1.ª edição.
Interessante estudo nosográfico de D. Sebastião, rei português caído (e "desaparecido") na batalha de Alcácer-Quibir, no norte de África.
"Por várias causas ficaram controversas para os tempos certas figuras notáveis da História. Entre estas conta-se, como das mais salientes e discutidas, a figura do jovem rei D. Sebastião, cantada por poetas, enaltecida por místicos, compreendida ou incompreendida por críticos, diversamente interpretada por historiógrafos e, até, alvo de grosserias. [...]
Quatro séculos completados recentemente sobre a data cruciante de Agosto de 1578 trouxeram à publicidade novos e elucidativos estudos sobre a decisão intervencionista de D. Sebastião. Mas não é este, propriamente, o assunto das páginas que se seguem. Essa matéria é da competência dos historiadores e nós não o somos. Contudo, à margem da História aparecem sempre, manifestamente incitados por sentimentos que pouco terão de históricos, mas muito de ideológicos, exploradores destas figuras apaixonantes que personificam ideias. É a respeito destes, e nomeadamente das suas apreciações e ilações de ordem médica a respeito da saúde de D. Sebastião, que nos julgamos algo qualificado para depor.
Quem lê, conhece esta espécie de falsos críticos-analistas que, a distâncias seculares, experimentam devassar, com aparência científica, o psiquismo, os antecedentes mórbidos pessoais e hereditários e até a constituição anatómica dos vultos em questão para daí concluirem, por via de qualquer insanidade física, em relacionáveis anomalias mentais determinantes das suas obras e ideias. Desta forma, atingida e diminuída a personalidade actuante, atinge-se e diminui-se o pensamento que a inspira. [...]
Mas voltemo-nos para a figura humana de D. Sebastião, que procuraremos examinar no questionado ponto de vista das doenças que lhe são atribuídas.
Fortunato de Almeida alude aos «tantos erros e falsidades que acerca de D. Sebastião e do seu reinado se tem escrito». Grande parte desses erros e falsidades referem-se à sua sanidade física e psíquica. Procura-se aqui prestar um contributo de esclarecimento e de boa vontade para um estudo clínico actualizado, que se torna necessário fazer em face das confusões, das aleivosias e dislates com que se pretende manter envolvida a figura lendária do nosso último rei medieval."
(Excerto da Advertência)
Índice:
Advertência | Misoginia e misogamia ou a questão dos casamentos | O diagnóstico de epilepsia | Hipótese de diabetes | A uretrite | Saúde física ! Saúde psíquica | Considerações finais.
Mário António Caldas de Melo Saraiva (Guimarães, 1910 - Cadaval, Vilar, 1998). "Foi um médico, historiador, escritor e político português. Notabilizou-se em estudos sebastiânicos e pessoanos, e sobretudo em matéria doutrinária política iniciando o Neo-Integralismo Lusitano."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
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