30 setembro, 2018

MONTGOLFIER, Henri - HISTÓRIA AUTÊNTICA DO PLANETA MARTE. Tradução de José Nunes da Matta. Lisboa, Tipografia da Cooperativa Militar, 1921. In-8.º (22,5 cm) de [2], IV, 121, [9] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com tabelas e desenhos esquemáticos no texto. Inclui ainda os Planisférios do Planeta Marte em duas páginas inteiras.
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor (Nunes da Matta) à Bibliotéca do Club Militar Naval.
Relativamente a esta obra, curiosíssima peça da proto ficção científica nacional, com a devida vénia pelo excelente trabalho desenvolvido por Maria Luísa Malato, da UP, com o título A Alimentação em Marte: a higiene da alma numa autoficção de José Nunes da Matta (1921), reproduzimos um excerto que atesta o interesse e importância da mesma.
"História Autêntica do Planeta Marte é uma utopia portuguesa escrita por José Nunes da Matta (1849-1945) e publicada em 1921 durante os conturbados tempos da I República de Portugal (1910-1926). Na capa do livro e na ficção, José Nunes da Matta apresenta-se como “tradutor” de um relato histórico de Henri Montgolfier, revolucionário francês que tinha abandonado a Terra no início do século XIX. Nesse relato é descrito um “estado ideal” no planeta Marte, onde a gestão dos recursos naturais do planeta tinha sido resolvida em correlação com os conflitos internacionais (linguísticos, rácicos ou económicos). O exemplo de Marte seria útil para o planeta Terra, recentemente abalado pela I Guerra Mundial (1914-1918), e especialmente para Portugal, desgastado pela participação na guerra e pelas dissidências políticas internas entre os revolucionários da I República. A obra de José Nunes da Matta dialoga com bem conhecidas reformas políticas ou morais (inspiradas nos preceitos de higiene moral do Barão de Feuchtersleben, na sociologia de Malthus ou na teoria das espécies de Darwin). Esta utopia mantém também uma evidente atualidade por conceber a gestão dos recursos alimentares como parte de uma vasta ação política (das leis que regulam a floresta aos programas de saúde pública).
História Autêntica do Planeta Marte é uma obra estranha e rara. Pelos dados da capa aparenta ser a tradução portuguesa de um antigo livro em francês sobre o planeta Marte, da autoria de Henri de Montgolfier: o livro tem a aparência de um livro científico: nas folhas interiores, encontramos um mapa do planeta, com a representação dos comuns canais de Marte e algumas considerações matemáticas sobre as coordenadas do planeta, os meridianos e a duração dos dias, meses e anos em Marte, comparados com os do planeta Terra."
(Fonte: file:///C:/Users/Monasticon/Downloads/422-%23%23default.genres.article%23%23-1676-4-10-20170713.pdf)
"Êste livro escrito do Planeta Marte, é dedicado aos desgraçados moradores da Terra, minha primitiva pátria, onde passei os anos de infância e da mocidade, e da qual fugi, afim de que os meus restos mortais não ficassem no mesquinho planeta, onde, por fraqueza e inépcia da maioria dos homens e por ambição e maldade de quasi todos, se vive num inferno de ódios, invejas, revoltas, opressões e guerras constantes. Sirvam esta dedicatória e êste livro de provas inequívocas de que, apesar de me sentir altamente feliz nêste abençoado e pacífico planeta em que me encontro, mansão de justos, inteligentes, felizes e sensatos habitantes, não posso, contudo, esquecer e deixar de me interessar pela minha pátria primitiva.
Além d'êste exemplar, entreguei mais 49, iguais e igualmente acondicionados, aos corpos celestes espalhados pelo espaço, indo cada um em um pequeno balão, na esperança de que, tarde ou cêdo, algum vá cair da Terra. Quando isso por ventura venha a suceder, é muito provável que meus restos mortais para sempre repousem no solo abençoado dêste pacífico e feliz Planeta Marte.
A todos vós, Povos da Terra, envio muito saudar com os sinceros votos para que imiteis os Povos do planeta onde estou.
Planeta Marte, aos 50 dias do ano 100 000(ᵃ) da Era de Constântínio.
(ᵃ) Os 100 000 anos de Marte correspondem a 188 080 da Terra.
Henri Montgolfier"
(Dedicatória)
Índice:
Explicação prévia do tradutor. História Autêntica do Planeta Marte: Dedicatória. Causa da minha fugida da Terra. No Planeta Marte: 1 - Regresso á vida. 2 - Convalescença. 3 - O meu completo restabelecimento. 4 - Festa grandiosa da minha apresentação ao Povo de Sarima. 5 - A minha apresentação e visita ás cidades principais. 6 - O meu casamento com a bela Inídia. 7 - Os meus primeiros serviços em Marte. História Geral do Planeta Marte: I - Formação cósmica e movimentos de Marte e mais planetas e de seus respectivos satélites. II - Formação geológica de Marte e suas riquezas mineralógicas. III - Continente, ilhas, mares, lagos e neves eternas. IV - Rios e canais. V - Meteorologia e correntes atmosféricas. VI - Dias, anos, estações, latitudes e longitudes. VII - Flora e fauna. VIII - Origem do Homem Martiano. IX - Ciências, artes e literatura. X - A grande Guerra e a Peste. XI - O grande Congresso e Revolução Social de Marte. XII - Votação das Quatro Teses de Constantínio e Estado Social de Marte, na actualidade. Epílogo e despedida final. Explicação final do tradutor. Planisférios de Marte.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e algo oxidadas.
Muito raro.
Peça de colecção.
Indisponível

29 setembro, 2018

ENTRE MORTOS. Carta inedita de Mouzinho de Albuquerque a Sua Alteza o Principe Real D. Luiz de Bragança. [Prefácio de Luís Gaivão]. Lisboa, Typographia "A Editora", 1908. In-4.º (25,5cm) de 14, [2] p. ; [12] p. fac-sim. ; B.
1.ª edição.
Oferta manuscrita (do prefaciador?) na f. rosto ao General Miguel Vaz Guedes Bacelar.
Inclui fac-símile da carta manuscrita de Mouzinho de Albuquerque para D. Luís Filipe, que pelas circunstâncias que rodearam as duas figuras, nunca viria a ser enviada. O primeiro, militar de prestígio, cometeu suicídio em 1902. O segundo, príncipe herdeiro da coroa portuguesa, seria assassinado no Terreiro do Paço em 1908, acto que ditaria o princípio do fim da monarquia em Portugal.
"Entre os papeis contidos na pasta relativa [a um livro projectado por Mouzinho sobre Moçambique] encontrava-se uma carta-dedicatoria a Sua Alteza o Principe D. Luiz Filippe, carta em que o Aio descreve ao seu Real Pupilo, com um enthusiasmo em que se vê palpitar a maior paixão da sual alma, o perfil ideal do Rei Soldado, nos grandes traços moraes da coragem, da firmeza, da abnegação e do sacrificio.
Era uma dedicatoria, mas era sobretudo uma licção. Offerecendo-lhe o livro em que narrava os ultimos factos que no meio da decadencia da patria, evidenciavam a persistencia das virtudes fundamentaes do soldado portuguez, Mouzinho apresentava ao Principe esse modelo humilde do soldado que, n'essa humildade, encerra as duas qualidades primarias do homem d'acção - saber mandar e saber obedecer."
(Excerto do prefácio)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capa com pequenos rasgões e falhas de papel nos cantos superiores.
Invulgar.
10€

