29 abril, 2024

BRAGA, Paulo Drumond -
HISTÓRIA DOS CÃES EM PORTUGAL : das origens a 1800. Lisboa, Hugin, 2000. In-8.º (22x15 cm) de 157, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio histórico e pioneiro, há muito esgotado, sobre o "melhor amigo do homem".
Livro impresso em papel de superior qualidade, ilustrado ao longo do texto com reprodução de desenhos, pinturas e gravuras, algumas delas em página inteira.
"Dentro do princípio do alargamento dos campos de estudo da história, esta começa a ser, tendencialmente, não só a dos homens, mas também a dos animais. O cão, tradicionalmente encarado como o melhor amigo do homem, merecia um estudo onde se sistematizassem os dados disponíveis e se avançasse para a desejada síntese. O presente livro estuda o caso português desde a Pré-História, onde surgem os primeiros testemunhos, até ao final do século XVIII.
O cão podia ser o de caça, animal nobre, verdadeiro aristocrata da espécie, símbolo da lealdade, da fidelidade e da dedicação, como tal, amado pelo seu dono. Depois, sem a importância do anterior, havia o cão que guardava e defendia as propriedades, o que ajudava a pastorear os gados, o que fazia companhia e, finalmente, o rafeiro, massa anónima comparável à arraia-miúda humana. Era contra este cão que se legislava com alguma frequência e que se relembravam os danos que poderia causar. Esta faceta prejudicial traduzia-se, na mentalidade colectiva, em aspectos como a associação da sua espécie ao mal, em várias das suas vertentes, desde a ebriedade ao satanismo, passando pela luxúria e a avidez. Chamar cão a alguém era um insulto, simultaneamente dos mais graves e dos mais frequentes. O relacionamento homem-cão é, assim, uma longa história de amor e de ódio."
(Sinopse)
Índice:
Introdução | 1. A história de um relacionamento. 2. O caso português: as origens de um relacionamento. 3. Do Alão ao Rafeiro: uma hierarquia canina. 4. A convivência homem-cão. 5. O cão, animal útil. 6. O cão, animal "daninho". 7. O cão na mentalidade colectiva. | Conclusão | Fontes e Bibliografia.
Paulo Drumond Braga. "É licenciado em História (1987) e Mestre em História da Idade Média (1992) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Doutor em História dos Descobrimentos e da Expansão pela mesma universidade (1997). Lecionou no ensino superior privado, sendo investigador da Cátedra Infante D. Henrique para os estudos Insulares Atlânticos e a Globalização. Participou, como comunicante, em numerosos congressos científicos realizados em Portugal e no estrangeiro. Tem publicados [livros] e uma centena de artigos em revistas portuguesas, espanholas e brasileiras e é autor de À Cabeceira do Rei e Uma Lança em África."
(Fonte: Wook)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
45€

28 abril, 2024

SERRÃO, Arnaldo -
ASTRÉA : episodio historico
. Lisboa, [Edição do Autor]. Composto e Impresso na Imprensa de Manuel Lucas Torres, 1915. In-8.º (21,5x14 cm) de 211, [5] p. ; E.
1.ª edição.
Romance onde a história se confunde com a lenda, cuja acção decorre desde o período da fundação da nacionalidade até à morte de D. Afonso Henriques, e tem como tema principal a contenda pela "posse" de Erycina (cujo nome de baptismo seria Teresa ou Sancha) entre Sancho Nunes de Barbosa e Gonçalo (Fernão?) de Bragança, também conhecido pelo "Braganção", sendo uma das versões da sofrida vida desta irmã do primeiro rei português, por ele repudiada, com sua mãe, após S. Mamede.
O autor não nutre particular simpatia pelo monarca, que reputa de bárbaro e ardiloso, entre outros epítetos, propõe-se, com este livro, "iniciar um genero esquecido de litteratura: a litteratura do antigo".
Obra rara e muito interessante, por certo com tiragem reduzida. Pouco foi possível apurar acerca de Arnaldo Serrão, a não ser que, além de Astréa, tem outro livro registado em seu nome na BNP: Vida passada, publicado em 1914 (1 exemplar de cada).
"A avalanche passou.
E dos casebres escuros saiu ao caminho a pobre gente dos campos, tremula, silenciosa, com o susto na face e o assombro no olhar, deixando-se ficar a fazer o signal da cruz e a vel-os ir, a vel-os ir lá ao longe, cada vez mais longe, tempestade que se afasta, legião de demonios que vôa, com pragas, com gritos, com uivos, levando diante de si a morte e deixando ficar atrás de si a sombra do pavôr.
Tropel de cavallos e tinidos de armas perturbam a serenidade dos campos e a avalanche de ferro, onda devastadora, segue impetuosa como o cyclone, terrivel como a tormenta, sinistra como a ira dos deuses. [...]
Quem são estes guerreiros negros que como Mucio Scevola não temem a morte e escarnecem da dôr?
Cavalleiros de Christo.
Pelotões cerrados de selvagens, d'estes que não dão nem recebem quartel aonde vão?
Á conquista.
Quem os guia?
Uma creança!
Uma creança, sim, creança loura, imberbe, de olhos azues, muito azues, quasi candidos, creança com hombros de gigante e todas as proporções de um athleta, que vae lá adiante, adiante de todos, a sorrir-lhes, a attrahil-os, a leval-os á morte. [...]
E seguem, como matilha de cães raivosos, o seu guia, o seu chefe, o cavalleiro imberbe que lhes sorri e com o olhar scintilante os arrasta atrás de si. [...]
E a creança sorrindo sempre, incita os seus cavalleiros, os seus bandidos, chama-os, leva-os, e bello, grandioso, audaz, brada:
- Por S. Thiago!... Por S. Thiago!... Avante!
A este appello responde um rugido de mil gargantas:
- Por Affonso! Avante!"
(Excerto de I - O abutre)
Indice:
Prefacio | Introducção | I - O abutre. II - O sonho de Erycina. III - São Mamede. IV - Alma negra. V - Um voto. VI - Campo de Ourique. VII - Condestavel! VIII - Tres vezes perdida! IX - Badajoz. X - Astréa! | Notas.
Encadernação inteira de pele com dourados gravados a nas pastas e na lombada. Conserva as capas de brochura, encorpadas, "rugosas", muito bonitas, e ainda a lombada de papel original colada no anverso da contracapa.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito raro.
75€

