FLORES, António Rodrigues [aliás José Xavier Coutinho] –
FREYO // METRICO // Para os Novatos de Coimbra // em Oitava Rima. // DEDICADO // AO SENHOR // ANTONIO DA
COSTA, // Dignissimo Charameleiro desta Universidade, // POR // ANTONIO
RODRIGUES FLORES, // Meirinho da mesma Universidade, // Disfarçado com o nome de // JEZON TINOUCO // VIEYRA O XANTHO. //
COIMBRA: // Na Offic. de ANTONIO SIMOENS FERREYRA // Impressor da Universidade
Anno 1749. // Com as licenças necessarias. In-8.º (20 cm) de [2], 18 p. ; E.
1.ª edição.
Poema atribuído a José Xavier Coutinho, de quem se sabe muito pouco. Esta é a raríssima edição
original desta obra, e única independente. Este poema conheceria várias impressões, sempre em conjunto
com outros poemas jocosos de outros tantos autores, nas várias edições da Macarronea Latino-Portugueza - conhecida
e apreciada colectânea poética -, não integrando no entanto a 1.ª edição desta (1765), cremos que apenas a partir da
2.ª edição (1786).
Trata-se de uma paródia setecentista aos caloiros da
Universidade de Coimbra, onde são descritos com graça o lisboeta, o Transtagano (alentejano), o Algaravio, o Brasileiro… “enfim, naõ ha Novato sem loucura, ou já seja da Beira,
ou Transmontano”.
"Leytor amigo, que bem o poderás ler, se fores veterano,
porém sendo Novato, naõ serás amigo, nem Leytor; porque como te desengano com a
verdade, dou-te o mayor motivo paraque me aborreças: Veritas odium parit. Saberás, que para refrear a soltura, comque
vivem os Novatos, me animey a fazer-lhe hum Freyo; e como as minhas occupaçõens
me impediraõ o descanço, naõ fiz mais do que um boccado, por cuja razaõ dou à
luz esta obra por acabar: Naõ quero darte mais satisfaçoens paraque me
desculpes, porque se fores benigno, estas bastaráõ, e se fores mordaz, muitas
mais naõ seraõ bastantes."
(Prólogo)
“Que sois bestas, Novatos, he sabido,
E bestas, que por novas, por estranhas
Naõ podeis duvidar, nem eu duvido,
Que todas conservais as vossas manhas:
Nunca foy tal conceito desmentido,
Pois as vossas patadas são tamanhas,
Que fazeis nesta illustre Academîa
O que faz besta nova em picaría.
[…]
E senaõ, dize tu, Mondego amado,
Os Novatos, que viste nesta idade
Beberem teu crystal arrebatado,
Por força muito mais, que por vontade:
Porém o tempo está já taõ mudado,
Que os Novatos, ganhando liberdade,
Se a beber os levavaõ sem demóra,
Nem mandallos beber se póde agora.”
(Excerto do poema)
Encadernação cartonada em meia de percalina.
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Contém informações manuscritas a lápis no frontispício, junto, e ao longo do festo,
relativas à proveniência e raridade do livro.
Ex-libris de Victor de Ávila Perez no interior da pasta
frontal.
Muito raro.
Peça de colecção.
Sem indicação de registo na Biblioteca Nacional (BNP).
Indisponível
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