18 outubro, 2024

RIBEIRO, José Silvestre -
ESTUDO MORAL E POLITICO SOBRE OS LUSIADAS. Por...
Lisboa, Imprensa Nacional, 1853. In-8.º (22,5x14 cm) de XI, [1], 236, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Importante e apreciado estudo camoniano.
"[...] O alvo a que attirei n'este trabalho - foi o de desentranhar dos Lusiadas as sentenças moraes e politicas, que o grande Camões lançou e acolá, aprendidas na sua vasta lição, na eschola do mundo e na da adversidade, e inspiradas pelos mais generosos impulsos de um coração, que transbordava de sentimentos nobres, ou, como hoje se diz, altamente humanitarios. [...]
Puz todo o cuidado em não forçar o sentido que o Poeta ligou ás suas Maximas; e se pela maior parte applico estas aos tempos de hoje, vês-se-ha que é muito natural e sem esforço a applicação que faço. [...]
O plano que adoptei n'este Estudo foi o de transcrever os versos, ou as oitavas do Poéta, explicar o seu sentido, , quando necessario o julguei, e apresentar depois a moralidade, com os desenvolvimentos ou exemplificações que me parecêrão convenientes. - Sempre que o pude fazer, procurei pôr em parallelo, umas com outras, as passagens analogas dos Lusiadas."
(Excerto da Introducção)
José Silvestre Ribeiro (Idanha-a-Nova, 1807 - Lisboa, 1891). "Político e historiador português, autor de uma importante obra sobre a história das instituições científicas e culturais portuguesas. Foi administrador geral de vários distritos, ministro da Justiça, deputado e par do Reino. Distinguiu-se sobremaneira no processo de socorro às populações do Ramo Grande aquando do grande terramoto da segunda Caída da Praia e no arranque do subsequente processo de reconstrução da Praia da Vitória. Igualmente se destacou no combate à fome que assolou a Madeira em 1847 e a ele se deve as primeiras tentativas de transformar o bordado da Madeira numa actividade económica. As suas ideias esclarecidas sobre a economia e a sociedade e a sua visão europeísta do futuro de Portugal fizeram dele um dos pensadores mais avançados do Portugal do seu tempo, com algumas das suas propostas a levarem mais de um século para obterem plena concretização."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
30€

17 outubro, 2024

RUSSO, Alferes Américo José -
GUIA DO AGENTE FISCALIZADOR DA CAÇA E DA PESCA E DO RESPECTIVO DESPORTISTA.
Compilação do... Comandante da Secção da G. N. R. de Penafiel. Publicação autorizada pelo Comando Geral da Guarda Nacional Republicana. [S.l.], [s.n. - Centro Gráfico de Famalicão de José Casimiro da Silva - Vila Nova de Famalicão], 1958. In-8.º (16x11 cm) de 365, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso vade-mécum, reúne todas as informações pertinentes (e actualizadas) que regularizam a caça e a pesca em Portugal, incluindo todos os assuntos directa ou indirectamente ligados a estas actividades.
É muito interessante o capítulo dedicado ao Registo canino, que o autor divide em três grandes grupos, com as respectivas definições: os cães de caça; os cães de guarda; os cães de luxo, propondo ainda, em "Extinção dos cães vadios", uma (discreta) "solução final" para os cães da rua.
O tema da Caça fecha com 12 quadros-resumos em página inteira.
"O Decreto n.º 23.461, que regulamenta o exercício da caça, data de 1934, e, de então para cá, tem sofrido várias alterações que se encontram dispersas por vários diplomas, o que torna difícil a sua consulta.
O mesmo sucede com a legislação que regula o exercício a pesca, esta ainda mias complexa, porque não tem pròpriamente um diploma fundamental, pois sendo vários os que regulam este desporto, cada um trata da sua parte sem se referir quase aos outros, agravado pela circunstância de a maior parte dessa legislação se não encontrar publicada senão nos Diários do Governo, nem sempre fáceis de conseguir, visto alguns datarem de há mais de setenta anos.
Estas dificuldades deparadas a cada passo no desempenho das funções de Comandante da Secção Rural da Guarda Nacional  Republicana, encorajaram-me a reunir num único livro, a que dei o título de «Guia do agente fiscalizador da caça e da pesca e do respectivo desportista», toda a legislação que regula estes assuntos, no qual foi incluída também a que se refere a
Armas
Registo de cães
Vacina de cães
Polícia Florestal,
por se relacionar com a que orienta aqueles dois desportos.
E para maior utilidade deste trabalho, procurou-se dar a este livro um formato prático, fácil de transportar sem grande incómodo, dado que tanto o agente fiscalizador como o desportista têm necessidade de o trazer sempre consigo, para o consultarem a cada momento."
(Excerto de Advertência)
Índice:
Advertência | I- Caça. II - Armas. III - Registo de cães. IV - Vacina de cães. V - Polícia Florestal. VI - Pesca.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
45€

16 outubro, 2024

GALLIS, J. Alfredo - SYNOPSE DOS HOMENS CELEBRES DE PORTUGAL DESDE A FUNDAÇÃO DA MONARCHIA.
Por...
Lisboa, Typographia de J. C. de d'Ascensão Almeida, 1883. In-8.º (16x10,5 cm) de 149, [1], VII, [1] p. ; [4] f. il. ; B.

