30 setembro, 2016

BENISIER, D. Alexandre - O CORSARIO NEGRO : romance maritimo. Traduzido livremente. Volume I [e Volume II]. Lisboa, Typographia Lisbonense, 1869. 2 vols in-8.º (17cm) de 284, [2] p. e 275, [1] p. ; E. Colecção de Romances dos Melhores Auctores
1.ª edição.
Edição original portuguesa de um clássico da literatura romanesca de aventuras, mais tarde vulgarizado em folhetins por Emílio Salgari.
"Era na noite de 24 de junho de 1779, formosa noite de verão, que a luz palida da lua mais abrilhantava ainda. Reinava extraordinaria animação na bahia de Cadiz.
A cauda daquelle desusado movimento não era outr senão o baile, que o general de divisão, D. João de Langara, dava a bordo do magnifico navio almirante Fenix, para obsequiar a culta sociedade gaditana na noite de S. João.
Os escaleres que compunham a lotação da esquadra, em numero consideravel e tripulados por vigorosos remadores, fendiam gentilemnte o azul das aguas, conduzindo de uma escada fixa de pedra a outra fluctuante de madeira tudo quanto havia de mais notavel, pelo sangue e formusura, no seio dessa rica perola, que se banha amorosamente nas tranquillas aguas do Oceano.
Se era grande a animação, que reinava no caes, não era menor a que se observava a bordo.
O gigante navio, pela profusão dos lumes e caprichoso gosto das decorações, não parecia uma machina de guerra, mas um palacio de fadas, fluctuando graciosamente sobre a superficie das aguas."
(excerto do Cap. I, Marte e Venus)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochra.
Exemplar manuseado, em bom estado geral de conservação. Pastas e lombada cansadas, com defeitos.
Raro.
A BNP tem apenas 1 exemplar referenciado na sua base de dados.
15€

