SARMENTO, José Júlio de Castilho de - RELAÇÃO DAS MEDIDAS DE DEFENSA QUE SE EXECUTARAM NAS MARGENS
DO RIO VOUGA, DEPOIS DA TOMADA DO PORTO PELO MARECHAL SOULT EM 1809 : Uma biografia. [Por]... 4.º Visconde do Banho. Aveiro, [s.n. - Oficinas gráficas da Coimbra Editora, L.da - Coimbra], 1958. In-4.º (24,5x17 cm) de 51, [1] p. ; B.
1.ª edição independente.
Importante subsídio para a história das Invasões Francesas, publicado em separata do Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XXIV. O autor reproduz o manuscrito coevo do seu bisavô Alexandre - Relação das medidas de defensa que se executaram nas margens do rio Vouga... -, abrindo o estudo com um apontamento biográfico do seu antepassado, figura de relevo na época.
"Como me propusesse lançar por escrito o que aconteceu enquanto duraram as operações defensivas sobre o Vouga, darei agora fim ao meu pequeno trabalho, porque., ainda que os mesmos corpos entrassem nas operações ofensivas dos dias 10, 11 e 12 de Maio, e sendo a artilharia do Coronel Trant a primeira que rompeu fogo sobre os Franceses na manhã do dia 10 de Maio, estas tropas já obravam debaixo da ordem do Marechal General, cuja campanha é totalmente distinta. Induziu-me a este pequeno trabalho a curiosidade dalguns amigos, e o meu desejo de corresponder às suas patrióticas intenções me obrigou a aclarar alguns apontamentos que fiz a este respeito, aonde não entrou outra consideração mais do que a justa admiração por um acontecimento que tanto enobrecera a História Portuguesa do ano de 1809. Os povos da esquerda do Vouga, levados de uma gratidão pelos esforços que fez o Coronel Trant para salvar o país entre o Vouga e a Mondego, pretenderam colocar num monumento sobre a altura do Marnel, situada entre a ponte deste nome e a do Vouga."
(Fonte: Wook)
"É autor desta Memória, que agora pela primeira vez se publica, Alexandre Tomás de Morais Sarmento, 1.º Visconde do Banho.
Escolar de leis na Universidade de Coimbra aquando as Invasões francesas, assentou praça no Corpo Académico em 1808; e, pelo perfeito conhecimento que tinha da língua inglesa (fora por seu pai enviado para o colégio de Eton, em Inglaterra, em tenra idade, donde só regressara para frequentar a Faculdade de Coimbra), exerceu, sob as ordens do general Nicolau Trant, governador militar do Porto em 1809, as funções de deputado do ajudante general das forças então reunidas naquela cidade, cargo da mais alta consideração, em que sucedeu a Palmela. [...]
Aderiu ao movimento liberal de 1820. Deputado às Constituintes de 1821 pela província de Trás-os-Montes, tomou parte activa nos trabalhos parlamentares de que saiu a Constituição de 1822. Deputado pela Beira, tomou também parte nas batalhas parlamentares de 1822 e 1826.
Em 1828, fez parte da Junta Governativa que se criou no Porto após o movimento de 16 de Maio contra a usurpação de D. Miguel e a proclamação da monarquia absoluta.
Era então juiz privativo dos Ingleses, no tribunal que, na cidade do Porto, julgava seus pleitos e é a pedido dos negociantes ingleses que emigra para Londres a bordo do «Belfast», onde o levaram já quando demandava a barra do Douro.
Alexandre Tomás de Morais Sarmento, liquidado o movimento inssurreccional, voltava ao seu tribunal, supondo que, do facto de haver feito parte da Junta Governativa, não lhe adviria qualquer mal... [...] E é quando descia a Rua dos Ingleses em direcção ao Tribunal que lhe surgem alguns dos negociantes ingleses a dizer-lhe que estava a alçada de D. Miguel no Porto e que a pena que lhe seria aplicada era aquela que seguidamente se transcreve da própria sentença. Uma vez na capital britânica, não está inactivo, pois, dados os primores da sua educação e os grandes conhecimentos que o ilustram, faz-se redactor do grande diário inglês «Times».
Julgado, pois, como ausente pela Alçada então instalada no Porto, foi contra ele proferida sentença que, «havendo-o como exautorado e privado de todas as honras e privilégios e dignidades de que gozava nestes Reinos, dos quais o haviam igualmente por desnaturalizado, o condenava a com baraço e pregão fosse conduzido pelas ruas da cidade do Porto até à Praça Nova, onde em alto cadafalso, que ali seria levantado, morresse de morte natural de garrote...». [...]
