30 novembro, 2025

BRITO, Ferreira de -
CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MAL-DIZER DO MARQUÊS DE POMBAL OU A CRÓNICA RIMADA DA VIRADEIRA
. Porto, Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 1990. In-8.º (22,5x15,5 cm) de 492 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa de Luís Mendes.
Curioso estudo acerca das composições poéticas, pouco abonatórias à figura do Marquês de ombal, que a partir de dada altura promoveram o insulto e perseguição literária ao estadista.
Ilustrado no texto com reprodução de retratos, portadas de livros e documentos fac-similados.
"E que outros nomes chamaram ao Marquês de Pombal para denegrir a sua pessoa e tentar abater a obra gigantesca das suas reformas, utilizando a arma grosseira da poesia soez e anónima? E porque não deram tréguas ao grande Estadista, atirando-lhe ao rosto todas as suas fraquezas pessoais no momento em que, com a morte de D. José, seu patrono ou seu 'súbdito', em 1777, o Primeiro-Ministro entrou em queda vertiginosa do poder absoluto e tantas vezes discricionário, e se deu, com D. Pedro III e a beata e timorata D. Maria I, a reacção político-religiosa conhecida pelo nome de Viradeira? Os detractores do Marquês desfecharam contra ele centenas de composições, algumas originais, outras adaptadas, muitas delas com variantes pertinentes, dispersas por velhos códices da Biblioteca Nacional de Lisboa, da Biblioteca Pública Municipal do Porto e da Academia Real das Ciências. A organização dos mesmos, pelo tipo de selecção efectuada, mesmo quando introduz um pequeno corpus de poemas favoráveis ao Marquês de Pombal (o Marquês, por antonomásia), denuncia, à vista desarmada, que os copistas se inspiravam sensivelmente nas mesmas fontes e adoptavam a mesma estratégia de ataque a esse Carvalho que fora frondejante e à sombra do qual tentaram inutilmente medrar os poetas, alguns de grande nomeada, como Pedro António Correia Garção, o mais distinto membro da Arcádia Lusitana.. Agora, no ocaso político, o Marquês teve o castigo reservado a todos os ditadores da História. Depois de bajulado pelos poetas como nenhuma outra figura política portuguesa, este déspota esclarecido, sentiu que os vates, que o celebrizaram em 1775, naquela grande montagem da Estátua Equestre, que ele fizera ou mandara fazer, mais pela força do que pela convicção, na Praça do Comércio, tinham mudado de opinião no curto prazo de dois anos da lenta agonia política e fisiológica do Rei D. José. Os poetas há que reconhecê-lo, foram, nesta altura mais do que nunca, verdadeiros fingidores."
(Excerto I - História e poética)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
25€

29 novembro, 2025

CASTRO, Americo de -
ULTIMOS ANOS DA MONARQUIA (memorias)
. Porto, Deposito: Livraria Fernandes de J. Pereira da Silva, 1918. In-8.º (19x12 cm) de 172, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Memórias do autor relativas aos anos que precederam a República, desde os tempos de estudante, até ao final da Monarquia e os anos que se seguiram.
Edição do autor, por certo com tiragem reduzida.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor na f. rosto.
"Os ultimos anos da monarquia foram de descredito para o país,  de veniaga e corrupção da parte chamada intelectual e de miseria para o povo.
Os partidos politicos iam buscar aos bancos das escolas os seus mais fortes sustentaculos.
Coimbra, de madre forte e alentada,arremessava para o mundo politico quasi todos os bachereis.
Uma carta de formatura garantia uma administração do concelho.
Quando um estudante recebia das aristocraticas mãos da sua noiva a adorada pasta bordada a matiz ou a ouro, já tinha na sua terreola aquela benesse que servia para os primeiros anos de aflição.
Não era raro ouvir nos geraes da Universidade empomadados quintanistas referirem-se á sua vida politica futura e á votação que tinham na sua terra.
Ali, de ordinario, o futuro bacharel ou pensava em politica baixa e reles ou nos casamentos ricos.
Uma carta de bacharel era uma carta de alforria. Foi na Universidade, dêsse alcouce de Minerva, onde as consciencias sofriam verdadeiros tratos de polé, que sairam todos os males que nos legou a monarquia e de que tem enfermado a propria Republica. Recebido o grau, a borla de lente tonava-se o apagador do senso comum.
Lá vinha por aí fora o bacharel apelintrado e faminto.
Rodeado de esfaimados como êle, subornava consciencias, dominando as gentes tristes das fabricas e dos campos.
Ele infligia o castigo aos seus inimigos e semeavam o dinheiro do Estado por aqueles que apenas sabiam que as eleições davam a maioria a êste ou áquele, ao progressista ou ao regenerador.
Ele era então o terror e o bom deus."
(Excerto de IV - Fim da Monarquia)
Indice:
Ao leitor | I - Vida Academica no Porto. II - Os estudantes republicanos de Coimbra. III - Organisação revolucionaria dos estudantes republicanos de Coimbra (a sua acção em 28 de Janeiro). IV - Fim da Monarquia. V - Sete anos depois. VI - Post scriptum.
Américo da Silva Castro (1889-?). Natural de Santo Tirso, formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1908, abriu banca de advogado no Porto. Fixou residência em Vila Nova de Famalicão desde Dezembro de 1943, exercendo o cargo de Conservador do Registo Civil, trabalhando em advocacia. No Porto, enquanto estudante liceal, fundou, com outros, a União Académica. Dele, já Bernardino Machado, num discurso no Porto, na inauguração do Montepio da Classe Comercial da mesma cidade, se refere nos seguintes termos: "esperançoso e simpático aluno da Faculdade de direito da nossa Universidade" (Bernardino Machado, Obras: Política - I, "A Reforma", p. 414). No Porto, foi vereador da Câmara Municipal, Conservador do Registo Civil no 2.º Bairro, Administrador do Concelho em Matosinhos, Presidente do Tribunal dos Árbitros Avindores, Presidente da Comissão Administrativa dos Bens da Igreja, Director do Instituto Industrial do Porto, Conservador do Registo Civil em Espinho, entre outros cargos. Foi deputado em 1921 pelo círculo de Santo Tirso e, em 1922, pelo Porto nas listas do Partido Democrático. Em 1907 escreveu no jornal "O Porvir" várias crónicas intituladas "Palavras Vermelhas".
Encadernação de amador com rótulo na lombada. Sem capas de brochura. Aparado à cabeça.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
45€

