09 agosto, 2018

SARAIVA, José da Cunha - UMA NOTA SÔBRE O TESTAMENTO DE D. AFONSO I. (Separata do Arquivo Histórico de Portugal). [Por]... Sócio efectivo titular da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Lisboa, [s.n.], 1932. In-4.º (26cm) de 20, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Trabalho de investigação sobre D. Afonso Henriques, que inclui a análise do seu testamento e algumas situações político-militares ocorridas no seu reinado.
Ilustrado com fac-símile do Codicilo do rei português.
"Muitos documentos existem de D. Afonso I, tais como doações de terras a diversas ordens religiosas, em que sempre se faz referência à palavra testamento. No entanto, a-pesar-disso, êsses diplomas não podem ser considerados, quanto a nós, documentos dessa natureza, porque êles não expressam a última vontade de quem os mandou fazer, conforme o costume da época. [...]
Ao estudarmos o cartório da sé de Viseu, aí deparámos com testamentos de alguns monarcas da nossa primeira dinastia, e entre êles, lá se encontravam não só o de D. Sancho I, bem como o de D. Afonso Henriques e o de D. Afonso II. [...]
Ainda que, para certas pessoas, pareça de interêsse relativo o assunto de que nos ocupamos, quanto a nós, não o é. Tudo quanto se possa trazer à publicidade, por mais pequeno e insignificante que seja, sôbre a figura dum Rei que soube talhar uma nacionalidade, torná-la independente, colonizá-la, dar-lhe forma política e prover às diferentes necessidades da sua administração, segundo os usos e costumes da época, é o que há de mais justo. E nós sentimo-nos satisfeitos por havermos cumprido êste dever.
No entanto há quem apouque, sem rebuço, a grande figura do primeiro monarca português, classificando-o até de homem de maus instintos e sem coração.
Ora, é preciso que, quando alguém se arrogue a liberdade de criticar os actos dos grandes vultos do passado, antes de o fazer, estude em primeiro lugar a época em que viveram, assim como o conjunto de circunstâncias que levaram essa mesma figura a ser considerada imensamente grande, para depois poder apreciar devidamente todos os factos à luz da crítica histórica, embora severa, mas serena e alevantada.
As virtudes e defeitos de Afonso I teem de ser apreciadas nestas condições, e a pessoa que a isso se abalançar encontrará, não o homem terrível e salteador talando constantemente o campo do inimigo, planeando na sombra, apoderar-se de emboscada, de castelos e vilas e exercendo tôda a casta de crueldades, mas sim o cabo de guerra inteligente que desempenha com energia e ponderação as funções elevadas de generalíssimo, como rei duma nacionalidade nascente, organizando, em todos os sentidos, um verdadeiro estado."
(Excerto do estudo)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

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