27 abril, 2024

O ALMANAK ILLUSTRADO DE BRISTOL PARA O ANNO DE 1887.
Preparado para o Reino de Portugal. Garante-se a sua exacta correcção - Para distribuição gratuita. [S.l.], [s.n.], [1886?]. In-8.º (19x12 cm) de [48] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso almanaque de que não existem referências bibliográficas, com excepção da BNP, que dá notícia da obra, mas com a indicação "sem informação exemplar". Inclui, os Calculos astronomicos para o Reino de Portugal, Calendário do ano de 1887, por mês, contendo os dias (e phases da lua em Lisboa), e as datas notáveis, santos e eventos religiosos, preparados químicos e medicinais, histórias, conselhos, notícias e anedotas, e abundante publicidade da época.
Raro e muito interessante.
"Em certa cidade devia ser enforcado um individuo, mas tendo adoecido gravemente alguns dias antes da execução, foi preciso o emprego de todos os recursos da medicina. Curado e convalescido, attestou isto o medico á autoridade competente com as linhas seguintes: «O réo F. póde agora ser enforcado sem prejuizo da sua saude.»"
(O attestado - Anecdotas interessantes)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado, com pequenos defeitos.
Raro.
15€
Reservado

26 abril, 2024

MARTINS, António Carvalho & MARTINS, Ana Filipa Carvalho -
BANDAS FILARMÓNICAS. Inserção Histórico-Sociológica e Cultural. Registo de Ecologia Humana. Coimbra, Município de Pedrogão Grande, 2006. In-8.º (21x15 cm) de [4], 124, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Importante trabalho de recolha histórico-etnográfica sobre as filarmónicas, importantes veículos de convívio e cultura, cuja implantação se verifica sobretudo na província.
Tiragem limitada a 500 exemplares.
"O estudo que se dá agora à estampa é, desde logo, uma forma de reconhecer - e disso dar expressão - que o "movimento filarmónico" se configura como um projecto artístico particularmente abrangente do território nacional, configurando as bandas filarmónicas autênticas escolas de cultura e cidadania. [...]
é, de igual, uma mirada prospectiva sobre a natureza e conteúdo da ecologia humana em vertente de análise de áreas sócio-culturais (não longe da posição da Escola Sociológica Urbana). Isto porque - mesmo na expressão sinóptica, fragmentária e localista que apresenta - não deixa de se tratar de estudo de binária expressão, teorética e dogmática, que encontra campo de cultura privilegiado no âmbito da ecologia humana, o mesmo é dizer no ramo da ciência que trata das relações recíprocas entre o homem e o meio, dizendo mesmo, também, que se ocupa dos aspectos especiais das relações simbióticas dos seres humanos e das instituições humanas."
(Excerto de Pródomo)
Índice:
1 - Pródomo. 2 Dedicatória. 3 - Em Jeito de Prefácio. 4 - Uma Introdução. 5 - O Fenómeno. 6 - Inserção Histórico-Sociológica e Cultural. 7 - Referência Localista e Elementos Obsidiantes. 8 - Conclusões. 9 - Bibliografia.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e sociológico.
25€

25 abril, 2024

FOTOGRAFIAS (3) DO 25 DE ABRIL DE 1974

Dim: 137x86 mm

Fotografias de época, originais, "tiradas" na Baixa de Lisboa no dia do golpe militar de 25 de Abril de 1974, movimento que ficaria conhecido para a história como Revolução dos Cravos:
 
- Na primeira, populares posam junto de soldados em defesa de posição, divisando-se um, parcialmente, deitado na calçada (no canto inferior esquerdo da foto), e o outro, agachado, perna direita fletida, joelho esquerdo no chão e arma em estado de prontidão.
 
- Na segunda, militares do Exército e da Armada estabelecem perímetro de segurança.

- Na terceira, militar da Armada posa em "base-estrado" (de sinaleiro) junto à estátua do poeta António Ribeiro "Chiado" no largo com o mesmo nome.
 
Exemplares em bom estado de conservação.
Raro conjunto.
Com interesse histórico e documental.
100€

24 abril, 2024

A HISTÓRIA DA I GUERRA MUNDIAL -
BBC HISTÓRIA.
O início da Grande Guerra - Gallipoli - Somme - Vida nas trincheiras - O impacto dos EUA - 1918: um ano crucial - O Armistício. Lisboa, Goody S.A., [2014?]. In-fólio (30x21 cm) de 160, [2] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Número especial da BBC - História dedicado à Primeira Guerra Mundial.
Profusamente ilustrado com mapas, desenhos, croquis, retratos e fotografias a p.b. e a cores relacionadas com o conflito e os seus actores principais - políticos e militares - que de uma forma ou outra contribuíram e (ou) participaram na disputa.
"O assassinato de Francisco Fernando viria a acabar com um século de paz relativa na Europa e a dar origem a um dos conflitos com mais baixas registadas na história mundial. Durante quatro anos, exércitos enormes das principais potências mundiais enfrentaram-se violentamente.
É neste conflito que surgem os tanques e a utilização dos serviços secretos na obtenção de informação sobre as linhas inimigas. A tática e a estratégia militar desempenharam também um papel relevante para ambos os lados.
Nesta edição, vai encontrar os momentos cruciais deste conflito, explicados ao pormenor pelos mais conceituados especialistas. Desde já o referido assassinato do arquiduque austro-húngaro até ao Armistício, passando pelas batalhas sangrentas de Somme e Verdun, e tudo sobre o conflito que mudou o mapa europeu."
(Sinopse)
"Para os que a viveram, esta seria a "guerra que acabaria com todas as guerras". [...]
Aqui, mostramos-lhe todo o enredo da Primeira Guerra Mundial, desde o seu início sangrento até à sua difícil conclusão. [...] Além das batalhas e personalidades mais importantes, também analisamos a dimensão humana do conflito: o que os soldados comiam, como lidavam com os ataques de gás, porque é que visitavam prostitutas e como recearam o regresso a casa."
(Excerto do preâmbulo - Bem-vindo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€
Reservado