29 setembro, 2016

NEGREIROS, Almada - PORTUGAL NA GRANDE GUERRA. I. A Iniciação dos "Serranos" (cronicas dos campos de batalha). [Por]... Correspondente de guerra do «Seculo". Com uma prefação de Bernardino Machado, Presidente da Republica Portugueza. Paris, Rio de Janeiro, Lisboa, Livraria Garnier Fréres [Imp. na Imprensa Lahure, Paris], 1917. In-8.º (19cm) de 327, [5] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Obra de referência sobre a Grande Guerra, justamente considerada uma das mais interessantes e completas que sobre o tema foram publicadas. 
Sobre este título, reproduzimos um excerto da «Bibliografia da Grande Guerra» (1922), do Coronel Vitoriano José Soares: “Compreende este volume duas partes com 29 capítulos e um Apenso. A 1.ª parte tem como titulo - Na frente britanica; e a 2.ª parte - Na frente portuguesa.
São impressões dos campos de batalha; impressões magistralmente descritas e sentidas, colhidas nas visitas do autor às trincheiras, na frente britanica e na frente portuguesa. Na sua visita às trincheiras portuguesas cita alguns episodios, que bem caracterisam a valentia do nosso soldado, a quem o autor alcunhou, segundo diz, de «serrano» em memoria do grande Viriato; e os factos citados definem bem o soldado português. É um livro que se lê sem fadiga.
Livro ilustrado com 7 fotogravuras em página inteira, uma das quais, Os campos d'instrução, que ocupa duas páginas. As restantes são: O Rei d'Inglaterra na crista de Vimy, d'onde partiu para o sector portuguez; O General Gomes da Costa; Uma companhia descançando; O General Tamagnini; O Rei d'Inglaterra; As escolas «de gaz» e de treino.
De referir que a presente obra comporta duas folhas de rosto diferentes, uma delas, a segunda, parecida com a capa.
Na parte inferior da capa está declarado o seguinte: "O produto liquido da venda d'este volume reverterá em favor das obras d'assistencia dos soldados portuguezes do "front" ocidental."
Na parte inferior da segunda folha de rosto (cuja descrição se encontra reproduzida acima, após o nome do autor), aludindo à palavra "Serrano", observa que esse "é o nome generico pelo qual os "tommies" e os "poilus" designam os soldados do Corpo Expedicionario Portuguez que combatem em França."
"As cronicas que séguem foram escritas ao som dos canhões. São sinceras reproduções de factos historicos. São a primeira emanação da atmosfera das batalhas em que os portuguezes tomaram parte. São tambem um documento eloquente do valôr militar da raça portugueza, mais uma vez posta á prova."
(Nota do editor)
"O nosso soldado inicia-se na trincheira; mas inicia-se alegremente, de «coração ao largo». Aqui... «les Portugais sont toujours gais»... O estribilho ignorante, que tem infamado o nosso povo, melancolico e sonhador, quadra-lhe agora como se fosse uma legenda heraldica. Se não, vejam:
Uma granada alemã vem rebentar junto ao parapeito da trincheira onde um beirão, de serviço, fuma tranquilamente um cigarro, ao som da artilharia. Produz um verdadeiro cataclismo. O muro da trincheira desaba; os suportes de madeira vôam em estilhaços e o nosso soldado, sacudido pelo choque, parece ter sido despedaçado e sepultado nos escombros. Correm os camaradas a socorrel-o, mas sem o minimo sinal de panico, porque o caso é frequente. O bravo moço havia-se desenvincilhado sózinho da medonha rascada e sem uma unica beliscadura. De pé, como sobre um pedestral, e a chupar furiosamente no cigarro, diz, olhando para a trincheira «boche», ainda fumegante:
- «Estes filhos... da kaiserina iam-me apagando o... «paivante»!...
- «Abaixa a cabeça, ó Zé!» - grita-lhe um dos recemchegados.
E todos o abraçam, com frenesi..."
(excerto do Cap. XVII, Os «serranos» em plena áção)
Índice:
Nota do editor. Prefação.
PARTE I - Na Frente Britanica
Cap. I. A Caminho do séctor Portuguez. Privando com os inglezes. Cap. II. Na rétaguarda do exercito britanico. Utilização sistematica dos prisioneiros. Cap. III. Os tumulos das trincheiras e a heroicidade feminil. Cap. IV. A fornalha devoradora da guerra. Uma excursão impressionante e movimentada. Cap. V. A caminho d'um aerodromo modelo. O sentido visual dos exercitos. Dois ensaios d'aviação gorados. Cap. VI. Paisagem de guerra. As novas Pompeias. O reduto de Sars e as religiões do Odio e do Amor. Cap. VII. O esforço britanico. Quadro comparativo das forças inglezas de terra e mar desde o começo da guerra. O orçamento e os impostos. Cap. VIII. Um correspondente de guerra que cáe no seu posto. A esbelta e audaz figura da vitima. Cap. IX. Visita aos campos de batalha d'onde o inimigo foi há pouco expulso. Dez kilometros de trincheiras em profundidade. Cap. X. Jorge V visita os seus exercitos. A apoteose das novas maquinas de guerra. Cap. XI. O rei d'Inglaterra em França. O cortejo real na zona dos exercitos. Os reis do Espaço.
PARTE II - Na Frente Portugueza
Cap. XII. Aspétos das rétaguardas. A esplendida atitude dos soldados portuguezes. Cap. XIII. O primeiro contacto com os nossos combatentes. O soldado e o oficial. A ressurreição do heroismo nacional. Cap. XIV. A maravilhosa predisposição das nossas tropas. «Croquis» dos campos d'instrução e de batalha. Cap. XV. Reminiscencias de gloria. O exercito portuguez d'hoje e o de há um século. A «Leal Legião Lusitana» e a «Legião Portugueza». Cap. XVI. O Ministro da Guerra Portuguez aprecia, de visu, o seu meritorio trabalho. Brilhante atitude das tropas portuguezas. Cap. XVII. Os «serranos» em plena áção. O que eles dizem, o que fazem e o que pensam. Cap. XVIII. Junto das nossas trincheiras. A consagração universal do exercito portuguez. Cap. XIX. Os bastidores da guerra. Da zona dos exercitos ao nosso sétor. Cap. XX. Os serviços de saude do Corpo Expedicionario Portuguez. Cap. XXI. Os combates de todas as noites. Maravilhosos fogos d'artificio. Cap. XXII. O grande chefe. Entrevista com o general Tamagnini. Cap. XXIII. O rei d'Inglaterra sauda o exercito portuguez. Uma consagração historica. Cap. XXIV. Palavras do Soberano. Entrevista com o Rei d'Inglaterra. Jorge V e os seus generaes apreciando o esforço portuguez. Cap. XXV. Como se guardam as trincheiras. As novas fases da grande luta. Cap. XXVI. Em face do inimigo. O portuguez «soldado moderno». Cap. XXVII. A odisséa lusitana. A escola d'heroismo das nossas trincheiras. Em plena luta, durante a noite. Cap, XXVIII. Um combate noturno. Intermitencias da luta. Cap. XXIXNo fragor da batalha. Uma bateria historica. APENSO - A resenha oficial do heroismo portuguez.
António Lobo de Almada Negreiros (1868-1939). Militar, funcionário público, jornalista, escritor e ensaísta. Tenente de cavalaria, administrador do Concelho de S. Tomé (África Ocidental). Pai de Almada Negreiros, um dos expoentes máximos do Modernismo português. Após a morte de sua esposa, Elvira Freire Sobral, regressa a Portugal. Em 1900, é nomeado encarregado do Pavilhão das Colónias na Exposição Universal de Paris, cidade onda passa a residir. O seu nome afirmou-se mais amplamente durante o período da Grande Guerra, como correspondente de vários jornais e agências.
Encadernação recente inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com grande interesse histórico.
Indisponível

28 setembro, 2016

JOANNA, Maria - UM PASSEIO IDEAL : diario e impressões de viagem : 1911. Lisboa, Papelaria e Typographia Franco & C.ª, [1911]. In-8.º (21,5cm) de 16 p. ; B.
1.ª edição.
Descrição de uma viagem de automóvel, num magnifico Brazier, de Évora a Sevilha (e regresso), realizada entre os dias 26 de Abril e 2 de Maio de 1911.
"A 26 d'Abril um magnifico automovel Brazier atravessava impetuoso a cidade d'Evora levando na sua carreira vertiginosa 5 passageiros, que eram:
O proprietario do carro Snr. Antonio Paquete (o Padrinho), os Esposos Formosinho, eu (a Afilhada) e o chauffeur. Dirigiamo-nos a Badajoz e, para esse fim, percorremos as estradas Alemtejanas marginadas pelos seus campos fertilissimos, semeados de explendidas searas, que nos produziram optima impressão.
Atravessamos, entre outras terrinhas, Extremoz que achei alegre, Borba que é pittoresca e, por fim, Elvas que achei agradavel com o seu lindo jardim do Snr. da Piedade e a sua fortaleza. Depois d'alguns kilometros d'avanço chegámos á fronteira onde se cumpriram as formalidades do estylo; passada esta estavamos emfim em terras d'Hespanha que eu, anciosa, esperava visitar."
(excerto do Cap. I, D'Evora a Sevilha)
Índice:
I - D'Evora a Sevilha: - Em Badajoz. - Dia 27; Uma surpreza. - Em Sevilha. - Dia 28. - Dia 29. - Dia 30.
II - De Sevilha a Evora: - Dia 2; Badajoz. - Dia 2; Regresso a Evora, Por Olivença e Alconchel; Mourão; Reguengos; Em Evora.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com uma dedicatória manuscrita (da autora?).
Raro e muito curioso.
Sem registo na BNP.
20€

