FREVILLE, M. - HISTORIA DOS CÃES CELEBRES, na qual se relatão grande numero de anecdotas recreativas, e extremamente interessantes acêrca do instincto destes animaes. Traduzida do fancez de..., Por Caetano Lopes de Moura, natural da Bahia. Ornada com estampas. Pariz, Na Livraria Portugueza de J. P. Aillaud. 1845. In-8.º (16x10,5 cm) de [4], 295, [1] p. ; [4] f. il. ; E,
1.ª edição.
Importante conjunto de histórias relacionados com o Cão, onde este é o "actor" principal. Obra rara, publicada em Paris pela Aillaud, talvez a primeira que sobre este assunto se publicou na nossa língua.
A presente obra tem por objetivo reunir toda a informação sobre cães dispersa por diferentes livros de diferentes épocas, sobretudo os animais que pelas suas "virtudes" atingiram o estatuto de "celebridade". O cão de Lázaro e o de Ulisses, o de Alcibíades, mas também o de Rousseau e o de Frederico II, etc., enfim, episódios intemporais de animais vigilantes, corajosos, determinados - provando linha a linha, página a página, o epíteto "fiel amigo do homem".
Livro ilustrado com 8 bonitas gravuras distribuídas por 4 folhas separadas do texto, onde estão representadas no 22 raças caninas.
"O cão é sem contradicção um dos mais interessantes animaes entre os muitos que a providencia creou para nossa utilidade e recreação. Cousa é esta que certo não padece duvida, quando ponderamos no genio meigo e affectuoso d'estes animaes que os obriga a serem amigos do homem. Nenhum animal teve em dota, como o cão, optimas qualidades, quasi sem mistura de vicios. Assim que não é de estranhar tivessem os povos da antiguidade a lembrança de convetêl-o numa especie de divindade. Sabido é que os Egypcios o reverenciavão debaixo do nome d'Anubis, e que os gregos o collocárão no céo entre as constellações.
Argus, cão d'Ulisses, é conhecido pelos soberbos versos d'Homero. [...]
Em fim o cão representa um papel interessante tanto na historia sagrada, como na profana, e acompanha sempre alguma personagem illustre para guiál-a, defendêl-a, adevertil-a, ou consolál-a. [...]
A conclusão que se deve tirar de tão proveitosas tradições é que não ha cousa que mais nos recommende perante outrem, e lhe conquiste o coração como a amabilidade, as attenções, o bom agrado e a bondade do coração. Se tão preciosos dotes até nos proprios animaes se estimão e se recompensão, que impressão não devem fazer no animo dos nossos semelhantes? Assim que são elles indibitavelmente os melhores titulos que podêmos apresentar na sociedade, para sermos bem aceitos. Tanto nos indispõem e dissaborêão a incivilidade, acrimonia, e grosseria, quanto nos encantão e cativão a doçura, a civilidade e as attenções obsequiosas."
(Excerto do Preâmbulo - Resumo historico das excellentes qualidades dos cães)
Caetano Lopes de Moura (1779-1860). "O baiano filho de escravos que foi médico particular de Napoleão Bonaparte. Aos 18 anos participou de uma revolta conhecida como conspiração dos Búzios, que falhou fazendo-o fugir para Portugal onde - com muito esforço - conseguiria entrar na universidade de Coimbra formando-se médico. Posteriormente participaria da guerra peninsular como cirurgião do exército francês. Também adquiriu grande fama como médico particular em Paris e como produtor de obras de grande valor científico e cultural. Além disso, também traduziu para o português obras de grandes autores franceses, ingleses e alemães. Sua fama chegaria aos ouvidos do imperador francês Napoleão, que contratou seus serviços. Após a derrota final de Bonaparte na batalha de Waterloo em 1815, Caetano Moura caiu no esquecimento voltando ao Brasil em 1846, quando já tinha 67 anos de idade. Passaria necessidades chegando a mendigar pelas ruas do Rio de Janeiro. Quando o imperador Dom Pedro II ficou sabendo da sua história tratou logo de trazer o velho Caetano de volta a uma posição de prestígio, que viveu com uma pensão paga pelo estado brasileiro até sua morte aos 81 anos."
(Fonte: https://historia-do-brasil.quora.com/Caetano-Lopes-de-Moura-1779-1860-o-baiano-filho-de-escravos-que-foi-m%C3%A9dico-particular-de-Napole%C3%A3o-Bonaparte-Aos-18)
Encadernção coeva inteira de pele com dourados na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. "Partido" junto à lombada, que ostenta falha de pele relevante.
Raro.
Peça de colecção.
125€
Reservado
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