Estudo histórico sobre a forma como o Estado Novo, personificado pelo Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, encararam a 2.ª Guerra Mundial e a neutralidade portuguesa no contexto europeu.
"No dealbar da II Guerra Mundial, Salazar, Chefe do Governo português, exprimia grandes preocupações quanto ao destino da Europa: crise europeia, crise do espírito; crise do espírito, crise da civilização. A Europa não sabia organizar em si mesma a paz e nenhum problema podia resolver pela guerra, a qual deveria acarretar-lhe enorme empobrecimento. [...]
Acresce que, se se considerar que o objectivo da política é a de proporcionar a paz e a estabilidade, então temos de convir que os estadistas das grandes potências desta terrível guerra falharam redondamente, pois de modo tão desastrado a conduziram que, mal assinada a paz, logo teve início a guerra fria, também de muitos dramáticos efeitos.
No quadro global, Portugal pretendeu não se desviar das linhas gerais da sua política externa tradicional.
Para desenvolver as possibilidades do poderio atlântico nacional havia que valorizar a Aliança Inglesa, mas as lições do passado levaram a encará-la em moldes novos. [...]
Outro pilar foi o da amizade com a Espanha, que parecia não ter no momento nenhum interesse contrário ao dos portugueses. A Guerra Civil fortalecera essa amizade... [...]
Deveriam ainda valorizar-se as relações com o Brasil, e a nossa compreensiva universalidade e extensão de interesses permitiam as melhores e mais amigáveis relações com os outros povos, inclusivé com a Alemanha e a Itália, estreitadas durante a Guerra de Espanha.
Podendo ser, tornava-se vantajoso não nos envolvermos nas desordens europeias. Assim, no próprio dia 1 de Setembro de 1939, data da invasão da Polónia, o Presidente do Conselho, cioso de exprimir a independência do País, decidiu por si, ao contrário do que acontecera em 1914, e sem efectuar declaração formal, nem publicar qualquer diploma legal anunciou simplesmente a situação da neutralidade de Portugal. [...]
Para se ser neutral não basta querer, são necessárias habilidade e força. No caso português esta motivava inquietações aos Aliados e a Eixo."
(excerto do texto)
Carlos Gomes Bessa (1822-2013). Militar e académico historiador. “A sua carreira estendeu-se
e espraiou-se, fundamentalmente, em duas áreas: a militar e a de académico e
historiador. Depois do Curso na Escola do Exército, iniciado em 1942, foi
colocado no Regimento da Serra do Pilar, uma unidade de grandes tradições
militares, que ficou conhecida como “Os Polacos da Serra”, e que viria a
comandar, como coronel, em 1973. Em 1950 foi chamado para frequentar o exigente
Curso de Estado - Maior, tendo ingressado no respectivo “Corpo” e desempenhado
funções correlativas, durante vários anos. Fez duas comissões no Ultramar – de
que se tornou grande conhecedor e estudioso – a primeira na Guiné, entre 1956 e
1960, onde desempenhou as funções de Chefe de Estado-Maior do Comando Militar
e, logo em Abril desse ano, marchou para Angola a convite do Governador-Geral
de quem foi chefe de Gabinete, tendo regressado em Junho do ano seguinte, na
sequência do início do terrorismo naquela Província. Foi Comissário Nacional da
Mocidade Portuguesa entre 1966 e 1970 estando sempre muito ligado à educação da
juventude tanto na Metrópole como no Ultramar, tendo criado a “Procuradoria dos
Estudantes Ultramarinos”, em 1962. Foi ainda director da Revista “Ultramar”
entre 1961 e 1970. Foram-lhe concedidos 16 louvores e nove condecorações. Como
académico foi um trabalhador incansável, desenvolvendo o seu labor em várias
instituições de que se destaca a Academia Portuguesa da História, de que foi
Secretário nove anos; Academia das Ciências; Sociedade Histórica da
Independência de Portugal; Comissão Portuguesa de História Militar, de que foi
um dos fundadores e, depois, Secretário; Sociedade de Geografia e Revista Militar,
de que foi Director muitos anos. São incontáveis os trabalhos, comunicações e
conferências efectuados, sempre com uma qualidade elevada, muitas delas de
âmbito internacional, tendo desenvolvido contactos sobretudo com o Brasil, a
Venezuela e a Espanha. É ainda autor de vasta bibliografia histórica, de grande
mérito.”
(in http://atulhadoatilio.blogspot.pt/2013/11/in-memoriam-coronel-gomes-bessa.html)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.(in http://atulhadoatilio.blogspot.pt/2013/11/in-memoriam-coronel-gomes-bessa.html)
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
10€
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