30 setembro, 2023

LIMA, Dr. M. C. Baptista de -
THE MILITARY SECTION OF THE ANGRA DO HEROISMO MUSEUM -
Diverse Military and Armory Equipment - By... Director of the Museum. Angra do Heroismo, Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1979. In-8.º (21,5x15,5 cm) de [2], 16 p. ; [41], [1] p. il. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante estudo originalmente publicado no n.º 35 do Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, sendo seu autor Baptista Lima, director do Museu de Angra do Heroísmo.
Ilustrado com 52 fotografias distribuídas por 41 páginas separadas do texto.
"The section of the Museum designated «Diverse Military and Armory Equipment» is considered the second finest public collection of its kind in Portugal, after the Military Museum in Lisboa.
It fills many rooms, galleries and other annexes and much of the grounds surrounding the ancient Convent of Saint Francis where the Military Section is located.
The military section of the museum is seen every year by more than fifty thousand Portuguese and foreign visitors and exercises an important mission as a center for interest to the different schools in the Region."
(Excerto da apresentação)
Manuel Coelho Baptista de Lima (Angra do Heroísmo, 1920 - Lisboa, 1996). "Estudou no liceu da sua cidade natal e licenciou-se em História na Universidade de Coimbra, onde foi discípulo de Damião Peres, apresentando uma dissertação final de licenciatura sobre o tema das descobertas para o noroeste. De seguida especializou-se como bibliotecário arquivista iniciando a sua carreira na Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora de onde passou para a Biblioteca da Assembleia Nacional.
Em 1948 foi requisitado pela Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo para montar e dirigir duas instituições culturais que haviam sido criadas em Angra, o Arquivo Distrital e o Museu. A competência e a dedicação de Baptista de Lima tornaram estas duas instituições exemplares. Dirigiu o Arquivo a que se juntou a Biblioteca Pública entre 1948 e 1981 e o Museu entre a sua criação e 1984 ano em que se reformou. É de destacar a persistência com que levou a bom porto as instalações próprias para ambas as instituições, com relevo para a restauro do Palácio Bettencourt, onde ainda hoje está instalado o Arquivo e a Biblioteca.
Foi entre 1959 e 1964 presidente da Câmara Municipal da sua cidade e nessa condição representou os municípios açorianos na Câmara Corporativa, na VIII legislatura (1961-1964).
Deixou uma importante obra de pesquisa histórica e são de destacar os relatórios que apresentou à Direcção do Património Cultural e que constituem uma fonte privilegiada para a história do Arquivo, da Biblioteca e do Museu de Angra. Estão publicados os relatórios do Arquivo no Boletim do Arquivo Distrital de Angra do Heroísmo (1948-1956), que fundou e policopiados os referentes ao arquivo e biblioteca em 1965 e 1976 e os do Museu entre 1969-1978. Dirigiu também nos anos oitenta a Biblioteca de Ponta Delgada.
Baptista de Lima foi um grande entusiasta da história militar, tendo acção decisiva na preservação dos monumentos castrenses e sua classificação deixando uma notável colecção de armas e fardamentos hoje incorporada na colecção militar do Museu de Angra, também por ele organizada e considerada uma das mais importantes do país."
(Fonte: http://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/default.aspx?id=8050)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e militar.
Indisponível

29 setembro, 2023

MENDONÇA, Henrique de -
REINO DOS CÉOS : romance
. Porto, Empreza Litteraria e Typographica - Editora, 1904. In-8.º (18,5 cm) de 443, [5] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante romance provinciano cujo acção decorre no Algarve, entre Albufeira e Boliqueime, tendo início pouco tempo antes do casamento entre duas conhecidas figuras do meio local, -Amélia e Filipe, - noivos de longa data. Um terceiro elemento - João da Silveira -, aristocrata algarvio residente em Lisboa, vem "baralhar" os sentimentos da moça.
Dois capítulos do livro incluem descrição das festas da Senhora das Dores, em Boliqueime, com o seu "carro triumphante" (carro de mulas enfeitado a papel de cor, iluminado com balões venezianos, transportando um coro composto por um grupo de raparigas vestidas de branco), as loas e a procissão em honra da Virgem, configurando tudo um elevado interesse histórico, regional e etnográfico.
Quanto ao autor - Henrique de Mendonça (não confundir com Henrique Lopes de Mendonça), pouco (ou nada) foi possível apurar. A BNP dá conta de algumas obras de teor africanista de "um" Henrique José Monteiro de Mendonça (1864-1942), empresário e proprietário colonial, não sendo possível, no entanto, garantir que é a mesma pessoa. Será natural do Algarve? O conhecimento da região e suas tradições evidenciam, no mínimo, uma forte ligação ao sul do país.
"Como a manhã estivesse muito clara, d'uma transparencia lendaria, Amelia abriu as janellas de pár em pár. Debruçou-se; aspirou longamente o ar, com desejo, voltou-se para dentro exclamando:
- Que lindo dia, mamã!
Dentro ouviu-se um rumôr de saias sacudidas. E depois d'um curto silencio uma voz ergueu-se, num suspiro:
- é verdade! Está um céo lindo...
Amelia levantou os olhos sorrindo. No espaço claro, cendrado, nuvens dormiam. Cahia do alto, rijamente, um calôr abafado. Pela rua estreita, enodoada, batia um sol largo e vivo. A cal das paredes faiscava, cheia de cõr, derramando luz. Na fachada da casaria, rasgada de manchas brancas, os predios fronteiros, assomados a nascente, talhavam polygonos, sombras negras e esquadradas. [...]
Naquelle momento, encostada de leve ao parapeito, a palma da mão apoiando a face, os olhos em vão, a attitude de Amelia resplandecia e graça. Era com effeito muito linda. O rosto, ovalado, sonhador, evocando bellezas subtis, traduzia serenas recordações, illuminando sempre por um sorriso leve, que mais levemente lhe desatava os labios immateriaes. Era loura, e era magnifica. Os cabellos abundantes, soltos pelas espaduas áquella hora da manhã, humidos ainda do banho, emolduravam-lhe o rosto claro numa áuréola d'ouro, em fios d'ouro, em molhos d'ouro. Era d'essas mulheres louras de quem se diz que teem faces como rosas, de tal forma a sua côr é transparente, fresca e macia."
(Excerto do Cap. I)
"O dia da Senhora das Dores surgiu limpido, luminoso, d'um azul claro e firme, banhado de um sol macio que não ardia, e punha nos campos, nos arvoredos, extensas manchas doiradas.
E essa tarde, esperada com attenção por Elisa e por Amelia chegou finalmente. Tinham assentado para assistir á festa, em Boliqueime, reunirem-se á porta de Amelia, e d'ali partirem, gozando o ar doce e avelludado do cahir do dia. A entrada na aldeia, ao anoitecer, ao relampejar dos primeiros foguetes, seria assim deslumbrantemente agradavel. E por toda a noite, do terrasso do velho prior, assistiriam á festa, vendo o fogo, ouvindo a musica, o povo, a gritaria, emquanto que sobre as suas cabeças as estrellas tranquillamente brilhariam na pureza immaculada do céo azul do Algarve."
(Excerto do Cap. IV)
Encadernação recente em meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

28 setembro, 2023

JUNQUEIRO, Guerra -
TRAGEDIA INFANTIL. Lisboa, Typ. de J. H. Verde, 1877. In-8.º (17x11,5 cm) de 33, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Edição original desta rara e pouco conhecida obra do poeta, sendo uma das primeiras que publicou.