23 abril, 2024

VIEIRA, Padre António - NOTICIAS RECONDITAS DO MODO DE PROCEDER A INQUISIÇÃO DE PORTUGAL COM OS SEUS PREZOS. Informação, Que ao Pontifice Clemente X, deo o P. Antonio Vieira: A qual o dito Papa lhe mandou fazer, estando elle em Roma, na occasião da causa dos Christãos novos com o Santo Officio para a mudança dos seus estilos de processar; em que por esse motivo esteve suspensa a Inquisição por sete annos, desde 1674 até 1681. Ao que se segue huma Carta impugnatoria dirigida ao Padre Vieira, sobre o mesmo objecto; e a eloquente resposta deste. Documentos curiosissimos, e nunca publicados até agora. Lisboa: Na Imprensa Nacional. Anno 1821. Com licença da Commissão de Censura. Vende-se na Loja de Jorge Rei, mercador de Livros, aos Martyres N.º 19. In-8.º (15x10 cm) de 272 p. ; E.
1.ª edição publicada em Portugal.
Importante contributo do Padre António Vieira para a história da Inquisição Portuguesa. Trata-se de um apanhado dos procedimentos abusivos e arbitrariedades cometidas contra os presos do Santo Ofício, na sua maioria cristãos-novos sem culpa formada, onde são relatados casos e episódios de negligência, maus tratos e atrocidades testemunhados por Vieira aquando da passagem deste pelos calabouços da instituição, também ele prisioneiro, que atestam a cruel desumanidade da Inquisição. Documento escrito a pedido do Papa Clemente X (1590-1676), sumo pontífice desde 1670 até à sua  morte.
O texto das “Notícias Recônditas” foi escrito em 1673 supostamente para mostrar ao Papa as injustiças da Inquisição de Portugal. Ficou em manuscrito e teve relativamente pouca divulgação na altura. Em 1708 foi impressa em Londres uma tradução inglesa, com o título “An account of the cruelties exercised by the Inquisition in Portugal, written by one of the secretaries to the Inquisition”. Daqui nasceu o boato de que teria sido escrito pelo Padre Pedro Lupina Freire. Diz-se que a publicação foi da iniciativa do Rabi David Nieto (1654-1728), mas não há a certeza disso.
Em 1722, foi impressa em Londres uma tradução para Português e Castelhano, com o título “Noticias Reconditas y Posthumas del Procedimiento de las Inquisiciones de España y Portugal con sus Presos. Divididas en dos Partes; la Primera en Idioma Portuguez. La Segunda en Castellano; deduzidas de Autores Catholicos, Apostolicos, y Romanos; Eminentes por Dignidad, o por Letras. Obras tan Curiosas como instructivas, compiladas, y anadidas por un Anonimo. En Villa Franca 1722.” Vieram para Portugal alguns exemplares.
Em 1821, já extinta a Inquisição, foi o texto publicado em Portugal com algumas adaptações."
(Fonte: https://www.arlindo-correia.com/140113.html)
"Na sessão de 31 de março de 1821, as Cortes Constituintes decretavam a extinção do Tribunal do Santo Ofício, instituição criada em Portugal em 1536, com o objetivo de julgar e punir os crimes contra a religião católica. A Inquisição, como ficaria conhecida, caracterizou-se pela sua desumanidade, levando a cabo práticas de terror e tortura durante 285 anos."
(Fonte: https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/A-abolicao-da-Inquisicao-1821.aspx)
"[1]. Manda-me pessoa aquem devo obedecer, lhe refira a fórma da prizão do Santo Officio de Portugal, e o tratamento dos Prezos naquelles carceres; e supposto que a materia, com todas as circumstancias, seja inexplicavel, em razão do segredo que se observa tão inviolavel, como fundamento total da duração; pelo que, se não deixão penetrar ainda dos mesmos que as padecem, mais do que na parte que não póde occultar-se á experiencia de cada hum: direi com tudo, o que tenho colhido de noticias de muitos; advertindo, que nenhum sabe tudo, mas só o que por elle passou; e assim, prudencialmente deve considerar-se, que o que se não vê, e o que mais se occulta, he o que mais offende, e impossibilita o remedio dos Prezos; que sendo os mais interessados nas causas de seus livramentos, são os que dellas sabem menos, ou nada; porque o primeiro dictame que se observa, he confundillos para que em tudo vão ás cégas; como veremos, com o favor Divino, pelas Noticias que se seguem.
2. Pronunciado  hum homem no Santo Officio, o mandão prender, tratando-o como se já estivera convicto; porque na mesma hora que o prendem, lhe põem na rua sua mulher, e filhos; atravessão-lhe as portas; fazem inventario de todos os bens; e como se a mulher não tivera parte nelles, fica despojada de tudo sem nenhum remedio: e quando são marido, e mulher ambos prezos, ficão os filhos em tal desamparo, que em muitas occasiões meninos, e meninas de tres, e quatro annos, se recolhem nos alpendres das Igrejas, e n os fórnos, se nelles áchão recolhimentos; pedindo pelas portas, por não perecerem; e sendo tão lamentavel esta oppressão da innocencia mais para sentir são outras consequencias; porque, com esta occasião de desamparo, e necessidade, muitas donzellas honestissimas, que em casa de seus pais vivião honrada, e virtuosamente, forão forçadas a perder-se; ou pela sua miseria; ou pela ousadia que tem todos contra esta affligida gente; e o mesmo succedeo a muitas mulheres casadas, cujos particulares casos não referimos; assim porque são notorios em todos os povos deste Reino; como por não offender o nome, e a fama das mesmas desgraçadas, e de seus pais, e maridos: mas sendo necessario, se apontará hum grande aranzel: além de que, não faltão Religiosos, que assistirão nas terras onde houve muitos deste successos, que poderão certificar muitos, e muitos."
(Pontos 1/2)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Assinatura de posse e pequeno orifício na f. rosto, à cabeça. Trabalho de traça marginal (com pouca expressão visual) nas últimas duas folhas do livro. Pastas cansadas, com defeitos.
Muito raro.
Com interesse histórico.
Peça de colecção.
150€