28 novembro, 2025

SANTOS, Dr. Luís A. Duarte -
O NORMÓTIPO DO HOMEM DA ZONA DE COIMBRA E O NORMÓTIPO DOS PORTUGUESES.
Comunicação apresentada à 2.ª Secção do Congresso Nacional de Ciências da População pelo..., Assistente da Faculdade de Medicina de Coimbra. Comemorações Portuguesas de 1940. Pôrto, [Imprensa Portuguesa], 1940. In-4.º (24,5x19 cm) de 18 p. ; [XIV] mapas estatísticos ; [1] tabela desdob. ; B.
1.ª edição independente.
Trabalho curioso e muito interessante. Trata-se de um "método original de determinação do tipo constitucional", isto é, o padrão de uma determinada população.
Inclui 14 mapas estatísticos (1 por página), e 1 tabela em folha desdobrável de grande dimensões (24,5x70 cm): Tabela de graus centesimais do homem médio elaborada segundo os nossos resultados (Duarte Santos).
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do Prof. Luís Duarte Santos.
"O homem médio de grupos profissionais, de certas posições sociais, de populações exclusivamente citadinas ou do meio rural, só tem interêsse em condições definidas para determinados fins, assim como o normótipo ideal que alguns como Hilderbrandt, Styratz, valorizam em prejuízo do homem médio estatístico, único de valor na ciência das constituïções.
Dever-se-ia dividir Portugal em várias regiões ou sub-regiões criteriosamente estabelecidas e determinar o normótipo de cada uma. Só assim evidentemente se poderia saber se há ou não possibilidade de aplicação generalizada dum normótipo a todo o país, pois só diferenças apreciáveis têm um valor prático, ou se a falta de identidade entre os caracteres antropométricos do homem médio em certas zonas do país obrigaria ao emprêgo de vários dêsses normótipos. [...]
O primeiro normótipo apresentado em Portugal vai ser o de uma parte do país delimitada com tal critério, e a que chamamos «zona de Coimbra», para evitar o têrmo região, de sentido científico e geográfico assente: Coimbra como centro urbano e ponto de atracção, tôda a sub-região do Baixo Mondego (Coimbra, Penacova, Arganil, Gois, Poiares, Louzã, Miranda do Corvo, Penela), todo o Mondego Litoral (Cantanhede, Montemor-o-Vélho, Condeixa, Soure, Figueira da Foz), o sul da Bairrada entre a serra do Buçaco e o mar (parte do concelho de Cantanhede, Anadia e Mealhada), as chamadas baixas de Mortágua (Mortágua, Santa-Comba) já no Baixo Dão mas situadas a 200 metros de altitude, com índole, e costumes além da constituïção geológica muito diferente do vale de Besteiros. [...]
Estudamos 775 homens, de 18 a 60 anos de idade, para determinarmos o normótipo, e dêsses, 375 pertencem a essa zona de Coimbra."
(Excerto do Estudo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico e antropológico.
15€

