasceo.
VIII. Da Sociedade Conjugal, ou matrimonio.
IX. Obrigações dos que pertendem tomar o estado do matrimonio.
X. Das obrigações dos que contrahirão o matrimonio.
XI. Obrigações em razão da Sociedade paterna.
XII. Das obrigações dos filhos para com seus pais.
XIII. Das obrigações da Sociedade Senhoril.
XIV. Das obrigações do homem em razão da Sociedade civil em que vive.
XV. Das obrigações do homem na Sociedade Religiosa.
"O Estado, ou Sociedade Civil, deve ser considerada como mãi commum de todos os homens que nascem no gremio della: ella lhes deve proteção, e defeza não só quanto a vida, mas tãobem quanto aos direitos, que lhes competem como homens, e como Cidadãos.
Da mesma sorte cada hum dos ditos individuos deve considerar-se como membro da Sociedade, e devedor a ella de gratidão, e bom serviço: daqui provem a obrigação de amor, de fidelidade, e de prover o bem da Sociedade."
(excerto do prefácio)
"Matrimonio he hum contracto, pelo qual o homem, e a mulher habeis se abrigão a viver em perpetua Sociedade, para se amarem, para se ajudarem, e para bem educarem seus filhos. Este contracto conjugal, está explicado nas palavras acima ditas, deve ser contrahido sem impedimentos, e com obrigação de viverem em perpetua Sociedade, porque não podem contrahir o matrimonio só por tempo determinado, ou por determinado arbitrio delles; e isto he inegavel, ao menos por direito divino positivo."
(excerto do Cap. VIII, Da Sociedade Conjugal, ou matrimonio)
Exemplar desencadernado, aparado, em bom estado de conservação. Em falta uma folha do índice. Carimbo de biblioteca na f. rosto.
Raro.
Sem indicação de registo na BNP (Biblioteca Nacional).
Indisponível

07 julho, 2014

REDOL, Alves - CONSTANTINO : guardador de vacas e de sonhos. Fotografias de António Neto e do autor. Arranjo gráfico de João da Câmara Leme. [Lisboa], Portugália Editora, 1962, In-4º (23,5cm) de 131, [8] p. ; mto il. ; B. Colecção Aventura Vivida, 1
1.ª edição.
Rara edição original deste clássico da literatura contemporânea portuguesa.
"Esta história simples ganhou raízes e deu fruto numa aldeia da região saloia, o Freixial, onde a sua gente me aconchega com carinho há mais de dez anos - e tanto como se eu fosse da família de cada um e de todos. [...]
Embora inspirado na vida de um jovem daqui, Constantino Cara-Linda, meu vizinho e amigo, este livro não é bem a crónica rigorosa do seu passadio. Inspira-se nele, reprodu-lo nas imagens que ilustram o texto, mas recria-o e inventa-o também naquela medida em que o escritor decanta ou engravida a realidade de que se apossa com amor ou com raiva.
Sem qualquer ímpeto de desforço, este contarelo, um tanto biográfico, é obra de pura devoção."
(excerto da introdução)

"Tem doze anos, mas não deitou muito corpo para a idade. Ainda está a tempo. Um homem cresce até ao fim da vida, se não em altura, pelo menos em obras e ambições. E nisso promete.
Por voto do padrinho e assentimento dos pais, recebeu no registo o nome de Constantino. É um nome bonito, sim senhor. Na aldeia não há outro igual, e isso é bom, pensou a mãe; escusa uma pessoa de matar a cabeça como em certas casas em que os homens usam o mesmo nome e ninguém se entende."
(excerto do Cap. I, Pequeno labirinto de nomes e alcunhas)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Em falta a 1ª folha, antes do anterrosto.
Muito invulgar.
Indisponível