27 setembro, 2016

NAVARRO, Emygdio - OS FUSILAMENTOS. O Direito - A Politica - A Ordem Social. Lisboa, Typographia do Jornal - O Paiz, 1874. In-8.º (20cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição.
Importante peça bibliográfica com interesse para a história da Pena de Morte em Portugal.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Trabalho publicado na sequência do assassinato do alferes Palma e Brito pelo soldado de infantaria n.º 2, António Coelho. A juventude do oficial e as circunstâncias que rodearam o acto, provocaram grande comoção e revolta um pouco por todo o país, com epicentro em Lisboa, onde se deu o crime. A pena a aplicar, originou uma enorme discussão pública com participação de personalidades dos mais diversos sectores da sociedade civil e militar.
"O auctor d'este pequeno opusculo é jornalista. Por mais de uma vez tem defendido na imprensa periodica as idéas, que ora entrega á publicidade, e foi a sua penna uma das primeiras, que se cruzaram com as espadas n'esse duello, que se fere sobre a sepultura do desditoso Palma e Brito. [...]
Quando entre nós surge uma questão grave, que vem cortar a monotonia e a tranquilidade da nossa existencia, é costume começar-se por pedir á opinião e á imprensa, que não agite e discuta essa questão como questão partidaria. Erro grave, ou confissão da nossa profunda decadencia. São essas as verdadeiras, as unicas questões partidarias, porque são ellas, que estabelecem divergencias consideraveis em pontos de doutrina, demarcando arraiaes, caracterisando distinctamente os partidos, os quaes devem separar-se pelas diferenças de ideias e principios, e não pelas rivalidades dos homens e as ambições dos corrilhos. Para o auctor d'este opusculo, o fusilamento do soldado Antonio Coelho é, primeiro que tudo, uma gravissima questão politica, e notavel raia divisoria entre os campos occupados pelos partidos militantes. Assim o trata."
(excerto do preâmbulo)
A questão divide-se naturalmente em tres partes distinctas: - qual deve ser o procedimento dos tribunaes, qual o do governo, e qual o do poder moderador, no castigo do crime e na solução dos problemas gravissimos de ordem politica e social, que com elle se prendem. Nunca é inconveniente a discussão nos paizes, que se regem por instituições livres; e, n'esta conjectura, é ella tanto mais necessaria, quanto mais imperativas se mostram mal disfarçadas manifestações de militarismo. Contra a força dos sabres convem oppor a força da razão e da opinião publica. Restabelecer-se-ha d'este modo o equilibrio, para que sejam decretadas com independencia e reflexão as resoluções, que houverem de adoptar-se. Nem a paixão é bôa conselheira, nem a pressão de uma classe qualquer póde ser garantia de justiça e acerto."
(excerto da introdução, Os fusilamentos)
Emídio Júlio Navarro (Viseu, 1844 - Luso, 1905). Jornalista, político e diplomata português. "Foi aluno do Seminário de Bragança, onde completou o 2.º ano do Curso de TeoIogia. Em Coimbra, não se sentindo com vocação para a vida eclesiástica, matriculou-se na Faculdade de Direito, tendo concluído o curso em 1869. Deputado, ministro de Estado e ministro de Portugal em França, Emídio Navarro foi sobretudo um grande jornalista. Quando estudante em Coimbra, fundou o jornal A Académica, que teve como colaboradores João de Deus, Teófilo Braga e outros. No Conimbricense também escreveu assiduamente, onde começou a revelar-se dando extraordinárias provas de polemista, de incomparável observador e comentador da vida política do seu tempo. Regressado a Bragança, abriu banca de advogado e aí publicou alguns artigos sobre a Revolução Francesa e os seus homens mais eminentes e tentou fundar um jornal político. Em Lisboa, fundou O Progesso, foi director do Correio da Noite, órgão do partido progressista, onde ingressou. Nomeado secretário do Tribunal de Contas e eleito deputado em várias legislaturas, foi mais tarde para Paris como Ministro de Portugal. Luciano de Castro nomeou-o Ministro das Obras Públicas, tendo desenvolvido notável acção. Abriu grande parte das estradas de Portugal, alargou os serviços florestais, criou, protegeu, edificou e consolidou tudo quanto podia contribuir para o desenvolvimento do património nacional. Após o regresso de Paris, abandonou por completo a actividade política e dedicou-se ao seu jornalismo. Nesta última fase salienta-se a «questão dos tabacos» que ocasionou extraordinários episódios políticos. Parecia que a sua pena ressurgia, moça, dos tempos antigos. Minado pela doença, retirou-se com sua família para o Luso, onde viria a falecer."
(fonte: www.prof2000.pt)
Exemplar brochado, aparado, em bom estado geral de conservação. Capa manchada. Ausência da contracapa e lombada - indicia ter estado encadernado com outras publicações.
Raro.
25€