22 abril, 2024

RIBEIRO, Arthur de Magalhães Pinto -
DOENÇAS SIMULADAS NA MARINHA E EXERCITO.
Dissertação inaugural apresentada á Escola Medico-Cirurgica do Porto. Porto, Imprensa Portugueza, 1896. In-4.º (24,5x16 cm) de 96, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante estudo pioneiro sobre as doenças fingidas, expediente utilizado com frequência por elementos da tropa portuguesa de finais de oitocentos para se livrarem das obrigações militares.
Obra curiosa, rara, com interesse histórico, médico e militar.
"Não quero provar d'este modo que me acho habilitado a desenvolver este assumpto, melhor do que qualquer outro, mas como aspirante a facultativo da armada, escolhendo a Simulação para objecto da minha dissertação inaugural, tive principalmente em vista estudar um assumpto que me fosse util, attendendo ás condições especiaes do meio em que sou chamado a fazer clinica.
De mais, a Simulação não é só frequente no exercito de terra e mar. A classe civil offerece-nos tambem exemplos bastante numerosos... [...]
Mas o exercito é que nos apresenta o grande monopolio de Simulação, e comprehende-se porque.
Os nossos soldados, sendo em via de regra recrutados dos campos, onde gosam toda a liberdade no seio das suas familias, teem horror á dura disciplina da vida militar, ás viagens para climas inhospitos, ao mar e aos exercicios rigorosos a que não estão acostumados, ao afastamento da sua familia e das pessoas que lhe são queridas e sobretudo ás guerras.
Em tempo de paz este fraco amor pela Patria é só prejudicial aos camaradas, que teem de lhes suportar as fadigas do serviço: mas em tempo de guerra a falta d'este dever, em que todo o cidadão está para com a Patria, é muito mais grave.
Mesmo os proprios soldados voluntarios, levados por o arrebatamento que lhes causa o brilho das fardas, ou movidos por uma exaltação ficticia, desanimam desde os primeiros dias de tirocinio, lamentam uma resolução irreflectida, e procuram por todas as maneiras subtrahir-se á obrigação que contrahiram.
A Simulação apparece-lhes então como um meio certo de repara o seu erro. Animados pelos conselhos d'aquelles que já fizeram tentativas n'este sentido, esclarecimentos que estes mesmos lhes prestam tomados em melhores fontes, decididos emfim a supportar as provas mais tenazes, o simulador entra no Hospital, armado de toda a energia, para conseguir assim o fim que tem em vista.
Ora o medico militar está n'estas condições, mais do que qualquer outro, exposto a ser enganado por aquelles a quem a sua clinica é principalmente destinada; e querendo cumprir as suas obrigações com precisão e imparcialidade, não prestando assistencia a um impostor, nem declarando culpado um innocente, preciza de ter um conhecimento profundo do modo como se simulam as doenças, e dos meios de descobrir as fraudes."
(Excerto da Introducção)
Índice:
[Dedicatórias] | Introducção | Historia | Doenças geraes: - Falta sensivel de robustez; - Febre; - Ictericia. | Hemorrhagias: - Hemoptyse; - Hematemése; - Hematuria; - Hemorrhoidas. | Doenças da pelle: Doenças que são mais facilmente simuladas: - Ulceras; - Erythéma; - Eczema; - Herpes; - Transpiração dos pés; - Tinha; - Alopecia. | Doenças dos olhos: Blépharoptose; - Ophtalmia; - Blepharite ciliar; - Amaurose; - Myopia; - Hemeralopia. | Doenças dos ouvidos | Incontinencia d'urina e materias fecaes, Hydrocele, Polypos e Ozena | Nevrosas: - Epilepsia. | Proposições.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Livro protegido por capas simples, lisas.
Raro.
Com interesse histórico.
55€

21 abril, 2024

AREDE, João Domingues -
MAIS UM SUBSÍDIO PARA A HISTÓRIA DE MACIEIRA DE ALCÔBA DO CONCELHO DE ÁGUEDA.
Por... Abade aposentado de Cucujães. [S.l.], Gráfica de Coimbra, 1942. In-4.º (24,5x17 cm) de [2], 16 p. ; B.
1.ª edição.
Precioso contributo do padre Domingues Arede para a história da sua terra. O presente estudo foi publicado na sequência (e em complemento) de um trabalho dado aos prelos dois anos antes: Subsídios para a História de Macieira de Alcôba (1940). É muito interessante e invulgar este opúsculo, por certo com tiragem reduzida.
"Dos habitantes primitivos do território, em que assenta Macieira de Alcôba, são conhecidos poucos vestígios. O que em Macieira de Alcôba se depara, como de tempos remotíssimos, são umas pégadas humanas, em xisto, de formação algônquica, no sítio chamado - Pégadas Más, e outras iguais nas Carreiras das Eirinhas - entre o Vale do Coelho e a Foz da Corga do Caldeirão, vistas umas e outras pelo autor dêste estudo, as quais, sem dívida, devem ser de bastante interêsse arqueológico, como vestígios pré-históricos."
(I - Macieira de Alcôba nos tempos antigos - 1. Macieira de Alcôba - povoação  muito antiga)
"Os homens são alegres e expansivos, e empregam-se na agricultura, sobretudo do milho e centeio, batata e feijão e, por isso,não se dedicam às armas, à ciência, ao comércio, às artes, à política e ao funcionalismo. E as mulheres são activas e muito vivas, sociáveis e excelentes donas de casa. Vive, portanto, êste povo da agricultura e da criação de gado bovino e lanígero. Esta freguesia ´abundante de caça: coelhos, lebres, perdizes, raposas, e teixugos. Também na mesma abundaram lôbos que desapareceram haverá cinqüenta anos, mas que o autor dêste estudo, quando pasto de cabras e ovelhas naquela sua terra, ainda viu e correu muitas vezes à pedrada em altos afoilos juntamente com outros pastores."
(II - Macieira de Alcôba - Nos tempos medievais, modernos e contemporâneos - 7. Índole a propensão do povo de Macieira de Alcôba)
João Domingues Arede (1869-1953). "Natural de Macieira de Alcôba, nasceu a 11 de Dezembro de 1869 e faleceu em Outubro de 1953, em Cucujães. Foi ordenado Padre em 8 de Outubro de 1893, tendo cursado Teologia no Seminário de Coimbra. Desempenhou a função de Coadjutor na localidade do Louriçal, foi 2º. Capelão do Hospital Militar de Runa, vigário em Souzelas e abade de Cucujães de 1900 a 1932. A ele se deve a fundação do Museu Arqueológico e Etnológico de Cucujães. Historiador, com uma vida dedicada aos estudos regionais, foi correspondente da Academia das Ciências de Portugal, tendo colaborado no seu Inquérito Vocabular, e colaborado, também, no Arquivo do Distrito de Aveiro." Com obra vária publicada entre 1912 e 1944.
(Fonte: https://agueda.bibliopolis.info/Catalogo/Autores-Locais/ModuleID/1497/ItemID/1066/mctl/EventDetails)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas apresentam mancha de humidade.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e etnográfico.
15€
Reservado

