06 novembro, 2025

SILVA, Ezequiel Moreira da -
CRAVOS E ALCACHOFRAS
. Lisboa, Tip. Hnrique Torres, [192-]. In-8.º (21x13 cm) de 8 p. ; B.
1.ª edição.
Obra poética devotada aos Santos Populares da autoria de Ezequiel da Silva, empresário micaelense, inventor da farinha Serpentina, distribuída em Lisboa pela Casa Jerónimo Martins.
Folheto raro e muito curioso. Por certo seria distribuído gratuitamente para divulgação do produto. O verso da capa e contracapa foram utilizados como veículo de promoção da marca, evidenciando algum pioneirismo, optimista, mas notável: "Um récord interessante. Num mez, Lisboa inteira ficou conhecendo a palavra "Serpentina". Em trez, Lisboa inteira terá provado esta deliciosa farinha. Em seis mezes toda a gente a terá adoptado, pois chegará á conclusão de que é a melhor farinha alimenticia que se fabrica em Portugal."
"Ezequiel Moreira da Silva (1893-1974), um açoriano apreciador deste produto, uma raiz, a serpentina (conhecida no continente como «jarro dos campos», pela semelhança com a flor decorativa a que chamamos «jarro»), que provém de uma planta altamente tóxica (sim, tão tóxica que já foi usada como rodenticida), mas que, depois de um longo tratamento (limpa, raspada, lavada, cozida, ralada, coada, demolhada, secada) é transformada numa farinha que já foi muito conhecida e ampla mente comercializada, até aos anos 30 do séc. XX, viu as suas potencialidades comerciais e, da mesa dos mais desfavorecidos, foi exportada para a dos abastados, com muito sucesso. Na caixa do produto, vendido, então, nos Armazéns do Chiado, as suas qualidades eram realçadas («Um alimento delicioso para creanças, para adolescentes, para toda a gente!»), destacando-se as «Conclusões da análise do Prof. Charles Lepierre: farinha tipo fécula de composição normal, bem preparada, semelhante à de arrow-root. Pode entrar na alimentação corrente. Poder alimentício – 3.500 calorias por kilograma»."
(Fonte: Nogueira, Adriana - Percorrendo as capelinhas: comida e afetos, Cultura.Sul, 2014)

"Na noite de S. João,
A mais linda deste mez;
Quem não sente um amôr novo
Não é um bom portuguez.

Nesta noite tão bonita,
Mais do em outra qualquer,
Anda uma chama a arder
No coração da mulher."

Até o pobre velhinho
Desfolhando uma ilusão,
Sente o calor dum carinho
No fundo do coração.

Raparigas de Lisboa
De corpo airoso e bem feito:
Uma flôe em cada rôsto,
Uma chama em cada peito.

Cantai as minhas cantigas
Feitas ao correr da pena,
Sôbre os cravos de papel
Destas noite de Verbena."

(Excerto de Cravos e Alcachofras)

Ezequiel Moreira da Silva (1893-1974). "Empresário, natural de Ribeira Grande, ilha de São Miguel, trabalhou e residiu em Lisboa, na cidade da Horta e na cidade natal onde veio a falecer."
(Fonte: https://acores.rtp.pt/comunidades/ezequiel-moreira-da-silva-marinheiros-do-pico-c-audio/)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
25€

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