28 setembro, 2018

NAZARÉ, Anibal - A ULTIMA AVENTURA DE MATA-HARI. Romance extraído do Film da «Métro-Goldwyn-Mayer». Ilustrado com fotografias do mesmo Film, e acompanhado dum estudo-critico sobre Greta Garbo. Adpatação de... Lisboa, João Romano Torres & C.ia : Livraria Editora, [193-}. In-8.º (18,5cm) de 151, [1] p. ; [20] p. il. ; B.
1.ª edição.
Romance cinematográfico baseado no filme americano de 1931 sobre os últimos dias de Mata Hari, famosa dançarina exótica e cortesã, executada pelos franceses sob acusação de espionagem, em 1917. O filme foi dirigido por George Fitzmaurice, com Greta Garbo no papel principal.
Ilustrado em extratexto com cenas do filme, e alguma publicidade à literatura disponível na editora.
"Alexandre Rosanoff, oficial do serviço privado do Czar , e o coronel Schubin, adido militar á Embaixada da Russia, apearam-se dum automovel, em frente duma moradia particular.
Eram seis horas; a noite descera escura, envolvendo a grande cidade.
Na escuridão, os faróes do carro rasgavam na estrada dois sulcos de poeira luminosa.
Distinguia-se confusamente por entre a ramagem do arvoredo, a massa pardacenta do edifício.
Rosanoff, o mais novo e o mais impaciente dos dois, não esperou que se apagassem as luzes do carro, para se apear.
Atingido em cheio pela luz dos faróes, viu que se tinha precipitado e instintivamente, quiz confundir-se com a parede. E logo se fez ouvir a voz exasperada de Schubin:
- Tome cuidado que pode aparecer alguem! Não ha nenhum interesse em sermos vistos neste sítio, nas circunstâncias actuais.»
Ouvindo isto, Rosanoff sorriu.
No seu entender, tudo corria o melhor possivel. Pois não era chegado o momento de ele ver a celebre bailarina, cuja fama, galgando de capital em capital, chegara ás longinqúas casernas do seu país? [...]
Chegára nessa mesma tarde do "front". Que significava pois, para ele, o perigo? Nada, pelo habito."
(Excerto do Cap. I, A dança pagã)
Aníbal Nazaré (1909-1975). "Autor da revista e do fado, Aníbal Nazaré estreou-se em 1925 com a direcção da Revista de Arte e Sport: Publicação Mensal de Teatro, Literatura, Coreografia e Sport. Cedo trabalhou para o teatro de revista, sendo autor e co-autor de aproximadamente 140 peças. Colaborou neste âmbito com Henrique Santana e Nelson de Barros. Paralelamente à carreira na revista, foi autor de várias letras de fados, entre as quais se destacam «Tudo isto é fado», «Sempre que Lisboa canta», etc., sendo essa a actividade que mais o projectou. Publicou duas obras na Romano Torres, sendo a primeira A última aventura de Mata-Hari, romance inspirado no filme de mesmo nome que estreou em 1931 com Greta Garbo no papel principal. Em 1936, publicou na mesma editora a sua obra de maior relevo, As luzes da cidade. Trata-se de um livro onde estão compiladas crónicas de sua autoria, como «O pensamento», «No cinema, há cinco dias» e «O elogio da indiferença»."
(Fonte: http://fcsh.unl.pt/chc/romanotorres/?page_id=59)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro e muito curioso.
Com interesse para a bibliografia da WW1.
Indisponível

27 setembro, 2018

LINS, Ivan - A SANTIFICAÇÃO DE ANCHIETA. Coimbra, [s.n. - Composto e impresso nas Oficinas da Coimbra Editora, Limitada»], 1964. In-4.º (24cm) de 13, [3] p. ; B. Sep. de Brasília, vol XII
1.ª edição independente.
Homenagem ao padre jesuíta José de Anchieta (1534-1597) a propósito do movimento na época em prol da sua santificação.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