25 setembro, 2016

CAMINHO DOS CONQUISTADORES. Lisboa, Direcção-Geral do Turismo : Direcção dos Serviços de Promoção, [1984]. In-8.º (10x21,5cm) de 204 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso roteiro turístico de locais e monumentos medievos organizado por distritos, tendo assinalado por ordem alfabética os locais de interesse, todos eles, com uma breve descrição histórico-lendária.
Ilustrado no texto com bonitos desenhos de castelos e guerreiros medievais.
"Num século Portugal nasceu. As suas fronteiras históricas foram encontradas. O conceito de ser português formou-se, consolidou-se. Cavaleiros e peonagem lutaram em batalhas, cercaram castelos, povoaram cidades, vilas, aldeias. Eles foram os conquistadores, os que fizeram Portugal.
O Caminho dos Conquistadores é um guia para a evocação dessa gesta. Através dos monumentos que falam desse tempo, dos personagens que representaram papeis importantes no teatro da história.
Percorra o Caminho dos Conquistadores. Leia as páginas de história viva de uma torre, do portal de uma igreja, de um solar. E, ao mesmo tempo, admire paisagens, delicie-se com as especialidades gastronómicas, prove vinhos, aprecie o artesanato e o folclore, entregue o seu corpo ao calor do sol numa praia, pratique o seu desporto favorito.
Porque Portugal é um país de turismo. Para si."
(introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
15€

24 setembro, 2016

GUIMARÃES, Acacio da Silva Pereira - HISTORIA DA GEOGRAPHIA : a epopeia geographica dos portuguezes durante os seculos XV E XVI. Por... Lisboa, Typographia de «A Editora», 1904. In-8.º (21cm) de 113, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Assinatura possessória na f. rosto de Fran Paxeco, conhecido diplomata, escritor e jornalista português.
Interessante peça bibliográfica henriquina sobre os descobrimentos.
"Levou seculos a descoberta de Terra.
Desde o despontar das civilisações até á hora actual, o homem, na sua ancia legitima de conhecer o planeta que habita, viajou, sondou, perscrutou e ainda não conseguiu desvendar os mysterios de todos os continentes e os segredos de todos os mares. Houve porém uma epocha em que a sua phantasia, sobreexcitada, creou lendas e mêdos e forjou obstaculos que, por serem imaginarios, nem por isso deixaram de constituir um serio embaraço ao desenvolvimento dos progressos geographicos. Durante muito tempo, a edade media, espavorida pelos terrores do Mar Tenebroso, não ousara affrontar o terrivel Bojador, o Cabo que Deus, ao organisar o Mundo, tinha posto como sentinella vigilante encarregada de vedar o accesso das regiões interdictas ao conhecimento humano.
Na scena da Historia apparecera entretanto um povo, humilde pela pequena porção de territorio que para si conquistara, mas grande pela energia da sua vontade e pelo esforço do seu coração. Sonhador e audaz, aventuroso e crente, realisou a maior empreza geographica conhecida; e, porque desfez as lendas e subjugou os mares, porque poz em contacto as nações cultas do acanhado Mundo antigo com a enorme multidão das raças ainda ignorantes e ignoradas da quasi totalidade do orbe, foi o grande missionario da luz e o obreiro mais gantesco da civilisação moderna."
(excerto da introdução)
Matérias:
I - Os conhecimentos geographicos dos povos antigos. II - A primitiva geographia medieval dos padres da Igreja - Influencia dos Arabes, dos Normandos e das Cruzadas nos progressos da geographia. III - A descoberta da Asia - Marco Pólo - Os geographos do seculo XIV. IV - O Infante D. Henrique. V - O caminho da India. VI - Fernão de Magalhães. Conclusão.
Encadernação inteira de percalina com título a seco e a ouro na pasta frontal. Sem capas de brochura.
Muito invulgar.
15€

23 setembro, 2016

MATOS, Pedro Francisco de - O MAIOR TUFÃO DE MACAU. Lisboa, [s.n. - imp. Minigráfica, Lisboa], 1985. In-8.º (22,5 cm) de 30, [2] p. ;il. ; B. Separata dos Anais do Clube Militar Naval, N.ºs 7 a 9 - Jul./Set. 1985
1.ª edição independente.
Ilustrada no texto com reproduções da Canhoneira «Camões», de uma gravura antiga do porto de Macau, de uma carta marítima do actual porto de Macau e de um gráfico com a curva barométrica do maior tufão de Macau.
Tiragem: 300 exemplares.
"«1874 - Naufrágio da Escuna «Príncipe D. Carlos e Canhoneira «Camões» em Macau».
Com efeito, da leitura desta curta informação, puderá surgir um vasto campo de dúvidas e de interrogações, pois nada se regista sobre as causas, as consequências e as responsabilidades de tão importante ocorrência, verificada há cerca de onze décadas. [...]
Naturalmente, que conhecedor do Extremo-Oriente fui, desde logo, levado a considerar que aquele sinistro marítimo deveria ter sido causado pelo perigoso inimigo dos marinheiros e dos pescadores do Mar da China - o temível furacão - que, em determinadas épocas do ano - Junho a Outubro - assola com grande violência os portos de Macau e Honk-Kong.
Assim, consultando vários livros e muita documentação manuscrita coeva, existente no Arquivo Geral de Marinha, foi-nos possível verificar que no ano de 1874, o porto de Macau foi assolado por um fortíssimo furacão, o mais devastador de todos os tempos, com extraordinários prejuízos, tanto no mar como em terra, como adiante se constatará."
(Excerto do estudo)
Matérias:
1. Introdução. 2. Determinação das causas dos naufrágios. 3. Descrição do Tufão. 4. Comunicação dos naufrágios e providências das autoridades navais. 4.1. Ofício n.º 24/24-9-1874 para o Comandante Geral da Armada. 4.2. Ofício n.º 26/11-10-1874 para o Comandante Geral da Armada. 4.3. Ofício n.º 29/10-11-1874 para o Comandante Geral da Armada. 5. Conselhos de Investigação. 6. Reconhecimento ao Mérito. 6.1. Livro de Ordens da Estação Naval da China : Ordem N.º 21/17-11-1874. 6.2. Portarias do Ministério da Marinha e do Ultramar - Direcção-Geral da Marinha - 1.ª Repartição. Ordem da Armada N.º 24/1874. Ordem da Armada N.º 13/1875. 7. Considerações Finais.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

