QUITA, Domingos dos Reis - OBRAS DE DOMINGOS DOS REIS QUITA, CHAMADO ENTRE OS DA ARCADIA LUSITANA ALCINO MICENIO. Terceira edição. Tomo I [e Tomo II]. Lisboa, Na Typographia Rollandiana, 1831. Com Licença da Meza do Desembargo do Paço. 2 vols in-18.º (10,5 cm) de 220 p. (I) ; 200 p. ; E. (num único tomo)
Terceira edição do obra do poeta árcade Reis Quita, a primeira publicada no século XIX. A edição original fora publicada em 1766, ainda em vida do vate, e uma outra " correcta e augmentada", em 1781.
"Contra Lisboa Antonio glorioso
A Omnipotente Mão vio levantada,
E correo a livrar a Patria amada
Do terrivel estrago pavoroso.
Levanta os rogos, antes que furioso
O Senhor descarregue a justa espada:
Tanto em fim lhe supplica, tanto brada,
Que logo hum Deos irado vio piedoso.
Por seu ardente zelo suspendido
Vemos ser o castigo mais horrendo,
Que tantos Homens tinhaõ merecido.
Oh qaunto a tal Patrono estaõ devendo!
De hum Deos taõ justamente enfurecido
Está o fatal raio suspendendo."
(Tomo II, Soneto III, A Santo Antonio, pelo Terremoto do primeiro de Novembro de 1755)
Domingos dos Reis Quita (1728-1770). "Poeta português, nascido em Lisboa. De família humilde e
numerosa, começou a trabalhar ainda muito novo como cabeleireiro, para
ajudar financeiramente a família. Autodidacta, conseguiu aprender
francês, italiano e castelhano. Leitor entusiasta de Camões, António
Ferreira e Rodrigues Lobo, começou por frequentar os meios literários,
conseguindo a nomeação para bibliotecário do conde de S. Lourenço. A
amizade que travou com os poetas Correia Garção e Cruz e Silva
permitiu-lhe a entrada na Arcádia Lusitana ou Ulissiponense, tendo então
adoptado o nome literário de Alcino Micénio.
Poeta arcádico, prosseguiu a tradição do bucolismo português, tendo
introduzido entre nós o drama pastoril, de que é exemplo a sua peça
Licore, drama bucólico cuja acção decorre na Antiguidade. Na sua obra
poética, encontram-se alguns elementos pré-românticos, por influência do
alemão Gessner, de que Reis Quita foi tradutor e um dos introdutores em
Portugal. Tentou imitar a tragédia clássica, chegando a ter algum êxito
com a sua versão de A Castro, versão em três actos que respeitava a
regra das três unidades - tempo, acção e lugar - da tragédia clássica
francesa. No entanto, esta sua versão não conseguiu ser mais do que uma
pálida imitação do original de António Ferreira. Morreu vitimado pela
tuberculose e na miséria, depois de ter perdido a protecção do seu
mecenas, condenado pelo marquês de Pombal, e de ter visto os seus
escassos bens destruídos pelo terramoto de 1755. Passou os seus últimos
dias recebendo cuidados daquela que havia amado e cantado, em versos de
um lirismo pungente, sob o pseudónimo de Tirceia, Teresa Teodora de
Aloim.
A sua obra encontra-se reunida em dois volumes, sob o título Obras
Poéticas (1766 - 2.ª ed., 1781)."
(Fonte: https://www.escritas.org/pt/bio/domingos-dos-reis-quita)
Encadernação coeva em meia de pele com rótulos e ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar cansado, em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
25€
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