Enquanto emigrado em Londres, escreveu: «Russel de Albuquerque, conto moral por um Português», impresso em 1833; e «Apontamentos gerais para um sistema de pública administração, logo que seja restaurada a legítima autoridade da Rainha Fidelíssima a Senhora D. Maria II», publicados em Lisboa em 1833."
(Excerto de Uma biografia)
"As disposições para a defensa do Porto e a resolução que se publicava terem adoptado os seus habitantes chagaram a persuadir a toda a Nação que o Marechal Soult ou não entraria aquela cidade ou, se o conseguisse, não seria com a pasmosa brevidade com que foi entrada em quarta feira de Trevas, 29 de Março de 1809. Logo que esta notícia chegou a Coimbra, o Coronel Trant, então governador da cidade, procurou reforçar o pequeno corpo de gente armada que estava às suas ordens, com cento e cinquenta estudantes dos académicos alistados. Apesar do abalo e consternação, quase trezentos académicos se acharam lestos e prontos para marchar. [...]
As primeiras medidas que se seguiram à marcha das tropas para os Fornos manifestavam que a intenção do Coronel Trant se limitava por ora em preservar Coimbra de uma invasão repentina e de segurar a retirada das tropas sobre o País entre a estrada pública de Coimbra para Leiria e a costa do mar. [...] Ainda que, perdida esquerda do rio Douro, timbrasse a linha do Vouga, os passos que se deram mostraram que o Coronel Trant tinha em vista ocupar algum ponto mais importante deste rio."
(Excerto de Relação das medidas de defensa...)
Alexandre Tomás de Morais Sarmento (Bahia, Brasil colonial, 1786 - Rio de Moinhos (Sátão), 1840). "1.º visconde do Banho (1835), fidalgo cavaleiro da Casa Real, bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, magistrado e diplomata, exerceu importantes funções políticas, entre as quais membro da Junta Provisória do Governo do Reino formada em 1828 no Porto, deputado às Cortes (1821-1826), par do reino (1834) e, embora de forma efémera, Ministro do Reino do Gabinete dos Mortos em 1836.
Terminados os estudos preparatórios, matriculou-se em 1804 na Universidade de Coimbra, onde se formou em Leis em 1808. Nesse ano integrou os Corpos Militares Académicos de 1808 e de 1809, nos quais participou na Guerra Peninsular. Fez parte, com, entre outros, o seu irmão Cristóvão Pedro e José Bonifácio de Andrade e Silva, do Estado Maior do general Nicholas Trant. Sobre a campanha de 1809, deixou manuscrita a obra que intitulou Relação das medidas de defesa que se executaram nas margens do Rio Vouga, depois da tomada do Porto pelo Marechal Soult em 1809, [editada em 1958] e reeditada em 2009.
Terminada a guerra, seguiu a carreira da magistratura, sendo sucessivamente Procurador Fiscal das Mercês, provedor do concelho de Moncorvo e corregedor da Comarca de Vila Real (1816). Foi depois nomeado juiz desembargador da Casa da Suplicação, com exercício na Relação e Casa do Porto, tendo aí aderido à Revolução Liberal do Porto.
Foi eleito deputado às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa de 1821, como substituto pela Província da Beira,[9] permanecendo nas Cortes durante o Vintismo, sendo novamente eleito para as Cortes de 1826. Foi confirmado fidalgo cavaleiro da Casa Real por alvará de 9 de junho de 1824.
Sendo desembargador da Casa da Suplicação, com exercício na Relação do Porto, em 1828 foi membro da Junta Provisória do Governo do Reino, formada na cidade do Porto aquando da revolta contra o rei D. Miguel que ficou conhecida pela Belfastada. Com a derrota dos revoltosos, exilou-se para Inglaterra.
Regressado do exílio após a vitória liberal de 1833 em Lisboa, foi nomeado enviado extraordinário e ministro plenipotenciário na Corte de Madrid em 1834 nas negociações visando o reconhecimento por Espanha do governo de D. Maria II. Prosseguiu a sua carreira como magistrado, que terminou como juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça. Embora se tivesse demitido em 1836, por ser contrário à Revolução de Setembro, foi renomeado posteriormente.
Elevado a visconde, com o título de visconde do Banho, por decreto de 21 de julho de 1835 de D. Maria II, rainha de Portugal, foi par do Reino por decreto de 1 de setembro de 1834, tendo prestado juramento nas Cortes a 28 de janeiro de 1835. Foi Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino do efémero Gabinete dos Mortos, em funções de 4 a 6 de novembro de 1836, embora não tenha sido empossado."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€

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