08 novembro, 2013

A MOCIDADE – Numero Especial. Homenagem aos escritores e vultos notaveis do Algarve. Directores: Mateus M. Moreno, José G. Murta, Jaime da Graça Mira. Colaboração especial dos mais distintos escritores algarvios. Ilustrações referentes a personagens e logares do Algarve. Faro, Composto e impresso na tip. do Heraldo, 1913. In-8.º (22 cm) de 32 p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Derradeiro número da revista académica algarvia A Mocidade (Out. 1911-Set. 1913). A Mocidade foi uma revista desenvolvida e dada à estampa por alunos do Liceu de Faro, que alcançou alguma projecção regional, e cujos directores e alguns colaboradores viriam a atingir notoriedade nacional. Mateus Moreno, Guerreiro Murta, Graça Mira, Lyster Franco, Cândido Guerreiro, entre outros, elevaram bem alto as letras algarvias. Mais tarde, já em Lisboa, na Faculdade de Ciências, Mateus Moreno refundou a revista, mas agora com o nome «Alma Nova».
Relativamente à revista, e em particular, a este derradeiro número, retirámos do sítio do projecto “Prof2000” o seguinte texto:
“Semanário académico, literário noticioso e recreativo. Trabalho - Ciência - Progresso, era o seu lema. Publicou-se ás quintas-feiras e pertenceu ao Grupo de "A Mocidade" que se compunha de: Jaime da Graça Mira, natural de Alte, hoje licenciado em Ciências e Farmácia e professor diplomado de ensino secundário particular, residente em S. Bartolomeu de Messines, Mateus Moreno, natural da Conceição de Faro, capitão de artilharia, hoje servindo em Angola, Francisco de Ascenção Mendonça, também da Conceição de Faro, actualmente licenciado em Ciências e naturalista botânico da Faculdade de Coimbra e Manuel de Sousa Botelho, já falecido, natural de S. Brás de Alportel.
Sob a direcção de Graça Mira, tendo como secretário da redacção Manuel Botelho, iniciou a publicação em 26 de Outubro de 1911, tendo suspendido após a saída dum número especial de 32 páginas, muito ilustrado, em homenagem aos escritores e vultos algarvios, em setembro de 1913, número que foi composto e impresso na tipografia de "O Heraldo", de Faro, e correspondia ao n.° 49.
Graça Mira, abandonara o jornal ao n.° 39 por ter ido prestar serviço militar. Foi então substituído por Mateus Moreno e Guerreiro Murta, natural de Loulé, hoje professor num Liceu de Lisboa, que embora não pertencesse ao Grupo desde o n.º 12 substituirá Manuel Botelho na chefia da redacção, onde prestou os mais relevantes serviços, informou-me Graça Mira.
Composto e impresso na "Minerva Comercial" de Évora.”
(Fonte: http://www.prof2000.ptusers/jotabe/faro06.htm)
“O nosso jornal, cuja vida foi uma senda espinhosa somente engrinaldada de amores e benefícios, expirando hoje sob o carinhoso afago dos mais distintos escritores da sua provincia, não devia nem podia deixar de oferecer a sua primeira pagina ao mais sublime dente eles – João de Deus: o pedagogo mais amado das criancinhas e o lírico mais puro, delicado e sentimental que as letras pátrias conheceram.
Nunca ninguem teve arte de dizer coisas mais belas em frases tam simples, diz o sr. M. dos Remedios; mas nós, dentre as chamas crepitantes do nosso orgulho, apenas sabemos exclamar:
Ditoso Algarve que tal filho teve!
(Pag. 1 – homenagem a João de Deus)
Na página seguinte, é com amargura e alguma ironia que os editores se despedem:
“Labor Omnia Vincit
Leitores e Camaradas:
«A Mocidade», encerrando hoje a sua publicação, vem apresentar-vos sinceras e cordiais despedidas, agradecendo ao mesmo tempo todas as finezas que lhe dispensastes, e bem assim aos ilustres escritores, que tão obsequiosamente atenderam ao nosso convite, a honra da sua cooperação no embelezamento e nome do presente numero.
Novos, inexperientes, falhos de auxilio e conhecimentos, não podemos, porquanto muito perfeitos fossem os nossos desígnios, ser sempre um modelo de perfeição jornalística; mas nem por isso o nosso nome deixa de brilhar, em letras fulgentes e aureolado das mais ostensivas referencias, nas paginas luminosas dos nossos presados colegas.
E pois, que mais havia a esperar de rapazes dum liceu – rapazes que raramente são capazes de redigirem com gramática um postal p’rás famílias?
Não podíamos fazer mais, e cremos até que fizemos o bastante para que todos nos recordem com saudade.
Labor omnia vincit: - eis a verdade.
Os Directores”
Matérias:
1.ª Parte – Autores consagrados:
João de Deus (com g.). Labor omnia vincit – Os directores. Poetas algarvios – Marcos Algarve. Patria – Versos de Rodrigues Davim (com g. do A.). Faro – Doca e Praça D. F. Gomes (gravura). Ultimo Vôo – Maria Veleda. Regresso… - Sonêto de Bernardo de Passos. O choro dos violinos nos crepúsculos – Versos de João Lucio (com gravura do A.). Marim – Ataide Oliveira (com g. do A.). Coquetismos – Lyster Franco (com g. do A.). Suicidio – Sonêto de Marcos Algarve (com g. do A.). Sonêto de Candido Guerreiro (com g. da Queda do Vigario - ALTE). Apologo da Pulga – Versos de Coelho de Carvalho (com g. do A.). A luva – Sonêto de Julio Dantas (com g. do A.). O filho – Versos de Julio Dantas. Amor-Victor – Sonêto de Candido Guerreiro (com g. do A.). Sonêto de Bernardo de Passos (com g. do A.). Dr. Antonio Cabreira (com g.). Quadras – João Lucio e Bernardo de Passos. Vultos notaveis do Algarve (com g. de Ferreira d’Almeida). Monumento a Ferreira d’Almeida (gravura).
2.ª Parte – Flores Novas:
Primavera – Versos de Agostinho Junior. Canto matinal – Sonêto de M. M. M. Caes de Silves (gravura). Fleur Profanée – Versos de Laurindo Serytram. Um beijo – Versos de José Dias Sancho. Quadras de Rita da Palma e M. M. M. Duas coisas a que o homem obedece cegamente – José Guerreiro Murta. Crianças – Sonêto de Ascensão Contreiras. Minha capinha – Versos de João Rico. Mais faz quem quer que quem pode – Ascensão Mendonça. Despedida.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Tanto quanto foi possível verificar, a revista não se encontra registada na base de dados da Biblioteca Nacional.
Muito raro.
Com interesse histórico e regional.
Indisponível

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