05 julho, 2014

RAPOSO, Hipólito - DESCOBRINDO ILHAS DESCOBERTAS. [S.l.], Edições Gama, 1942. In-8º (19cm) de 388, [4] p. ; [7] f. il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com 7 fotogravuras em folhas à parte.
Monografia dedicada ao arquipélago dos Açores, uma das mais apreciadas obras do autor.
"Da minha passagem e contemplação por tterras dos Açores, fui juntando fôlhas escritas nos forçados vagares de uns meses de saüdades. Sem emprêgo de cuidados úteis, longe de livros, assim alimentava a ilusão de não perder o tempo. Com êsses papéis se formou um caderno de lembranças da boa terra e da boa gente açoriana."
Matérias:
Inscrições.
Preâmbulo.
I - A Caminho
- Ilha primeira - Solar da melancolia. - Ilha segunda - Vale de água em fogo. - Ilha terceira - À procura de Angra. - Ilha quarta - Para o Cais da Negra.
II - Ócios do Desterro
- Da terra e da gente. - Coroações - Impérios. - A Furna do Enxôfre. - Portugal seja louvado! - Na Luz. - Lidas do leme e do arado. - Por ladeiras e cumes. - Príncipes da Graciosa. - Painéis quinhentistas de Santa Cruz da Graciosa.
III - Açores, até mais ver!
- Graciosa, aqui te deixo. - Do Pico para o Faial. - À varanda de bordo (S. Jorge). - De Angra à Praia (Terceira). - As Sete Cidades (S. Miguel). - O segrêdo de Santa Maria.
José Hipólito Vaz Raposo (1885-1953). “Foi um advogado, escritor, historiador e político monárquico, que se notabilizou como um dos mais destacados dirigentes do Integralismo Lusitano. Opositor do salazarismo, em 1930 recusou colaborar com a União Nacional, defendendo que essa devia ser a posição dos monárquicos, e opôs-se à institucionalização do regime do Estado Novo. Em 1940 publicou a obra Amar e Servir, na qual denuncia de forma virulenta a Salazarquia, um duro ataque a António Oliveira Salazar que lhe valeu ser de novo demitido de todos os cargos públicos que ocupava e a imediata deportação para os Açores. Aproveitou o seu exílio involuntário nos Açores para escrever uma das melhores obras de literatura de viagens sobre o arquipélago, Descobrindo Ilhas Descobertas, originariamente publicado no jornal A Ilha, de 1940 a 1941, saindo depois em livro em 1942.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

04 julho, 2014

O PECCADO DE MAGDALENA. Traducção de A. Rodrigues de Souza e Silva. Porto, Typographia do Commercio, 1865. In-8º (18cm) de VII, [1], 185, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Romance anónimo, entregue da redação da Revista Dois Mundos (revista editada em Paris em língua portuguesa com gravuras estrangeiras) e publicada nas suas páginas durante o ano de 1864. A sua aceitação e o interesse despertado, levaria à sua edição em livro, a presente, em 1865.
"A primeira vez que vi Roberto Wall, foi n'uma tarde do mez de dezembro. Eram quasi sete horas; minha prima e eu, meio-occultas pelas cortinas da janella, olhavamos com impaciencia como cahia a neve, que se amontoava silenciosamente no pateo interior da casa. Eu tinha vinte e dous annos, Luiza dezesete..."
(excerto do Cap. I)
Encadernação inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação. Pastas manchadas. Assinatura de posse na f. rosto.
Raro.
10€

02 julho, 2014

DIAS, Carlos Malheiro - EM REDOR DE UM GRANDE DRAMA. Subsidios para uma Historia da Sociedade Portuguêsa (1908-1911). Por... Da Academia de Sciencias de Lisboa e da Academia Brasileira de Lettras. Lisboa, Livrarias Aillaud & Bertrand : Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, [1912]. In-8º (19cm) de XXXIX, [1], 374, [2] p. ; E.
1.ª edição.
"O regimen, até hoje, não poude curar as tres grandes enfermidades nacionaes: as suas tres grandes crises ou lesões organicas - a do dinheiro, a da fé e a da disciplina. Somos uma sociedade depauperada, desiludida e indisciplinada, sem a vocação do trabalho, da austeridade e da ordem. Esta sociedade, tal como se acha contituida, explica a falencia do liberalismo e a desorientação da democracia. Nasceu pobre. Endividou-se. Nasceu fraca. Viciou-se. Nasceu turbulenta. Anarchisou-se."
(excerto da introdução, A imparcialidade é a mais dififcil das coragens)
Carlos Malheiro Dias (1875-1941). “Historiador, jornalista, diplomata, ficcionista, contista e cronista, Carlos Malheiros foi considerado um dos mais talentosos escritores portugueses. Mais conhecido como o autor do romance A mulata (1896), que gerou grande polémica no meio intelectual luso-brasileiro, Malheiros Dias é dono de uma vasta e profícua produção literária hoje pouco conhecida e reconhecida que, em diversos sentidos, revela um forte engajamento político e social em relação ao momento em que viveu. O seu olhar atento, pragmático e crítico percorreu o final da Monarquia, a Primeira República e o início do Estado Novo.”
Encadernação inteira de tela com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinaturas de posse na f. rosto e anterrosto.
Invulgar.
Com interesse para a História da República.
10€