"Dois irmãos: a pequenita
em quatro annos sómente;
É d'uma graça infinita
D'um mimo suprehendente.

O seu corpo, que faria
O desespero de Phidias,
É leve como a alegria,
É doce como as orchidias.

Produzir um corpo tal,
Uma tão divina flor,
Só o vente maternal,
O estatuario do amor.

N'aquella boca graciosa
Não poisa de certo a abelha,
Por saber que não ha rosa
Tão fresca, nem tão vermelha.

Seus grandes olhos rasgados
Com limpidez infantil
Parecem mesmo talhados
No azul das manhãs de Abril."

(Excerto de Ella)

"Elle o rapaz tem tres annos;
Não ha nada mais gracioso
Do que os seus gestos ufanos
E o seu andar orgulhoso,

Quando vae com a irmãsinha,
Como quem leva uma flor;
Ella - a timida andorinha;
Elle - o forte, o protector."

(Excerto de Elle)

Guerra Junqueiro (1850-1923). "Poeta e político português, nascido em 1850, em Freixo de Espada à Cinta (Trás-os-Montes), e falecido em 1923, em Lisboa, Guerra Junqueiro é entre nós o mais vivo representante de um romantismo social panfletário, influenciado por Vítor Hugo e Voltaire. Oriundo de uma família de lavradores abastados, tradicionalista e clerical, é destinado à vida eclesiástica, chegando a frequentar o curso de Teologia entre 1866 e 1868. Licenciou-se em Direito em Coimbra, em 1873, durante um período que coincidiu com o movimento de agitação ideológica em que eclodiu a Questão Coimbrã. [...] Nos anos oitenta, participa nas reuniões dos Vencidos da Vida, juntamente com Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e António Cândido, entre outros."
(Guerra Junqueiro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008.)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com acidez no interior, sem a capa frontal. Deve ser encadernado.
Raro.
25€

27 setembro, 2023

SEQUEIRA, Eduardo -
BOTANICA RECREATIVA.
Com 191 Gravuras e o Retrato do Auctor. Porto, Gazeta das Aldeias, 1910. In-8.º (18,5 cm) de 311, [1] p. ; [1] f. il. ; mto il. ; E.
1.ª edição.
Importante estudo botânico que inclui a descrição, plantação, aplicações e o aproveitamento ornamental de inúmeros frutos e espécies vegetais. Manual raro e muito curioso, algo surpreendente.
Muito ilustrado no texto com bonitos desenhos, e em separado, com um retrato do autor e o seu Cão de Água Português, cliché da casa Marques Abreu & C.ª, do Porto.
"As ultimas palavras de Goethe, o grande escritor allemão, foram: Luz, mais luz, muita luz!
E, como muito bem accentuou o divino escriptor francez Michelet em um dos seus mais encantadores volumes, o que o grande genio, filho dilecto de Deus, disse nos seus ultimos momentos, repete-o em cessar toda a criação, desde o mollusco que vive no fundo do mar, até á ave que vôa nas mais altas regiões do ceu, desde a mais humilde planta até ás arvores gigantes das florestas seculares.
A luz é a vida, a luz é a alegria, a luz é a força e o vigor. Todo o ser animal ou vegetal, privado de luz, enfraquece de prompto e morre em breve, precocemente caduco. É facil verificar, em poucas horas, os effeitos da falta de luz nas plantas, semeando, por exemplo, grãos de Trigo em um pequeno vaso, que se mantem em local escuro, mas sempre com a terra sufficientemente humida, affim de favorecer a germinação do grão. Os pequeninos vegetaes, assim privados de luz, não só rebentam sem vigor, mal podendo erguer as suas debeis hastes, mas tambem estas nascem completamente brancas. Retirados da escuridão e levados gradualmente para a luz, fortalecem-se, levantam triumphalmente as suas hastes e adquirem, de prompto, o seu lindo e brilhante colorido verde.
A planta procura sempre a luz.
D'ahi o vermos frequentemente, nos campos, nos jardins, nos bosques, arbustos e arvores plantados proximo de muros ou em locaes assombrados parcialmente por qualquer obstaculo, torcerem-se, perderem a sua usual fórma erecta, para irem procurar, em direcção irregular e forçada, a luz que é a sua alegria, a sua vida."
(Excerto de O effeito da luz nos vegetaes)
Indice das materias contidas n'este livro:
Dedicatoria. | Os effeitos da luz nos vegetaes. | Os casamentos das plantas. Fecundações naturaes e ecundações artificiaes. | Germinações curiosas. | Germinação instantanea de sementes. | Os infinitamente pequenos. | A flora das moedas e das notas. | Sementes que se fazem transportar. Sementes com harpões. | Sementes que voam. | Sementes que saltam. | As sementes lagartas. | Folhas que dançam. | Plantas que andam. | A teimosia das plantas. | O enraizamento das plantas. | As raizes extravagantes. | Os caprichos das raizes. | As enxertias das Cacteas. | Os caprichos das flores. | Curiosa planta barometro. | Higrometros vegetaes. | A bussula de Flora. | Plantas detonantes. | Uma planta electrica. | A planta renda. | A Sensitiva. | As plantas bebedouros. | Colchico do outono. | As flores comestiveis. | A historia da arvore. | As bengalas rusticas. | Jogos e divertimentos varios. | As Cerejas. | Os enffeites de fructos sêccos. | Illuminações e fogos d'artificio com fructos. | Fructos com desenhos e fructos em garrafas. | As applicações populares do Sabugueiro. | Os instrumentos musicaes primitivos. | O Chocalho de Junco. | As flores e fructos pittorescos. | Cestas para flores. | Trabalhos com gramineas. | Desenhos de flores. | As ornamentações com flores sêccas. | Grão que dança e salta, e Maçã magica. | As folhas sêccas. | A colorisação das flores. | Uma planta extravagante. | Cultura recreativa dos Jacinthos. | As Aboboras e um Repuxo original. | Arvores em vaso. | Indice das gravuras. | Indice das plantas e fructos estudados ou mencionados n'este livro.
Encadernação lisa inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura e posse na f. ante-rosto. Capa algo oxidada.
Raro.
45€