26 setembro, 2018

O CASTELLO D'ALBERT, OU O ESQUELETO AMBULANTE, traduzido do inglez para o francez por Mr. Cantwel, e deste para o portuguez por J. L. Vieira de Castro. Publicado por uma sociedade. Tomo I [e Tomo II]. Lisboa. Typographia de Lucas Evangelista, 1849. 2 vols in-8.º (15,5cm) de [2], 126 p. e 120, [2] p. ; E. num único tomo
1.ª edição.
Romance negro*, do género fantástico, publicado originalmente sob anonimato em Inglaterra (1798), e traduzido para o francês, um ano depois (Paris, 1799). Foi um best-seller na época. O enredo apresenta uma mistura incomum de terror e comédia sombria diferente de qualquer outro romance gótico. A acção decorre em França durante a Idade das Trevas - o bom conde Richard desaparece misteriosamente, reinando tiranicamente em seu lugar o usurpador Albert e a sua perversa mulher Brunchilda. The Animated Skeleton (Le Château d'Albert, ou le Squelette ambulant) é uma obra-prima do terror gótico, e trata-se, possivelmente, da primeira novela que com estas características literárias se publicou entre nós.
Ilustrado com 4 bonitas gravuras abertas em metal assinadas por Botelho.
*"Romance negro, ou romance gótico, é um subgénero literário nascido na Inglaterra, em meados do século XVIII, tendo como principal característica o terror, suscitado pelas situações do enredo e pela intervenção do sobrenatural. A narrativa de terror ou gótica penetra tardiamente em Portugal, já na terceira década do século XIX, altura em que se assiste ao surto do romance histórico, outro subgénero com o qual a primeira se vem confundir. É neste tipo de romance que comparecem os ingredientes habituais da literatura negra: cenários medievais, castelos e abadias geralmente em ruínas; paisagens sombrias e aterradoras; figuras de salteadores e vilões; espectros e cadáveres. Elementos do romance negro ou gótico estão, assim, presentes nos romances históricos como Eurico, o Presbítero (1844), de Alexandre Herculano, ou mesmo O Arco de Santana (1845-1851), de Almeida Garrett, mas também nas baladas em verso cujo paradigma é A Noite do Castelo (1836), de António Feliciano de Castilho."
(Fonte: infopédia)
Quanto ao tradutor francês, André-Samuel-Michel Cantwell (Paris, 1744-1802) cujo nome vem impresso no frontispício da edição portuguesa, por curiosidade, e porque a sua tradução do inglês forçosamente terá influenciado a versão portuguesa, ficam alguns dados biográficos: foi arquivista e tradutor. Serviu no exército como tenente-marechal da França, entrando mais tarde, em 1792, como bibliotecário, no hotel des Invalides. Sozinho ou em colaboração, traduziu do inglês romances, crónicas de viagem e obras literárias, históricas e políticas. De acordo com a Biographie Universelle de Michaud , "Cantwell foi um dos tradutores mais ignorantes e imprecisos que afligiram a literatura".
"Ouvia-se o sibilar dos ventos, e o bramir da tempestade. As janellas de Jaquemar, deffendidas apenas por simples canniçadas, davam facil entrada á neve violentamente impellida contra a sua choupana, cujo tecto mal construido, a distillava no interior, aonde os filhos de Jaquemar se estreitavam horrorisados contra o peito de seu pai.
Faz tanto frio, papá, lhe dis o mais velho, envolvei-nos no vosso capote. Contai-nos uma historia, diz o mais novo, em quanto esperamos que a maman nos traga algum alimento: e porque se demora ella hoje tanto, papá? [...]
Oh! é a maman, é a maman, gritaram os filhos transportados d'alegria.
Meus filhos, diz Jaquemar, se fosse ella, entraria imediatamente; mas, para vos satisfazer, eu vou examinar.
A choupana de Jaquemar tinha dous quartos, um dos quaes servia de cozinha e de alcova; e no outro, um pouco mais pequeno, alimentavam uma cabra. A porta principal conduzia a este ultimo, motivo porque elles não podiam ver a pessoa que entrava; mas aproximando-se á porta, Jaquemar reconheceu a sua cara Dunifléda, cujas forças atenuadas não lhe permittiam entrar, e ainda menos abrir a porta: o frio, o susto, e a fraqueza tinham entorpecido suas mãos!... Logo que Jaquemar abriu a porta, ella fez um esforço para entrar; mas faltando-lhe as forças, cahiu sem sentidos nos braços de seu esposo!... Jaquemar a conduziu para proximo do lume que a neve tinha já quasi apagado; a dor, e o espanto não lhe permittiram procurar-lhe outros socorros. Engolfado em uma especie de entorpecimento, elle a unia a seu coração, e suspirando contemplava as suas roupas despedaçadas, e seu rosto ensanguentado."
(Excerto do início da obra)
Encadernação coeva inteira de carneira com rótulo carmim e dourados gravados na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Pasta posterior ligeiramente fendida junto da lombada.
Muito raro.
Com interesse bibliográfico.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
60€

25 setembro, 2018

MARTINS, Padre Luiz Alves - BREVI VIVENS TEMPORE. Elogio funebre proferido na Sé Cathedral do Funchal nas solemnes exequias celebradas em 31 de Março de 1908 em suffragio de Sua Magestade El-Rei D. Carlos I e de Sua Alteza Real o Principe D. Luiz Fillipe. [Pelo]... Capellão militar e prégador régio. Funchal, Typographia "Esperança", 1908. In-4.º (24cm) de 56 p. ; [2] f. il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada em extratexto com os retratos dos falecidos Rei e Príncipe herdeiro, ambos impressos sobre papel couché.
Livro valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao conhecido magistrado, escritor e político Júlio de Vilhena.
"Sobre aquelle moimento funebre e magestoso parece erguer-se lacrimosa e tragica a estatua da dor e do soffrimento!
Com uma das mãos ella aponta o Pantheon de S. Vicente de Fóra, onde jazem os tristes despojos de um rei e de um principe barbaramente aassassinados, e com a outra está gravando na léla da historia, em gottas de sangue, a ignominia que impende sobre a vida de um povo.
Uma pesada atmosphera de lucto e de lagrimas ensombra a nossa patria. [...]
O espectaculo da morte, da morte violenta, attingindo principalmente uma creança, que minutos antes sorria ingenua e desprevenida á multidão que a saudava, é um espectaculo que anniquilla as vontades mais firmes."
Só uma abominavel perversão moral admitte ou desculpa todo o horror d'esse duplo assassinio inteiramente brutal e inutil."
(Excerto do Elogio)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Ausência da lombada e da capa posterior. Cadernos soltos. Deve ser encadernado.
Raro.
Indisponível

24 setembro, 2018

CAETANO, Dr. Marcelo - RELAÇÕES DAS COLÓNIAS DE ANGOLA E MOÇAMBIQUE COM OS TERRITÓRIOS ESTRANGEIROS VIZINHOS. Memorandum. Lisboa, Imprensa Nacional de Lisboa, 1946. In-4.º (25 cm) de 113, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Relatório com carácter confidencial. Sobre a sua relevância no contexto sociopolítico e diplomático da época nas Colónias - imediatamente após o final da 2.ª Guerra Mundial - com a devida vénia a António Duarte Silva pelo excelente artigo publicado no blog "Malomil", reproduzimos um excerto do mesmo.
"No início de Janeiro de 1945, Marcelo Caetano informou Salazar que considerava necessária uma ida a África, embora esta só devesse ser anunciada quando oportuno. Além de pretender contactar com o pessoal de Administração Pública e com as populações, impunha-se – perante o final da guerra europeia e o previsível termo das hostilidades no Pacífico – proceder a um «balanço imediato da situação em África para se poderem tomar as medidas imperiosamente exigidas a curto prazo e preparar as previsíveis a médio e longo prazo».
A «transcendental viagem» iria durar quase seis meses (incluindo um mês de navegação) e, segundo Vasco Pulido Valente, transformou Marcelo Caetano de «imperialista teórico» num africanista, «ainda por cima num africanista sentimental». A visita, definida como de inspecção e planeamento, obedeceu a uma programação múltipla: inaugurações e comemorações, contacto com as realidades e as populações locais, estudo e resolução de problemas, projecção das reformas que o Ministério encetara, afirmação da presença, interesse e atenção portuguesas, apreciação da nova conjuntura internacional e africana após o fim da Segunda Guerra na Europa e no Pacífico. Foi-lhe dada grande projecção em todo o Império, decorrendo com elevada solenidade e ditirâmbica cobertura jornalística (incluindo os jornais sul-africanos). [...]
No regresso, Marcelo Caetano elaborou um “Memorandum” sobre as Relações das colónias de Angola e Moçambique com territórios estrangeiros vizinhos, com caráter confidencial e uma tiragem restrita, destinado exclusivamente a políticos e funcionários portugueses ligados aos assuntos versados. É um texto de difícil acesso[*]. Como se diz na prévia “Advertência”, não se tratava apenas de descrever os problemas de vizinhança referentes aos «territórios estrangeiros em relação aos quais houve ocasião durante a viagem de examinar e discutir tais problemas»; pretendia-se também «apurar as constantes da política seguida nessas relações e contribuir para definir as directrizes futuras».
O Memorandum, datado de Maio de 1946, é muito extenso, dividindo-se em dois capítulos, e contém quatro anexos.

