21 julho, 2018

GAMA, Affonso da - NA PRIMAVERA. PELO INVERNO. (Do livro a sahir, A Genesis da Vida). Vizeu, Typographia Popular, 1902. In-8.º (17cm) de 16 p. ; B.
1.ª edição.
Opúsculo constituído por dois belos poemas - Na Primavera e Pelo Inverno -, aparentemente, extraídos de uma obra que o autor viria a publicar mais tarde, ainda no mesmo ano - A Génesis da Vida. Em Na Primavera, tudo é alegria, tudo é esperança. Ao contrário, em Pelo Inverno, o autor mostra-se pessimista e crítico das miseráveis condições de vida dos mais desfavorecidos comparativamente com os acolhedores salões dos ricos.
Livrinho muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor à sua conterrânea, a poetisa Beatriz Pinheiro.

"Chove tanto e tanto lá por fóra, ó gentes,
Ó impios aváros, ó almas impuras,
Filhos insensatos, sceticos descrentes,
Que andaes a sorrir arreganhando os dentes,
Á misera dôr das pobres creaturas.

O vento sibila, agreste e desabrido,
Por entre os taipaes das casas elevadas:
E a Dôr por lá anda só, como um perdido,
Sempre a suspirar em vão no triste olvido,
Farejando o amor das almas devotadas.

O frio regela; e as virgens seminúas.
Que andam lá por fóra, pobres e sem meios,
Passam a tremer, inertes, pelas ruas,
Mostrando atravez d'andrajos, quasi nuas,
As lascivas carnes de seus niveos seios.
"

(Excerto de Pelo Inverno)

Afonso Bandeira de Melo da Gama Castel Branco (1875-?). "Nasceu em Viseu em 1875. Entre a escassa informação que chegou à actualidade acerca da vida e da obra deste autor, apenas se tem conhecimento de que foi funcionário da Fazenda e que nas letras viseenses se destacou como poeta, estando entre as suas primeiras obras no género o volume publicado na cidade de Viseu, sob o título paradoxal de Na primavera pelo inverno (1902), ao qual se somam ainda os títulos Génesis da vida (1902), A caminho da noite (1904) e O génio do heroísmo (1911)."
(Fonte: http://vcp.ul.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=48&Itemid=122#viseu_10)
Exemplar brochado (capas simples e lisas) em bom estado de conservação. Ostenta na f. rosto dois carimbos oleográficos e uma etiqueta, todos do Conservatório Nacional.
Raro.
Indisponível

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