26 setembro, 2023

OS COLÉGIOS DA ALTA COIMBRÃ -
EPISÓDIOS DA VIDA ACADÉMICA.
Exposição documental. Coimbra, Publicações do Arquivo da Universidade de Coimbra, 1987. In-8.º (21x15 cm) de 78, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Exposição comemorativa do 450.º aniversário da transferência definitiva da Universidade para Coimbra (1537-1587) e do 1.º Encontro sobre a Alta de Coimbra (23-25 de Outubro de 1987).
Livro ilustrado com um mapa: Planta de Coimbra com seus Colégios universitários, e respectiva legenda em folha à parte, bem como diversas fotografias e gravuras em página inteira dos colégios universitários.
"O estudo pormenorizado e sistematizado de cada Colégio permitirá o conhecimento cabal dos vários aspectos em que decorreu a sua vida ao longo dos tempos: desde o religioso ao científico-cultural, do económico-financeiro ao demográfico, ao social e das mentalidades, e do iconográfico ao genealógico.
Reveste-se de relevante interesse penetrar, antes de mais, na análise dos diversos estatutos e compará-los entre si, para, através deles, se compreender como estava estruturado o funcionamento da instituição em todos os seus quadrantes.
A partir dos estatutos e investigando a vasta documentação que se conserva um pouco por toda a parte, em bibliotecas e arquivos nacionais e estrangeiros, poder-se-há saber o número de estudantes e superiores que nele havia; as suas proveniências geográficas e familiares; os processos «de genere» e de ordenação sacerdotal; as Faculdades frequentadas na Universidade de Coimbra; a produção editorial de cada colégio; as preocupações artísticas que tiveram, nomeadamente na edificação de igrejas e sua ornamentação; as bibliotecas que se criaram e as orientações que presidiram à aquisição de livros; as ligações que houve entre cada casa, a Universidade e outras instituições da cidade e conventos os colégios da mesma ordem existentes no país ou fora dele; os bens que possuíam e como se processava o movimento de receitas e despesas de cada um; o grau de assimilação das correntes de pensamento; a reacção à Reforma Pombalina da Universidade; e a sua participação na renovação da vida religiosa desde o Concílio de Trento em diante, etc., etc."
(Excerto de Apresentação)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
20€

25 setembro, 2023

CHARRUA, João Vicente de Oliveira -
AMORES DUM INFORTUNADO PRÍNCIPE DE PORTUGAL.
Narrativa histórica que obteve Menção Honrosa nos importantes Jogos Florais de 1937. Marco de Canavezes, Composto e impresso na Empresa Publicidade, [1937]. In-4.º (23,5x18,5 cm) de 9, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa novela histórica, narra o fatídico acidente equestre que vitimou o príncipe herdeiro D. Afonso, filho de D. João II, perto de Santarém, à beira Tejo, resultando essa tragédia no ruir do sonho nacional de uma coroa ibérica unida sob pendão português.
Bonita edição, impressa em papel encorpado. Raro. A Biblioteca Nacional não menciona o livro.
"D. Afonso, filho estremecido do rei D. João II de Portugal, e a linda e encantadora princesa D. Isabel, filha dos célebres reis católicos, foram postos em Terçaria na vila de Moura.
A graciosidade e a estonteante beleza da princesinha, que mais parecia flor de quimera ou lenda de castelã encantada, logo feriram o coração do esbelto e jovem príncipe português. Desfeitas as intrigas palacianas que envolviam as casas reinantes de Portugal e Castela, fôra o casamento dos príncipes ajustado com grande aprazimento das conveniências políticas das duas nações. [...]
A sete de Dezembro realizava-se enfim, com extraordinário cerimonial, o casamento dos jovens príncipes. A noiva, radiante e bela, exercia sôbre todos poderosa fascinação; D. Manuel, duque de Beja, ficara de tal forma perturbado, exclamara tanta admiração, que teve de receber prudentes avisos da parte da rainha sua irmã!
Seria o destino,  sempre caprichoso e enigmático, quem lhe poisasse na alma o vago pressentimento, de que êle, duque de Beja, estaria para ocupar os lugares do infeliz príncipe consorte!?
Efectivamente, uma corrida, desastrosa e trágica ao longo do Tejo, fez de D. Manuel o herdeiro de duas heranças valiosíssimas: o trono de Portugal e a desditosa e amante princesa espanhola, tornada viuva quando ainda não tinha decorrido o poético e enternecedor ano de noivos... Aquele sonho começado nas terçarias de Moura, e desenvolvido por forma radiosa no convento do Espinheiro quebrara-se tão funestamente, funebremente, nas margens do Tejo!
O soberano fôra com alguns palacianos entregar-se a exercícios de natação nas águas do Tejo. O herdeiro, alegando cansaço, ficara próximo do palácio; mas passados os primeiros momentos após a recuso de os acompanhar, ou fôsse porque lhe mordessem a imaginação as palavras levemente e amigavelmente trocistas que ouviu, ou fôsse a volubilidade própria dos dezesseis anos, o certo é que resolveu segui-los. Chamou para companheiro o fidalgo D. João de Meneses a quem propôs um páreo. Lançaram-se os corcéis em desordenada carreira; com as patas ferindo lume, as ventas dilatadas, os musculosos membros galgando espaços e mal poisando no terreno como se fôssem animais alados, êsses corcéis tomavam aspectos lendários e tétricos."
(Excerto da Narrativa)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