1.ª edição.
Edição original daquela que terá sido a primeira obra do autor, publicada com apenas 23/24 anos. Trata-se de uma síntese histórica preenchida com os apontamentos biográficos das mais relevantes personalidades da História de Portugal - de Egas Moniz, o Aio (1080-1146) a D. Pedro de Souza Holstein (1781-1850). No final do livro os editores incluíram o Juizo da imprensa onde se encontram reproduzidas as opiniões sobre a obra veiculadas nos principais jornais da época.
A obra divide-se em quatros secções: - Armas; - Descobridores; - Poetas e eruditos; - Factos diversos.
Contém 4 gravuras abertas em metal hors-texte: D. Vasco da Gama; Pedro Alvares Cabral, Luiz de Camões; Marquez de Pombal. O retrato de Camões é da autoria de Pastor; os restantes não foi possível determinar.
"Antes de se lerem as modestas paginas d'esta simplicissima obra, é necessario avisar o leitor, que não deve phantasiar ideaes quanto á essencia do que aqui vae encontrar. Ao ser encarregado de fazer o livro em questão, observei que elle não poderia deixar de ser um modestissimo resumo, em que apenas a escolha dos biographados, e a verdade dos factos lhe dessem algum valor, visto não ser necessario uma vasta intelligencia para a conformação d'estas obras especiaes. No genero, conheço como completo e de grande valor o Diccionario bibliographico do fallecido bibliographo Innocencio da Silva.
É preciso notas que Innocencio escreveu a sua obra em sete grossos volumes, nos quaes cada biographia é uma synthese muito perfeita e completa.
Não pretendo, nem jamais pretendi, escrever um livro biographico de indiscutivel merecimento, mas sim collocal-o ao alcance de todas as bolsas e de todas as intelligencias.
A nossa historia em geral pouco sabida, contem vultos de enorme importancia em todos os ramos do saber humano, vultos que seria um incrivel desleixo, não ir pouco a pouco fazendo sahir da obscuridade em que jazem para os menos versados em leitura.
N'este intuito segui o systema de biographar resumidamente cada um dos homens mais notaveis de Portugal, certo de que os que lerem estas biographias sentirão o desejo de mais desenvolvidamente conhecerem o heroe do seu agrado."
(Excerto da introdução, Ao leitor)
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). "Mais conhecido por Alfredo Gallis, foi um jornalista e romancista muito afamado nos anos finais do século XIX, que exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra e o de administrador do concelho do Barreiro (1901-1905). Usou múltiplos pseudónimos, entre os quais 'Anthony', 'Rabelais', 'Condessa do Til' e 'Katisako Aragwisa'. Desde muito jovem redigiu artigos e folhetins em jornais e revistas, entre os quais a Universal, a Illustração Portugueza, o Jornal do Comércio, a Ecos da Avenida e o Diário Popular (onde usou o pseudónimo Anthony). Como romancista conquistou grande popularidade, especializando-se em textos impregnados de sensualismo exaltado que viviam das «fraquezas e aberrações de que eram possuídas, eram desenvolvidas entre costumes libertinos e explorando o escândalo». Escreveu cerca de três dezenas de romances, por vezes publicados com o pseudónimo 'Rabelais'. Alguns dos seus romances têm títulos sugestivos da sensualidade que exploram, nomeadamente Mulheres perdidas, Sáficas, Mulheres honestas, A amante de Jesus, O marido virgem, As mártires da virgindade, Devassidão de Pompeia e O abortador. É autor dos dois volumes da História de Portugal, apensos à História, de Pinheiro Chagas, referentes ao reinado do rei D. Carlos I de Portugal."
Exemplar em brochura, revestido de capas lisas, com título batido à máquina na capa frontal. Assinatura de posse na f. rosto.
Raro.
50€

15 outubro, 2024

SANTA CASA DA MISERICORDIA DE LISBOA - Regulamento do Recolhimento das Orphãs. Lisboa, Imprensa Democratica, 1886. In-8.º (22 cm) de 22, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Regulamento para o serviço das orfãs do Recolhimento de S. Pedro de Alcântara, subscrito pelo provedor, o Marquês de Rio Maior, e seus adjuntos - Paulo Midosi e Joaquim José Rodrigues da Câmara.
Regulamento:
I - Dos empregados. II - Do director. III - Dos facultativos. IV - Fiscalisação dos generos alimenticios. V - Da regente. VI - Das professoras. VII - Da direcção das classes. VIII - Das ajudantes. IX - Das educandas. X - Da despenseira. Despensa. XI - Da porteira. Da auxiliar. XII - Das serventes. No serviço da cozinha e do refeitorio. Do Moço. XIII - Das licenças e das visitas ás empregadas e ás educandas. XIV - Penalidades. XV - Disposições geraes. Disposição transitoria.
António José Luís de Saldanha Oliveira Juzarte Figueira e Sousa, 1.º marquês de Rio Maior (1836 - 1891). "Era filho dos 3.ºs Condes de Rio Maior, João Maria de Saldanha Oliveira Juzarte Figueira e Sousa Mãe e Isabel Maria José de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, foi o 4.º Conde e 1.º Marquês de Rio Maior. Foi bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, oficial-maior da Casa Real com o cargo de mestre-sala, Par do Reino e deputado. Foi adido honorário da Legação em Paris, provedor da Santa Casa da Misericórdia em Lisboa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa."
(Fonte: https://monarquiaportuguesa.blogs.sapo.pt/antonio-jose-de-saldanha-oliveira-e-970381)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
15€