27 novembro, 2025

MACHADO, Virgilio -
A ELECTRICIDADE : Estudo de algumas das suas principaes applicações.
Por... Socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa, etc. Illustrada com 61 gravuras em cobre (Reproduções galvanoplasticas). Lisboa, Por ordem e na Typographia da Academia Real das Sciencias, 1887. 
In-4.º (23x17 cm) de XXXV, [1], 376, [1] p. : il. ; E.
1.ª edição.
Obra histórica e importante. Trata-se de um trabalho pioneiro na área da electricidade e suas aplicações, a primeira do género publicada entre nós, quando esta ciência dava os primeiros passos.
Rara e muito interessante.
Ilustrada com inúmeras gravuras no texto ao longo do livro.
"A electricidade tem sido n'estes ultimos annos objecto de tão extensos estudos e desenvolvidas applicações, que a sua descripção minuciosa se tornou irrealisavel nos tratados geraes de physica occupados com variados e multiplos assumptos sobre os outros importantes ramos d'esta sciencia.
Esta razão nos levou a reunir em volume especial a descripção de algumas das principaes applicações da electricidade, que tivemos occasião de estudar por observação directa na exposição de electricidade em Paris no anno de 1881, acompanhando o nosso benevolo amigo, o sabio professor da Universidade de Coimbra dr. Santos Viegas e que completámos com o exame das subsequentes descobertas e invenções, que todos os dias se tem succedido com oasmosa rapidez. [...]
Este singello trabalho remedeia, se bem que muito imperfeitamente, a falta de um livro nacional sobre as applicações de uma sciencia em que temos no paiz cultores distinctos, que tem revellado a sua aptidão n'este ramo da physica por interessantes invenções apreciadas entre nós e no estrangeiro."
(Excerto do Preâmbulo)
"O estudo da electricidade offerece, como nenhum outro, á reflexão contemplativa do homem de sciencia um campo vastissimo de notaveis e inesperadas descobertas, de phenomenos curiosos e de leis interessantissimas, de applicações grandiosas e extraordinarias, que teem feito uma revolução completa na sciencia, nas artes e nas industrias, emfim no bem geral dos modernos povos civilisados, glorificando o seculo XIX, já de si glorioso pelas applicações verdadeiramente maravilhosas da força expansiva do vapor d'agua aos meios de locomoção terrestre e maritima, a diversis engenhos em centenares de fabricas e officinas."
(Excerto da Introducção)
Virgílio César da Silveira Machado (1859-1927). "Médico, investigador, pedagogo. Nasceu no dia 1 de Março de 1859, no Palácio de Queluz, filho de José Cipriano da Silveira Machado, que aí desempenhava funções de almoxarife e de Sebastiana Elisa da Silveira Machado. Faleceu na sua residência da Avenida da Liberdade, nº 232, em Lisboa, no dia 16 de Junho de 1927.
Frequentou a Escola Politécnica e desde logo manifestou uma paixão para os estudos de física experimental e prática, vindo a apresentar à Academia Real das Ciências, por intermédio do prof. Pina Vidal, algumas memórias publicadas no jornal da Academia, “Jornal de Sciencias mathematicas, Physicas e Naturaes”.
Especializou-se em electricidade médica e efectuou incursões nas mais relevantes Escolas e Universidades europeias, nomeadamente França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha e Espanha.
Em 1878 ingressou na Escola Médico-Cirúrgica, vindo a concluir o curso com distinção em 1883, com a tese “Paralisia infantil”. No mesmo ano, publicou ainda “Mielite crónica, difusa, Coreia de Sydenham, Paralisia de Bell e Paralisia múltipla de origem sifilítica”.
Nomeado pelo Governo em 1881, secretário do comissário especial de Portugal na I Exposição Internacional de Electricidade, realizada em Paris, na sequência da qual, de regresso à capital, proferiu seis conferências na Sociedade de Ciências Médicas, nas quais procedeu á divulgação do que observou em termos de conhecimentos técnicos e práticos, bem como sobre a existência de novos aparelhos. A viagem veio a ser profícua também pelo contacto que estabeleceu com alguns dos relevantes físicos de então, nomeadamente W. Thomson, Du Bois, W. Siemens, entre outros, apesar de Virgílio Machado ainda não ter concluído o curso.
Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e sócio titular da Sociedade das Ciências Médicas, ingressou em 1885, por concurso, para o corpo de médicos do Hospital de S. José. Dois anos depois, iniciou-se como lente de Química Geral e Análise Química no Instituto Industrial, funções que desempenhou até 1911 ao entrar para o Instituto Superior Técnico leccionando a mesma cátedra, até à reforma. O ensino era para si algo de prodigioso, a realização de uma epifania, quase algo de sagrado … Augusto da Silva Carvalho (APUD J. Andresen Leitão) refere: “Começava por ser rigoroso consigo mesmo, porque tinha como dogma que era criminoso e indigno o professor que roubava os seus discípulos na quantidade e qualidade do trabalho que lhes dedicava, ao mesmo tempo que traía o país que lhe confiava aquela santa missão.” Conjugava a teoria e a realização de trabalhos práticos, e, estimulando nos alunos à crítica científica.
Em 1892 publicou “Tratado de Química Geral e Análise Química”, em colaboração com o seu irmão Achiles, Professor de Química da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Foi pioneiro ao fazer passar uma corrente eléctrica, por meio de agulhas espetadas num aneurisma da aorta o que foi considerado uma epopeia científica. Percorreu escolas de renome e centros hospitalares da Europa a fim de explanar o seu saber.
Virgílio Machado referiu: “As afecções nervosas são aquelas em que mais larga aplicação tem a electricidade desde longa data. Indispensável é porém para quem deseje utilizar na clínica os numerosos e variados modos de tratamento eléctrico não só reconhecer a rigorosa técnica indispensável ao seu êxito mas saber estabelecer com a possível segurança um diagnostico nosográfico, topográfico, anátomo-patológico de qualquer afecção nervosa de modo a poder conjecturar-se se, no tratamento deste ou daquele caso, convirá ou não a terapêutica eléctrica, qual devendo ser a modalidade e a técnica a adoptar”. Sobre esta temática, tornou-se conhecido no estrangeiro.
No seu consultório (com instalações anteriores na Rua das Pretas, n.º 33 e Rua dos Fanqueiros, nº 150) situado na Rua de Santa Justa, nº 22, instalou em 1896, os seus “Raios Roentgen” poucos meses depois das primeiras ampolas de raios Roentgen terem sidos fabricadas na Alemanha. Rapidamente o espaço veio a tornar-se exíguo mas conhecido, através do incremento de novos aparelhos eléctricos e do subsequente numero de doentes, vindo, inclusive, a receber a visita do rei D. Carlos, afinal, foi nessa temática que Virgílio Machado se tornou uma figura conceituada no país e no estrangeiro. Por intermédio do Rei, veio a inaugurar, a 23.03.1903 na Rua da Alfândega, o instituto Médico, que posteriormente veio receber o seu nome."
(Fonte: https://livrariarodriguessite.wordpress.com/2018/03/01/virgilio-machado/)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
75€
Reservado