24 setembro, 2023

HUGO, Victor -
A SOCIEDADE E O CRIME.
Traducção de Teixeira de Brito. Edição commemorativa do quinto anniversario do passamento do grande Poeta. Porto, Typ. de Arthur José de Sousa & Irmão, 1890. In-4.º (23x15 cm) de XX, 44 p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Interessante romance-ensaio pela pena de Victor Hugo, um dos grandes mestres da literatura mundial, conhecido pelas suas preocupações sociais e humanistas. Estudo raro e valioso, baseado em acontecimentos reais, foi publicado originalmente em França (1834), com o título Claude Gueux.
Versão portuguesa, cuidada, por certo com tiragem reduzida e impressa a expensas do tradutor, ilustrada com um retrato de Hugo em separado.
"Claude Gueux, cujo nome por si só evoca Os Miseráveise e anuncia com trinta anos de antecedência o imenso Jean Valjean, era um pobre diabo, sem dúvida um crápula. Em 1831 foi condenado a oito anos de prisão por roubo; assediado pelo chefe dos guardas, assassinou-o com um machado. Ele foi empurrado para o crime, jura. Seus companheiros de prisão apoiam-no. Mesmo assim, os juízes mandaram-no para o cadafalso. Desta notícia sórdida e deste julgamento, Hugo fará a acusação mais violenta e apaixonada contra a pena de morte primeiro, que este trabalhador, este miserável homem da terra não merecia, e contra a sociedade desumana da época. "As pessoas sofrem, as pessoas têm fome, as pessoas têm frio. A pobreza empurra-as para o crime e o vício. "Abram as escolas, fecharão as prisões. Hugo insulta, grita a sua indignação. E defende a nobreza do ser humano."
(Fonte: Wook)
"Ha sete ou oito annos que vivia em Paris um pobre operario chamado Claudio Gueux. Em sua companhia estava uma rapariga com quem vivia em concubinagem. Como fructo d'esta concubinagem havia uma creança de tenra edade.
É meu dever exprimir as cousas limpidamente, sem subterfugios, deixando ao leitor a tarefa de extrahir a moralidade á medida que a inflexibilidade dos factor for matizando o caminho percorrido. Assim farei.
O operario era honrado, habil, intteligente, pessimamente orientado pela educação mas optimamente protegido pela natureza: não sabia ler mas sabia pensar.
Em um determinado inverno, porém, escasseou-lhe o trabalho. O lume e o pão, materias primas da existencia, eram extranhas ao tugurio. Elle, a amasia e a creança sentiram a fome - a fome! - invadir-lhes desapiedadamente as entranhas. Ora a fome  é d'um rigor summo. N'esta desgraçada conjunctura Claudio foi impellido ao roubo. E roubou. Que roubou elle? Onde foi efectuado o roubo? Não sei. O que sei, porém, é que d'este «roubo», se roubo se póde chamar á satisfação das exigencias estomacais, resultou tres dias de alimento para a mulher e para a creança, e cinco annos de prisão para o pobre Claudio."
(Excerto do ensaio)
Victor Hugo (1802-885). "Foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande visibilidade política no seu país. Autor dos romances, "Os Miseráveis", "O Homem que Ri", "O Corcunda de Notre-Dame", "Cantos do Crepúsculo", entre outras obras célebres. Grande representante do Romantismo, foi eleito para a Academia Francesa."
(Fonte: Wook)
Encadernação meia de pele com cantos e ferros gravados a ouro na lombada. Conservas as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação Mancha antiga de humidade no pé do retrato de Hugo (não visível na foto).
Raro.
25€

23 setembro, 2023

ARAUJO, Manoel -
INDUSTRIAS DE BRAGA (notas dum jornalista)
. Braga, Tipografia da «Pax», 1923. In-4.º (23x16 cm) de 220, [4] p. ; [43] p. il. ; B.
1.ª edição.
Magnífico roteiro-inquérito industrial da região de Braga, incluindo algumas das mais emblemáticas empresas da época.
Livro ilustrado em separado com 43 estampas - impressas sobre papel couché - reproduzindo unidades industriais da região e seus produtos.
"Ao reunir em volume o inquérito á vida industrial de Braga - inquérito ligeiro, feito no dia a dia febril do jornalismo - um desejo que nos animou: carrear alguns elementos para a larga, profunda e esclarecida obra que se torna preciso fazer sobre a actividade económica bracarense. [...]
Reconhecendo tôdas as deficiências de que o inquérito não está isento, por motivos fàcilmente compreensiveis, teve-se em vista, apenas, formular como que um índice das nossas indústrias.
É pouco, sem dúvida. Ainda assim permitirá saber-se que desde as artérias públicas ás empresas particulares o esforço da Grey se esculpe em caracteres fundos, em verdadeiros bronzes imorredoiros.
Braga tem estado esquecida, ignorada. No entanto, no rude e laborioso revolver dos campos; no intenso movimento da cidade; no murmúrio cadenciado das oficinas humildes; na fornalha escaldante das grandes fábricas, a mão rugosa do bracarense, o seu pulso forte, aparece senhor da victoria, e uma multidão infinita de pessoas move-se, trabalha, lucta numa ansiedade que nunca tem fim, que aumenta de hora a hora, de instante a instante, num propósito sublime de engrandecimento.
É devido a esse propósito - incontestavel gerador de tão funda acção - que Braga possue hoje fábicas enormes, fortes; estabelecimentos comerciais importantes, belos; uma vida económica desenvolvida, rica; uma vida social consideravel; excelentes instituições de caridade e e magníficos monumentos de grande beleza artística.
Tem esse propósito a valoriza-lo, ainda, a grande virtude de ser realizado com os únicos recursos da Terra, sem o mínimo auxílio do Estado - pode dizer-se afoitamente."
(Excerto do preâmbulo)
Indice:
[Preâmbulo] | Industrias de Braga | Fábrica Social Bracarense | Fábrica Taxa | A Industrial | Saboaria e Perfumaria Confiança | Saboaria a Vapor | Emprêsa de Calçado «Fox» | Companhia Fabril do Minho | Companhia Fabril do Cávado | Colégio de Regeneração | A Bracarense | Marcenaria Artística | A Indústria de Talha | A Indústria de Mobiliário | Arte Moderna, Marcenaria | Arte Religiosa | União Mecânica | Latoaria Mecânica a Electricidade | Serralharia Mecânica e Civil | Antiga Fábrica de Fundição de Sinos | Indústria de Artigos de Viagem | A Indústria da Cêra | Luvaria Monteiro | Grande Serração e Moagem de Braga, Limitada | «Pax» | Banco do Minho | Ultimas Notas.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas sujas com falhas e pequenos defeitos marginais. Ex-libris de Casimiro de Souza Fontes Junior colado na f. ante-rosto.
Raro.
Com interesse histórico e industrial.
45€