20 abril, 2024

OLIVEIRA, A. Lopes de - ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA : Epopeia Humana. Braga, Editora Pax, 1969. In-8.º (21,5x15,5 cm) de 248, [8] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa: Passagem para a Serra d'Água (Ilha da Madeira).
Contra capa: Praia do Porto Santo (Fotografia Perestrelos).
Interessante contributo para a história do Arquipélago da Madeira - a Ilha da Madeira, a "Pérola do Atlântico", e o Porto Santo, a "Ilha Dourada". Com este trabalho monográfico o autor "desvenda" as belezas insulares e chama a atenção das autoridades centrais para o potencial turístico do arquipélago, ao qual tece os mais rasgados encómios.
Ilustrado no texto com tabelas, mapas e fotogravuras, sendo algumas em página inteira.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Andrade Gil.
"Ao «vilão» e ao marítimo, cabouqueiros do Arquipélago e ainda ao emigrante, onde se encontre, muito dignifica honrando com o seu exemplo toda esta nossa Pátria de Heróis e Santos."
(Homenagem do Autor)
"Duas visões distintas nos impressionam os sentidos quando descortinamos a Ilha da Madeira. Quem a demanda por barco, quem a descobre por avião. Não sabemos a que nos merece maior aceito.
Ao findar as 510 milhas que separam os dois portos, o de Lisboa e o do Funchal, e o navio - o confortável paquete de cruzeiro Funchal - poisa no cais, a cidade, em anfiteatro, como se fosse um grande Presépio afigura-se-nos logo num encanto e numa ânsia de saltar pé, em terra, para nos embrenharmos na vida madeirense. [...]
A Madeira, sem contestação, é um dos maiores valores potenciais sob o ponto de vista turístico. Esse é o nosso dominante pensamento ao pormos o pé em terra. E é essa nota dominante que presidirá sempre que escrevemos ou quando nos integramos sob qualquer ponto de vista madeirense. Essa a sua grande dimensão, o Turismo, dada por uma babel de línguas, uma esquina do paraíso, um encontro de gentes de todas as raças, de todas as cores e de todos os credos."
(Excerto de Madeira - Um paraíso da Terra)
Américo Lopes de Oliveira (1911-2003)."Nasceu em Lisboa, no ano de 1911. Frequentou a Universidade Clássica de Lisboa, tendo ingressado na Administração Pública em 1932, consagrando, desde então, parte do seu tempo ao jornalismo. Foi jornalista, crítico de arte e divulgador de temas históricos. Foi redactor do Diário do Minho e da revista Flama. Escreveu para vários programas da ex-Emissora Nacional e da Rádio Renascença. Foi colaborador do suplemento de letras e artes do jornal Novidades (1949), aí mantendo uma secção sobre artistas plásticos nacionais e estrangeiros. Correspondente de várias publicações estrangeiras...", etc. etc.
(Fonte: https://teoriadojornalismo.ufp.edu.pt/inventarios/oliveira-a-1969)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico e regional.
20€

19 abril, 2024

FERREIRA, C. A. Pinto -
MANUAL ELEMENTAR E PRATICO SOBRE MACHINAS A VAPOR APPLICADAS Á NAVEGAÇÃO.
Por... Antigo alumno da aula do arsenal do exercito e do instituto industrial de Lisboa, e machinista de 1.ª classe da armada. Lisboa, Imprensa Nacional, 1864. In-8.º (21,5x13,5 cm) de XV, [1], 195, [5] p. ; [5] tabelas desdob. ; [5] estampas desdob. ; E.
1.ª edição.
Pioneiro trabalho oitocentista sobre a força motriz do vapor aplicado à navegação marítima.
Ilustrado no texto com quadros, tabelas e gráficos, e em separado, no final do livro, com:
- 5 Tabelas desdobráveis: 1. Diario para ser apresentado pelo engenheiro de quarto, ao engenheiro em chefe, no fim do seu quarto. (N'este diario estão incluidos tres quartos ou doze horas); 2. Tabellas das dimensões comparativas de diversos navios de rodas pertencentes ao commercio inglez, por mr. R. Murray; 3. Tabellas de dimensões comparativas de alguns navios a helice pertencentes ao commercio inglez, por mr. Robert Murray; 4. Mappa das dimensões comparativas de diversos navios a helice pertencentes ao commercio, por mr. Jules Gaudry; 5. Tabella de dimensões comparativas de alguns navios de guerra movidos por meio de helice, por mr. Jules Gaudry.
- 5 Estampas que contêm 45 figuras exemplificativas produzidas na Lith. da Imprensa Nacional.
"Escrevendo este pequeno manual, todo elementar e pratico, tive unicamente em vista o facilitar aos meus irmãos de trabalho a solução de muitas difficuldades com as quaes muitas vezes se encontram a braços, e concorrer quanto possivel para despertar o gosto de publicações d'esta ordem nas differentes especialidades em que as industrias se dividem. [...]
Portugal infelizmente pouco ou nada possue n'este genero de publicações, e foi por isso que eu me abalancei a fazer este trabalho, poisque aonde não ha nada o pouco que apparece é sempre aproveitavel."
(Excerto da Dedicatoria)
Indice:
[Dedicatoria] | I - Resumo historico da applicação do vapor ás machinas proprias para a navegação. II - Descripção de differentes machinas de vapor applicadas á navegação. III - Calculo da força util das machinas, sua applicação e dimensões das suas peças principaes. IV - Dos propulsores. V - Caldeiras de machinas, suas proporções e apparelhos. VI - Instrucções praticas sobre o modo de gerar o vapor nas caldeiras e pôr as machinas em movimento. VII - Considerações sobre as machinas em movimento. VIII - Qualidades do carvão, seu emprego economico e efficiencia nas caldeiras das machinas a vapor para navegação. IX - Instrucções para o engenheiro chefe de qualquer navio de guerra durante um combate ou depois de qualquer accidente. X - Instrucções sobre a chegada de um barco a vapor ao ancoradouro quando tenha de ficar fundeado. | [Bibliografia].
Encadernação inteira de pele com rótulo e dourados na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
45€

