PORTUGAL, D. Francisco de - ELOGIO // FUNEBRE // DO // EXCELLENT. E REVERENDISSIMO SENHOR // D. ALVARO // DE ABRANCHES, // BISPO DE LEIRIA, // COMPOSTO PELO // MARQUEZ DE VALENÇA // D. FRANCISCO // DE PORTUGAL. // LISBOA, // Na Officina de MIGUEL RODRIGUES, Im - // pressor do Emin. Senhor Card. Patriarca. // M. DCC. XLVI. // Com todas as licenças necessarias. In-8.º (21,5cm) de [8], 37, [3] p.
1.ª edição.
Elogio fúnebre de Álvaro de Abranches e Noronha (1661-1746), Bispo de Leiria entre 1694 e 1746, que inclui diversos episódios, exemplos de bondade e virtude do elogiado no desempenho do cargo no bispado de Leiria.
"Faço hum Epitome das acçoens de hum Prelado, que sem temeridade se podéra igualar aos Bispos da primitiva Igreja; e se nos ultimos tempos della naõ estivera prohibido o costume de canonizar o povo os Varoens justos, seria elle hum dos que andasse no Catalogo dos Santos, e recebesse nos Altares a adoraçaõ de Dulia pelo seu heroico merecimento. Este começou logo a resplandecer na innocencia das suas obras; porque se observou, que nunca fez, sendo minimo, acçaõ imprudente, senaõ madura, nem indecente, senaõ devota.. Ao mesmo ligeiro passo, que se mostrava a pureza do seu animo, se descobria o seu sublime genio para as letras; porque comprehendendo os principios da lingua Latina, passou á Universidade de Coimbra a estudar Canones, em que fez aquelle notavel progresso, que confessavaõ com admiraçaõ os seus Collegas. Mas ainda admiravão mais que o progresso nas letras, o adiantamento nas virtudes, pois naõ houve nenhuma, em que naõ fosse Mestre, quando era discipulo nas aulas. Acabados os seus estudos, e crescendo sempre na modestia de Ecclesiastico, veyo para a Corte a edificalla tanto moço, e estudante, como depois a edificou Sacerdote, e Pastor.
A providencia daquelle vigilantissimo Rey, mais imitador do segundo Joaõ em examinar as virtudes para o premio, que do primeiro Pedro em inquirir as culpas para o castigo, elegeo ao Senhor D. Alvaro de Abranches Bispo de Leiria pouco depois de completos os annos necessarios para este emprego.. He inexplicavel a alegria do povo, e o alvoroço da Nobreza, que se espalhou pela Corte com esta noticia: as linguas se desatavaõ em elogios do eleitor, e em louvores do eleito; as pessoas, que podiaõ ter a esperança da mesma Dignidade, publicavaõ o acerto da escolha, e a justiça da preferencia. A inveja, posto que cega, não tropeçou no mais leve defeito, que desluzisse a nomeaçaõ do Senhor Bispo de Leiria, e sendo culpavelmente cega, ficou virtuosamente muda."
(Excerto do Elogio)
D. Francisco [de Paula] de Portugal e Castro, 8.º conde de Vimioso e 2.º marquês de Valença (1679-1749). "Era filho do 7.º conde de Vimioso, D. Miguel de Portugal, e de sua mulher D. Maria Margarida de Castro e Albuquerque. Sendo ainda muito criança, faleceu seu pai, e foi educado até aos onze anos por sua tia, a condessa D. Maria Margarida de Castro e Albuquerque. Logo que principiou a receber as primeiras instruções da língua latina e de letras humanas, fez notáveis progressos, dando provas de grande inteligência e de admirável talento. De todas as artes, a que mais se dedicou, como a mais própria de cavalheiro e de fidalgo, foi o manejo de cavalos, em cujo exercício adquiriu o maior desembaraço e elegância no montar. Ao contínuo estudo a que se entregou durante muitos anos, deveu o vastíssimo conhecimento da filologia, deleitando-se o seu génio com a lição dos poetas e dos historiadores antigos. As suas produções literárias foram sempre muito apreciadas. Na Academia Real de História, de que era sócio, teve o encargo de censor, e não havia assunto festivo ou fúnebre, moral ou político, civil ou militar, que não fosse profundamente escrito pela sua pena sempre fecunda em conceitos finos, razões concludentes e agudas sentenças.
O marquês de Valença foi um dos fidalgos mais ilustrados do seu tempo, bom conhecedor de diferentes idiomas e orador de fácil elocução. D. João V estimava-o muito e bem lhe mostrou essa estima, quando no ano de 1726, tendo ardido completamente o palácio do marquês, se apressou a oferecer-lhe para sua habitação um dos próprios palácios reais. Foi um dos académicos mais activos e prestimosos da Academia Real de História, sendo incansável na recitação de práticas, orações gratulatórias e outros discursos cortesãos e muitos elogios a vários sábios e discursos filosóficos sobre diversos assuntos metafísicos."
(Fonte: http://www.arqnet.pt/dicionario/valenca2m.html)
Exemplar desencadernado, por aparar, em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível
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