22 setembro, 2023

COMO FOI ASSASSINADO O DR. AUGUSTO MALAFAYA : a verdade sobre o crime de Serrazes.
Desfazendo uma campanha de infamias calunias e torpezas. Lisboa, Tipografia Costa Sanches [Editor: - Bernardo Telles Malafaya], 1921. In-8.º (20x13,5 cm) de 127, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Obra sobre o crime de Serrazes, homicídio que sobressaltou o país e deu brado na época, prolongando-se em acesa polémica nos anos que se seguiram, coincidindo com o julgamento dos criminosos.
Obra publicada anónima, mas sendo seu editor Bernardo Teles Malafaia, tio da vítima, o mesmo que pouco antes do crime fizera Augusto seu herdeiro, eventual causa para o trágico desfecho. A BNP dá como autor Amélia de Pina Falcão Malafaya, mãe do malogrado moço.
"Em 26 de julho de 1917, Augusto Teles Malafaia, então com 34 anos, foi assassinado na sua Casa das Quintãs, em Serrazes. A natureza do crime, a forma como o processo judicial se desenvolveu e as divergências da opinião pública conferiram ao caso um enorme mediatismo a nível nacional. Muito comentado em todo o país até aos anos trinta do século XX, e ainda hoje lembrado na região de Lafões, tornou-se um dos mais famosos crimes portugueses."
(Fonte: http://www.jornaldamealhada.com/noticia/7972)
"Este livro era absolutamente necessario. Exigiam-no a memoria, sacrilegamente conspurcada, dum bondozissimo rapaz, o nome sem mancha duma nobilissima familia, a dignidade de alguns magistrados e a honra e reputação de muita gente.
Está quasi concluido o julgamento dos assassinos de Augusto Malafaya e todavia o publico não conhece ainda a verdade sobre o crime vilissimo de que foi vitima o desventurado rapaz.
Têm-no trazido iludido os torpissimos assassinos e os não menos torpissimos agentes de que eles se têm servido, e que em jornaes e em folhetos, ao mesmo tempo que injuriam a memoria da vitima, e que difamam e caluniam a familia que o crime enlutou, têm divulgado e feito correr mundo que fôra um forte motivo de honra que conduzira os criminosos a Serrazes, que norteará o seu gesto, que os levára ao assassinio...
Mentira! Mentira! Mentira!
Durante trez anos o publico tem vindo sendo enganado sobre o verdadeiro mobil do crime e sobre as circunstancias tristissimas em que ele se produziu."
(Excerto de Explicação indispensavel)
Índice:
Explicação indispensavel | I - Como foi assassinado o dr. Augusto Malafaya II - A contestação do libelo acusatorio. III - Assassino, caluniador e... ladrão.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Papel de fraca qualidade. Cansado, com pequenos defeitos.
Raro.
35€

21 setembro, 2023

CERÂMICAS ANTIGAS DAS CALDAS E DE BORDALO PINHEIRO.
[Exposição organizada pela Junta de Turismo da Costa do Estoril e Museu de Cerâmica nas Caldas da Rainha]. [S.l.], Junta de Turismo da Costa do Estoril, 1984. In-4.º (26x16,5 cm) de [66] p. ; [22] p. il. ; B.
1.ª edição.
Catálogo da exposição que teve lugar no Pavilhão dos Congressos do Estoril, em Agosto de 1984, na Galeria das Arcadas.
Junta-se folheto das peças extra-catálogo.
Livro impresso em papel de superior qualidade, ilustrado no texto com desenhos das marcas registadas e, no final, em separado, com inúmeras fotografias distribuídas por 22 páginas.
"Apesar do prestígio que o centro cerâmico de Caldas da Rainha conquistou ao longo dos séculos, até hoje não se esclareceu o enigma que constitui o primeiro período da sua história e da sua produção. Através de raros documentos e por uma sólida tradição oral, sabemos que no séc. XVII esta produção já era florescente, mas não existia nenhuma obra assinada até à segunda metade do séc. XIX e nem se conservaram os raros fragmentos de cerâmica recolhidos no final do século passado em escavações efectuadas nos locais de uma antiga olaria e então estudados pelo ceramista Manuel Cipriano Gomes Mafra."
(Excerto de I - Introdução)
"Manuel Mafra, novo proprietário da fábrica que comprou a Maria dos Cacos, introduziu rapidamente inovações que revolucionaram os costumes dos seus parceiros aplicando do reverso das peças um carimbo comercial gravado no barro; já não se trata então de iniciais tímidas, meio apagadas pela espessura do vidrado. O primeiro carimbo de Manuel Mafra é constituído por uma âncora enquadrada nas quatro iniciais formadas pelo seu nome e alcunha M. C. G. M. "Manuel Cipriano Gomes, O Mafra", iniciais como já referimos, que se encontram nalgumas peças da Escola de Maria dos Cacos da qual O Mafra fez parte. Maia tarde, o interesse e a protecção dispensados pelo rei D. Fernando permitiram-lhe a introdução da coroa real no novo carimbo acrescentado mais tarde da inscrição "Portugal", signo do desenvolvimento comercial a nível internacional, facto raro e talvez único na história da cerâmica portuguesa do séc. XIX."
(Excerto de II - A Olaria das Caldas da Rainha: De Manuel Mafra a Rafael Bordalo Pinheiro)
"Rafael Bordalo Pinheiro tinha 38 anos e encontrava-se no apogeu da sua brilhante carreira de caricaturista quando, por 1883, o irmão Feliciano que andava, então, interessado na constituição duma sociedade para fundar uma fábrica de faianças nas Caldas da Rainha, o indigitou para director artístico da futura empreza, apostando, naturalmente, no seu já firmado prestígio de artista. Aceita, em princípio, sem hesitação, dispondo-se, desde logo, a submeter-se às primeiras provas.
Tratava-se duma empolgante experiência a que o seu temperamento dispersivo, sempre sedento de novas emoções, não podia ficar indiferente."
(Excerto de III - Rafael Bordalo Pinheiro e as Faianças das Caldas)
Índice:
I - Introdução. II - A Olaria das Caldas da Rainha: Das Origens até Manuel Mafra. De Manuel Mafra a Rafael Bordalo Pinheiro. III - Rafael Bordalo Pinheiro e as Faianças das Caldas. IV - Produção mais Antiga: Maria dos Cacos(?). Manuel C. G. Mafra. Oleiros e Ceramistas de Meados do séc. XIX. V - Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha e Fabricantes da Época. VI - Início do séc. XX. VII - Figuras de Engonço ou de Movimento. VIII - Olaria. IX - Algumas Marcas Registadas. Fabricantes Representados. Abreviaturas. X - Fotos.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e bordaliano.
30€

