PESSOA, Alberto - GUIA DE TÉCNICA POLICIAL. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1929. In-8.º (20,5cm) de IX, [1], 183, [1] p. ; [18] p. il. ; [1] f. desd. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo de investigação criminal, inovador na época.
Ilustrado em separado com inúmeras fotogravuras, distribuídas por 18 páginas impressas sobre papel couché, exemplificando os diversos "momentos" da investigação.
"Do conhecimento da posição ocupada por um cadáver no momento em que foi encontrado; da sua situação em relação aos objectos que o cerquem; da qualidade dêsses objectos e da forma como estejam ordenados; da natureza das manchas dispersas pelo chão, pelas paredes, pelas roupas, etc.; da verificação das impressões deixadas pelos pés, pelas mãos ou pelos dedos nas superfícies em que se apoiaram; dos sinais de efracção que se encontrem nos móveis, nos cofres-fortes, nas portas ou nas janelas, etc., etc.; de tudo isto podem resultar, como é sabido, elementos da mais alta importância, não só para reconstituir o caso que no local se passou, mas ainda para reconhecer ou procurar o criminoso ou os criminosos, quando os haja.
Mas, para poder tirar proveito dêstes diversos dados, importa manifestamente que, até à chegada dos magistrados ou dos peritos, tudo se mantenha sem qualquer alteração. [...]
Para o bom exito das pesquisas, seria portanto desejável, tentar fazer, antes de mais nada, a educação dos agentes da autoridade e do público, espalhando largamente umas Instrucções, mandadas elaborar por quem de direito, onde claramente se mostrasse a enorme vantagem que há, nas primeiras horas em seguida há descoberta dum crime, em nada deslocar, nada limpar, nada tocar, nada pisar no local em que o delito foi praticado e ainda numa certa área em tôrno; onde se dissesse mais que, numa sala ou numa casa onde se cometeu um crime, ninguém deve andar a entrar e a sair, nem mesmo os donos ou os habitantes do prédio; onde se afirmasse ainda a inconveniência de andar a passear, quando se trate de crimes praticados ao ar livre, numa zona bastante larga em tôrno do lugar onde tenham sido encontrados os vestígios manifestos do caso, etc., etc. [...]
Mas, seja qual fôr o estado em que as coisas se encontrarem, chegados ao local do crime, deverão os magistrados ou os peritos fazer um exame tão completo quanto possível de tudo quanto por lá houver, registando duma maneira exacta os resultados do que observarem, visto muitas das disposições, existentes no momento, tenderem a desaparecer com o tempo.
De facto, a necessidade de remover o cadáver para ser autopsiado e depois enterrado; a necessidade de mandar para um laboratório, onde possam ser estudados, os objectos com manchas, impressões ou outros vestígios; a necessidade de adaptar o local a novos usos bastariam para modificar por completo o aspecto que as coisas tinham na ocasião dêste primeiro exame, mesmo que outras causas não interviessem. [...]
Neste pequeno Manual, com efeito, descrevem-se alguns processos técnicos, suficientes para resolver a maioria dos casos correntes, cuja execução exige apenas uma meia dúzia de coisas que, mais ou menos, se têm sempre à mão."
(Excerto da introdução, Do conhecimento da posição ocupada)
Alberto Cupertino Pessoa (1883-1942). "Nasceu em Coimbra (freguesia de Santa Cruz) em
31.5.1883 e na mesma cidade faleceu em 21.4.1942. Filho de Alberto
Pessoa e Maria da Luz Barbosa Cupertino Pessoa, licenciou-se em
Matemática e Filosofia (1899) e Medicina (1903). Na UC lecionou Anatomia
Patológica e Medicina Legal (1911-29) e Patologia Geral (1929-41), como
professor auxiliar.
Em 1908 começou a exercer como médico do
partido de Verride (Montemor-o-Velho), sendo exonerado em 1912. Prestou
serviço militar de 1.10.1917-10.5.1918 como Alferes médico do Corpo
Expedicionário Português e foi vogal efectivo do Conselho de Arte e
Arqueologia da 2ª Circunscrição (Coimbra) em 1919. Membro da Associação
dos Médicos do Centro de Portugal, dela foi ainda Presidente (1922-25).
Oficial da Ordem de Santiago de Espada em 1926. Autorizado em 20.10.1928
a estudar na Espanha, França e Bélgica a organização dos serviços de
criminologia e policia técnica. Presidente do Conselho de Arte e
Arqueologia da 2ª Circunscrição em 6.12.1930-1932. Oficial da Ordem da
Instrução Pública de França em 1931. Regeu os cursos livres de
Toxicologia Forense, Dermatologia Profissional e (1936) História da
Medicina. Regeu também as cadeiras de Psicologia Judiciária, Polícia
Científica e Antropologia Criminal do Curso Superior de Medicina Legal.
Medalha de prata das campanhas do Exército Português e Medalha da
Vitória. Membro da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, da Sociedade
de Medicina Legal de Lisboa, da Sociedade Anatómica Portuguesa, da
Associação dos Arqueólogos Portugueses, etc. Sócio do Instituto de
Coimbra.
Foi 1º assistente interino do Laboratório de Anatomia
Patológica (1912), do Instituto de Medicina Legal (1912-14), do
Instituto de Anatomia Patológica (1913), secretário do Instituto de
Medicina Legal (4.2-2.5.1919). Médico do Instituto de Medicina Legal
(4.2.1919-10.4.1931) foi ainda Director da 1ª Secção do Instituto de
Criminologia (1927-1931).
Colaborou em revistas científicas, como O
Instituto, Coimbra Médica, Revista da Universidade de Coimbra, Medicina
Contemporânea, Seara Nova, Folia Anatomica Universitatis
Conimbrigensis, Petrus Nonius e Arquivo de Medicina Legal. Publicou
ainda: A prova testemunhal (estudo de psicologia judiciária). Coimbra,
1913; Simples noções de dactiloscopia. Coimbra, 1921; J. J. da Gama
Machado. O homem e a obra. O legado à Universidade de Coimbra. Coimbra,
1926; Guia de técnica policial. Coimbra, 1929; As imagens dos SS. Cosme e
Damião existentes em Coimbra. Coimbra, 1930."
(Fonte: pesquisa.auc.uc.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com sublinhados a vermelho na primeira parte do livro.
Iinvulgar e muito curioso.
Inisponível
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