16 novembro, 2025

FERREIRA, Reynaldo -
PUNHAES MISTERIOSOS / O FANTASMA BRANCO.
Romance de Aventuras / AS CHAVES DO PARAIZO. Romance de Aventuras. Colecção «Leituras Modernas». Lisboa, Edição de João Romano Torres & C.ª, [1926]. In-8.º (19x13 cm) de 172, [4] p. (I) - 156, [4] p. (II) - 139, [5] p. (III) ; E.
1.ª edição independente.
Trilogia aventurosa em edição original (completa), de Reinaldo Ferreira, o famoso Repórter X, publicada no mesmo ano (1926), encadernada num único tomo.
"Aventurosa, romântica e com um toque de exotismo e mistério, esta história é protagonizada por um jovem oficial do exército espanhol (Carlos Insúa) que se perde de amores por uma mourita encantada (Zami) no icónico Palace Hotel do Buçaco, pondo em marcha várias peripécias que transportam o leitor até Madrid, Barcelona e aos confins de Marrocos.
Escrita em Espanha, foi publicada em Portugal entre agosto e novembro de 1924, nas páginas do matutino Correio da Manhã, com o título Punhais Misteriosos e a assinatura de Edgar Duque, outro dos pseudónimos de Reinaldo Ferreira, antes de adotar o definitivo Repórter X. A trama foi adaptada ao cinema pelo próprio Reinaldo, mas o filme fracassou comercialmente e acabou por se desaparecer quase sem deixar rasto.
O folhetim ainda ressurgiu em forma de livro, em 1926, numa edição em três volumes de bolso, mas não voltou a ser publicado."
Obra recentemente reeditada pela Pim, é um claro exemplo da fértil imaginação do seu autor.
"Perdido entre a matta de arvoredos misteriosos e seculares e em contraste violento com a solidão do Bussaco - o Palace-Hotel ergue-se como uma cathedral de marmore, muito branca e rendilhada... Poucos portuguezes o conhecem e frequentam; mas de todos os pontos da terra chegam diariamente dezenas de estrangeiros que veem atrahidos pela fama romantica do sitio e que se installam, com confortos commodistas e luxuosos de Quinta Avenida - no meio de uma das regiões mais bellas e despovoadas de Portugal.
N'aquella noite de primavera que ainda se não entende com o verão, o grande salão do Palace aquecido e tépido estava apinhado por uma multidão cosmopolita, variada e pitoresca... Os homens, como que uniformisados, vestiam todos smocking - um smocking gasto, um smocking de quem está habituado a usál-o diariamente... Havia inglezes, sombrios, separados pelo orgulho do resto dos hospedes; havia allemães novos ricos, regressados de aventurosas viagens ao novo mundo; havia francezes barbudos; italianos de bigodeira de gendarme e ar de dançarinos de tango. Havia até, n'um recanto distanciado os fez vermelhos de dois marroquinos... Um d'elles tinha já os primeiros pós de prata a embranquecerem-lhe as frontes... Era alto, forte d'uma elegancia natural, um segredo mal occulto de dominio e despotismo... O fez conico e de côr de sangue era como que um vestigio do seu poderío por essas terras mussulmanas; mas o seu trajar, as suas attitudes eram d'um europeu de requintada civilisação...
O outro, o que se sentava a seu lado, hirto, com os olhos de fogo, perscrutantes - era mais novo, mais plebeu, menos distincto... Estavam ambos immoveis como duas figuras decorativas collocadas alli pelo bom gosto do arquitecto..."
(Excerto de Punhaes misteriosos - I - No meio da noite...)
Reinaldo Ferreira (Lisboa, 1897-1935). "Nasceu em Lisboa a 10 de agosto de 1897. Em 1914, ingressou na redação d’ A Capital, onde deu os primeiros passos no jornalismo. A propensão para o insólito, para o espetacular, levou-o a tornar-se também um verdadeiro mestre da literatura policial. Em 1919, casou-se e passou um ano em Paris, antes de se radicar em Espanha, onde, além do jornalismo e da ficção, desenvolveu outra vertente do seu talento multifacetado: o de realizador de cinema. Em rota de colisão com o regime de Primo de Rivera, em 1924 teve de regressar a Portugal, para não ser preso, passando a colaborar com várias publicações de Lisboa, primeiro, e do Porto, a seguir. Data dessa altura a gralha tipográfica que ditou o pseudónimo Repórter X, com que assinou algumas das prosas mais sensacionais da sua carreira tão breve quanto prolífica. Intenso por natureza, Reinaldo consumiu a vida com a avidez da paixão que faz perder os heróis trágicos. Tendo encontrado na morfina um bálsamo para males de amor e combustível para a criação, ex-morfinómano se confessou num belo livro de memórias, para logo depois reincidir no velho hábito, que destruiu o pouco que lhe restava da saúde débil. Morreu aos 38 anos, em Lisboa, a 4 de outubro de 1935."
(Fonte: Wook)
Encadernação simples, meia de percalina lisa, com fantasia geométrica recobrindo as pastas. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Apresenta insignificante trabalho de insecto nas primeiras páginas do I Volume junto as festo, sem prejuízo do texto.
Raro.
75€

Sem comentários:

Enviar um comentário