20 setembro, 2023

A CONSPIRAÇÃO DE 1817 CONTRA A VIDA DO GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE,
3.º Grão Mestre da Maç.∙. Portugueza - Conferencia. [S.l.], [s.n.], [1903]. In-8.º (22,5x15,5 cm) de 19, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Homenagem da maçonaria portuguesa a Gomes Freire de Andrade (1757-1817), também ele maçon, executado por enforcamento junto ao Forte de São Julião da Barra (Oeiras), a 18 de Outubro de 1817, sob acusação de crime de traição à Pátria.
Conferência proferida por Böer, Irmão do grau 25, inclui breve apontamento biográfico - político e militar - sobre o General, e reproduz correspondência sua e diversos documentos oficiais da época.
Na contracapa foi impresso cliché do padrão erigido em memória de Gomes Freire de Andrade na esplanada do forte de S. Julião da Barra, realizado por ocasião da romaria maçónica de 18.10.1903.
"Fez hoje 86 annos que a Maç.∙. se cobriu de lucto pelo assassinato official do seu prestantissimo Ir.∙. «Porset», ven.∙. da R.∙. Loj.∙. Restauração n.º 341 e Sap.∙. G.∙. M.∙. da Maç.∙. em Portugal, elevado a este cargo de 1816.
O G.∙. Or.∙. Luz.∙. Uni.∙. Sup.∙. Cons.∙. da Maç.∙. Portugueza não póde nunca esquecer a morte affrontosa, tragica e iniqua dada a este benemerito da Patria, a este Portugueza patriota illustre, bravo militar Gomes Freire de Andrade, que em vida nobilitou a Nação com o seu grande valor e patriotismo, dentro e fóra do paiz, tendo tambem sido honrado por diversas nações estrangeiras que lhe confiaram logares de honra onde prestou relevantissimos serviços, deixando perpetuada a sua memoria e tendo recebido grandes demonstrações de apreço e reconhecimento ao inverso do que fez a Mãe-patria que só lhe serviu de madrasta da peor especie(!) pagando-lhe com ignomia, odio, inveja e com «morte na forca, decepada a cabeça e os restos reduzidos a cinza pelo fogo»... para que da sua envergadura não restasse memoria ou reliquia alguma aos vindouros, pois que a mesma sentença de morte ordenou «que as suas cinzas fossem lançadas no Oceano» onde se perderam!"
(Excerto da Conferência)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos cortes e defeitos.
Raro.
Com interesse histórico e maçónico.
25€

19 setembro, 2023

HEADLAM, J. W. - AS CONDIÇÕES DOS ALLIADOS PARA A PAZ.
Por...
Londres: Eyre and Spottiswoode, Ltd, 1917. In-8.º (21,5 cm) de 32 p. (inc. capas) ; B.
1.ª edição.
Os meandros diplomáticos da Grande Guerra. Opúsculo com significado histórico, político e diplomático.
"Os ultimos dias de 1916 e os primeiros de 1917 ficarão memoraveis na historia da guerra, não pelos acontecimentos desenrolados nos campos de batalha, porém, pelas subtilezas diplomaticas que tiveram lugar. É ainda demasiado cedo para discorrer sobe ellas com inteira precizão. A Allemanha não deu resposta clara á nota do presidente Wilson e agora mesmo, quando eu escrevo estas linhas, circula uma carta do imperador allemão que é talvez a mais extraordinaria por ser, no genero, a mais caracteristica mencionada na historia.
Mas si uma narrativa completa e rigorosamente commentada, de tudo quanto tem occorrido, não pode ser ainda offerecida ao publico, nós temos, pelo menos, um documento memoravel, no qual os Alliados declaram officialmente os motivos porque estão decididos a continuar a guerra. Trata-se de uma opportuna declaração que nós esperamos será encarada no futuro como o arauto de uma melhor e nova era, que vae raiar nos annaes da Europa, agora perturbada.
Que explicação é essa, recusada pelos Alliados ás potencias germanicas, porém, dada de boa vontade ao presidente da Republica dos Estados Unidos? Para o inimigo, que está ainda affectando uma confiança, difficilmente mantida, na continuação de seus successos militares, essa explicação é apontada como um acto de loucura, para outros, porém, ella é tida como um supremo acto de fé - fé que dá coragem no momento actual, robustecendo a confiança nos melhores tempos do porvir.
Si alguma coisa existe em que todos os homens estão de accordo, é que esta guerra não deve cessar em condições que permittam as hypotheses de conflictos similhantes no futuro."
(Excerto de As condições dos Alliados para a paz - Preâmbulo)
Índice:
As condições dos Alliados para a paz [Preâmbulo]. | Resposta dos Alliados á Nota Americana - [10 pontos]. | A Nota Allemã aos Neutros. | A resposta da Belgica.
James Wycliffe Headlam (1863-1929). "Foi um historiador inglês. Em 1918 alterou o seu nome para Headlam-Morley. Foi nomeado cavaleiro em 1929 pelo seu serviço público. Era o irmão mais novo de Arthur Cayley Headlam (1862–1947). Fgura influente, trabalhou na propaganda aliada durante a Primeira Guerra Mundial. Após o final do conflito, colaborou na preparação do tratado de Versalhes."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse para a bibliografia WW1.
Indisponível

18 setembro, 2023

SILVA, Cesar da -
A DERROCADA DE UM TRONO
. Cronica dos dois ultimos reinados em Portugal (1889-1910). Lisboa, João Romano Torres, 1922. In-8.º (19x12,5 cm) de 384 p. ; E.
1.ª edição.
História do último período da monarquia constitucional portuguesa, respeitante aos reinados de D. Carlos I e seu filho,  D. Manuel II, que precederam a instauração da República.
"Pouco depois das onze horas do dia 19 d'outubro de 1889, as fortalezas de Lisboa e os navios de guerra, surtos no vasto estuario do Tejo, puzeram as bandeiras a meia haste e o troar da artilharia começou a marcar lugubremente os quartos de hora.
O rei D. Luiz falecera, após dolorosos sofrimentos, no palacio da cidadela de Cascaes. [...]
Não produziu extranheza em ninguem a morte do monarca, porque era caso já esperado. Tão pouco causou magua, pois o tempo das veementes dedicações pela monarquia tinha já passado. Alem dos seus mais achegados, ninguem decerto lhe chorou a perda.
A realeza, entre nós, começava já a estar bastante decaída. Havia, sim, por essa época, na maioria do publico, ainda um certo espirito de conservantismo, que adoptava, como coisa necessaria, a continuação da monarquia, mas já sem fanatismo... nem demasiado interesse.
Uma consequencia da inercia aplicada ás idéas, e nada mais. [...]
O sucessor do rei morto foi seu filho D. Carlos, que já a esse tempo contava vinte e seis anos. Do casamento de D. Luiz com D. Maria Pia houvera apenas dois fructos, o herdeiro do trono e outro um pouco mais novo, chamado Afonso Henriques."
(Excerto do Cap. I)
Encadernação em percalina com rótulo e letras a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€