22 setembro, 2016

ORNELLAS, Carlos d' - O AÇOREANO NA GRANDE GUERRA. (Capa de Carlos Mendes da Costa). [Prefácio do Marechal Gomes da Costa]. Lisboa, Revista Insular e de Turismo, 1931. In-8.º (22cm) de [14], 128, [2] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com os retratos do Marechal Gomes da Costa, com a legenda "uma grande figura da guerra", e do pai do autor, o General de Artilharia Guilherme Carlos Lopes Banhos. Contém ainda inúmeros retratos da oficialidade açoriana que integrou o C. E. P., em França, bem como a reprodução de fac-símiles, desenhos e fotogravuras de paradas militares.
Exemplar n.º 814 de uma tiragem não declarada, assinada pelo autor.
Livro duplamente valorizado pela dedicatória autógrafa de Carlos de Ornelas.
"Carlos d'Ornellas, açoriano que esteve na guerra, ao voltar às suas Ilhas, realizou uma conferência para honrar os patrícios que com êle tomaram parte na grande guerra. E é essa conferência que êle hoje lança a público e me pediu para prefaciar.
Esta guerra de 1914-1918, foi a mais assombrosa de todos os tempos, quer pelo número de homens, nela empenhados, quer pela qualidade e perfeição do material; mas tudo isso, que constitue sérias preocupações para os comandos, têm para o soldado um único sentido - a necessidade de vencer; e essa mesma, deixa-a êle ao cuidado dos comandos, entendendo que, por si, o que tem a fazer, é servir-se bem da espingarda e da baioneta. E como a guerra não é uma cousa triste para soldados verdadeiros, procuraram, fóra das horas de combate, passar o tempo o melhor possível. [...]
Enfim, eu não me proponho descrever o que é a guerra de trincheiras; mas quando se tem de escrever lembrando gente da guerra, logo acodem ao pensamento detalhes que só os que pelas trincheiras passaram conhecem. O essencial, agora, é mostrar o valor do soldado, e em particular, do soldado açoriano, e é êsse o objectivo do Carlos d'Ornelas e consegue-o."
(excerto do prefácio)
"Fui parar a uma unidade de infantaria e, no próprio dia em que cheguei, fiz a minha apresentação nessa unidade, que se encontrava no sector Ferme du Bois, marchando imediatamente para o front, como recompensa pelos serviços que prestei aos soldados portugueses, quando «capachim», porque também o fui, infelizmente, três meses, em Roquetoire, onde a abundância de géneros de todas as qualidades, fazia caras de repouso nas arrecadações.
Contos largos para a história da guerra...
Como ia dizendo, às 10 horas da noite, depois de percorrer aquela extensa trincheira de comunicação, fui escalado para fazer uma patrulha com dez praças para a colocação de arame farpado.
Alicates, corta arames, luvas, espingardas, granadas de mão e ainda granadas de espingarda, não contando com as respectivas máscaras de gazes, espingarda e os duzentos cartuchos da praxe, tudo levávamos.
Ao entrar na primeira linha, (noite cerrada) encontrei o Armando Saraiva, rapaz do meu tempo de escola em Ponta Delgada, hoje conhecido barítono que, em Itália, tem feito os seus dias, que estava na primeira linha a comandar um pelotão.
Escusado será dizer que o Saraiva era miliciano.
Baixinho, conversámos um pouco e eu, à direita do sector, mandei os soldados saltar o parapeito para a terra de ninguém, sendo o primeiro a fazel-o o medroso, 144, que, minutos antes, se lastimara da sua malfadada vida, e com tanta infelicidade, que, com todas as suas demoras, foi ferido com uma bala no peito, retirando para a ambulância."
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Falha de papel nas extremidades da lombada.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e regional.
Indisponível

20 setembro, 2016

LESCŒUR - A VIDA FUTURA : conferencias. Pelo padre do oratório, o reverendo... Versão portugueza revista e prefaciada por Camillo Castello Branco. Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Comp.ª, 1877. In-8.º (18cm) de VIII, 222, [2] p. ; E.
1.ª edição.
De acordo com Miguel Carvalho, no seu precioso catálogo bibliográfico camiiliano, trata-se da "primeira e única edição desta estimada obra, cuja tradução é devida, crê-se, a Ana Plácido."
[...] "Para avaliarmos o quilate dos homens que constituem essa renovada phalange de oratorianos, cumpre lêr a Vida Futura do padre Lescœur, este breve e substancial livrinho que a casa editora Mattos Moreira & C.ª nos encarregou de fazer traduzir e rever. Aqui se vos deparam ventiladas as questões que a velha e a novissima philosophia tem posto á volta do catholicismo com o proposito de o illaquearem. Nenhum dos velhos dogmas o habil contendor deixa no escuro quando para lá vê apontadas as flechas da incredulidade. Cita por seus nomes os adversarios de maior renome; desde Renan até Luiz Figuier, desde os historiadores criticos até aos antropologistas mais avessos á cosmogonia moyzaica, a todos contrapõe a fé alliada á sciencia, e a tradição alliada ao dogma. [...]
A sua palavra tem a uncção evangelica do propheta, e as lagrimas que deviam cahir no coração de um auditorio que appellava das iniquidades humanas para a misericordia divina."
(excerto do prefácio)
Conferências:
I - A negação contemporanea. II - A affirmação christã. III - A immortalidade da alma e a Vida Futura provada pela razão. IV - O Racionalismo e a Fé perante a Vida Futura. V - A Morte Eterna. VI - A Ressurreição. VII - O logar da immortalidade. VIII - A Vida Eterna. Notas.
Encadernação em meia de percalina com cantos, e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pasta frontal com defeitos de relevo no revestimento lateral e nos cantos. Pelo interesse e raridade, a justificar restauro.
Raro.
25€

