MACHADO, Julio Cezar - CLAUDIO, romance. Por... Lisboa, [s.n.], [1852]. In-8.º (14,5x10 cm) de 112 p. E.
1.ª edição.
Edição original deste curioso romance, "avançado" para a época. Trata-se da primeira obra do autor, escrita quando ainda adolescente, por certo com tiragem curtíssima.
"Escrito aos 16 anos, sob a influência de Balzac e das Memórias dum Doido, de Lopes de Mendonça. O protagonista, Cláudio de Mendonça, é um jovem cínico e cético que, depois de um primeiro desgosto amoroso, desposa sem amor Maria, uma jovem herdeira órfã e rica, para a lançar perversamente nos braços do seu amigo Luís, também ele dececionado com o amor." (Infopédia)
"N'um dos primeiros dias de Março de 1850, entrava no caffé suisso um rapaz de vinte a vinte e um anno, elegante, bello, e bem vstido, mas deixando perceber atravez de todo o luxo de que estava adornado um não sei que indisivel de desgraça, e de dôr; o seu rosto era pallido, os seus olhos d'uma expressão melancholica espargiam, de vez em quando, um olhar sinistro transpassado de desespero.
O moço chegou-se a elle e perguntou-lhe:
- Caffé?
A esta pergunta o rapaz ergueu os olhos para o creado, depois disse friamente:
- Genebra.
Em seguida sentou-se a uma mesa, tirou o chapeo, encostou a cabeça a uma das mãos, metteo os dedos por entre os cabellos castanhos, que lhe ondeavam em desordem, e disse com uma voz fraca e angustiada:
- Oh! foi isto o que eu quiz!"
(Excerto do Cap. I)
Júlio César da Costa Machado (Lisboa, 1835-1890). "Nasceu numa família de
posses e conviveu desde cedo, pela mão do pai, no meio literário e
teatral lisboeta. Foi jornalista, tradutor, autor de romances, contos e
peças de teatro, destacando-se como um dos mais célebres folhetinistas e
cronistas do seu tempo. Publicou o seu primeiro romance, Estrela d’Alva, com apenas 14 anos, na revista A Semana,
de Camilo Castelo Branco, de quem se tornaria amigo íntimo. O seu pai
morreu em 1852, deixando-lhe dívidas que o obrigaram a obter, desde
jovem, rendimento da escrita. Tornou-se tradutor, folhetinista,
cronista, colaborando em dezenas de periódicos: A Revolução de Setembro, Revista Universal Lisbonense, Diário de Notícias, Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, Revista Ocidental, Ilustração Portuguesa, Eco Literário,
este último cofundado por si em 1886. Os seus textos eram
simultaneamente populares e apreciados pelos pares, que lhe admiravam o
humor, o estilo coloquial e ligeiro, a atenção aos temas do quotidiano.
Publicou vários livros, nomeadamente Cláudio (1852), A Vida em Lisboa (1858), Contos ao Luar (1861), Cenas da minha Terra (1862) e Contos a Vapor (1863). Muitos dos seus folhetins e crónicas de viagem, entre os quais Do Chiado a Veneza, foram reunidos em volume. Em 1890, na sequência do suicídio do seu filho único, Júlio César Machado pôs termo à vida."
(Fonte: Wook)
Encadernação artística - de Augusto Ferin - inteira de pele com ferros gravados a negro e a ouro nas pastas e na lombada. Corte das folhas dourado. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. F. rosto apresenta duas assinaturas de posse, ao centro e à cabeça. Com vestígios de humidade no interior das pastas.
Muito raro.
Peça de colecção.
75€


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