17 setembro, 2023

SILVA, Ismael da -
O DR. AFONSO COSTA E A SUA OBRA. (1897-1915). Lisboa, Deposito - M. Pinto Vieira, 1915. In-8.º (18,5x13 cm) de 48 p. ; B.
1.ª edição.
Apanhado do percurso de Afonso Costa como estadista, espécie de biografia política respeitante ao período compreendido entre 1897 e 1915, ano da publicação deste trabalho.
Trata-se de um elogio-homenagem publicado pouco tempo após - e na sequência - do acidente que vitimou o governante ao lançar-se de um carro eléctrico em andamento para a via pública, resultando o episódio numa forte comoção cerebral que lhe valeria 20 dias de internamento no Hospital de S. José, em Lisboa.
Inclui a descrição do acidente em rodapé, bem como do período de internamento hospitalar e dos médicos que o assistiram.
"O grave desastre sucedido ao dr. Afonso Costa em principios de Julho poz bem em evidência o quanto êle, como político, homem de govêrno e de acção, é estimado e admirado por milhares de concidadãos, correligionários e até adversários politicos.
Reconheceram mesmo êstes que seria uma perda enormissima; reconheceram que a Pátria e a República alguma coisa perderiam a dar-se um fatal desenlace.
É que Afonso Costa, afóra alguns seus actos menos concordes com o que êle apregoou em idos tempos - e que é que não erra? - incarna a verdadeira democracia, o mais alto patriotismo e o mais intenso antagonismo a tudo que respeite á reacção clerical e ao ultramontismo.
Os seus trabalhos em prol da idéa republicana são muitos, são importantes, alguns de um gigantêsco valor.
São-no ainda após a implantação da República, quer para a sua consolidação, quer para a sua gloriosa marcha através de mil obstáculos."
(Excerto da homenagem)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas frágeis com defeitos. Capa com algarismo a tinta. Contracapa apresenta falha de papel de algum relevo no canto inferior esquerdo.
Raro.
Sem registo na BNP.
25€
Reservado

16 setembro, 2023

AZEVEDO, Correia de - LAFÕES. [S.l.], [s.n. - Comp. e imp. nas Oficinas  Gráficas «A Modelar», Amares], Julho de 1958. In-8.º (22,5 cm) de 261, [1] p. ; [91] f. il. ; B.
1.ª edição.
Importante monografia sobre a região de Lafões, contendo inúmeras informações históricas, culturais, geográficas e administrativas. Trata-se de uma verdadeira "bíblia" lafonense, talvez a mais completa e interessante obra que sobre esta zona do país se publicou.
Edição cuidada, impressa em papel de superior qualidade, contendo 91 folhas separadas do texto que reproduzem inúmeros desenhos e fotogravuras com retratos de personalidades, paisagens, monumentos e lugares históricos. Inclui no final de cada capítulo, diversas páginas preenchidas com publicidade promovendo produtos e serviços de casas comerciais e industriais da região, que, por certo, terão ajudado a subsidiar a sua produção.
"A Região de Lafões
Situada na parte mais ocidental da Beira Central, a Região de Lafões é uma sub-região natural, constituída pelas terras tributárias do curso médio do Vouga e dos seus afluentes Sul e Ribamá, que, vindos de margens opostas, confluem junto de S. Pedro do Sul.
De Lafões fazem geograficamente parte os concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul, as freguesias de Cedrim e Couto de Esteves (do concelho de Sever do Vouga), Alva e Gafanhão (do concelho de Castro Daire) e parte das freguesias de Bodiosa e Ribafeita (do concelho de Viseu).
Remontam a recuadas épocas pré-históricas os primeiros sinais de povoamento. Por toda a Região de Lafões, restam vestígios de populações neolíticas, que, sobretudo em pontos elevados de terras graníticas, construíam as suas habitações, inumavam os seus mortos em dólmens e mamoas e, nas pedras das encostas dos montes, gravavam sinais, provavelmente relacionados com os monumentos funerários.
Com a queda do Império Romano do Ocidente (476), a Região de Lafões passou a fazer parte do efémero reino suevo e, a seguir, do mais estável reino visigótico. Da fusão dos elementos germânico e românico, aglutinados pelo elemento religioso cristão, resultará uma população que, no século VIII, vai sofrer o embate da invasão muçulmana.
Com o avanço da Reconquista cristã, sobretudo depois das conquistas de Fernando Magno a sul do Douro, incluindo Viseu, a Região de Lafões vai-se desenvolvendo populacionalmente. As populações rurais dispersam-se por "villas", propriedades rústicas, granjas ou herdades, mais ou menos isoladas. Foram estas propriedades rústicas que, desenvolvendo-se e aglutinando-se, vieram a dar origem às primeiras povoações."
(Fonte: Oliveira. A. Nazaré, Património Histórico-Cultural da Região de Lafões, Millemium 22, 2001)
"Tal como actualmente se encontra, o território de Lafões, reparte-se grosso modo por três concelhos:
O concelho de Oliveira de Frades, e os concelhos de S. Pedro do Sul e Vouzela. [...]
Relativamente à etimologia de Lafões, temos:
«Em 1609, disse Fr. Bernardo de Brito, que D. Fernando Magno de Leão, quando tomou Viseu aos mouros no ano de 1038, ou 1057 como diz Alexandre Herculano, era governador da dita cidade o alcaide mouro Alafum, que se fez cristão, pelo que D. Fernando Magno lhe poupou a vida e lhe deu terras para viver e povoar, terras que do dito mouro Alafum tomaram o nome de Lafões. [...]
Um autor desconhecido, referindo-se a esta parte em questão da etimologia de Lafões, dá o seu parecer do seguinte modo:
«O nome de Lafões, ou Alafões, como se dizia antigamente, deriva de uma palavras árabe que significa «dois irmãos», designação aplicada a dois cabeços parceiros - os montes Lafão (601m.) e Castelo (538m.) que constituem a terminação setentrional da serra do Caramulo.
Esta última versão é a mais aceitável e a que não oferece, segundo cremos, nenhuma contestação."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse da f. rosto. Contém alguns (poucos) sublinhados e anotações a lápis ao longo da obra.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
60€

15 setembro, 2023

MOLTALVERDE, Chitónio - OS PRIMÓRDIOS DO CINEMA PORTUGUÊS. [S.l.], [s.n. - Mirandela & C.ª, Lisboa], Novembro. 1970. In-8.º (18,5x12,5 cm) de 16 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio histórico. Trata-se do resumo cronológico dos primórdios do cinema português (1896-1916).
Livrinho ilustrado com o retrato d'Os pioneiros portugueses - Aurélio da Paz Reis; Manuel Maria da Costa Veiga; João Freire Correia; Ernesto de Albuquerque.
"Portugal foi um dos primeiros países a receber a visita do cinema. Começámos cedo a produzir filmes. Ainda o fascinante invento dos Lumière só tinha um ano de vida já alguns portugueses tentavam desvendar os segredos da sua magia.
Dos primórdios, que consideramos o período que vai da sua fundação até 1916, o seu estudo, análise e dados estatísticos tornam-se um tanto problemáticos, em virtude da falta de registos que possam atestar essa actividade. A partir de 1917 o panorama passa a ser outro, com a saída em 15 de Março do primeiro número da «Cine Revista», o primeiro jornal cinematográfico português. Tudo se modifica. As dúvidas podem ser esclarecidas através da consulta dos orgãos que, desde então a esta data, se têm publicado.
O presente trabalho não é mais que um ensaio cronológico do cinema português, do tempo que vai de 1896 a 1916. Depois, sobre o que se seguiu, já muitos estudiosos se têm ocupado."
(Introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse bibliográfico.
15€