O capítulo I, dedicado às “Relações das colónias de Angola e de Moçambique com a União da África do Sul”, aborda 19 temas, destacando-se: posição política da União Sul-Africana, relações de Portugal com a União, utilização do porto e do caminho-de-ferro de Lourenço Marques, evolução das várias convenções celebradas até ao Acordo de 1934 – a partir do qual passaram «a decorrer normalmente» –, emigração para o Rand e questão das águas do Cunene.
O capítulo II, dedicado ao estudo das “Relações das colónias de Angola e de Moçambique com os vizinhos territórios britânicos”, além de breves notas históricas, aprofunda os regimes da construção, concessão, resgate e nacionalização do porto e dos caminhos-de-ferro da Beira.
Embora não formuladas como tal pelo “Memorandum” podem enumerar-se as seguintes conclusões: 1)- não existia «um perigo imperialista imediato no Sul da África, mas seria uma imprudência negar-lhe existência potencial»;

2)- a história das relações entre Portugal e o Transvaal (ou a União) com respeito a Lourenço Marques abrangia três períodos: (i)- de 1875 até ao termo da guerra dos boers (1901); (ii)- de 1901 a 1928; (iii)- de 1928 em diante;
3)- a emigração dos indígenas para o Rand estava «longe de ter uma fácil solução», sendo indicadas cinco «medidas necessárias»;
4)- os principais problemas com os territórios britânicos confinantes com Angola e Moçambique eram três: i)- caminhos-de-ferro e porto da Beira; ii)- fronteiras com as Rodésias e a Niassalândia e emigração clandestina de indígenas; iii)- ligação da Rodésia do Norte com o porto do Lobito.
Segundo o próprio Marcelo Caetano este relatório – resultado do que escutara e tratara nos encontros com os dirigentes dos territórios estrangeiros vizinhos e abordando problemas da maior importância que não se encontravam devidamente instruídos e esclarecidos nos arquivos do Ministério – serviu para orientar as negociações sobre os assuntos versados e «continuou a ser útil aos que me sucederam»."
[*] Marcelo Caetano, Relações das colónias de Angola e Moçambique com territórios estrangeiros vizinhos: Memorandum, Lisboa, Imprensa Nacional, 1946. Não existe na Biblioteca Nacional nem acessível no Arquivo Marcello Caetano. O exemplar consultado encontra-se na Biblioteca Universitária João Paulo II (Universidade Católica).
(Fonte: http://malomil.blogspot.com/2018/04/marcelo-caetano-ministro-das-colonias-e_18.html)
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
Com interesse histórico e colonial.
Indisponível

22 setembro, 2018

MORAES, Castelo de - SANGUE BÁRBARO. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso na Tip. da Gazeta dos Caminhos de Ferro], 1924. In-8.º (19cm) de 169, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Obra constituída por nove contos.
Muito valorizada pela dedicatória do autor a Augusto Ferreira Gomes, poeta do Primeiro Modernismo.
"Há umas tarde em Lisboa que lembram o suicidio.
Vem quasi sempre em meiados de Janeiro. O sol de manhã aclára hipòcritamente; pelo meio dia uma cinza baça vae barrando a cúpula do ceu em grandes pinceladas opácas. Depois concentra-se, envolve e as nuvens descem a poucos metros dos campanários. Não chove. Um vento especial zune em rajadas sacudidas, de mau agoiro. [...]
As mulheres passam curvas, cabisbaixas, a cortar o vento. Nos chapeus as plumas vibram n'um desespero como flámulas de socorro. Está-se mal. Não é o Inverno que se afirma, é alguma coisa, um pedaço de Esperança que se vae embora..."
(excerto de Coxo...)
Contos: - Coxo... - Inviolada... - O azulejo de Val-d'Homem. - Extrema-Uncção. - Transfiguração. - A teoria do professor «La Foule». - Um Homem... - Relógio de minuetes. - A Sombra de Hercules.
José Gabriel Correia Castelo de Morais (1882‐1949). Natural de Lisboa. Jornalista, contista, escritor policial e tradutor. Colaborou com a revista Orpheu, Ilustração Portugueza e outras publicações da época. Ricardo Daunt diz que a sensibilidade de Castelo de Morais é tributária em parte das correntes preparatórias do modernismo, a elas acrescentando um tom alucinatório que comunica ligeiramente com o vertigismo dislexical de Raul Leal, uma de suas influência no âmbito do Orpheu. Pertenceu à tertúlia da Brasileira do Rossio que, em 1916, ocupava geralmente as duas mesas ao fundo, junto à escada. Segundo Eduardo Freitas da Costa, na sua obra Fernando Pessoa, Notas para uma Biografia Romanceada, para além de Fernando Pessoa, pertenciam ao grupo Augusto Ferreira Gomes, Júlio Teles Pereira, Da Cunha Dias, Fernando Bravo, João Silva Tavares, Fortunato da Fonseca, Júlio de Vilhena, Luís de Montalvor, António Bossa, Francisco da Silva Passos, Alfredo Pedro Guisado, Francisco Fernandes Lopes, Vitoriano Braga, Mariano Santana, Côrtes-Rodrigues e Leonardo Coimbra, Teixeira de Pascoais e José Castelo de Morais, quando vinham a Lisboa. Não foi grande a sua produção literária. De acordo com a BNP, publicou: Côreo (1910), Avé Eva (1916), Sangue Bárbaro (1924) e A Grande Empresa (1934). Publicou pequenos contos na «Colecção A Grande Novela». Escreveu ainda os versos para Cantos de Lisboa : Festas da Cidade (1935), e traduziu autores estrangeiros.