19 setembro, 2016

MINSHAL D.S.O., M.I.E.E. - T. H. - A INFLUÊNCIA DA PRÚSSIA SÔBRE A ALEMANHA E OS OBJECTIVOS DE GUERRA DOS ALIADOS. Por... Lisboa, Depositária : Livraria Bertrand, [1939?]. In-4º (23cm) de 24 p. ; B.
1.ª edição.
"A discussão pública dos objectivos da guerra tem girado principalmente em tôrno dos vários meios de resistir à agressão. Nêste folheto analisa-se o culto da agressão e as possibilidades da sua anulação. Se a primeira consideração constitue o nosso objectivo imediato, a segunda deve ser a nossa preocupação final e predominante.
A característica mais perigosa do actual regime na Alemanha é de combinar as doutrinas do militarismo prussiano e do culto da fôrça com os sonhos extravagantes e crenças pagãs geradas mais recentemente na mentalidade dos alemães do sul."
(excerto do prefácio)
Matérias:
- Prefácio. - A Prússia e a Alemanha : uma influência nefasta. - A política prussiana. - Três Princípios Prussianos: O amor à guerra; A doutrina de Clausewitz; O Esrado acima do Direito Comum. - O Efeito Moral. - Influência Académica. - O Objectivo Vital da Guerra.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

18 setembro, 2016

DIAS, Augusto - A SUJEIRA DA BOLA. Pedroto e Meirim : exames. [S.l.], [s.n.], 1971. In-8.º (21cm) de 27, [1] p. ; B. Colecção «Ex-Libris», 8
1.ª edição.
Compilação de artigos publicados em periódicos nacionais. Destaque, entre outros, para as crónicas dedicadas a José Maria Pedroto, e à possibilidade de alargamento da 1.ª Divisão e, por consequência, da 2.ª Divisão, para satisfazer os interesses instalados de alguns clubes.
"Os problemas com que tem vindo a debater-se o futebol português demonstram, por forma inquívoca, a necessidade de remodelar diversos aspectos da sua organização. Nesse sentido vão ser tomadas pelo Ministério da Educação Nacional as medidas convenientes."
Do despacho de Sua Excelência o Ministro da Educação Nacional
"Não restam dúvidas de que o futebol português está mal, muito mal mesmo. Tenhamos esperança nas medidas que vão ser tomadas e que já foram prometidas pelo Ministro Veiga Simão."
Do «Díário do Norte»
"Como homem do meu tempo, não posso deixar de atolar-me na sujeira da bola.
Ainda assim, com a independência que me caracteriza, ataco ou defendo, sempre dentro das regras, embora em jogo viril.
Da última vez, foi o caso Pedroto, na hora em que os arraiais adversos gritavam: esfola, mata, enforca.
Em tão boa hora o fiz que, passados dois anos, todos estão comigo e Pedroto é cotado como o melhor treinador português."
(excerto de A sujeira da bola)
Crónicas:
- A sujeira da bola. - Obrigado, Nuno!... - Carta aberta ao Dr. Leite de Faria. - Pedroto. - Larga o osso!... - Os ossos de Vasco da Gama. - Exames. - Nos balneários. - Epílogo.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro e muito curioso.
20€

16 setembro, 2016

SOUTO, António Maria de Figueiredo Meyrelles do - CONSELHOS AOS SOLDADOS : para conservar a saúde em África. Região Militar de Moçambique. Lourenço Marques, Tipografia Minerva Central, 1962. In-8.º (18cm) de 61, [3] p.
1.ª edição.
Ilustrada com desenhos exemplificativos nas páginas do texto.
"A chegada sucessiva de efectivos militares à Província, rapazes novos, inexperientes das condições mesológicas do Ultramar, fez surgir a ideia benemérita de lhes dar alguns conselhos, orientando-os no modo de os não deixar sucumbir perante os perigos sanitários que aqui os rodeiam."
(excerto da apresentação)
"Estes apontamentos, que não têm pretensões de alardear ciência, não foram feitos para instruir enfermeiros e muito menos para médicos.
Antes, pelo contrário, são para uso das tropas, tendo em vista as de menor graduação, aquelas menos conhecedoras destes assuntos, a fim de as auxiliar a manterem a saúde, dinamismo e boa disposição.
Em casos urgentes poderão, também, orientá-las na prestação de primeiros socorros aos camaradas ou a si próprios.
Soldado! Cuida deste livro, trata-o bem, lê-o várias vezes, procura sabê-lo bem, compreendê-lo e faz por aplicar os ensinamentos nele contidos, pois assim manterás boa saúde de corpo e espírito e serás útil à Pátria, que juraste defender.
Não te esqueças que este livro foi feito para ti!"
(prefácio)
Índice:
Apresentação. Prefácio. I - Noções de Higiene. II - Doenças mais frequentes em África: 1. Parasitoses: A) Intestinais - Sua profilaxia; B) Não intestinais. 2. Micoses. 3. Venéreas. 4. Infecciosas. III - Acidentes Provocados: A) Pela luz; B) Pelo calor - Seu tratamento; C) Por animais: 1. Mordeduras de cobras; 2. Picadas de lacraus e abelhas; 3. Picadas de insectos. 4. Peixes e alforrecas. IV - Cuidados com a Água. V - Primeiros Socorros: 1. Acidentes na via pública; 2. Perda de sentidos; 3. Hemorragia; 4. Asfixia; 5. Afogamento; 6. Electrocução; 7. Respiração artificial; 8. Feridas; 9. Contusões; 10. Fracturas; 11. Entorses - Luxações; 12. Incêndio; 13. Queimaduras; 14. Levantamento de feridos; 15. Transporte de feridos; 16. Alcoolismo; 17. Envenenamentos. Nota Final.
Exemplar sem capas em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