18 abril, 2024

REGULAMENTO DA REAL CASA DOS EXPOSTOS -
SANTA CASA DA MISERICORDIA DE LISBOA
. Lisboa, Imprensa Democratica, 1886. In-8.º (21,5x15 cm) de 48 p. ; B.
1.ª edição.
Regulamento subscrito pelo Conde de Rio Maior, com interesse para a história dos "engeitados" de Lisboa, sendo este o primeiro documento do género que unifica e regula o funcionamento da instituição.
"Inclui o tipo de funcionários, o seu número e funções (algumas das quais relacionadas com os expostos), bem como algumas disposições gerais. É nestas últimas que se incluem normas de criação dos expostos, nomeadamente, relacionadas com: a sua colocação em bons mestres de ofícios; a entrega de expostas a pessoas de boa moral e conduta para aprendizagem; as emancipações; e, por fim, as normativas em caso de doença". (Paulino, Joana Vieira, A política assistencial face aos expostos: estudo de caso do encerramento da roda dos enjeitados na Lisboa Oitocentista, in "Revista de História da Sociedade e da Cultura Imprensa da Universidade de Coimbra", 2017)
"A Mêsa da Santa Casa da Mizericordia de Lisboa, considerando que o serviço dos expostos, commettido ao seu cuidado pelo Decreto de 4 de janeiro de 1768, que abolio a Mêsa dos engeitados, tende cada vez mais a dezenvolver-se e augmentar, sendo urgente estabelecer regras, que fixem e determinem este mesmo serviço:
Considerando que existindo actualmente diversos regulamentos com relação á Reál Casa dos expostos; todavia é conveniente harmonizal-os, ligando-os entre si por identicas regras e principios."
(Excerto do preâmbulo)
Índice:
[Preâmbulo] | I - os empregados. II - Do director. III - Do capellão dos baptismos e do ajudante. IV - Dos facultativos. V - Do Fiscal das despensas, e cozinha. VI - Do fiscal e ajudante encarregados da admissão de expostos e subsidiados. VII - Fiscalisação dos generos alimenticios. VIII - Apprendizado. IX - Da regente. X - Da escrivã. XI - Da casa da fazenda. XII - Da enfermaria, Serviço clinico, curativos, dietas, e limpesa. XIII - Do serviço das salas das amas, e das creanças, alimentadas a bules. XIV -Da mestra da aula. XV - Caza de lavôr. XVI - Dos collegios de D. Estephania, D. Maria e Sant'Anna. XVII - Collegio da Visitação. XVII - Officina das sapateiras. XVIII - Do fiel dos generos. XX - Da porteira. XXI - Dos empregados e empregadas menores. XXII - Das licenças e das visitas ás empregadas. XXIII - Penalidades. XXIV - Disposições geraes.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel no canto superior esquerdo.
Raro.
Com interesse histórico.
35€

17 abril, 2024

BRANCO, Amarel... y - JOÃO NUNCIO. (O Bandarilheiro Equestre). Lisboa, [s.n. - comp. e imp. Imprensa Lucas & C.ª], 1930. In-8.º (15,5 cm) de 80 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio biográfico sobre Mestre João Branco Núncio. Inclui extensa entrevista do cavaleiro na intimidade da sua quinta (em Alcácer do Sal), onde este fala de si e da profissão que o celebrizou.
Exemplar oferecido pelo filho do autor.
Muito ilustrado com reprodução de desenhos e fotogravuras.
Contém tabela com relação das corridas toureadas por João Branco Núncio à data.
"A arte não cabe, inteiramente, nos curtos limites dos tratados; a arte não se fica, solemnemente, nos paramos altivos da sciencia, da exactidão. Os tratados anotaram e a sciencia estudos e explicou, só depois da criação se ter efectuado. Mas sim, na verdade, João Nuncio, criou, revolucionou; orientado pelas regras, pelo estabelecido, pelo consagrado pela sciencia, não se limitou a imitar friamente, classicamente, conscientemente, - foi alem disso porque sentiu, interpretou, sofreu, entregou-se, criou, fez arte.
Não estava escrita por certo aquela forma nova, aparentemente facil, as filigranas na cara dos toiros, os recortes, as saídas falsas extraordinarias, aparentemente sem perigo, por tão suaves e templadas, nem os galheios, as sortes novas – não estava escrito tudo isso senão em sua alma superior de artista completo e raro."
(Excerto do texto)
Índice: Alcacer do Sal : os quatro azes do seu baralho [figuras gradas da terra] - O cavaleiro João Nuncio, Dr. José Gentil, Dr. Francisco Gentil e maestro Rui Coelho | Toureiro de conjuntos | Como fala João Nuncio [entrevista] | Notas bibliográficas | Opiniões da afición e da critica | A opinião de D. Bernardo da Costa [Mesquitela].
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado, com pequenas falhas e defeitos.
Raro.
Peça de colecção.
35€
Reservado