Exemplar brochado em bom estado de conservação. capas sujas com defeitos. Lombada apresenta sinais do manuseio.
Raro.
Indisponível
LEITÃO, António - INSTRUÇÃO CÍVICA. [Por]... Professor da Escola Normal de Coimbra. Porto, Livraria Chardron de Lélo &Irmão, editores, 1917. In-8.º (18,5cm) de 45, [3] p. ; il. ; E.
Curiosa "cartilha" republicana.
"O homem civilizado não pode dispensar o auxílio dos seus similhantes.
Sòzinho êle não consegue cultivar a terra que lhe dá o pão, tecer o pano que o há-de vestir, construir a casa onde se há-de abrigar, e produzir tudo o mais, que são imensas coisas, absolutamente indispensável à sua vida.
Faz o que pode, na arte, profissão ou indústria a que se dedicou; mas vai ter com os outros, para que lhe dêem aquilo que não é capaz de produzir e lhe falta, dispondo por sua vez a favor dêles do que o seu trabalho dá e êles tambêm precisam."
(Excerto do Cap. I, O Estado)
Ilustrada no texto com desenhos e fotogravuras, algumas delas em página inteira, e com a reprodução fotográfica do busto da República de Simões de Almeida.
Matérias: I - O Estado. II - Os poderes do Estado: 1.º Poder legislativo; 2.º Poder executivo; 3.º Poder judicial. III - Organização Administrativa: 1.º Divisão administrativa; 2.º Delegados do poder central. IV - A Defesa Nacional: a) A armada; b) O exército metropolitano; c) O exército colonial. V - Deveres e Direitos do Cidadão: 1.º Deveres cívicos; 2.º Direitos do cidadão.
Encadernação editorial cartonada com desenhos a negro na capa anterior e o retrato de Bernardino Machado na capa posterior.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
20€

21 setembro, 2018

BRITO, Casimiro de - POESIA 61. Canto adolescente. Faro, Composto e Impresso na Tip. Cácima, 1961. In-8.º (21 cm) de 22, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Obra poética publicada na apreciada colecção Poesia 61, constituída por 5 plaquettes de outros tantos autores.
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao conhecido ensaísta Luís Francisco Rebello.
"Canto as raízes do silêncio: o mar a sua génese. O fundo do mar é um seio dissolvido onde sou uma pedra em flor. Tenho os olhos abertos debaixo de água e falo aos corais que desabrocham na sombra. Incido em mim. Sou, neste momento de cinza, a medida mais sensível de mim mesmo. Respiro.me amplamente."
(Texto 1)
Casimiro de Brito (n. 1938). "Poeta, romancista, contista e ensaísta, nasceu no Algarve, em 1938. Esteve ligado ao movimento Poesia 61, [de que foi seu mentor]. O seu primeiro livro surgiu em 1957 (Poemas da Solidão Imperfeita) e, desde então, publicou 38 títulos. Dirigiu várias revistas literárias: Cadernos do Meio-dia; Cadernos Outubro e Loreto 13. Actualmente é co-director da revista luso-brasileira de poesia Columba, responsável pela colaboração portuguesa na revista internacional Serta, e director da colecção Grito Claro."
(Fonte: https://www.assirio.pt/autor/casimiro-de-brito)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Apresenta pequenas manchas dispersas pelo texto.
Raro.
35€

19 setembro, 2018

ALVES Junior, José Ribeiro - O MAGNETISMO, O HYPNOTISMO E A SUGESTÃO NA TERAPEUTICA E NA CRIMINOLOGIA. Estudos de investigação scientifica. Apresentados á Academia de Sciencias de Portugal. Discutidos e aprovados na sessão de 2 de Dezembro de 1920. Prefácio de Ex.ᵐᵒ Sr. Dr. Julio de Bettencourt Ferreira. Lisboa, Portugal-Brasil Limitada, 1921. In-8.º (18 cm) de 88 p. ; B.
1.ª edição.
"Os estudos de hypnologia não contam entre nós uma literatura abundante, longe disso, para que deixe de se notar o aparecimento de alguma produção sobre o assunto, seja sobre a filosofia, que leve o autor á teorização imaginativa, hipotese sobre hipotese, conjectura a conjectura, seja sobre a feição pratica, que se traduz nos multiplos casos de experiencia e aplicação. [...]
Convidados a escrever sobre o seu apreço e interesse scientificos, no intuito de autorizar a sua publicação, em breves palavras o fizemos, como hoje, salientando o esforço de não vulgar erudição do autor e o método com que dispõe as suas considerações e aproveita os conhecimentos teoricos e praticos sobre a materia tantas vezes debatida nos circuitos scientificos mais notaveis e até com calor discutida, onde as questões interessantissimas que ela suscita tomam maior incremento.
Assim foi que noutros tempos se poz em duvida a legitimidade de privar alguem, ainda que momentaneamente, de liberdade moral, para lhes impor (sugerir) uma ideia, um acto, antes de se reconhecer que o hypnotismo repousa em uma serie de fenómenos naturais. Contrapunha-se a este conhecimento essencial a confusão com a magia e os sortilegios. Hoje poré, que a nuvem dos preconceitos se desfez deante do sopro vigoroso do positivismo, não só é permitido o emprego do hypnotismo pela sciencia, mas até pela religião. Sai de uma fase de tentativa, de duvida e de controversia, para se formar um método, um processo de investigação, de analise psiquica e de cura."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
Consagração. Dedicatoria. Prefacio. Introdução.
Primeira Parte: O Magnetismo, o Hypnotismo e a Sugestão. Um pouco de historia. Desvendando o misterio. Causas e efeitos. Não existe o magnetismo? Contradições. Algumas observações criticas.
Segunda Parte: A Sugestão e a Auto-sugestão na Medicina. Sua pratica como meio terapeutico. Critica. Utilidade na creação d'uma cadeira especial de Magnetismo animal, Hypnotismo e Sugestão nas Faculdades de Medicina de Portugal.
Terceira Parte: As sciencias fisico-experimentaes na criminologia. Seus beneficios. Fraudes a prevenir. Legislação. Critica.
Bibliografia. Referencias. Indice.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Lombada apresenta restauros com fita translúcida.
Raro.
Indisponível
COMISSÃO DOS PADRÕES DA GRANDE GUERRA. Relatório de 1935 e parecer acêrca da sucessão na guarda do «Museu das Oferendas». Lisboa, Tipografia da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, 1936. In-8.º (18cm) de 31, [1] p. ; [1] tabela desd. ; B.
1.ª edição.
Relatório da Comissão dos Padrões da Grande Guerra relativo ao ano de 1935. Este foi o último, e precedeu o Relatório Geral que viria a dar por concluído o trabalho da Comissão.
Com uma folha desdobrável extratexto.
"Em cumprimento do artigo 18.º dos nossos Estatutos, a Comissão Executiva dos Padrões da Grande Guerra entrega a V. Ex.ª Sr. General Norton de Matos, como eminente Presidente na nossa Comissão Central, o relatório da gerência do ano de 1935.
Relatório muito breve, visto que, prestes a concluirmos a nossa obra, já preparamos e submeteremos à apreciação da Comissão Central, na ocasião em que fôr discutido êste relatório, nos termos do artigo 10.º dos Estatutos, o plano do Relatório Geral da Comissão, no qual daremos conta do nosso mandato, e nos dissolveremos em observância das disposições estatutárias, que nos regem, e com o qual a Obra dos Padrões da Grande Guerra finalizará sua patriótica missão, publicando o resultado da sua taréfa.
A ano de 1935 foi, pois, um ano de realizações. Com inteira satisfação a vossa Comissão Executiva regista êste facto e cumpre-lhe salientá-lo, pois que tal èxito foi devido ao esfôrço persistente e cheio de entusiásmo, com o apoio decidido e patriótico dos Srs. Governadores Gerais de Angola e de Moçambique, das nossas Comissões Executivas locais, de Luanda e de Lourenço Marques, a que presidiram, dando aos trabalhos finais, valioso e tenaz impulso, os nossos camaradas Ex.mos Srs. Major Raul Rato, em Luanda, e Capitão de Mar e Guerra José Valentim Pedroso de Lima, em Lourenço Marques.
Assim como êsse prestimosos auxílio foi possível fazer a entrega, em 15 de Setembro, à cidade de Luanda e, em 11 de Novembro, à cidade de Lourenço Marques, dos monumentos dos Padrões da Grande Guerra, que nas duas Capitais se erguem por nossa iniciativa, exaltando o esfôrço da intervenção militar de Portugal na Grande Guerra e glorificando os nossos camaradas mortos nos campos de batalha de Angola, de Moçambique, de França e do Atlântico - mare mostrum."
(Excerto do Relatório)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