14 outubro, 2024

REIS, Fernando -
CIDADE NOVA (romance dos tempos modernos)
. Lisboa, Livraria Editora Viuva Tavares Cardoso, 1905. In-8.º (18x12 cm) de 474, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante romance cuja acção decorre em Lisboa e arredores, com "epicentro" em Judith, moça casadoira, filha do comerciante António, que busca genro rico.
"Eram quasi onze horas da manhã d'um lindo dia de primavera, quando d'uma loja de duas portas, á Graça, saía um homem gordo, atarracado, os olhos piscos, o bigode grisalho e a tez bronzeada, que atravessava a rua em cabello. A meio caminho parou sacudindo ao sol os membros entorpecidos, virou-se para a loja lançando um ultimo olhar de despedida, e continuou resoluto a sua marcha, bamboleando a gordura.
Ao lado um visinho cumprimentou:
- Snr. Antonio...
E o snr. Antonio correspondeu, fazendo uma venia.
Entrou na porta da escada d'um predio fronteiro, subiu vagaroso os degraus, bateu com força á campainha do segundo andar. Abriram. Era aquella a sua casa.
Sentou-se á mesa para almoçar; onze horas, as horas do seu almoço. Tomou logar á cabeceira, n'uma larga cadeira de espaldar, como incontestavel dono da casa; á direita ficou a mulher, a snr.ª Marianna; á esquerda a filha, a menina Judith.
A snr.ª Marianna, uma velha magra, d'essa magreza caracteristica das velhices prematuradas por antigas miserias, tinha, no emtanto, agora, um bello ar de satisfação. A Judith, rapariga trigueira, dos seus 22 annos, nédia e sadia, bonita, as fórmas do corpo roliças, as mãos finas, o cabello escuro e lustroso, os olhos pretos, é que parecia triste."
(Excerto do Cap. I)
Fernando Duarte de Almeida Reis (1865-1936). Escritor e jornalista. Publicou três romances:: Os vermelhos : notas de dois refractarios (1897) e A caminho do sol (1900), ambos em co-autoria com Mayer Garção, e Cidade nova (1905). Relativamente à imprensa, colaborou em: Arte & vida : revista d' arte, crítica e sciencia (1880-1934); Revista nova (1901-1902);  Tiro e sport : revista de educação physica e actualidades (1904).
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas apresentam ligeiro desgaste marginal.
Invulgar.
25€
Reservado

13 outubro, 2024

SERPA, Eduardo -
EM PORTUGAL: SINDICATOS E SUBVERSÃO. [S.l.], [s.n. - Composto e impresso na Gráfica Almondina - T. Novas], 1972. In-4.º (In-4.º (23x15,5 cm) de 29, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso folheto, retrata o clima complexo que se vivia no princípio dos anos 70 em Portugal, envolvendo os principais sindicatos do país - "infiltrados" por comunistas - e o poder instituído.
"A derrocada das instituições corporativas, desde há muito moribundas, ocorrida com a implantação do liberalismo em Portugal, veio dar origem, tal como sucedera nos restantes países da Europa, a uma situação em que o trabalhador se viu indefeso perante um patronato, constituído em grande parte por elementos desprovidos dum mínimo de formação moral, para quem apenas contava obter os lucros mais vultuosos possíveis, mesmo que para isso fosse necessário pagar aos trabalhadores salários incapazes de lhes assegurar um nível de vida compatível com a dignidade humana."
(Excerto da Introdução)
Exemplar em brochura, bem conservado. Pequeno orifício no canto inferior esquerdo.
Invulgar.
10€

12 outubro, 2024

QUINTELLA, Santos - OS ESTUDANTES DE COIMBRA E AS SUAS PARTIDAS.
Historia recreativa e anecdotica da Aacademia Universitaria desde tempos remotos até hoje. Por... (com muitas gravuras)
. Porto - (Portugal), Escriptorio de Publicações de J. Ferreira dos Santos, [191-]. In-8.º (18 cm) de 80 p. ; il. ; C.
1.ª edição.
Interessantíssimo repositório dos costumes académicos de antanho, sobretudo no que à farra e à diversão diz respeito.
Livrinho sem data, publicado algures na primeira/segunda década do século XX.
Ilustrado com bonitos desenhos e fotogravuras a p.b. ao longo do texto.
"Até 1854-55, antes de se inaugurar a malaposta, fazia-se a viagem para Coimbra de liteira ou a cavallo. Costumavam os estudantes formar caravanas contra o perigo de serem roubados pelo caminho. Os sitios escolhidos pelos ladrões para o assalto eram:
O afamado pinhal da Azambuja, Cruz de Meroiços - na estrada de Coimbra a Lisboa; na do Porto, a Ponte d'Aguas de Maias, o Carquejo, a Mealhada."
(De liteira ou a cavallo : Salteadores)
Índice: De liteira ou a cavallo. Os Divodignos. A Thomarada. A Rolinada. A Sociedade do Raio: Anthero, Vieira de Castro, João de Deus. O traje academico. A porta ferrea, o canellão, a cabra; o archeiro, o praxista, o bedel... Bichos, formigões, caloiros, novatos, veteranos. O cabula, o chronico, o dr. Espera, o urso. Gaticidas, noctivagos, trocistas, bisnaus. Tricanas, saccos de carvão. Musicos afinado e desafinados. Cabides, pés de banco, semi-putos, candieiros, troupistas. As tristes. A Sebenta. A arvore do ponto. O estudante á lebre. A moca, a palmatoria, a thesoura. Enfarruscadelas, bigodes pintados, freio na bocca, albarda ás costas. A gréve: tudo partido! As republicas. Queima das fitas, as latadas. Os kagas. Anecdotas e larachas. As partidas. Etc.
Encadernação simples, tosca,  com a contracapa colada na pasta posterior. Sem capa de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Corte superior irregular por deficiente abertura dos cadernos, mais evidente na f. rosto.
Raro.
Com interesse histórico e académico.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
45€

