1.ª (e única) edição publicada.
Obra pioneira sobre o «stress pós-traumático» - sintomatologia adquirida pelos soldados nos campos de batalha na 1.ª Guerra Mundial -, salvo melhor opinião, a primeira que sobre este assunto se publicou entre nós.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do Prof. Egas Moniz.
Obra pioneira sobre o «stress pós-traumático» - sintomatologia adquirida pelos soldados nos campos de batalha na 1.ª Guerra Mundial -, salvo melhor opinião, a primeira que sobre este assunto se publicou entre nós.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do Prof. Egas Moniz.
"Quis
a Faculdade de Medicina de Lisboa nomear-me seu delegado, a fim de
estudar em França os últimos progressos da Neurologia a que a guerra
veio trazer tão numerosos subsídios. Dessa missão me desempenhei o
melhor que pude, e como me impus a obrigação de apresentar um relatório
do que vi e estudei, resolvo fazê-lo um pouco mais extenso e
documentado, dar-lhe mesmo uma forma didática e entregá-lo à
publicidade, convencido de que com êle algum serviço posso prestar, pois
contém doutrina que a todos os médicos portugueses interessa conhecer
neste momento, atentas as nossas condições especiais perante o conflito
europeu.
As
novas aquisições da Neurologia não foram muito numerosas. Muitos dos
assuntos se conheciam já, mas uns incompletamente, outros com
deficientes aplicações clínicas e quási todos estavam mais ou menos
esquecidos na prática corrente, por carência de material. Veio a guerra e
êste aumentou tão prodigiosamente, que as séries intermináveis de
perturbações, não examinadas normalmente, fez concentrar a atenção dos
neurologistas sôbre assuntos que até aí lhes tinham sido quási
indiferentes. E assim, se de facto as descobertas neurológicas - e
algumas tem havido - não têm sido extraordinárias, as aquisições que a
clínica neurológica acaba de fazer são verdadeiramente notáveis.
Não
só novas entidades nosológicas começam a definir-se, mas completam-se
capítulos ainda não concluídos e confirmam-se factos sôbre que
experiências numerosas e concludentes não tinham ainda pronunciado o
último veredicto. O grande conflito fez avançar de muito anos a
Neurologia e sobretudo demonstrou que esta especialidade é de tal forma
indispensável na guerra que a França não julga ainda suficientes os seus
27 centros neurológicos, sendo 7 da frente e 20 da retaguarda. [...]
O
livro que hoje publicamos representa um trabalho de momento que, em
alguns casos, não pôde sequer socorrer-se de tudo o que acontece em
França, pois há estatísticas que, por motivos militares, não foram ainda
publicadas. Só terminada a guerra e conhecidos dos dois lados dos
combatentes e em todas as frentes a estatística mórbida e os trabalhos
realizados, se poderá fazer obra de conjunto bem documentada e de que as
conclusões podem ser definitivas. O nosso propósito é muito modesto:
levar aos médicos portugueses o conhecimento do que até hoje nos ensinou
a guerra no campo neurológico e aconselhar a prática que reputamos mais
vantajosa.
Nos
dois últimos capítulos tratamos dos simuladores e dos direitos dos
feridos de guerra. Êste último assunto apaixonou a França e,
nomeadamente, os médicos e juristas, a propósito dum tratamento
executado em Tours pelo neurologista Clovis Vincent e a que os soldados
deram o nome de torpedeamento. A questão depois generalizou-se.
Pretendeu-se saber se um ferido de guerra tinha ou não o direito de
recusar não só os tratamentos eléctricos dolorosos, mas também os
tratamentos cirúrgicos, fôsse qual fôsse a sua gravidade. Examiná-la
hemos sob estes dois curiosos aspectos."
(excerto do prólogo)
"Dois
assumtos importantes prendem neste momento a atenção dos neurologistas.
Um, é a neurologia de guerra própriamente dita, visto a neurologia, e
subsidiáriamente a psiquiatria, terem tomado no grande conflito um lugar
importantíssimo entre as demais especialidades médico-cirúrgicas.