26 novembro, 2025

MARINHO, José L. Teixeira -
A PROVÍNCIA DA GUINÉ : Raças que a povoam.
[Por]... Capitão de Fragata. Separata do n.º 14 da Revista «A Terra». [S.l.], [s.n.], 1934. In-4.º (23,5x16 cm) de 4 p. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso estudo acerca do multiculturalismo e das raças nativas, cerca de quinze, que habitam a antiga província ultramarina da Guiné.
"É  a nossa província da Guiné, embora pequena em superfície, pois que não vai àlém de 36000 quilómetros quadrados, uma das de mais esperançoso futuro, assegurado por circunstâncias felizes que nela concorrem, sendo as principais a densidade da sua população que orça por 1[/2] milhão de habitantes, a sua rêde de canaes que facilitam o transporte das múltiplas mercadorias em que abunda, a variedade das culturas que o solo e o clima permitem.
A nossa Guiné é povoada por uma grande variedade de gentes, com línguas, costumes e tipos bastantes diferenciados.
Diremos algumas palavras sôbre os principais grupos étnicos.
Os Felupes que habitam o canto noroeste da província, são de c<ôr +reta retinta, traços regulares, robustos. Usam um vestuário rudimentar; cultivam o arroz e o milho e são grandes bebedores de vinho de palma que extraem das palmeiras que abundam na região. São muito supersticiosos e bastante insubmissos."
(Excerto do Estudo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
10€