15 setembro, 2016

CORDOVIL, Rui - MIRAGENS E REFLEXOS. (Prosas). Lisboa, Livraria Ferreira, 1918. In-8.º (20cm) de 140, [4] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de curiosas crónicas dispersas por jornais e revistas, reunidas em volume.
Ilustrado com um retrato do autor em extratexto.
"Alguns dos artigos aqui insertos, escritos em momento de bom humor, e por isso mesmo tocando por vezes a nota satírica ou jocosa, servem talvez para desanuviar o espírito do leitor da nota triste e impressionante que reveste todos os outros.
Ao conjunto dêles chamei eu Miragens e Reflexos.
Miragens - são ilusões, simples devaneios que o tempo apaga logo e se desfazem  nas densas brumas da vida!
Reflexos - são as reminiscências dos tempos que passaram e nos deixaram imersos em profundas recordações, que não mais se apagarão do âmago da nossa alma!"
(excerto do preâmbulo, Explicando)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

14 setembro, 2016

CARQUEJA, Bento - O COMMERCIO DO PORTO NO CENTENARIO DE CAMILLO CASTELLO BRANCO : 1825-1925. Por... Porto, Officinas de O Commercio do Porto, 1925. In-4.º grd. (29,5cm) de 87, [1] p. ; mto. il. ; B.
1.ª edição.
Belíssimo album de homenagem ao grande prosador por ocasião do seu centenário natalício.
Capa de Roque Gameiro.
Exemplar da tiragem de vinte exemplares numerados em papel especial, assinado pelo autor (o presente leva o n.º dez).
Livro duplamente valorizado pela dedicatória autógrafa de Bento Carqueja na folha de anterrosto.
Obra muito ilustrada com bonitos desenhos em página inteira da autoria de João Augusto Ribeiro, Cândido da Cunha e António Carneiro, representando cenas de alguns dos romances de Camilo editados pel'O Comércio do Porto, e diversos fac-símiles de correspondência inédita enviada pelo Mestre aos fundadores do jornal - Manuel Carqueja e Henrique Carlos de Miranda -, e a Bento Carqueja.
"Cabia a O Commercio do Porto o dever de não deixar passar sem uma celebração, por modesta que fosse, o I.º centenario do nascimento do egregio escriptor portuguez que foi Camillo Castello Branco.
Estava o eminente cinzelador de lingua portugueza no apogeu da sua gloria litteraria, quando escreveu para este jornal uma série de romances, alguns dos quaes ficaram sendo para sempre joias de inestimavel valor.
É vastissima a herança litteraria de Camillo. Abrange 262 obras, compreendendo a poesia, o romance, o conto, o drama, a critica, biographias, traducções, etc. N'ella avultam, como das mais bellas producções, «As tres Irmãs», «Estrellas Funestas», «Estrellas Propicias», «A Filha do Doutor Negro»,Vinte Horas de Liteira», «O Bem e o Mal», «Lucta de Gigantes», «O Santo da Montanha», «O Senhor do Paço de Ninães».
Todos estes romances foram escriptos para O Commercio do Porto e n'elle publicados, em primeira edição.
Aos fundadores de O Commercio do Porto pertenceu ainda, comquanto não aparecesse no jornal, a primeira edição do romance «A Engeitada», que veio á luz em 1866, n'um volume de 291 paginas, impresso na Tipographia do Commercio.
Bastam estas circunstancias para justificar a homenagem que O Commercio do Porto entende prestar a Camillo, ao passar o I.º centenario do seu nascimento."
(excerto do preâmbulo, Razão de ser)
Bento de Sousa Carqueja (Oliveira de Azeméis, 1860 - Porto, 1935). “Aprendeu as primeiras letras na “terra que o viu nascer”. Muito jovem, deslocou-se para a cidade do Porto, com o objectivo de prosseguir os estudos. Já instalado na segunda maior cidade do país, a sua vida estudantil e profissional prosseguiu com grande êxito. Em 1880 começou a colaborar no jornal O Comércio do Porto, importante diário portuense, do qual seu tio foi fundador. Bento Carqueja entrou para esse jornal como revisor, sendo outra das suas actividades o início do arquivo da vasta correspondência aí existente. A sua apetência para o jornalismo levou-o a desenvolver um trabalho promissor, ao ponto de, aquando do falecimento do seu tio, se tornar co-proprietário do jornal, assumindo a direcção do mesmo. Em 1882, formou-se no curso livre de Ciências Físico-Naturais; em 1884, foi nomeado professor da Escola Normal do Porto, onde leccionou as cadeiras da Agricultura e Ciências Físico-Naturais; no mesmo ano, instalou o Jardim Botânico e os laboratórios de Fisiologia Vegetal e Química Agrícola; em 1915, foi criada a Faculdade Técnica da Universidade do Porto, onde passou a leccionar as cadeiras de Economia Política, Contabilidade e Legislação de Obras Públicas. Enquanto isso, desenvolveu importante obra social, nomeadamente promovendo a construção de bairros operários, organizando escolas agrícolas móveis, fundando várias creches de O Comércio do Porto, adquirindo, para benefício das mesmas, um biplano experimentado no Porto e em Lisboa em 1912, tendo sido este o primeiro avião a voar em Portugal. Em 1918, foi eleito presidente da comissão de propaganda da Imprensa, dirigindo vários manifestos aos portugueses. Não obstante, recusou honras e favores públicos ou políticos nacionais, nomeadamente o cargo de ministro de Estado para o qual foi convidado com insistência.”
(fonte: teoriadojornalismo.ufp.edu.pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas com defeitos. Lombada apresenta importante falha de papel.
Raro.
Indisponível

