HONRADO, Fernando - OS FUZILADOS DE OUTUBRO : Lisboa - 1921. Colaboração de Maria Manuela de Moura. Lisboa, Acontecimento : Estudos e Edições, Lda., 1995. In-8.º (21cm) de 195, [5] p. ; [4] p. il. ; B. Colecção Serpente Alada
1.ª edição.
Ilustrado em folhas separadas do texto com a reprodução de jornais da época que deram cobertura alargada ao assunto.
Certamente de tiragem reduzida, a presente obra é mais um contributo para o estudo dos acontecimentos da madrugada de 21 de Outubro de 1921, que ficaria conhecida para a história como a 'Noite Sangrenta'.
"Uma ideia generalizou-se - haverá outras porventura - acerca das causas dos acontecimentos medonhos do dia 19 de Outubro de 1921. Aquela foi: a de que se devia procurar a origem dos fuzilamentos-linchamentos de Machado dos Santos, António Granjo, Carlos da Maia, Freitas da Silva, Botelho de Vasconcelos e Jorge Gentil dentre os meios políticos Monárquicos, e referenciando-se o Jornal A Época.
Os homícidios quando são classificados de políticos tomam, em regra, este aspecto: a autoria material respectiva é certa, a autoria moral incerta e, naturalmente, esta última envolvida por densidade hipotética enorme. Verificou-se isto com os assassínios dos Rei D. Carlos I e do Príncipe Real D. Luís Filipe; constatou-se realidade semelhante com o atentado contra o Presidente Sidónio Pais; assistiu-se ao mesmo fenómeno com a carnificina de 1921."
(excerto do prefácio)
"Em 1921, ano em que foi assassinado, Machado dos Santos era homem a chegar à meia-idade, pois tinha nascido em 1875. Apesar de estar ainda longe da reforma, o comandante militar da Rotunda encontrava-se, já, retirado da política activa, embora, certamente, seguindo-a com toda a atenção. [...]
Com a Implantação da República tornou-se político importante do novo Regime. E. muito rapidamente, um crítico duro do que considerava desvios ao ideal republicano. Deste modo, um dos políticos que mais foi por ele combatido por ele foi Afonso Costa. [...]
'Dizem que eu sou tolerante com os Católicos, que permito que eles ajam livremente, que promovam as suas procissões. Ora não sou eu que permito que os Católicos assim se manifestem. É a constituição que permite, e não deixá-los praticar os seus actos de culto seria perseguição autêntica.'
Quem proferiu estas palavras, foi António Granjo, então Presidente do Conselho, dias antes de morrer, no próprio mês de Outubro, em Loures. [...]
António Granjo era um civil. Um advogado. Combatera na I Guerra Mundial, como oficial, e fora condecorado por feitos em campanha, pouco mais de um mês antes de ser fuzilado. Foi deputado às Constituintes em 1911, bateu-se contra a Monarquia, antes do 5 de Outubro. Era um republicano da primeira hora, participante do Acto de Fundação, tal como Machado dos Santos e Carlos da Maia. [...]
Carlos da Maia foi, como Machado dos Santos, um combatente muitíssimo vigoroso na liquidação do Regime Monárquico. A sua acção na luta, na véspera do 5 de Outubro, foi importante em extremo. As tarefas desempenhadas desenrolaram-se no assalto a um ponto essencial para o êxito dos revolucionários, o quartel dos marinheiros de Alcântara, e na tomada do cruzador D. Carlos."
(excerto do Cap. I, Os Fuzilados)
Matérias:
Prefácio. I - Os Fuzilados. II - A Época. III - Governos. IV - Onze Anos. V - Depois dos Onze Anos. VI - A Contramaré. VII - Entre o Lirismo e a Ferocidade.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível
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