BRUNO - O ENCOBERTO. Porto, Livraria Moreira - Editora, 1904. In-8.º (19 cm) de XX, 381, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Importante ensaio sobre o messianismo.
De acordo com Sampaio Bruno, "o verdadeiro messias não é um príncipe morto e ressuscitado pela febre dos ignorantes, nem as nações privilegiadas dos xenófobos, mas tão-só e apenas o Homem". Foi à luz desta ideia de liberdade e desta noção de dinamismo universal fortemente apoiado em critérios morais que analisou, em O Encoberto a filosofia da história de Portugal, como também defendeu a sucessão evolutiva entre a monarquia, a república e o socialismo. O critério essencial para apreciação do desenvolvimento dos povos e das nações é o seu estado de desenvolvimento moral, o estado de apuramento da sensibilidade e dos costumes, com expressão também ao nível das formas de dominação política."
(Fonte: http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/rep6.html)
"Não morrera, porque o seu symbolo vivo não morrera tambem; a sua encarnação heroica conseguira salvar-se, afinal, da desesperação sanguinosa da batalha perdida.
Mas, senão morrera, onde estava então, que não volvia ao seu suspiroso paiz?
Que havia de extraordinario, almas mal nascidas e escassamente medradas em apoucada fé? Não morrera como outros seus pares, de congenere destino; e, como elles, estava fazendo penitencia, a pungir-se de seus peccados e a expungir suas lancinantes responsabilidades, ahi onde marcado lhe fôra, como esses outros o estavam, outrosim, ahi onde a elles pela mesma superna justiça marcado lhes fôra tambem. [...]
Todavia, nos adustos plainos de Alcacer-Khebir Portugal cahira, com universal estrondo, e por morto universalmente o deram; os seus mesmo naturaes, na desesperação de seus lamentos, por morto o confessaram.
É certo que, em sua fé, o crente tem que, da morte, o Christo resuscitou; e, de sciencia, o profano sabe que tambem da morte os povos resurgem, como as nações grega e italiana agora mesmo o testificam e e attestam.
Assim tambem, amortalhado e morto, consoante em luzente, funebre painel nol-o os nossos o amostraram, assim tambem havia de resuscitar Portugal verdadeiro? E resuscitado o teriamos de ter, de verdade?"
(Excerto do Cap. O Encoberto)
Indice:
Introdução. I - A Fé e o Imperio. II - O Desejado. III - O Encoberto. IV - O Restaurado. V - Mytho. VI - Realidade. VII - Decadencia e progresso.
Sampaio Bruno, pseudónimo de José Pereira Sampaio (1857-1915). "Nasceu no Porto, em 1857, e faleceu na mesma cidade, no ano de 1915. Formou-se em Medicina em 1876, embora nunca tenha exercido essa profissão. Implicado no movimento revolucionário de intenção republicana de 1891, emigra para Paris, onde redige o Manifesto dos Emigrados da Revolução Republicana de 31/01/1891. Pensador notável e estudioso dos problemas filosóficos e metafísicos, cedo revelou paixão pelo jornalismo. Com apenas 15 anos é levado a tribunal de liberdade de imprensa, pela redacção e publicação de Vampiro. Absolvido, continua a sua digressão pelas letras e pelo jornalismo, redigindo, fundando e colaborando em revistas e jornais, a citar: Laço Branco (que se segue a Vampiro), Gazeta do Realismo, Revista de Portugal e Brasil, Diário da Tarde, Folha Nova, entre outros. Traduziu a História de Portugal, do alemão H. Schaefer. Em 1874, apenas com 17 anos, publica o seu primeiro livro: Análise da Crença Cristã, que provocou escândalo e suscitou polémica. Este livro seria o primeiro de uma extensa obra onde se incluem: A Geração Nova, 1886; Notas do Exílio, 1893; O Brasil Mental, 1898; A Ideia de Deus, 1902; O Encoberto, 1904; Os Modernos Publicista Portugueses, 1906; Portugal e a Guerra das Nações, 1906; A Questão Religiosa, 1907; Portuenses Ilustres, 1908; A Ditadura, 1909; O Porto Culto, 1912; Os Cavaleiros do Amor, livro inacabado, editado em 1996. Após a Proclamação da República, em 1910, foi nomeado funcionário superior da Biblioteca Pública Municipal do Porto e, posteriormente, seu Director. Foi dos primeiros críticos do positivismo de Comte."
(Fonte: http://teoriadojornalismo.ufp.edu.pt/inventarios/bruno-s-1906)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta vinco no canto sup. dto.
Invulgar.
Com interesse histórico e filosófico.
Indisponível