16 abril, 2024

HERCULANO, Alexandre - EURICO. Por... Precedido de uma apreciação litteraria por J. M. Velho da Silva. Rio de Janeiro, Imprensa Industrial, 1877. In-8.º (15,5x10,5 cm) de XV, [1], 287, [1] p. ; E.
1.ª edição brasileira.
Estamos em presença, cremos, da primeira edição brasileira de Eurico o Presbítero, lançada poucos meses após a morte do historiador. A "apreciação literária" de Velho da Silva data de 9 de Novembro de 1877, tendo Herculano falecido a 13 de Setembro do mesmo ano. Existe uma edição deste romance impressa no Brasil com o título completo - Eurico, o Presbytero - algo que não acontece na presente ("Eurico" apenas) - com data de 1907, e a seguinte inscrição na f. rosto: "1.ª edição brasileira (cuidadosamente revista)". Raro. Não existe menção ou referência bibliográfica a este livro, quer em Portugal quer no Brasil.
"Os applausos e as censuras os escriptores vivos, pódem vir de origem duvidosa. Os assombros por sublimidades apparentes, as lisonjas que a mediocridade sóe empregar para engrandecer-se á sombra da grandeza de um nome, ou as invejas maldizentes pelas primazias que se admiram e o desejo parvo dos que desejam levantar-se sobre ruinas magestosas, pódem erigir altares ás divindades rusticas dos gaulezes e apedrejar como os iconoclastas ao Jupiter de Phidias ou á Venus de Praxiteles.
A personalidade litteraria de Alexandre Herculano é hoje historica porque a posteridade apoderando-se de seu nome já o estampou no livro dos seculos."
(Excerto da Apreciação litteraria)
"No reconcavo da bahia que se encurva ao oeste do Calpe, Carteia, a filha dos phenicios, mira ao longe as correntes rapidas do estreito de devide a Europa da Africa. [...] Debaixo do governo de Witiza e de Ruderico a antiga Carteia é uma povoação decrepita e mesquinha, a roda da qual estão espalhados os fragmentos da passada opulencia, e que, talvez, na sua miseria, apenas nas recordações, que lhe suggerem esses farrapos de louçainhas juvenis, acha algum refregerio ás amarguras de malfadada velhice.
Não! - Resta-lhe ainda outro: a religião de Christo.
P presbyterio, sityuado no meio da povoação, era um edificio humilde, como todos que ainda subsistem alevantados pelos godos sobre o sólo de Hespanha. [...]
O presbytero Eurico era o pastor da pobre parochia de Carteia. Descendente de uma antiga familia barbara, gardingo na côrte de Witiza, tiuphado ou millenario do exercito wisigothico, vivêra os ligeiros dias da mocidade nos deleites de opulente Toletum. Rico, poderoso, gentil, o amor viera, apesar disso, partir a cadêa brilhante da sua felicidade. Namorado d'Hermengarda, filha de Favila duque de Cantabria, e irman do valoroso e depois tão celebre Pelagio, o seu amor fôra bem infeliz. O orgulhoso Favila não consentira que o menos nobre gardingo pusesse tão alto a mira dos seus desejos. Depois de mil provas de um affecto immenso, de uma paixão ardente, o moço guerreiro vira submergir todas as suas esperanças."
(Excerto de II - O Presbytero)
Alexandre Herculano de Carvalho Araújo (1810-1877). "Natural de Lisboa é, a par de Almeida Garrett, figura fundadora do Romantismo em Portugal. Historiador, ensaísta, ficcionista, jornalista, político, polemista e poeta na fase de juventude, estudou Humanidades, fez estudos práticos de Comércio, de Diplomática (Paleografia) e de línguas. Liberal, envolveu-se na revolta do Regimento de Cavalaria 4 (1831) contra o regime absolutista, o que o levou ao exílio em Inglaterra, depois em França. Em 1832 segue rumo aos Açores, para integrar o contingente de tropas leais a D. Pedro que vêm a desembarcar no Mindelo. Após a vitória foi nomeado bibliotecário na Biblioteca Pública do Porto (1833-36). Data desse período o texto relativo à situação da Literatura portuguesa em geral Qual o estado da nossa literatura? Qual o trilho que ela pode seguir? e Poesia - Imitação - Belo - Unidade publicados no «Repositório Literário» (1834-35). Já em Lisboa publica A Voz do Profeta (1836-37) com propósitos panfletários anti setembristas, funda e dirige «O Panorama», revista literária do primeiro romantismo português em cujas páginas dá à estampa O Bobo (1843 - em livro só em 1878) e O Pároco da Aldeia (1844) e dirige o «Diário do Governo». Nomeado bibliotecário-mor das bibliotecas da Ajuda e das Necessidades em 1839, desenvolveu intensa investigação documental que deu origem a História de Portugal (1846-53) e a História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal (1854-59). Foi deputado pelo Partido Cartista (1840-41) e, em 1856, integrou o grupo de fundadores do Partido Progressista Histórico. Entretanto havia-se batido contra a censura da imprensa (1850), escreveu e dirigiu jornais - «O País» (1851), «O Português» (1853). Entre 1860-1865 participou na redação do 1º Código Civil Português o que lhe valeu uma das grandes polémicas que manteve com o clero. Em 1867, casou-se e retirou-se para a sua quinta em Vale de Lobos (Santarém) dedicando-se à produção de azeite e trabalhando nos Portugaliae Monumenta Histórica."
(Fonte: https://acpc.bnportugal.gov.pt/colecoes_autores/n86_herculano_alexandre.html)
José Maria Velho da Silva (Rio de Janeiro, 1811-1901). "Foi um romancista, orador, poeta, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, mordomo da Casa Imperial, superintendente da Imperial Fazenda de Petrópolis e professor brasileiro. Segundo José Veríssimo, na sua História da literatura brasileira, pertenceu como poeta à primeira fase romântica brasileira, embora, como teórico fosse afeito ao estudo da retórica, vinculada à estética antecedente. É autor de um único romance, Gabriela (Rio, Imprensa Industrial, 1875), comparado às Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida. A segunda edição é do ano seguinte. Sua extensa obra se divide ainda em livros didáticos, biografias, discursos e estudos variados. Foi nomeado conselheiro."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada, Sem capas de brochura. F. rosto alvo de restauro.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado, com pequenas falhas e defeitos.
Muito raro.
Com interesse histórico e bibliográfico.
Sem registo na BNP.
75€