11 outubro, 2024

BASTOS, Leite -
PRIMAVERAS DE CINTRA.
Por... Leitura para Caminhos de Ferro. Lisboa, Livrarias de Campos Junior - Editor, [18--]. In-8.º (14,5x10 cm) de 188, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Obra publicada na apreciada colecção "Leitura para Caminhos de Ferro", composta uma série de histórias, sendo a primeira do conhecimento do autor, um conjunto de reflexões - Excerptos - e uma novela - Folhas seccas.
Raro e muito interessante.
"Ha um anno quem passasse pela rua dos Calafates, havia de reparar n'um pobre velho que ali morava na loja que faz quina para a travessa dos Fieis de Deus, e que, a despeito de suas cans e dos seus setenta e oito annos, ainda trabalhava pelo officio de marcineiro, desde o romper do sol até ao cerrar da noite. [...]
O honrado artista chamava-se Francisco Manoel da Cunha.
Um dia chamei-o á minha casa a pretexto de o encarregar de uns trabalhos da sua arte.
Não se fez esperar; mandei-o sentar junto de mim e perguntei-lhe:
- Por quem traz luto, sr. Francisco da Cunha?
- Por meu filho. Vai em quinze mezes que Deus m'o levou para si. Pobre moço! bom de lei era elle, generoso de coração e honrado como poucos, Coitado! já não existe, morreu para ahi com o sangue requeimado nas veias."
(Excerto de Folhas seccas)
Índice:
Na Peninha | O demonio conjugal : esboço de uma scena familiar | Ave-Maria | Leandro do Carvalhal. Memorias de sua vida e feitos | Excerptos (de um livro inedito que não se propõe a levar nenhuma alma ao céo) | Folhas seccas.
Francisco Leite Bastos (1841-1886). "Jornalista e romancista, foi, no início da sua actividade profissional, escriturário na Repartição do Major-General da Armada, mas demitir-se-ia aos 22 anos, dedicando-se a partir daí exclusivamente à escrita.
Destacou-se sobretudo como autor de dramas e comédias folhetinescas, mas também escreveu romances, quase todos retratando episódios relacionados com crimes, de que são exemplo O Incendiário da Patriarcal, O Crime de Matos Lobo, Os Crimes de Diogo Alves, Os Trapeiros de Lisboa, A Calúnia, O Último Carrasco, Os Sapatos de Defunto e O Crime do Corregedor, sendo considerado mesmo um dos precursores do género policial."
(Fonte: https://www.goodreads.com/author/show/4786601.Leite_Barros)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Envelhecido. Capas frágeis, com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
35€

10 outubro, 2024

JARDIM, Cypriano -
SERÕES HONESTOS.
Contos portuguezes. Com um prologo de Urbano de Castro. Lisboa, Typographia Universal, 1882. In-8.º (15,5x11 cm) de XXXI, 185, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de 10 contos tendo as crianças como protagonistas, pretexto para o autor, com ironia, veicular a sua mensagem moralizadora, crítica dos costumes da sua época, pelos dos olhos e acções dos mais pequenos.
Raro e muito interessante.
Valorizado pelo extenso prólogo de Urbano de Castro (1850-1902), que aprecia individualmente cada uma das histórias.
"Os «Serões honestos» são contos protagonizados, na quase totalidade, por crianças. Urbano de Castro, refere-se assim a eles, no prólogo da obra: "Foi, estudando as crianças, surpreendendo-as nas suas conversações mais íntimas, analisando-lhes os raciocínios, investigando-lhes o «eu», como diria um filósofo, que o autor se lembrou de escrever este formoso livro de contos, onde eles, os pequeninos, representam sempre os primeiros papéis." O resultado são 9 - [na verdade são 10] - histórias de moralidade extraordinariamente atual, ainda que o papel das crianças na sociedade tenha mudado radicalmente."
(Fonte: fnac)
"É delicadissimo o conto - O pae prodigo. E que verdade em todo esse conto! Quanntos paes prodigos, n'aquelle genero, não pesseiam pelas ruas de Lisboa!
E não que elles sejam ruins. O auctor o diz. É questão de moda.
Hoje a sociedade permitte ao homem casado todas as paixões - excepto a paixão por sua mulher. Pode ser doido pelo jogo, pelo luxo, por cavallos, por cães, por caçadas... pode até ser doido por todas as mulheres - excepto pela sua. É de mau gosto, é burguez, é fossil."
(Excerto do Prologo)
"O pae da Mimi não era a final de contas, um mau marido.
Estimava até, e muito, a mulher e a filha.
Mas tambem gostava muito do Gremio, de S. Carlos; pelo menos, parecia.
N'outro tempo brilhára em S. Carlos, com a sua camisa muito lustrada, e monoculo grande no olho apreciador. Vira passar triumphantes muitas prima-donnas de fama, e tinha a sua entrada franca nos bastidores do theatro.
Vivera portanto n'uma roda em que não abundavam os maridos exemplares. Acostumára-se a ver como o casamento era apenas um incidente na vida d'aquelles elegantes, que até contavam, com espirito, anecdotas picantes de esposos muito caseiros, sugeitos que ninguem via na rua, que estavam sempre no lar, agarrados ás saias das mulheres...
Era portanto necessario que para elle o casamento, fosse tambem um incidente na sua vida de solteiro. Pelo menos fingil-o."
(Excerto de O pae prodigo)
Indice:
O realejo | Um homem | A rainha absoluta | A bolsa de prata | O pae prodigo | Sultão | Os nossos paes | O Senhor dos Passos | O 4.º acto | A crise.
Encadernação meia de percalina com rótulo e incrustado em pele. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Pastas apresentam desgaste nos cantos.
Raro.
45€

09 outubro, 2024

ANTUNES, João -
O ESPIRITISMO.
Historia e critica do fenomeno espirita. O Alto-Espiritismo. Teorias, documentos e factos. O Transcendental na Sciencia. Colecção "Psicologia Experimental" V. Lisboa, Livraria Classica Editora de A. M. Teixeira, 1914. In-8.º (19x13 cm) de 110 p. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo sobre o Espiritismo da autoria de João Antunes, especialista na matéria.
"Um dos mais interessantes fenomenos da historia da filosofia é a paragem inopinada, repentina da sua evolução, formando ciclos gradativos, renascendo e renovando-se a cada passo, reaparecendo vincada dos estigmas psicologicos das raças, que a criam, reproduzindo-se mil e uma vezes nas afirmações seculares de sistemas vetustos.
Uma das aspirações mais curiosas dessa aspiração milenaria do homem forcejando por rasgar o veu densissimo, que lhe encobre os misterios da natureza que respira, onde vive, querendo palpar o porquê da propria existencia data muito possivelmente do momento historico em que ele sentiu a vida.
Que causas misteriosas o colocaram a meio do Universo, aspirando a ansia descomunal e sofrega de existir?"
(Excerto do preâmbulo)
João Antunes (1885-1956). Advogado, professor, escritor e ocultista e espírita português, natural de Lisboa. "Escreveu com rara inteligência, um conjunto apreciável de artigos (em revistas) e livros, sobre "conhecimentos que pela sua natureza se não devem vulgarizar". Trata-se, evidentemente, de temas ligados ao ocultismo (na sua versão primitiva, via Papus), cabalismo, esoterismo, teosofia, martinismo, teurgia, templarismo, maçonaria, carbonarismo, etc. Mas foi, particularmente, um grande mentor do pensamento teosófico, quando este estava ainda (por cá) no seu começo, tendo sido um dos fundadores (e primeiro presidente: até 1924?) da Sociedade de Teosofia de Portugal [STP], nascida em 1921."
(Fonte: http://almocrevedaspetas.blogspot.pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel marginal, assim como na extremidade superior da lombada.
Muito invulgar.
25€