25 novembro, 2025

VAUX, Baron de -
LES HARAS ET LES REMONTES : prix des chevaux - étalons de pur sang - anciennes jumenteries. La production chevaline en France. Par le... Introduction par Edmond Henry. Paris, J. Rothschild, Éditeur, 1887. In-8.º (17x13 cm) de 95, [5] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante trabalho sobre o panorama da produção equina em França. Trata-se de um estudo dedicado sobretudo às principais coudelarias e centros hípicos do país, abordando ainda o ensino e a Alta Escola francesa. Inclui o preço de mercado dos cavalos, e a problemática dos garanhões puro-sangue.
"Aven d'entrer dans l'examen de l'intéressante publication que M. le Baron de Vaux consacre à l'étude de la Question chevaline, je dois dire à quelles considérations j'ai obéi en acceptant de le faire à cette place.
C'est d'abord à cause des éloges mérités qu'il va m'être permis de faire cette étude, et aussi, je l'avoue, parce que je vais en profiter pour signaler quelques points de détail sur lesquels je ne partage pas l'avis de l'auteur.
C'est justement parce que M. de Vaux a révélé dans la presse une connaissance plus approfondie des principaux ponts de doctrine qui constituent aujourd'hui l'ensemble de la Question chevaline, que je tiens à signaler les points peu nombreux, fort heureusement, de cette question sur lesquels je diffère avec lui."
(Excerto de Introduction)
Table des matières:
Introduction | Les deux soeurs | La réponse des haras en 1842 | L'armée doit-elle diriger les haras? | La question du prix des chevaux | L'instabilité dans les méthodes d'achat | Les étalons de pur sang des haras | Les anciennes jumenteries de l'État | Les haras et le budget de 1887 | L'élevage et les écoles de dressage | La production chevaline en France | Les courses au trot | L'organisation à créer | Les courses plates | Les courses telles qu'elles drevraient être | Le budget des remontes pour 1887.
Barão de Vaux (Charles Devaux) (1843-1915). Nasceu a 3 de setembro de 1843 em Bailleul (Nord) e faleceu a 2 de dezembro de 1915, em Paris. "Foi um cavaleiro francês, escritor e jornalista desportivo. "Polígrafo mundial, o Barão de Vaux (1843-1915) publicou muitas obras belamente ilustradas que são um deleite para os colecionadores. Antigo oficial de cavalaria, serviu sob o comando do General l'Hotte antes de se tornar jornalista e escritor desportivo. Mennessier recorda-nos que “em 1860 alistou-se voluntariamente no Sexto Regimento de Lanceiros, em 1863 foi transferido para Saumur como Brigadeiro, em 1864 era Sargento, em 1866 ou 1867 deixou o serviço militar e trabalhou como editor de um jornal provincial, depois ingressou no jornalismo desportivo para tratar de assuntos relacionados com a criação de animais, equitação, etc. […] e em 1898 fundou o jornal desportivo e social L’Illustré Parisien.
Nos seus artigos, menciona os cavaleiros mais importantes desde Baucher (Flammarion, 1888). Só para citar os seus contemporâneos, mistura Baucher e D'Aure, claro, L'Hotte, Faverot de Kerbrecht, e também Molier, Franconi, o Duque de Aumale ou o General Gallifet. E mais adiante, na sua obra Equitation ancienne et moderne (Flammarion, 1898), podemos encontrar alguns mestres antigos."
(Fonte: https://labibliothequemondialeducheval.org/en/p/63/the-chronicles-of-the-baron-de-vaux.html)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Aparado à cabeça. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Capa frontal apresenta falhas de papel marginais.
Raro.
25€

24 novembro, 2025

GRANJO, Antonio -
DO POVO A SUA MAGESTADE A RAINHA D. AMELIA
. Villa Real, Imprensa Moderna, 1909. In-8.º (22,5x16 cm) de 12 p. ; B.
1.ª edição.
Raríssimo opúsculo da autoria de António Granjo, figura incontornável do futuro regime republicano, publicado no ano seguinte ao atentado que vitimou em Lisboa o rei D. Carlos e de D. Luís Filipe, o príncipe herdeiro. Trata-se de uma obra poética, por certo com tiragem reduzida, onde Granjo pretende justificar os acontecimentos do Terreiro do Paço, no sentir e nas palavras do povo (e dos regicidas), que no fundo é quem passa a mensagem em verso, e que termina com um aviso à rainha... para recolher a França com o filho que lhe resta, única forma de o não perder também.
Obra de gosto duvidoso, dadas as circunstâncias, que reflete, de certa forma, a aversão à família real e o estado de espírito de larga franja da sociedade civil e militar em vésperas da revolução.

"Senhora!
Não sabeis, certamente, o meu nome.
Chamo-me um dia - Crime, e noutro dia - Fome.
Ás vezes tenho o gesto insolente e brutal
Dum bandido sem lei - sacerdote do mal
Levantando nas mãos em sangue, para o céo,
Transformado em raiva, o beijo que me deu
Minha mãe ao nascer. Mas no fundo, Senhora,
Eu sou um bom christão...

Apenas brilha a aurora
Abro logo o postigo, agarro logo a enxada,
E ponho-me a caminho ao longo d'essa estrada,
Que alguns chamam - a Vida, e outros chamam - o Inferno.
Ai! Senhora!... As manhãs nevoentas d'inverno,
Quando a geada cae e quando a neve cae,
E do peito s'capa o coração n'um ai,
E cá dentro nos roe a idêa tenebrosa
De que Tartuffo dorme um somno côr de rosa
No vosso quarto azul, n'esse encantado paço,
Feito da minha carne, erguido p'lo meu braço!...

... Custa muito, Senhora, abandonar o ninho,
Quente, caricioso e doce como arminho,
E ir campina fóra, envolto na mortalha
Do nevoeiro, atraz d'um osso, uma migalha...
Mas, emfim, que fazer? Senhora, que fazer?
A gaveta vasia... Os filhos e a mulher?!...