Outro, ainda mais importante do que o primeiro, é a nova patologia
neurológica nascida do exame de milhares de casos de perturbações e
feridas nervosas que em tempo normal só raras vezes se observavam e
algumas mesmo nunca se viam. E quantas correntes e orientações diversas
surgiram após o estudo dêsse grande, dêsse imenso material clínico! E
quantas decisões, scientificamente comprovadas, há ainda a tomar!"
(excerto do preâmbulo)
Matérias:
-
Lesões do crânio e cérebro. - Lesões do ráquis e da medula. - Lesões
dos nervos periféricos. - Lesões dos nervos do membro superior. - Lesões
dos nervos do membro inferior. - Os comocionados. - As perturbações
chamadas de ordem reflexa. - Simuladores e exageradores. - Os direitos
dos feridos de guerra. - Conclusão.
António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (1874-1955). “Nasceu em Avanca, concelho de Estarreja, em 29 de
Novembro de 1874. Formou-se em Medicina na Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra em 1899, e defendeu a tese de licenciatura em
1900. Em 1901 prestou provas de doutoramento e em 1902 entrou para o
quadro docente como professor substituto. Inicialmente trabalhou nas
disciplinas de Anatomia, Histologia e, mais tarde, de Patologia Geral.
Em 1910 tornou-se professor catedrático. Em 1911 transferiu-se para a
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde ficou responsável
pela cadeira de Clínica Neurológica. Abriu consultório em Lisboa e
começou a fazer deslocações regulares a outros países, principalmente a
França. Desde os seus tempos de estudante que tinha uma actividade
política intensa. Era defensor activo da liberdade de expressão e
pensamento e em 1908 foi preso por estar envolvido na tentativa de golpe
de estado de 28 de Janeiro contra a ditadura de João Franco
(1855-1929). Foi deputado em várias legislaturas, de 1903 a 1917. Em
1910 fez a sua iniciação na maçonaria, na Loja Simpatia e União, de
Lisboa. Em 1917 fundou o Partido Centrista, que pretendia unir antigos
monárquicos de corrente progressista e republicanos que se afastavam do
Partido Evolucionista. Defendia uma aliança entre o capital e o trabalho
e preconizava a aplicação de medidas de protecção das classes
trabalhadoras. Defensor das liberdades públicas e dos direitos
individuais, liderou a corrente parlamentarista do Partido Nacional
Republicano resultante da aliança entre os Partido Centrista e os
sidonistas, apoiantes do golpe que instaurou em 1917 a ditadura de
Sidónio Pais (1872-1918). Em 1917 foi nomeado Ministro de Portugal em
Madrid e em 1918 foi Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de
Sidónio Pais. No desempenho deste último cargo presidiu a delegação
portuguesa na Conferência de Paz de Versalhes em 1918. Em 1919, após o
assassinato de Sidónio Pais, foi substituído neste cargo por Afonso
Costa (1871-1937) e decidiu abandonar a política activa. Passou então a
dedicar-se à sua carreira científica, após ter publicado a obra Um Ano de Política,
onde expõe os seus sentimentos e opiniões sobre o seu percurso
político. Foi nomeado director do Hospital Escolar de Lisboa em 1922 e
tornou-se sócio efectivo da Academias das Ciências de Lisboa em 1923,
instituição de que veio a ser presidente pela primeira vez em 1928,
vindo a ocupar posteriormente esse cargo por diversas vezes. Foi
director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa entre 1929 e
1931. Em 1939, quando tinha 65 anos, sofreu um atentado no seu
consultório, por parte de um seu doente, que o alvejou com oito tiros,
dos quais cinco o atingiram. Sobreviveu e jubilou-se em 1944. Em 1945
foi-lhe entregue o prémio de Oslo e em 1949 foi-lhe atribuído o prémio
Nobel de Medicina e Fisiologia. Faleceu em Lisboa em 13 de Dezembro de
1955."(fonte: cvc.instituto-camoes.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Apresenta fissuras na lombada.
Raro.
Raro.
Peça de colecção.
150€
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