18 setembro, 2018

CARVALHO, Licinio F. C. de - OS DOUS PROSCRIPTOS OU O JUGO DE CASTELLA. Drama historico em cinco actos e seis quadros. Por... Porto, Typ. de J. L. de Sousa, 1850. In-8.º (20cm) de [2], 174, [2] p. ; [4] f. il. ; E.
1.ª edição.
Ilustrada em separado com quatro estampas - o retrato do autor, e três cenas históricas.
"Esta peça teve várias edições e, segundo Jorge de Faria, "até há pouco, notavelmente adulterada, se exibia em palcos brasileiros no primeiro de Dezembro".
À casa do Duque de Bragança chegaram alguns proscritos, há muito afastados da pátria, mas que agora tencionam ajudar a libertar da ocupação filipina. Aqui se encontram 40 fidalgos que, depois de debaterem a situação, combinam levar a cabo, no dia 1.º de Dezembro, uma conjuração.
Um desses proscritos, D. Álvaro de Abranches, fora levado pela Inquisição a professar, depois de o fazerem acreditar que a sua amada, D. Maria de Vilhena, tinha morrido. Pretende agora que Roma anule os seus votos para poder desposar Maria, no que sofre a rivalidade de um castelhano, La Puebla. Este conflito de interesses vai fazer despoletar inúmeras peripécias, verosímeis apenas neste real construído, acabando La Puebla por morrer, permitindo, finalmente, que Álvaro e Maria gozem o seu amor, num Portugal agora já liberto do jugo castelhano."

(Fonte: http://ww3.fl.ul.pt/biblioteca/biblioteca_digital/publicacoes/th/obras/ULFLOM02470/ULFLOM02470_item1/index.html)
Licínio Fausto Cardoso de Carvalho (1827-1854). "Foi engenheiro nas obras públicas do Porto. Na contenda civil de 1846-47 serviu como oficial no corpo de "Fuzileiros da Liberdade" sob ordens da Junta do Porto. Publicou dois volumes de teatro. O primeiro, de 1850, inclui o drama histórico Os dois proscritos ou O jugo de Castela, a que depois no Brasil, [em 1854], deram o nome de Dois proscritos ou a restauração de Portugal em 1640, e que foi representado com imenso êxito. O segundo volume, publicado em 1854, inclui o drama heróico O Rajah de Bounsoló, precedido de um estudo intitulado "História da origem da arte dramática".
(Fonte: http://ww3.fl.ul.pt/biblioteca/biblioteca_digital/publicacoes/th/html/carvalho-licinio.html, com correcções)
Encadernaçãop simples em meia de pele. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Manuseado, fendido junto à lombada. Páginas apresentam, aqui e ali, manchas de oxidação.
Raro.
A BNP tem apenas um exemplar registado no seu acervo.
25€

17 setembro, 2018

PERDIGÃO, Álvaro Gaspar - SENHORES D"O SETUBALENSE": EU NÃO SOU VANGUARDISTA, SOU ÁLVARO GASPAR PERDIGÃO! Visado pela Comissão de Censura. [S.l.], [s.n. - Composto e impresso na Tipografia "Sado", Setúbal], [1933]. In-8.º (21cm) de 8 p. ; B.
1.ª edição.
Curioso opúsculo. Trata-se de uma polémica entre o autor e o jornal O Setubalense sobre a prática do nudismo e a repressão policial à mesma. O presente folheto reproduz a troca de correspondência e os comentários do autor sobre o assunto.
Em termos bibliográficos, esta será porventura uma das primeiras obras que sobre esta temática se publicaram entre nós.
 "O primeiro registo histórico da prática do naturismo em Portugal terá ocorrido na década de 1920, estando associado à Sociedade Naturista Portuguesa. Nessa altura praticava-se já em Portugal a nudez em certas praias fluviais do interior (sem estruturas de apoio) e nas praias da Costa da Caparica. Com a implantação do regime ditatorial do Estado Novo [1933], os movimentos naturistas foram impedidos da prática da nudez coletiva. A nudez pública era proibida e associada ao crime de "atentado ao pudor". Só depois do 25 de Abril foram retomadas ou reinstituídas as instituições ligadas ao naturismo."
(Fonte: wikipédia)
"Já todos mais ou menos teem conhecimento de que pela autoridade foram adotadas medidas severas para reprimir o abuso do semi-nudismo nas praias de banho, e do nudismo nos recintos fechados.
Tão a propósito veio esta lembrança das autoridades quanto é certo as praias portuguêsas estarem infestadas ou infectadas, por uma praga de individuos dos mais diferentes sexos, que, a pretexto da saúde e não sei que mais, não se envergonhavam de trazer para um lugar, que neste caso os outros animais respeitam melhor, todo o género de devassidão, de baixeza e e de infamia que praticam no caixote do lixo onde vivem - a cidade."
(Início do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas vincadas, sendo visível na capa frontal um corte sem importância, e uma pequena falha de papel no canto inferior direito.
Raro.
Sem registo na BNP.
20€