Não me conheceis, não...

Eu vivo nas cavernas."

(Excerto do poema)

António Granjo (1881-1921). "Político português nascido a 27 de dezembro de 1881, em Chaves, e falecido a 19 de outubro de 1921, em Lisboa. Tirou o curso de Teologia no Porto, em 1889, e tornou-se bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1907. Ingressou na Maçonaria em 1911. Foi advogado, deputado e administrador do concelho de Chaves. Em 1919 foi viver para Lisboa e participou na revolta de outubro de 1918 e na de janeiro de 1919. A partir deste ano enveredou por uma carreira política, vindo a ocupar o cargo de ministro da Justiça, ao mesmo tempo que exercia a função de diretor do jornal República. Foi ministro do Interior no governo efémero de Francisco Costa, tendo vindo a ocupar em seguida outros cargos políticos, como o de chefe de governo. Faleceu na "noite sangrenta" de 19 de outubro de 1921."
(Fonte: Infopédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com defeitos; apresenta vinco vertical.
Muito raro.
Com interesse histórico.
Peça de colecção.
85€

23 novembro, 2025

LEAL, J. da S. Mendes -
INFAUSTAS AVENTURAS DE MESTRE MARÇAL ESTOURO : victima d'uma paixão
. Lisboa, Livraria de A. M. Pereira, 1863. In-8.º (17,5x11,5 cm) de VII, [1], 322, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Romance histórico cuja acção se divide entre Portugal e Brasil, reportando ao período de ocupação filipina do país.
"Mestre Marçal, que mal apparecia dava alegrão ao rapasio e vadiagem desde as portas de Alfôfa até ao arco dos Escudeiros, era em 1622 um individuo esguio, sinuoso, engoiado, alluido e desengonçado, cujo esqueleto, mal cosido n'uma rede de musculos por uns restos de membrana fibrosa, dançava um bolero desregrado e perpetuo no amplo interior do corpete e calções de estamenha, que fluctuavam ironicamente pelos contornos angulosos d'aquella mumia ambulante. O arcabouço, equilibrado nos fusos a que elle por basofia chamava as suas pernas, tinha por bases dois pés, que davam quatro, todos recortados de promontorios, e por cupula uma cara empastada em pergaminho, que poderia servir ás descripções analyticas do proprio Flourens e ás mais minuciosas observações de osteologia comparada.
Por que successivas degradações chegara mestre Marçal a este extremo de tenuidade, de esvasiamento, de exhaustação, de quasi transparencia? Aprenderá o mundo o que faz uma sina fatal, o que pode um affecto obstinado, e em que abysmos precipitam as cegueiras da paixão violenta e contrariada. [...]
Os gaiatos do sitio, afferrados á onomatopeia como todos os gaiatos de todas as épocas, tinham-lhe posto por alcunha: «mestre Estouro.»
Não podia o mestre sair á rua que o não seguisse um coro turbulento, grunhindo, guinchando, latindo, chiando e ganindo-lhe uma acclamação burlesca e estrepitosa, com taes variedades imitativas, que abrangiam o diapasão completo do reino animal.
- «Lá vae mestre Estouro, lá vae mestre Estouro!» - vozeava a turba maltrapilha apenas o avistava. E logo investia atraz d'elle, engrossando a cauda á sua popularidade alfamista.
Mestre Marçal porém ia seu caminho com a magestade dos graves infortunios, e só respondia com a silenciosa e magnanima superioridade, que dá o costume das catastrophes, deixando berrar a mó dos garotos, como hoje em dia um estadista impavido, que leu Horacio em pequeno, deixa trovejar as tempestades parlamentares.
- Mas por que motivo chamavam os gaiatos a mestre Marçal «mestre Estouro?» [...]
Era mestre Marçal natural de Lisboa, onde exercera em tempos elizes a profissão de fogueteiro, com tamanho applauso, que não havia festa ou romaria, um par de leguas em redondo, na qual se não invocasse o seu valioso auxilio, como se diz na actualidade."
(Excerto de I - De como mestre Marçal tomou estado)
José da Silva Mendes Leal (Lisboa, 1820 - Sintra, 1886). "Foi um escritor, jornalista, diplomata e político português. Trabalhou na Biblioteca Nacional de Lisboa, de que foi diretor, e dedicou-se ao jornalismo, colaborando na Revista Universal e em O Panorama, entre outras. Foi deputado, par do Reino e ministro de um dos governos de Costa Cabral, tendo terminado a sua carreira como ministro plenipotenciário de Portugal em Madrid e Paris. Foi grão-mestre da Maçonaria. Escritor ultra-romântico, notabilizou-se como dramaturgo de sucesso, embora tenha também publicado poesia, ficção e história e se tenha dedicado à tradução. O seu sucesso no teatro teve início em 1839 com o drama histórico O Homem da Máscara Negra."(Fonte: Wikipédia)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Pastas apresentam cantos esfolados. Se, f. ante-rosto.
Raro.
Indisponível

