27 novembro, 2025

MACHADO, Virgilio -
A ELECTRICIDADE : Estudo de algumas das suas principaes applicações.
Por... Socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa, etc. Illustrada com 61 gravuras em cobre (Reproduções galvanoplasticas). Lisboa, Por ordem e na Typographia da Academia Real das Sciencias, 1887. 
In-4.º (23x17 cm) de XXXV, [1], 376, [1] p. : il. ; E.
1.ª edição.
Obra histórica e importante. Trata-se de um trabalho pioneiro na área da electricidade e suas aplicações, a primeira do género publicada entre nós, quando esta ciência dava os primeiros passos.
Rara e muito interessante.
Ilustrada com inúmeras gravuras no texto ao longo do livro.
"A electricidade tem sido n'estes ultimos annos objecto de tão extensos estudos e desenvolvidas applicações, que a sua descripção minuciosa se tornou irrealisavel nos tratados geraes de physica occupados com variados e multiplos assumptos sobre os outros importantes ramos d'esta sciencia.
Esta razão nos levou a reunir em volume especial a descripção de algumas das principaes applicações da electricidade, que tivemos occasião de estudar por observação directa na exposição de electricidade em Paris no anno de 1881, acompanhando o nosso benevolo amigo, o sabio professor da Universidade de Coimbra dr. Santos Viegas e que completámos com o exame das subsequentes descobertas e invenções, que todos os dias se tem succedido com oasmosa rapidez. [...]
Este singello trabalho remedeia, se bem que muito imperfeitamente, a falta de um livro nacional sobre as applicações de uma sciencia em que temos no paiz cultores distinctos, que tem revellado a sua aptidão n'este ramo da physica por interessantes invenções apreciadas entre nós e no estrangeiro."
(Excerto do Preâmbulo)
"O estudo da electricidade offerece, como nenhum outro, á reflexão contemplativa do homem de sciencia um campo vastissimo de notaveis e inesperadas descobertas, de phenomenos curiosos e de leis interessantissimas, de applicações grandiosas e extraordinarias, que teem feito uma revolução completa na sciencia, nas artes e nas industrias, emfim no bem geral dos modernos povos civilisados, glorificando o seculo XIX, já de si glorioso pelas applicações verdadeiramente maravilhosas da força expansiva do vapor d'agua aos meios de locomoção terrestre e maritima, a diversis engenhos em centenares de fabricas e officinas."
(Excerto da Introducção)
Virgílio César da Silveira Machado (1859-1927). "Médico, investigador, pedagogo. Nasceu no dia 1 de Março de 1859, no Palácio de Queluz, filho de José Cipriano da Silveira Machado, que aí desempenhava funções de almoxarife e de Sebastiana Elisa da Silveira Machado. Faleceu na sua residência da Avenida da Liberdade, nº 232, em Lisboa, no dia 16 de Junho de 1927.
Frequentou a Escola Politécnica e desde logo manifestou uma paixão para os estudos de física experimental e prática, vindo a apresentar à Academia Real das Ciências, por intermédio do prof. Pina Vidal, algumas memórias publicadas no jornal da Academia, “Jornal de Sciencias mathematicas, Physicas e Naturaes”.
Especializou-se em electricidade médica e efectuou incursões nas mais relevantes Escolas e Universidades europeias, nomeadamente França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha e Espanha.
Em 1878 ingressou na Escola Médico-Cirúrgica, vindo a concluir o curso com distinção em 1883, com a tese “Paralisia infantil”. No mesmo ano, publicou ainda “Mielite crónica, difusa, Coreia de Sydenham, Paralisia de Bell e Paralisia múltipla de origem sifilítica”.
Nomeado pelo Governo em 1881, secretário do comissário especial de Portugal na I Exposição Internacional de Electricidade, realizada em Paris, na sequência da qual, de regresso à capital, proferiu seis conferências na Sociedade de Ciências Médicas, nas quais procedeu á divulgação do que observou em termos de conhecimentos técnicos e práticos, bem como sobre a existência de novos aparelhos. A viagem veio a ser profícua também pelo contacto que estabeleceu com alguns dos relevantes físicos de então, nomeadamente W. Thomson, Du Bois, W. Siemens, entre outros, apesar de Virgílio Machado ainda não ter concluído o curso.
Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e sócio titular da Sociedade das Ciências Médicas, ingressou em 1885, por concurso, para o corpo de médicos do Hospital de S. José. Dois anos depois, iniciou-se como lente de Química Geral e Análise Química no Instituto Industrial, funções que desempenhou até 1911 ao entrar para o Instituto Superior Técnico leccionando a mesma cátedra, até à reforma. O ensino era para si algo de prodigioso, a realização de uma epifania, quase algo de sagrado … Augusto da Silva Carvalho (APUD J. Andresen Leitão) refere: “Começava por ser rigoroso consigo mesmo, porque tinha como dogma que era criminoso e indigno o professor que roubava os seus discípulos na quantidade e qualidade do trabalho que lhes dedicava, ao mesmo tempo que traía o país que lhe confiava aquela santa missão.” Conjugava a teoria e a realização de trabalhos práticos, e, estimulando nos alunos à crítica científica.
Em 1892 publicou “Tratado de Química Geral e Análise Química”, em colaboração com o seu irmão Achiles, Professor de Química da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Foi pioneiro ao fazer passar uma corrente eléctrica, por meio de agulhas espetadas num aneurisma da aorta o que foi considerado uma epopeia científica. Percorreu escolas de renome e centros hospitalares da Europa a fim de explanar o seu saber.
Virgílio Machado referiu: “As afecções nervosas são aquelas em que mais larga aplicação tem a electricidade desde longa data. Indispensável é porém para quem deseje utilizar na clínica os numerosos e variados modos de tratamento eléctrico não só reconhecer a rigorosa técnica indispensável ao seu êxito mas saber estabelecer com a possível segurança um diagnostico nosográfico, topográfico, anátomo-patológico de qualquer afecção nervosa de modo a poder conjecturar-se se, no tratamento deste ou daquele caso, convirá ou não a terapêutica eléctrica, qual devendo ser a modalidade e a técnica a adoptar”. Sobre esta temática, tornou-se conhecido no estrangeiro.
No seu consultório (com instalações anteriores na Rua das Pretas, n.º 33 e Rua dos Fanqueiros, nº 150) situado na Rua de Santa Justa, nº 22, instalou em 1896, os seus “Raios Roentgen” poucos meses depois das primeiras ampolas de raios Roentgen terem sidos fabricadas na Alemanha. Rapidamente o espaço veio a tornar-se exíguo mas conhecido, através do incremento de novos aparelhos eléctricos e do subsequente numero de doentes, vindo, inclusive, a receber a visita do rei D. Carlos, afinal, foi nessa temática que Virgílio Machado se tornou uma figura conceituada no país e no estrangeiro. Por intermédio do Rei, veio a inaugurar, a 23.03.1903 na Rua da Alfândega, o instituto Médico, que posteriormente veio receber o seu nome."
(Fonte: https://livrariarodriguessite.wordpress.com/2018/03/01/virgilio-machado/)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
75€
Reservado

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