15 abril, 2024

COSTA, Maria Clara Pereira da -
OS DA CARREIRA DA ÍNDIA E MINA OU DE TORNA-VIAGEM COM BENS PATRIMONIAIS NO ORIENTE, NOS AÇORES E NO NORTE DE ÁFRICA. [O testamento do cavaleiro fidalgo da Casa de Sua Magestade Barnabé Fernandes]. Separata do Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira - vol. XLI (1983). [S.l.], [s.n. - Gráfica Maiadouro - Maia], [1986]. In-8.º (21,5 cm) de [1], 74 p. (206-279 p.), [1] p. ; il. B.
1.ª edição independente.
Interessante ensaio histórico sobre Barnabé Fernandes, navegador português torna-viagem natural de Almeirim, que fez a Carreira da Índia, com forte ligação à Ilha Terceira - porto de escala no regresso - pelo casamento.
Trabalho invulgar, com relevância para a história desta rota marítima e da genealogia dos primeiros colonizadores da Ilha.
Ilustrado com 8 gravuras distribuídas por outras tantas páginas: uma de Santarém, outra de Goa e seis de Angra do Heroísmo.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa da autora ao Dr. Francisco Santana, conhecido académico e historiador.
"Trago como tema de estudo a este colóquio um só documento que nem original é. [...] É certo, contudo, que para nós os arquivistas todo e qualquer documento em sentido absoluto é digno da melhor atenção, mas nem sempre é fácil encontrar-se a técnica adequada a que o seu valor como testemunho se torne se torne útil ao historiador. Tentaremos com o o documento em causa fazê-lo e neste momento com um encanto especial pois irei darei a mão a Barnabé Fernandes (assim se chama o cavaleiro fidalgo de torna-viagem que estudaremos), e com ele e o seu testamento passear a minha infância pelas ruas de Angra, a imaginação pelas guerra de Arzila, a saudade pela velha Goa, os desencontros da vida, a presença dos mortos, a lonjura dos sonhos pelos lábios ressequidos que o meu Atlântico salgou; e isto sem qualquer singularidade por individual que pareça, nem traição ao ofício por regado de emoção, uma vez que são estes, nós os ilhéus bem o sabemos, os dados essenciais do processo histórico que gerou o homem atlântico. De facto, de tudo isto Barnabé Fernandes fará história, pois se o mundo não é para esquecer e se a história entre o mais é memória funcional das coisas, temos de dar voz ao homem colectivo imediato e às múltiplas formas de pressão que o condicionam, mas ainda ao rochedo que é, ao lugar, ao homem imediato, à marca que o devir da sua viagem no fluir das gerações acaso deixar."
(Excerto do preâmbulo)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€

14 abril, 2024

FONSECA, Tomás da -
ENSINO LAICO : educação racionalista e acção confessional. [Por]... Prof. de História da Civilização. Lisboa - Porto - Coimbra, "Lvmen" : Empresa Internacional Editora, 1923. In-8.º (19,5x12,5 cm) de XII, 187, [9] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio sobre a laicidade no ensino, uma das tarefas de vida de Tomás da Fonseca, figura da proa da República, anticlerical, intransigente defensor da ciência em oposição aos preceitos religiosos.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"O problema do laicismo continua sendo, em nossos dias, aquele perturbante conflito que o século XIX viu nascer e debater-se entre dois mundos, igualmente aguerridos, que presentam - um o Passado, com toda a sua Intolerância, outro o Espírito Novo que, pelos seus princípios e aspirações morais, torna maior o sêr humano, procurando dar a cada um e consciência de si próprio.
«Penso assim e quero assim, diz o primeiro, porque assim pensaram e quiseram também os meus avós».
E adentro desta fórmula, terrível como uma gragalheira de aço, encerram toda a possível discussão. É  avelha metafísica, teologal, dogmática, absurda que, fechando a porta ao raciocínio, recusa ao mesmo tempo a certeza que do facto nasceu.
É a sciência feita, em luta contra a verdadeira Sciência, que nunca cessa de fazer-se, a qual, como as águas correntes que por si próprias vão rasgando novos leitos, segue sempre, através do tempo e do espaço, abrindo ao pensamento e à acção novos campos, novos mundos onde a vida procure e encontre uma seiva mais pura, uma arte mais bela e um coração mais alto."
(Excerto do preâmbulo)
Tomás da Fonseca (1877-1968). "Poeta, ficcionista, historiógrafo, jornalista, professor e militante republicano de cariz anti-clerical, José Tomás da Fonseca colaborou, com o advento da República, na reforma do ensino primário normal e organizou e animou diversas associações de carácter cultural. Foi vogal do Conselho Superior de Instrução Pública, director da Escola Normal de Lisboa e de Coimbra - das quais foi afastado pelo sidonismo e pelo Estado Novo - e um dos fundadores da Universidade Livre de Coimbra. É muito vasta a sua colaboração na imprensa periódica nomeadamente em A Pátria, O Mundo, A Vanguarda, República, Alma Nacional ou, entre outros, no Arquivo Democrático, de que foi director. Em Evangelho de um Seminarista, Memórias dum Chefe de Gabinete e Memórias do Cárcere encontramos, passados a letra de imprensa, testemunhos da sua vivência."
(Fonte: https://purl.pt/13858/1/volta-textos/209.html)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta pequenas falhas de papel marginais.
Invulgar.
25€
Reservado

13 abril, 2024

ARNOSO, Conde d' -
PRIMEIRA NUVEM
. Lisboa, Tip. da Livraria Ferin, 1902. In-8.º (18,5x12 cm) de [2], 29, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Peça em um acto representada pela primeira vez no Theatro de D. Amelia em Maio de 1902.
Bernardo Pinheiro Correia de Melo, primeiro conde de Arnoso (1855-1920). "Nasceu em Guimarães, em maio de 1855. Estudou matemáticas e engenharia, foi oficial do exército e secretário pessoal do rei D. Carlos, que lhe atribuiu o título em 1895. Membro dos Vencidos da Vida, como autor usou também o pseudónimo literário Bernardo Pindela (era filho do visconde de Pindela). Morreu em Famalicão, em 1911. Além de Jornadas pelo Mundo e de Azulejos – com prefácio de Eça de Queirós –, publicou De Braço Dado, em coautoria com o conde de Sabugosa, seu cunhado, e as peças de teatro A Primeira Nuvem e Suave Milagre (adaptação de um conto de Eça). Tem vasta colaboração dispersa na imprensa da época."
(Fonte: Wook)
Belíssima encadernação inteira de pele com nervuras, rótulos e autor e título na lombada, com cercadura ornamental gravada a seco e a ouro nas pastas. Trabalho executado na Carmelita, antiga oficina localizada na Calçada do Sacramento, em Lisboa. Conserva as capas originais. Acrescentado com páginas suplementares após o final para dar corpo ao livro.
Exemplar em bom estado de conservação. Etiqueta numerada na pasta anterior.
Raro.
25€