08 outubro, 2024

OLIVEIRA, Luís de Lemos d' -
DA CADEIA (cartas dum recluso)
. Coimbra, Imprensa Académica, 1936. In-8.º (21,5x16 cm) de 139, [5] p. ; [1] f. ; B.
1.ª edição.
Correspondência de Lemos de Oliveira a partir das instituições penitenciárias onde cumpriu dois anos de pena de prisão maior celular (1934-1936) por crime de peculato, reclamando sempre, no entanto, a sua inocência, e não se coibindo de escrever sobre a sua condição e o dia a dia da prisão.
Cadeia de Santa Cruz de Coimbra, Esquadra da Polícia de Segurança Publica de Aveiro (durante o julgamento); Cadeia Civil de Coimbra (anexa à penitenciária)
Tiragem limitada a 500 exemplares, assinada pelo autor.
Na f. ante-rosto foi colada uma folhinha com o preço do livro e justificação do mesmo (pedido de ajuda pelas circunstâncias que conduziram à situação de penúria do autor).
"Os que procuram nos livros a alegre e fina distracção do espírito não leiam estas cartas.
Documentos vividos, duma alma cheia de tortura, elas são dum realismo psicológico que só pode encontrar correspondência naqueles homens que alguma vez sentiram e sofreram uma grande dôr moral. Êsses, por via de regra, não lêem, porque a amargura da sua vida lhes tirou todo o contacto com o mundo.
Perdidos no conceito público, vilipendiados por tanto que outróra os adulavam, pobres farrapos que um número de prisão chancelou com ferrête de ignomínia, quando não estoiram os miolos, passam o resto dos seus dias a braços com a miséria. Vencidos, absolutamente vencidos são chagas purulentas em holocausto.
Mas se por acaso a alguns dêstes desgraçados chegarem as minhas palavras sofredoras, estou seguro que ao menos encontrará nelas um coração que sentiu as mesmas angústias, o mesmo silêncio esmagador que êle tão bem compreenderá.
Estas cartas, escritas com verdade, são dirigidas a um Amigo, que sempre me acompanhou nas horas tristes, dolorosas.
A amizade é hoje flôr tão rara!!!
Em que parte da terra existem almas que larguem confôrtos, riqueza e felicidade para virem junto dum prêso a uma cela, estando com êle horas sem conto? E que sejam capazes de, com alvoroço sempre, lêr uma epistolografia sem belesa, em que a revolta é irmã gémea da ironia cruel?"
(Excerto de Antelóquio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
25€

07 outubro, 2024

AS BAIXAS DO FORO NEUROPSIQUIÁTRICO EM COMBATE -
Ministério do Exército : Estado Maior do Exército - 1.ª Repartição
. [S.l.], [Ministério do Exército], [196?]. In-8.º (20,5x16,5 cm) de 55, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Peça da Guerra Colonial. Exemplar batido à máquina e policopiado. Trata-se da tradução livre de duas publicações do Exército americano, obra empreendida por dois oficiais médicos do Exército português, preenchendo uma lacuna na literatura médica militar especializada relacionada com o stress pós-traumático.
"À semelhança do regulamento Norte-americano, o nosso "Regulamento para o Serviço de Campanha - Serviço de Saúde" concede especial importância ao ramo neuropsiquiátrico do Serviço de Saúde, fixando as linhas gerais da sua organização e funcionamento. Não entra, contudo, em detalhes de ordem técnica, quer no que se refere ao diagnóstico, quer no que diz respeito à triagem e ao tratamento das baixas desta categoria, assuntos que, pela sua índole, estão fora do âmbito duma publicação daquela natureza. Todavia, são esses assuntos da maior importância para os médicos das unidades e até mesmo para os oficiais das diferentes Armas, especialmente da Infantaria, pois que, como veremos, a recuperação destas baixas depende, em grande parte, do conhecimento que esse pessoal possa ter do que é uma baixa do foro neuropsiquiátrico e da assistência que deverá prestar-lhe. Por outro lado trata-se de conhecimentos especializados que, pela sua própria natureza, se nos afigura terem entre nós uma difusão muito limitada.
Com o presente trabalho temos principalmente em vista contribuir para a divulgação dos conhecimentos elementares necessários para que esta categoria de baixas receba, desde o início, a assistência conveniente; só assim poderá conseguir-se a sua rápida recuperação nas altas percentagens atingidas pelo Serviço de Saúde do Exército dos E. U. A. durante a última Guerra Mundial e a Guerra da Coreia."
(Excerto da Nota prévia)
Índice:
Nota prévia | I - As forças que afectam o combatente: 1 - A situação; 2 - As defesas contra a "tenção emocional"; 3 - A "quebra" das defesas contra a tenção emocional; 4 - A natureza da quebra das defesas. II - Quadro da exaustão pelo combate: 1 - Fase inicial; 2 - Fase de alteração parcial; 3 - Fase de alteração completa; 4 - Síndroma do posto de socorros de batalhão; 5 - Exame geral dos quadros psiquiátricos que se observam no posto de socorros de batalhão; 6 - Evolução do quadro; 7 - No posto de socorros divisionário; 8 - No centro de tratamento neuropsiquiátrico do Exército; 9 - Nos Hospital geral. III - Tratamento da exaustão pelo combete na zona de combate: 1 - Organização e funcionamento; 2 - Tratamento na unidade; 3 - Tratamento nos postos de socorros de batalhão e regimentais; 4 - Tratamento no posto de socorros divisionário e no Centro de Tratamento Neuropsiquiátrico do Exército.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
25€