16 setembro, 2018

LIMA, Alfredo Pereira de - OS MILHÕES DE KRUGER. Com um prefácio do Dr. Alexandre Lobato. Lourenço Marques, [s.n. - Tip. Minerva Central, Lourenço Marques], 1963. In-4.º (23cm) de 78, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Investigação levada a cabo pelo autor sobre o tesouro de Paul Kruger. Os "Milhões de Kgruger" é um tesouro de ouro que terá sido escondido na África do Sul por, ou em nome do, presidente Paul Kruger (1825-1904), para evitar que fosse capturado pelos britânicos durante a guerra dos Boer (1899-1902). De acordo com o mito, cerca de dois milhões de libras em ouro e diamantes foram enterrados na área do rio Blyde, na província de Mpumalanga. O seu valor nos dias de hoje ronda os US $ 500.000.000.
Livro integralmente impresso em papel couché, muito ilustrado com fotogravuras a preto e branco no texto.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"A razão que me levou a escrever este livro é simples. Nada ainda encontrei escrito na nossa língua sobre uma das mais apaixonantes histórias de tesouros em África - Os Milhões de Kruger.
Todas as fonte de informação são de origem inglesa ou sul-africana e falavam, até agora, apenas no Transval como palco do drama. [...]
Encontrei casualmente uma ligação de Moçambique com a história dos «Milhões de Kruger» e tanto bastou para que sobre o assunto me debruçasse.
Não sou caçador de tesouros, nem me move o intuito de poder vir a sê-lo um dia. O interesse histórico da questão é que me levou a ocupar-me dela e a apresentar ao leitor o resultado das minhas pesquisas. Tudo o que se vai ler é real, autêntico. Tudo isso aconteceu.
Apresento ainda como exemplo dos extremos a que pode chegar a ambição de enriquecer, essa de todas a mais ferina das paixões humanas. Já Eça dizia que onde aparece ouro, imediatamente os homens em redor se entreolham com rancor e levam as mãos às faca.
É ue não há histórias de tesouros em que não esteja envolvida essa louca ambição que a maior parte das vezes se suja com sangue e se afunda em lama.
Esta é uma delas.
"
(Excerto da introdução, Pórtico...)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas algo manchadas.
Raro.
20€

14 setembro, 2018

SERZEDELLO, Carlos - A MOEDA DA REPUBLICA. Por... Lisboa, 20 de Maio de 1911. PREÇO 5 CENTAVOS (meio tostão). Lisboa, Typographia A Publicidade, 1911. In-8.º (20,5cm) de 13, [1] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Curioso estudo técnico e estético sobre o "escudo". O escudo português, cujo símbolo é o cifrão ($), foi uma moeda implementada por ocasião da proclamação da República, que veio substituir a anterior, designada por Réis.
Opúsculo dedicado pelo autor a José Relvas, conhecido político republicano, e uma das mais insignes figuras do regime.
Ilustrado com um quadro-resumo sobre a Moeda da República.
Livrinho valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao Ex.mo Snr. José Ferreira Dias.
"É o povo o supremo da nação e, por isso, a ele me dirijo e aos denodados soldados de terra e mar que em 5 d'outubro evolucionarm e implantarm a Republica, bem como ao Governo provisorio, o primeiro, em toda a extensão da palavra, que, na continuação d'esta obra sublime, em poucos dias fez o que poderosas nações fizeram en annos, grangeando pelos seus trabalhos o respeito e a admiração e todo o mundo.
Cidadãos: Desculpem esta minha impertinencia, e peço licença para explicar este quadro, que é uma simples idéa que apresento como inspector quimico; vou dizer o que penso e o que sei da nova moeda da Republica. [...]
Cidadãos sobre a estética da moeda honra-me sobre maneira o voto de v. ex.as - no anverso, apresentará a efige da Republica, inspirada na Venus de Milo, sintese de feições ideais; porém, para lhe dar o cunho da formosura nacional teriamos de modelar-lhe a saliente rectilinidade da sua linha facial, conforme o perfil das nossas portuguezas d'Aquem e d'Alem mar, beijadas estas pelo sol da America, que lhes imprime subtilisando, o sentimento patrio - saudade - e no conjunto das suas graciosas feições a expressão de ternura e energia, humildade e altivez, amôr e abnegação."
(Excerto do texto)
Matérias:
- Extracto das conferencias feitas nas sédes dos Batalhões Voluntarios 4 de Outubro, Miguel Bombarda, Almirante Candido Reis e Centro Antonio José d'Almeida antes de ser decretada a nova lei da moeda; e «Omnia spont». - Quadro. - Unidade Monetaria. - Titulo ou toque. - Moedas de Nickel. - Moedas de prata. - Moedas de ouro. - Quadro-resumo.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos marginais.
Raro.
Peça de colecção.
Sem registo na BNP.
Indisponível

13 setembro, 2018

LOUREIRO, Fernando Manuel Gomes de - LENDA DE D. BRANCA DE VILHENA. Reconstituição em verso de uma lenda beirã. [S.l.], [s.n. - Composição e impressão Tipografia Guerra, Viseu], 1959. In-8.º (22 cm) de 15, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Livro ilustrado com um bonito desenho no texto representando a figura de D. Branca e Satanás.
"Escrever, em verso ou em prosa sobre as coisas do passado é tarefa grata, porém espinhosa, quando essas coisas têm raízes históricas; a lenda de D. Branca está no caso das que são espinhosas, porque se opõe ao trabalho do poeta, a conduta do historiador."
(Excerto do preâmbulo)
"A vida de D. Branca é toda ela um enigma, e sobre quem foi, há opiniões mais dispares, que imaginar se possa. Dizem biógrafos que seu apelido era Silveira, outros Vilhena, mas no que todos eles concordam é que era filha dos Condes de Sortelha."
(Excerto das Notas)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

