24 setembro, 2023

HUGO, Victor -
A SOCIEDADE E O CRIME.
Traducção de Teixeira de Brito. Edição commemorativa do quinto anniversario do passamento do grande Poeta. Porto, Typ. de Arthur José de Sousa & Irmão, 1890. In-4.º (23x15 cm) de XX, 44 p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Interessante romance-ensaio pela pena de Victor Hugo, um dos grandes mestres da literatura mundial, conhecido pelas suas preocupações sociais e humanistas. Estudo raro e valioso, baseado em acontecimentos reais, foi publicado originalmente em França (1834), com o título Claude Gueux.
Versão portuguesa, cuidada, por certo com tiragem reduzida e impressa a expensas do tradutor, ilustrada com um retrato de Hugo em separado.
"Claude Gueux, cujo nome por si só evoca Os Miseráveise e anuncia com trinta anos de antecedência o imenso Jean Valjean, era um pobre diabo, sem dúvida um crápula. Em 1831 foi condenado a oito anos de prisão por roubo; assediado pelo chefe dos guardas, assassinou-o com um machado. Ele foi empurrado para o crime, jura. Seus companheiros de prisão apoiam-no. Mesmo assim, os juízes mandaram-no para o cadafalso. Desta notícia sórdida e deste julgamento, Hugo fará a acusação mais violenta e apaixonada contra a pena de morte primeiro, que este trabalhador, este miserável homem da terra não merecia, e contra a sociedade desumana da época. "As pessoas sofrem, as pessoas têm fome, as pessoas têm frio. A pobreza empurra-as para o crime e o vício. "Abram as escolas, fecharão as prisões. Hugo insulta, grita a sua indignação. E defende a nobreza do ser humano."
(Fonte: Wook)
"Ha sete ou oito annos que vivia em Paris um pobre operario chamado Claudio Gueux. Em sua companhia estava uma rapariga com quem vivia em concubinagem. Como fructo d'esta concubinagem havia uma creança de tenra edade.
É meu dever exprimir as cousas limpidamente, sem subterfugios, deixando ao leitor a tarefa de extrahir a moralidade á medida que a inflexibilidade dos factor for matizando o caminho percorrido. Assim farei.
O operario era honrado, habil, intteligente, pessimamente orientado pela educação mas optimamente protegido pela natureza: não sabia ler mas sabia pensar.
Em um determinado inverno, porém, escasseou-lhe o trabalho. O lume e o pão, materias primas da existencia, eram extranhas ao tugurio. Elle, a amasia e a creança sentiram a fome - a fome! - invadir-lhes desapiedadamente as entranhas. Ora a fome  é d'um rigor summo. N'esta desgraçada conjunctura Claudio foi impellido ao roubo. E roubou. Que roubou elle? Onde foi efectuado o roubo? Não sei. O que sei, porém, é que d'este «roubo», se roubo se póde chamar á satisfação das exigencias estomacais, resultou tres dias de alimento para a mulher e para a creança, e cinco annos de prisão para o pobre Claudio."
(Excerto do ensaio)
Victor Hugo (1802-885). "Foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande visibilidade política no seu país. Autor dos romances, "Os Miseráveis", "O Homem que Ri", "O Corcunda de Notre-Dame", "Cantos do Crepúsculo", entre outras obras célebres. Grande representante do Romantismo, foi eleito para a Academia Francesa."
(Fonte: Wook)
Encadernação meia de pele com cantos e ferros gravados a ouro na lombada. Conservas as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação Mancha antiga de humidade no pé do retrato de Hugo (não visível na foto).
Raro.
25€

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