06 outubro, 2024

GARCIA, Maria Antonieta - JUDAÍSMO NO FEMININO : Tradição popular e ortodoxia em Belmonte. Lisboa, Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões : Universidade Nova de Lisboa, 1999. In-4.º (23x16 cm) de 320 p. ; [31 f. il. ; [16] p. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante trabalho académico com importância para a história da participação feminina na vida e administração dos ensinamentos religiosos na ancestral comunidade judia de Belmonte.
Livro muito ilustrado no texto com quadros, tabelas e desenhos esquemáticos, e em separado, com mapas, fac-símiles e fotografias a p.b. e a cores.
"Em Belmonte, o marranismo tem uma história de séculos. A prática da Lei de Moisés . a religião do Antigo Testamento instituída pelo Criador - incorporou aí um conjunto de rituais cristãos compatíveis com a doutrina e a imagem que os marranos presumiam ser a identidade religiosa judaica. A religião foi transmitida pelas mulheres, conhecidas algumas por «sacerdotisas judaicas»; a Palavra do Pai foi ensinada pelas mães; adoraram Ester, seguiram os modelos das matriarcas bíblicas, seivaram o orgulho de ser judias, conhecem preceitos por que se pauta a vida num lar judaico e construiram códigos reguladores da vida social. Ora isto está em contradição com o judaísmo ortodoxo que é do domínio dos rabinos. Entrada a ortodoxia na comunidade, como apagar a memória e distanciar as mulheres? Elas despertam receios porque a autarcia religiosa que elas haviam construído torna supérfluos os ensinamentos rabínicos... A mulher judia pertence a um povo com uma história de perseguição, fonte de desenraizamento, de sofrimento e de conformismo mas que se revela também fermento de rebeldia e criatividade."
(Sinopse)
Índice:
Prefácio | Introdução | I - Prolegómenos à identidade feminina judaica. II - Belmonte e os ângulos de visão das identidades. III - A construção da cidadela da ortodoxia. IV - De Cristãos-novos e Judeus-novos. V - Mulher judia e as alteridades. | Conclusão | Bibliografia.
Maria Antonieta Garcia (n. 1945). "Nasceu em 1945, no Fundão. É licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa; Mestre em Literatura e Cultura Portuguesas pela Universidade Nova de Lisboa e doutorada em Sociologia da Cultura pela mesma universidade. Foi professora na Universidade da Beira Interior e hoje está aposentada. Colaborou em inúmeras revistas e livros coletivos e atualmente tem uma coluna no jornal do Fundão intitulada “E Assim Se Fazem as Coisas”. É membro da Associação Portuguesa de Estudos Judaicos e da Associação Portuguesa de Estudos do séc. XVIII, assim como do Instituto Mediterrâneo."
(Fonte: https://beira.pt/portal/noticias/sociedade/antonieta-garcia-apresenta-hoje-ana-dos-rios-na-inquisicao-um-livro-e-a-fogueira-na-bmel/)
Exemplar em brochura, bem conservado. Sem f. ante-rosto.
Invulgar.
20€

05 outubro, 2024

LÖWENSTEIN (Soror Ignez), Princesa de -
PRINCESA E MONJA. (A Viúva de E-Rei D. Miguel).
Tradução e introito do Conde d'Alvellos. Pôrto, Depositária: Livraria Tavares Martins, 1936. In-8.º (19x12 cm) de XXIII, [1], 218, [3] p. ; [46] f. il. ; E.
1.ª edição.
Apontamentos biográficos sobre a vida de Maria Adelaide de Bragança, viúva do rei D. Miguel, traçados pela pena de sua sobrinha, a Princesa de Lowenstein.
Livro ilustrado com um fac-símile no texto e, em separado, 46 estampas que reproduzem fotografias e gravuras de retratos, objectos de estimação e locais caros à família real portuguesa no exílio.
Junta-se duas bonitas pagelas:
- Dom Miguel de Bragança e Sua Espoza D. Adelaide, Sophia, Amelia (105x70 mm);
- Anjo de mãos postas rezando (112x58 mm)).
Exemplar n.º 806 de uma tiragem não declarada, rubricada pelo tradutor.
A f. ante-rosto apresenta uma dedicatória manuscrita com autógrafo não identificado: "A sua mulher em homenagem ás boas tradições cristãs da sua família."
"Após o «Desembargo do Paço» (aqui já concedido pela Graça de Quem de Direito), os in-fólios, à velha usança, eram apresentados à leitura dos curiosos das letras por um prólogo, introito, ou, como soe dizer a Mestrança, por um pródromo adequado. Agora, porém, roçaria pelo sacrilégio juntar outros traços a êste retrato religioso, na factura do qual o talento e a sinceridade da Pintora subiram quási à altura da grandeza moral da Retratada.
De facto, êste livro está escrito com o coração, um coração puro como era o da Princesa de Lowenstein - Soror Ignez no Convento Beneditino de Solesmes - sobrinha de Madre Adelaide de Bragança, a Rainha Viúva do nobilíssimo Rei Dom Miguel de Portugal.
Esta narrativa, leve e graciosa no enrêdo, grave e cheia de conceito na finalidade, encadernada em alvura, ficará bem na estante dos livros de orações, pois é uma oração à bondade e ao total desinterêsse de Si Mesma, - Essa Mesma freira humilde a Quem os Césares do Seu Tempo iam consultar!
Para que dizer mais sôbre a Grande Dama que, aos vinte anos, não duvidou unir o Seu alto destino ao de um Rei banido de Seu reino pela ingratidão, pobre pelo roubo, premeditado e sistemático, de tudo que Seu era, vilipendiado por muitos que até a mesma vida Lhe deviam?"
(Excerto do introito - Advertência)
Encadernação belíssima inteira de pele a duas cores (negro/carmim), com as armas reais portuguesas, título e autor em dourado. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas apresentam pequenas falhas de pele nos cantos e na lombada.
Muito invulgar.
Peça de colecção.
50€