12 setembro, 2018

PAIVA, Manoel Joseph de - INFERMIDADES // DA // LINGUA, // E ARTE QUE A ENSINA // a emmudecer para melhorar: // AUTHOR // SYLVESTRE // SILVERIO DA SILVEIRA E SILVA. // INVOCA-SE // A PROTECÇAM DO GLORIOSO S.ᵀᴼ ANTONIO // DE LISBOA // Por MANOEL JOSEPH DE PAIVA. // LISBOA: M. DCC. LIX. [1759] // Na Of. de MANOEL ANTONIO MONTEIRO. // Com todas as licenças necessarias // E á sua custa impresso. In-8.º de [12], 212 p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Ilustrada na primeira folha preliminar com uma gravura em madeira que representa Santo António.
Sobre a presente obra, com a devida vénia, reproduzimos um excerto do excelente trabalho de Telmo Verdelho, da Universidade de Aveiro, cujo link infra indicamos.
"Nos anos de 1759 e 1760 viveram-se em Portugal momentos de grande violência e até de crueldade no exercício do poder, de grandes rupturas, e, certamente, de uma grande dramatização da vida pública. É uma data histórica também para a língua portuguesa porque, com a expulsão dos Jesuítas, se aniquila a parte mais importante do suporte institucional do ensino, especialmente do ensino pré-universitário. […] Esta conjuntura suscitou grandes transformações e algumas decisivas e definitivas mudanças na política da língua, da sua escolarização e, finalmente, do seu percurso histórico. Uma das consequências mais importantes ressente-se sobretudo na dimensão do actual espaço lusófono e na unidade linguística do Brasil, que não pode deixar de se relacionar com a política planificadora do Marquês de Pombal. o estudo da língua portuguesa foi também objecto da reforma pombalina, decretou-se a escolarização da gramática e criou-se uma rede embrionária e centralizada de ensino público.
Na sequência destas transformações, embora não seja necessário estabelecer uma relação de causalidade, verifica-se um significativo incremento da reflexão metalinguística sobre o português, discute-se a norma linguística, institui-se a Academia das Ciências (1779) e alarga-se a produção linguisticográfica. o livrinho Infermidades da Lingua e arte que a ensina a emmudecer para melhorar, publicado por Manuel José de Paiva (de que se conhecem exemplares com datas diferentes, de 1759 ou de 1760, correspondentes, todavia, a uma única edição), integra-se com uma certa originalidade neste discurso metalinguístico. É uma obra rara, quase única, entre o espólio bibliográfico português, pelo menos no que respeita a obras publicadas.
A obra de Manuel José de Paiva oferece-se à leitura, antes de mais nada, como um texto literário, elaborado com grande investimento de arte, de recursos linguísticos e de presunção literária. É uma obra caracterizadamente barroca em que se intertextualiza a abundância retórica da oratória sacra, com especial destaque para a memória do P. António Vieira.
Por outro lado, correspondendo à indicação do próprio título, o texto Infermidades da Lingua propõe uma reflexão sobre a norma linguística e sobre a moralidade da língua, ou, melhor dito, sobre a língua como um comportamento susceptível de aferição moral. Estas duas vertentes, embora o autor as não tenha explicitado no plano do discurso, distinguem-se, de maneira muito óbvia, na estruturação do texto. A obra apresenta uma elaborada alegoria em que a língua assume a configuração de uma dolorida enferma que recebe um médico dedicado, sábio e bom entendedor que, numa série de oito visitas, a observa e lhe prescreve um adequado receituário. O texto divide-se assim, em oito sub-unidades, como se foram capítulos, correspondentes a cada uma das visitas. A doutrinação moral e a transgressão (a mentira, a verborreia, a murmuração, a detracção, a crítica injusta, etc.) ocupam a maior parte das visitas e correspondem a uma espécie de moralidade da língua. Diferente desta é o pronunciamento normativo que se encontra na visita sétima: nela o autor recolhe e ordena, pelas letras do alfabeto, um longo "corpus" lexical constituído por palavras e frases "impróprias", "indecentes" ou "indiscretas", acrescentando a recomendação de que o seu uso deve ser evitado. O discurso moralista parece ser predominante sobre o discurso normativo, mas o trabalho lexicográfico, consubstanciado no elenco recolhido de formas e frases a evitar, é tão quantioso que bem se pode equiparar às numerosas páginas da reflexão moral.
Manuel José de Paiva nasceu em Lisboa em 1706, formou-se em Direito, em Coimbra, e exerceu durante algum tempo a magistratura nas vilas de Odemira e de Avis, e depois a advocacia em Lisboa. Segundo a informação bibliográfica fornecida por Inocêncio (1. VI, 30 e 1. XVI, 244), escreveu, além das Infermidades, vários textos teatrais, comédias joco-sérias e obras moralistas. Do conjunto da sua obra parece poder delinear-se, a respeito de Manuel José de Paiva, um perfil de homem de letras moralista, amigo da tradição, com ideias generosas como a contestação da pena de morte, justamente quando ela era executada com requintes de escarmento público. As suas reflexões repercutem, de modo geral, o discurso do desengano e a literatura do apelo moral. Manifesta-se como um cavaleiro sozinho, sem nem sequer um Sancho Pança que o acompanhe e o distinga como herói e lhe conceda o estatuto de mestre. Ligado à ordem antiga, era já velho quando surgiu Pombal, não teria ânimo para assumir a renovação do pensamento e da arte literária que então se operava. Adopta um criptónimo singular - Silvério Silvestre Silveira da Silva -, que poderá ser entendido como uma alusão caricatural e crítica aos nomes poéticos dos árcades, os eruditos pastores do Monte Ménalo. Pela sua parte prefere a "imitação dos antigos poetas".
As Infermidades, sob o ponto de vista literário, são um exemplo excelente da literatura barroca, da literatura que termina o seu percurso durante o governo do Marquês de Pombal e que é substituída pelo Neo-classicismo, pela Arcádia (agremiação a que Manuel José de Paiva não pertenceu por incompatibilidade do seu credo poético e talvez, por falta de afinidade política). Em todo o caso tratase de um texto dotado de uma certa legibilidade, quer no respeitante à textura lexical, quer ainda na engenharia retórica em que predomina a acumulação, a enumeração e a simetria, tudo numa construção linear, com sóbrios encadeamentos, que se vão distanciando dos hipérbatos e dos artifícios da sintaxe latina. Oferece momentos de leitura agradável, com uma intertextualidade em que se repercute toda a enciclopédia da época, e muitos símiles de sabor antigo como o da comparação da língua com a espada.

Mas é sobretudo a riqueza do vocabulário e um especioso investimento retórico que fazem das Infermidades um texto merecedor de ser revisitado. Apresenta séries abundantes de sequências sinonímicas ou parassinonímicas e antonímicas."
(Fonte: https://ruc.udc.es/dspace/bitstream/handle/2183/2583/RGF-2-7.pdf?sequence=1&isAllowed=y)
Encadernação moderna em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Pequenos picos de traça marginais.
Raro.

115€