22 novembro, 2025

FRAGOSO, Fernando - A HISTÓRIA DE JOÃO RATÃO. Contada por... Lisboa, Depositária Editorial Progresso, L., [1940]. In-8.º (19 cm) de 140, [4] p. ; [8] f. il. ; B.
1.ª edição.
"A partir de uma opereta, a história amorosa dum soldado português, João Ratão, que regressa da frente de batalha na Flandres, sendo envolvido em intrigas motivadas pela inveja, quanto a Vitória, uma rapariga do povo que namorara através de cartas escritas por outros...
Evocação do patético cenário da guerra (1914-18), e a faina dos madeireiros, no deslumbrante Vale do Vouga."
(Fonte: José de Matos-Cruz, O Cais do Olhar, 1999)
Livro ilustrado com fotogravuras a p.b., reproduzindo cenas do filme, distribuídas por 8 folhas separadas do texto.
"A opereta «João Ratão», um dos grande êxitos do Teatro musicado português, foi escrita por Ernesto Rodrigues, João Bastos e Felix Bermudes. Fernando Fragoso e Jorge Brum do Canto adaptaram-na à tela. Jorge Brum do Canto dirigiu o filme, que é uma produção da Tobis Portuguesa."
(Excerto do preâmbulo)
"A faina começara pela madrugada. Ainda havia estrêlas no céu, quando, no pinhal, sobranceiro ao rio, os lenhadores romperam a vibrar, no sopé dos troncos, as machadas compassadas, que se repercutiam, cavas e profundas, pelo vale, e iam morrer lá em baixo, com o marulhar das águas no açude. [...]
O sol rompera. A neblina desfizera-se, pouco a pouco. [...]
Caíra o último pinheiro. Ia começar a derrama. [...] E foi justamente à hora do almoço, quando as marmitas fumegavam, alinhadas sôbre o brazido, que o Zé Maria divisou, na curva do caminho, a figura bem conhecida de «Sô Puxa», o carteiro da terra, fazendo esforços visiveis para subir a ladeira, montado na sua bicicleta, que zig-zagueava pela estrada poeirenta. [...]
Zá Maria, o capataz, a tôda a força dos pulmões, berrou lá do alto:
- Ó «Sô Puxa»! Há alguma coisa p'ra gente? [...]
«Sô Puxa» esquadrinhou a mala, a monologar entre os dentes:
- Que raio de gente esta! Todos querem cartas... e não sabem ler... Que faria, se soubessem...
E rematou com o estribilho de sempre, que era, ao mesmo tempo, um protesto e um desabafo, uma espécie de válvula de segurança da sua irritação permanente:
- ... Puxa!...
E logo, numa transição:
- Aí vai o jornal - e estão com sorte...
Os grandes, um título doloroso e alarmante! Zé Maria abanou a cabeça, num mixto de tristeza e desaprovação, e comentou:
- Mais tropas nossas que vão para França!
Fez-se um silêncio. Um rapazote aloirado quebrou-o, numa voz onde se sentia a amargura da saudade:
- Ó sr. António?! Tem tido notícias do João?!...
Encostado a uma árvore, olhar perdido na distância, como se quisesse penetrar os segredos da imensidão, sr. António volveu, triste:
- Isso sim! Há três semanas que não recebo notícias! Pobre filho! Onde êle me foi parar!
Pelo cérebro daqueles homens, passou, numa saüdade, a figura de João da Mó, o mais insinuante, o mais alegre dos rapazes de Santiago da Ermida, o João Ratão, orgulho dos seus pais, enlevo das moçoilas, o noivo de Vitória, a mais bonita das raparigas, umas poucas de léguas em redor. [...]
- Maldita guerra!
E na serena tranqüilidade da serra, os homens, de machada em riste, atacaram os pinheiros com o mesmo desespêro, com que, na Flandres, outros homens se apostavam em abater almas cristãs."
(Excerto do Cap. I, Manhã na Serra)
"Havia mêses que João Ratão se encontrava em França, no sector ocupado pelas tropas portuguesas, na planície alagada e erma da Flandres. Partira um dia de Portugal, empilhado num navio, com milhares de camaradas, num grande barco cinzento, que era pequeno para conter tantos homens e tanto material. Embarcara com a alma dilacerada, por deixar a sua terra., sem esperanças de voltar. [...]
Foi num dia nevoento e triste que chegaram a França. Chovia a bom chover. Mas a população dispensara aos bravos soldados, que de tão longe vinham em seu socôrro, uma recepção entusiástica! João Ratão, quando desfilara, com todo o batalhão, pelas ruas empedradas do pôrto francês, entre alas de povo, que festejava a chegada dos portugueses, sentira um arrepio. Era alguém! Orgulhoso da sua missão, marchando com garbo e aprumo, João Ratão deitava o rabo do olho às raparigas, que se alinhavam nos passeios, ao longo das ruas. E que lindas carinhas! De si para si, João pensou que a guerra, afinal, não era tão má como a pintavam...
Mas enganara-se! Era pior e bem pior do que todos supunham. Quando chegou às primeiras linhas e ouviu o troar do canhão teve mêdo! [...]
Havia três dias já que o inimigo bombardeava sem cessar as posições ocupadas pelas tropas portuguesas. Bombardeava, noite e dia, com regularidade, batendo as trincheiras e a rectaguarda, com fôgo certeiro e cadenciado. Os rapazes sabiam o que aquilo queria dizer: era o prelúdio duma ofensiva, se não fôsse uma armadilha para outro sector, para um ataque de surpresa. [...]
- Temos dança! - comentou João Ratão para os seus companheiros, no abrigo, onde o cimento e os sacos de areia os protegiam da chuva de metralha. [...]
Durou horas esta luta de morte na defesa das primeiras linhas. Uns após outros, todos os ataques foram repelidos. E quando caiu a noite, sôbre o campo juncado de mortos e moribundos, os portugueses mantinham intacta a frente confiada à sua guarda.
João Ratão foi dos que se ofereceram para a perigosa missão de recolher os feridos na «terra de ninguém». Ouviam-se gemidos, ao longe, no silêncio da noite, só perturbado pelo breve matraquear das metralhadoras dos postos avançados."
(Excerto do Cap. IV, Nas Linhas de Fogo...)
Índice: [Preâmbulo]. | [Explicação cinematográfica da obra]. | Distribuição do Filme. | I - Manhã na serra. II - Carta do João. III - Primavera de Amor. IV - Nas Linhas de Fogo. V - Boas Novas. VI - A Canção da Mariette. VII - Dois Marotos. VIII - «Mademoiselle Frou-Frou». IX - A provocação. X - Manuela diverte-se. XI - O arraial. XII - A Calúnia. XIII - Desespêro. XIV - Dia cinzento. XV - A chegada do tenente. XVI - O interrogatório. XVII - A Cruz de Guerra. XVIII - Desastre no rio! XX - Epílogo.
Encadernação recente, em tela, com ferros gravados a ouro na lombada. Conservas capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse para a bibliografia WW1.