04 outubro, 2024

DIAS, Jorge -
ASPECTOS DA VIDA PASTORIL EM PORTUGAL.
Separata da Revista de Etnografia n.º 8 : Museu e Etnografia e História. Porto, Junta Distrital do Porto, [197-]. In-8.º (22,5x16,5 cm) de 57, [3] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante ensaio etnográfico sobre a actividade pastoril em Portugal.
Bonita monografia, ilustrada com inúmeras fotografia a p.b., muitas delas em página inteira.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. Caetano de Carvalho.
"Portugal é, ainda hoje, um dos países da Europa onde a vida pastoril mantém excepcional carácter e enorme diversidade. Pode dizer-se que isso se deve, em parte, às características de certas regiões naturais pouco propícias à agricultura e que podem ser aproveitadas para pasto de animais com excepcionais aptidões, para sobreviver em ambientes secos, pedregosos e povoados de magro revestimento vegetal, como são as cabras, mas também, em parte, pelo grande apego do nosso povo à tradição. [...]
Ao tentar traçar aqui um quadro resumido da vida pastoril em Portugal, adoptei como critério fazer uma divisão segundo animais pastoreados, de preferência à divisão regional a que muitos dão favor.
Em Portugal há rebanhos de cabras, ovelhas, bois, vacas, touros, porcos, cavalos e até de perus, que não incluímos neste trabalho. Alguns desses animais constituem rebanhos de diferentes tipos, conforme as regiões e as circunstâncias."
(Excerto de preâmbulo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e etnográfico.
25€
Reservado

03 outubro, 2024

DANTAS, Julio -
CRUCIFICADOS
. Lisboa, Manoel Gomes, Editor, MDCCCCII [1902]. In-8.º (20x13 cm) de [8], 136 p. ; B.
1.ª edição.
Edição original desta obra "licenciosa" de Júlio Dantas - "Peça em 4 actos, representada pela primeira vez em janeiro de 1902, no Theatro D. Amelia", - que deu brado na época. Trata-se de um drama social onde, pela primeira vez, no teatro nacional, é abordado o tema da homosexualidade, circunstância que terá provocado alguma perplexidade e repugnância a importante franja do meio literário e social.
Peça rara e muito curiosa, seria republicada mais tarde, em 1914 (2.ª ed.) e na década de 20 (3.ª ed. refundida).
"Um interior modesto de solteirões, em pleno Bairro Alto. Casa velha da rua da Atalaya: rodapé baixinho de azulejos; sacada de taboinhas. Porta para a escada; silhar de tijolos; vê-se o corrimão, descendo. Estante de livros; papeleira; cadeiras de sóla. O ar desaconchegado das casas onde não ha mulheres. Um sophá. Perto, uma mesa de trabalho: livros, papeis, grande castiçal, com pára-luz de seda côr de rosa."
(Primeiro Acto - sinopse)
Júlio Dantas (1876-1962). "Figura destacada da actividade social, política e cultural durante as seis primeiras décadas do século XX. O elevado número de cargos (Comissário do Governo junto do Teatro Nacional, Director e Professor da Secção Dramática do Conservatório Nacional, Inspector das Bibliotecas Eruditas e Arquivos) e funções políticas que desempenhou (Senador, Deputado em diferentes legislaturas, Ministro de várias pastas – Instrução Pública e Negócios Estrangeiros – em diversos Governos, Presidente do Partido Nacionalista, Membro da Comissão de Cooperação Intelectual da Sociedade das Nações) compete com o número de títulos que publicou em vários géneros literários: romance, conto, poesia, teatro, crónica, oratória, ensaio.
Os seus escritos revelam uma predilecção pelo século XVIII, tempo a que dedicou alguma veia ensaística em O Amor em Portugal no Século XVIII (1915) e onde se situa a acção de muitas das suas peças de teatro mais emblemáticas: A Severa, 1901; A Ceia dos Cardeais, 1902; Um Serão nas Laranjeiras, 1904; Sóror Mariana, 1915.
Em 1908, após concluir a licenciatura em Medicina, é admitido como sócio na Academia de Ciências de Lisboa, instituição que virá a presidir, a partir de 1922, durante décadas. Ao abandoná-la, invocou este exercício de cargos públicos cuja profusão acumulativa, aliada à sua ligação à Academia - que incorporava tudo o que «os novos» desprezavam - fizeram dele um alvo privilegiado dos ataques de renovadores e vanguardistas.
De facto, o seu academismo literário encontra-se bem patente na formalização dos seus escritos; a Ceia dos Cardeais (1902), por exemplo, um dos seus maiores sucessos nacionais e internacionais (conta com mais de 50 edições, e foi traduzida para mais de uma dezena de línguas), foi composta em alexandrinos emparelhados. A maioria do seu teatro revela alicerces românticos, sobretudo na temática de cariz histórico e da mitologia nacional, com a idealização da história pátria como pano de fundo de uma idealização do amor, de pendor saudosista, não deixando de imprimir um cunho fortemente anticlerical (Santa Inquisição, de 1910), vacilando entre o sentimentalismo romântico, o grotesco e a sátira. Não é avesso, porém, a experimentar correntes novas, como o realismo/naturalismo decadentista de Crucificados (1902), com aspirações a drama social, que pretende retratar uma actualidade degenerada, causa e vítima de promiscuidade e doença."
(Fonte: https://modernismo.pt/index.php/j/206-julio-dantas-1876-1962)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Lombada reforçada com fita gomada.
Raro.
30€
Reservado