13 setembro, 2016

CUNHAL, Álvaro - A SUPERIORIDADE MORAL DOS COMUNISTAS. [Lisboa], Edições Avante!, 1974. In-8.º (18,5cm) de 16 p. (inc. capas) ; B.
1.ª edição independente.
Artigo do líder histórico do PCP publicado na revista Problemas da Paz e do Socialismo, N.º 1, Janeiro de 1974. O presente opúsculo seria impresso uns meses mais tarde, após a revolução, a 21 de Outubro de 1974.
"Os comunistas não se distinguem apenas pelos seus elevados objectivos e pela sua acção revolucionária. Distinguem-se também pelos seus elevados princípios morais.
A moral dos comunistas tem a sua base objectiva nas condições de trabalho e de vida do proletariado, no processo da sua luta contra o capital e, desde a vitória da revolução socialista, na nova sociedade libertada da exploração. Tem, como principal factor subjectivo, o papel educativo desempenhado pela vanguarda revolucionária guiada pelo marxismo-leninismo.
A moral dos comunistas é contrária e superior à moral burguesa. Constitui um elemento integrante da força revolucionária do proletariado e da sua vanguarda. Age como «força material» na transformação do mundo. E, voltada para o futuro, indica os traços essenciais da transformação do próprio homem."
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
15€

12 setembro, 2016

BARROSO, Joaquim Dias - OS MOTINS EM BARBACENA. Elvas, Typographia Progresso, 1899. In-8.º (22 cm) de 89, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Importante documento sobre os tumultos de Barbacena, em 1898, numa questão que deu brado na época. Trata-se da versão dos acontecimentos pela boca do antigo rendeiro geral das terras ocupadas pelos habitantes daquela vila alentejana.
"Muitas vezes confundido com a questão dos baldios ou terras não agricultadas de uso comunitário característica dos séculos XIX e XX, confusão praticada sobretudo pela imprensa da época, mas também por alguns dos múltiplos juízes que intervieram na longa sucessão dos processos judiciais e, até, pelos protagonistas, a verdade é que o caso de Barbacena me pareceu, e parece agora por maioria de razão, um caso diverso. Por um lado, pela natureza das terras em disputa: um conjunto de herdades cujo chamado “domínio directo”, ou direito de perceber um foro ou uma renda, pertencia desde a Idade Média aos senhorios, ou proprietários, mas sobre as quais pesava, de facto, o ónus do “domínio útil” em benefício dos pequenos foreiros, implicando este o uso da terra contratada e a possibilidade de o transmitir por herança, ou até de o vender ou trocar, uma vez obtido o beneplácito da entidade senhorial. Por outro lado, pela natureza da resistência oferecida desde tempos remotos pelos habitantes de Barbacena sempre que se viram ameaçados de espoliação deste direito, num impulso pela defesa dos meios da sua subsistência que terá modelado uma identidade colectiva coesa e sentimentos de pertença e de solidariedade. […]
Pude, também, [entre outras obras que se escreveram sobre o assunto], socorrer‑me da revisão histórica da autoria de Joaquim Dias Barroso, que fora por vários anos o rendeiro geral das propriedades em disputa e, talvez, um dos correspondentes anónimos dos diários lisboetas de então. É o opúsculo saído em Elvas em 1899, com o título Os Motins em Barbacena, ditado pelo desígnio de provar a bondade da razão dos senhores das terras e dos seus rendeiros no litígio contra os camponeses da região."
(SÉRVULO CORREIA, Margarida, "O caso de Barbacena : um pároco de aldeia entre a Monarquia e a República" – Centro de Estudos Históricos da UCP)
"Em o mez de julho de 1898, parte da populaça da villa de Barbacena, no concelho d'Elvas, instigada por uns taes Canello, Gadanha, Fanico, Cordeiro, Borrego, e outros, invadiu com os gados da povoação varios ferregiaes e outros tractos de terreno proximos d'aquella villa - pertencentes á antiga Casa do Conde de Barbacena - que trazia arrendados o sr. Alfredo de Andrade, e expulsou violentamente das mesmas terras os gados do rendeiro, praticando assim essa populaça um acoto de espoliação contra individuos de quem os moradores de Barbacena só teem recebido beneficios, concessões e favôres, como adeante demonstrarei.
Semelhante invasão foi precedida e acompanhada de grandes tumultos e alvorotos por parte de mulheres da villa, de rapazio, e de alguns homens, que praticaram então os maiores desafôros, bramindo insultos contra o cobrador dos fôros e contra o rendeiro geral das Terras de Barbacena, - e a tal ponto chegaram os amotinamentos, que teve a auctoridade administrativa da séde do concelho de requisitar uma força armada a fim de ser mantida a ordem n'aquella povoação.
Do dominio publico foi, porem, que, apesar de haver destacado para ali uma força militar, o estado anarchico continuou, pois que os amotinadores, se bem que aconselhados a respeitar o direito de propriedade, não abriram mão do esbulho, allegando que os terrenos invadidos eram do povo e só do povo."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta falha de papel junto ao canto inferior esq. Lombada restaurada. 
Raro.
Com interesse regional. 
30€