09 abril, 2022

ANTUNES, Nuno Alvaro Brandão - PORTUGAL NA GRANDE GUERRA - O 9 de Abril de 1918 e o Marechal Hindemburgo.
[Por]... Capitão do Grupo de Batarias a Cavalo
. Lisboa, J. Rodrigues & C.ª Editores, 1924. In-4.º (24,5 cm) de 116 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Processo de reparação iniciado pelo autor - oficial português de artilharia - após a "desconsideração" do Marechal Paul von Hindenburgh - comandante das forças alemãs durante a conflagração - que no seu livros Mein Leben ("Minha vida"), apreciou desfavoravelmente o comportamento das tropas portuguesas do C. E. P. durante a batalha de La Lys, sugerindo que retiraram desordenadamente aquando do ataque germânico, abandonando as suas posições e os aliados.
Obra rara, com indubitável interesse histórico - a mais completa que sobre este assunto se publicou. Para além do fac-símile da carta de von Hindenburgh retratando-se, inclui as considerações estratégico-militares do autor relativas aos antecedentes da batalha e o decorrer da mesma, em que participou, bem como correspondência diversa e felicitações de camaradas de armas pela sua iniciativa.
Livro ilustrado com o retrato do Cap. Nuno Antunes na folha de dedicatória.
"Fiz parte da missão de artilharia que em dezembro de 1916 partiu para França. Dissolvida esta, passei para a segunda bataria do grupo de obuzes, que depois passou a ser a 4.ª bataria do 2.º G. B. A. Dissolvido este, após o 9 de abril, pertencia à 3.ª bataria do 6.º G. B. A. e a esta bataria pertencia quando, em março de 1919, regressei definitivamente a Portugal.
Na missão, com poucos soldados lidei porque só havia os impedidos conôsco. Foi na 4.ª bataria do 2.º G. B. A. que conheci todo o grande valôr do nosso homem, durante os longos mezes que com eles estive na frente. É para esses, principalmente, que vae todo o meu pensamento. [...]
Quando me entrego a essas recordações, vejo perpassar, como num «écrain», todos os episodios da nossa vida em comum, sob a ameaça constante da morte. Vejo aqueles nossos belos homens olharem-nos com uma fé enorme quando eramos bombardeados; lia-lhes nos olhos a confiança sem limites que em nós depositavam. Tenho a certeza de que nenhum fanatico sentirá uma crença mais  sincera e mais profunda ao prostrar-se deante dos seus idolos, do que a que eles experimentavam quando a nós se chagavam nos momentos de perigo, como se constituissemos uma protecção invulneravel. São olhares que jamais podemos esquecer; são atitude que jamais poderão apagar-se da nossa memoria.
Vejo-os sempre alegres e bem dispostos, apezar do excessivo labor a que estavam sujeitos, encherem sacos e terra, transportarem carris, construir abrigos, sempre na melhor das disposições.
Vejo-os na escuridão da noute, olharem anciosos na direcção da frente, quando ouviam a metralhadora crepitar nervosamente, esperando os sinaes de S. O. S., a que eles queriam responder com a maxima presteza, para assegurarem a protecção ao seu camarada infante pondo, nos olhos primeiro, nos actos depois, todo o ardor o seu sangue generoso e heroico que um coração sublime impulsionava. [...]
Vejo-os, enfim, belos no conjunto, admiraveis no detalhe e deles conservo a mais dôce recordação, mixto de ternura e admiração.
Foi n'eles que encontrei força moral para escrever a minha carta; foram eles que, pela sua atitude, me impuzeram a tentativa feita. Com soldados destes, quem se não sentiria com força para enfrentar alguem, mesmo que esse alguem fôsse o mais famoso cabo de guerra adverso?!"
(Excerto da explicação)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa manchada, apresenta falha de pedaços de papel na lombada.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

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