14 setembro, 2023

MENDES, Manuel -
SOBRE A OFICINA DO ESCRITOR.
Palestra realizada no Clube dos Rotários de Viseu, aos 23 de Junho de 1966. Viseu, [s.n. - Tip. Guerra - Viseu], 1967. In-4.º (23,5 cm) de 15, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Conferência sobre o ofício de escritor - o seu ambiente e método de trabalho, e as suas motivações -, que o autor ilustra com o exemplo de algumas insignes figuras das letras portuguesas com quem privou, como Aquilino Ribeiro e Fernando Pessoa , discorrendo também sobre o "ofício" de Camilo Castelo Branco, Raul Brandão, Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão.
"Há um par de bons anos, quando vim a primeira vez de visita ao vosso vizinho Aquilino, trazido pela curiosidade de o ver na casa da Soutosa, longe do Chiado janota que ele animava com a sua forte presença de serrano e onde com ele convivi, reparei então, sobre a mesa de trabalho, anichada junto ao vão da janela que dá para o recolhido pátio das tílias, naquele retrato de Balzac - gordo e e colarinho aberto, a mão enfiada na carcela da camisa, cabelo revolto, face robicunda, parece que ao mesmo tempo radiante e lívida da insónia - mostrando-se, como após uma dessas suas frequentes alucinações criadoras, em que dia e noite, o possesso, não largava mão da pena. [...] Nessa ocasião, debrucei-me sobre a fotografia e quando em silêncio volvi os olhos para Aquilino, o velho amigo sorriu-me, com certa sombra de irreprimível melancolia no rosto aberto e franco, para dizer, encolhendo resignadamente os ombros:
- La bête de somme.
Deste modo designam os franceses o animal de carga. Tinha ali, diante dos olhos, a boa imagem tutelar, e não foi o génio do romancista que naquela hora para mim evocou, mas o sacrifício exemplar da acérrima e obsidiante vida de trabalho, a desentranhar-se no tumulo torrencial de ficção com que criou a obra ao mesmo tempo prodigiosa e avassaladora. Sentado à banca, esquecido de tudo, sem contar as horas que corriam, não lograva sossego enquanto o caudal abundantíssimo lhe acudia à imaginação, nos conflitos e enredos humanos que o tentavam. [...]
Também Aquilino nos deixou a lição varonil e admirável de uma vida longa de trabalho, no apelo instante da tarefa a realizar. - Ai, as horas perdidas! - Mas o escritor das Terras do Demo impunha-se como outra espécie de homem, hercúleo, sadiamente fecundo e pertinaz, radiante de poder e energia, cuspindo cada manhã com afoiteza nas mãos, bom cavador que pega na enxada - era este o símile de trabalho que mais lhe agradava - e de sol a sol, ano após ano, revolve o chão áspero da sua leira. De tal modo assim era, valente e rijo, que naquela hora, confesso, não foi o seu ensinamento e castigo de vida que me acudiram à lembrança, mas antes as tormentadas e negras noites do desafortunado homem de São Miguel de Seide - lugar aonde eu, da Soutosa, tencionava ir em peregrinação. A inexplicável pena desse condenado, desde logo, em evidente paralelo, me assaltou ao espírito. De outro assim não reza a nossa história literária.
Com efeito, se quereis exemplo, entre nós, da vida verdadeiramente dramática de um galeote das letras, a cavar com génio e lágrimas o escasso pão do seu sustento e a glória de um grande escritor, lembrai a servidão de Camilo, mormente nesses anos amargurados de Seide, acossado de dores e desesperações, até ao martírio de cegueira. [...]
... Vejamos, noutro exemplo, como foi a existência e a devoção de um grande poeta. Para tanto, consenti que vos evoque a figura de Fernando Pessoa, com quem alguns anos convivi, trazendo-vos o meu comovido testemunho. Esse, podemos dizer que nem banca nem oficina - o vaguear a esmo pelas ruas, o cogitar sem descanso nos seus sonhos, rendido à obra extraordinária, que depois da morte lhe foram encontrar arrecadada num baú, e é um dos belos luzeiros do nosso tempo. Para mais nada vivia, absorto na cisma, na indiferença completa do mundo, soltando-se do cárcere em que nos prendem, como imponderável sombra que se evade.
Encontrávamo-nos à tardinha, quando ele acabava as ocupações do seu ganha-pão, correndo escritórios de exportadores, a quem traduzia a correspondência comercial. Naquelas tarefas angariava um salário magro - quanto lhe bastava. Aparecia e sentávamo-nos, então, à mesa de um café barulhento, e, se para aí estavam virados os ventos, partíamos para algum gostoso jantar de taberna. [...] Caminhava com o seu passo tíbio, as calças um pouco arregaçadas a deixar ver o tornozelo, e aquele riso fungado que se misturava às palavras tímidas, discretas, pronunciadas talvez a medo, ou  no intento de que na  noite se diluíssem sem fazer eco. O rosto alongado, o olhar turvo de míope a entreluzir através dos óculos - assim era e foi o mais benigno dos companheiros, na comovedora singeleza da alma quase inocente.
Confessara certa vez que os poemas lhe aconteciam..."
(Excerto da Palestra)
Manuel Joaquim Mendes (1906-1969). "Escritor, artista plástico e resistente antifascista, nasceu em Lisboa a 18 de Janeiro de 1906, cidade onde também faleceu, em 4 de Maio de 1969. Manuel Mendes fez largas incursões nas artes plásticas, mas destacou-se sobretudo pela sua atividade literária, colaborando em numerosos jornais e revistas, como a Seara Nova, a Revista de Portugal, a Vértice, e os jornais O Século, Primeiro de Janeiro, A Capital e República. Como escultor, Manuel Mendes participou no Salão dos Independentes e nos dois salões de 1946 e 1947 da Exposição Geral das Artes Plásticas, organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes. A sua casa foi sempre ponto de encontro de muitos dos seus amigos e companheiros, sendo instituída em 1977 a Casa-Museu Manuel Mendes."
(Fonte: Wook)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
Com significado histórico e literário.
20€