02 outubro, 2024

GOMES, Joaquim Ferreira -
A ESTRUTURA DA INTELIGÊNCIA E A CRIATIVIDADE : segundo J. P. Guilford.
Exposição para concurso para professor catedrático do 7.º grupo, 3.ª Secção (Ciências Pedagógicas) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra, [s.n.], 1973. In-4.º (28,5x20 cm) de [1], 45 f. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessante trabalho académico do Prof. Joaquim Ferreira Gomes, iminente professor catedrático da Universidade de Coimbra, sobre Inteligência e Criatividade.
Trabalho policopiado, sendo o texto impresso na frente das folhas, ilustrado com uma tabela e um desenho esquemático, ambos colados no texto.
"O problema das aptidões humanas e o problema da criatividade são temas centrais na Psicologia e na Pedagogia dos nossos dias. O presente estudo proõe-se expor e analisar algumas das investigações que, nesses domínios, foram realizadas pelo psicólogo americano J. P. Guilford.
Professor de Psicologia na Universidade da Califórnia do Sul, J. P. Guilford dirigiu, de 1949 a 1969, o "Aptitudes Research Project" (ARP), cujo objectivo fundamental era explorar algumas egiões menos conhecidas da inteligência, como "the areas of reasoning, problem solving, creative thinking, planning, and judgment or evaluation".
Ao longo dos 20 anos em que se desenrolou o "Aptitudes Research Project", Guilford elaborou, de colaboração com alguns membros da sua equipa, 41 relatórios técnicos. Além desses relatórios, e resumindo os resultados das investigações, publicou vários livros e artigos. É com bases nessas obras (citadas, adiante, na Bibliografia) que exporemos o modelo tridimensional e multifactorial da inteligência a que as investigações levaram Guilford. De entre essas investigações, interessar-nos-ão, de modo especial, os que dizem respeito à criatividade. [...]
A partir de 1950 e, sem dúvida, por influência das investigações de Guilford, são extremamente numerosos os estudos sobre criatividade."
(Excerto da Introdução)
Índice:
I - Introdução. II - O modelo da estrutura da Inteligência (SI). III - A Criatividade. IV - Os testes tradicionais de inteligência e a estrutura da inteligência. V - Como desenvolver a criatividade: programas, métodos educativos e exames. | Bibliografia.
Joaquim Ferreira Gomes (Olival, 18 de outubro de 1928 - Vila Nova de Gaia, 27 de janeiro de 2002). "Foi professor catedrático da Universidade de Coimbra e fundador da sua Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Considerado o «pai fundador» das Ciências da Educação em Portugal, dedicou-se à História da Educação e à formação de professores. Publicou uma vasta bibliografia no domínio da Filosofia, da História e da Pedagogia. Após completar o Curso Teológico no Seminário de Coimbra, em 1951, seguiu para Roma, tendo-se licenciado em Filosofia na Universidade Gregoriana, em 1953. Regressado a Portugal, ingressou na Universidade de Coimbra, tendo-se licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas na sua Faculdade de Letras, em 1960 e doutorado, em 1965, em Filosofia, na mesma Universidade. Fez as suas provas de agregação em 1970 e concurso para professor catedrático da Secção de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em março de 1974. Dedicou toda a sua vida à Universidade de Coimbra, enquanto docente e investigador e nos seus órgãos de gestão. Foi particularmente determinante na criação dos Cursos Superiores de Psicologia, em 1977, que vieram a dar lugar à criação, em 1980, das Faculdades de Psicologia e de Ciências da Educação."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta oxidação.
Raro.
25€

01 outubro, 2024

CÉRTIMA, António de - EPOPEIA MALDITA.
O drama da Guerra d'África: que foi visto, sofrido e meditado pelo combatente... Lisboa, Portugal-Brasil - Depositária, M. CM. XXIV. [1924]. In-4.º (26,5x18,5 cm) de 276, [8] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa do Pintor Martins Barata. Alegoria do Desenhador-Decorador Cunha Barros. Clichés do texto do Tenente Alexandre Castelo Branco.
Narrativa do autor, espécie de diário de campanha escrito no teatro de operações, em África, durante a Primeira Guerra Mundial. Mais do que o relato dos acontecimentos, trata-se de uma severa crítica às chefias políticas e militares, por enviar para o terreno soldados impreparados para dar combate às tropas alemãs, sem instrução nem equipamento adequado ao clima.
Livro ilustrado no texto com fotogravuras e um mapa em página inteira - Mapa da zona de operações do Niassa -, e em separado, com fotografia do Major Leopoldo da Silva a cavalo, chefe da «Coluna de Massassi», e do Capitão Pedro Curado, "... o maior homem desta Epopeia decadente", que o substituiu este último no comando em combate.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor, datada de 1924, ao jornalista aveirense Manuel Lavrador.
" - «ADEUS, PORTUGAL!
JÁ NÃO HA PORTUGUESES!...»
Exclamação proferida no combate da coluna de socorros a Newala com as tropas alemãs (travado na estrada de Mahuta em 28-11-1916), pelo tenente do 24, Almeida Oliveira - perfil de cavaleiro medieval em cuja bôca profética a alma da pátria parece ter posto o seu epitáfio simbólico do momento."
(Inscrição deste livro maldito)
Índice: Ofertório | In-Memoriam | Inscrição deste livro maldito | Primeira jornada; Segunda jornada; Terceira jornada; Quarta jornada; Quinta jornada; Sexta jornada; Sétima jornada; Oitava jornada; Nona jornada; Décima jornada | Post Scriptum: Carta ao Exército.
António de Cértima (Oiã, Oliveira do Bairro, 1894 - Caramulo, 1983). "Fez parte do corpo militar português que, em Moçambique, combateu as forças militares alemãs, durante a Primeira Guerra Mundial. Escreveu o livro Epopeia Maldita sobre esse tempo de confronto militar, onde revelou uma notável escrita literária. Nesta narrativa de guerra articulou as suas memórias de combatente com a análise crítica das opções político-militares tomadas pelos governos portugueses e com a visão sobre a identidade portuguesa. Segundo ele, nos anos 20, a resposta a dar à crise do regime político da Primeira República Portuguesa devia institucionalizar uma Ditadura apoiada pelas Forças Armadas."
(Fonte: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6130688)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas algo manchadas.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
45€