Junto com:

COSTA, Júlio de Sousa e -
SEVERA (Maria Severa Onofriana) : 1820-1846. Apontamentos e notícias para a sua história noso-psicológica * Casos interessantes em que intervieram personagens de destaque * A vida na Mouraria * A boémia doirada * O retrato da Severa * Doença e morte * A vala comum... 2.ª edição. Lisboa, Livraria Bertrand, [1936]. In-8.º (19 cm) de 207, [1] p. ; [1] f. il. ; B.
Importante subsídio biográfico para a história da Severa, mítica fadista lisboeta - a primeira a ser conhecida no meio, talvez a mais famosa de sempre.
Ilustrado com duas estampas extra-texto:
- Cópia do desenho incompleto, a tinta da china, tendo no verso a simples nota: "A Severa", encontrado no espólio artístico do pintor Francisco Metrass (1825-1861);
- A casa onde morou a Severa.
Inclui no final do livro a partitura de "Quando eu morrer, raparigas", música que se afiança ter sido composta pela Severa bem como os versos que ela cantava de preferência, cuja letra evidenciava a vontade, após a morte, de ser sepultada em vala comum.
"A Severa...
Muito se tem falado desta desventurada que fez perder a serenidade, a compostura e também o juizo a filhos de algo e burguezes! E quantos lances de ciúme não provocou, sem o desejar, entre os da fina-flor da fadistagem da velho Mouraria!...
Êste livro de breves notícias e apontamentos coligidos durante largos anos, teve por finalidade acarretar subsídios para a crónica ou para o estudo psicológico dessa mulher que teve a popularidade triste que todos conhecem.
A sua mocidade cheia de beleza triunfante despertou paixões e ocasionou desvarios. Era a sina fatal com que viera a êste mundo de provação e destêrro. Pelas páginas que vão lêr-se passam muitos personagens do seu tempo e alguns da sua intimidade... Deslizam sombras de fidalgos, artistas, políticos, burgueses e alguns da negra legião do rebutalho da cadeia e da magna caterva da navalha...
Na vala comum onde ela quiz fôsse lançada, nessa cova larga do cemitério do Alto de S. João, da sua Lisboa, onde nascera e que tanto amava, terminou o drama da vida tempestuosa e delirante que teve, todavia, grandes claridades!...
Era linda... Disseram-mo duas pessoas que ainda a conheceram. O seu aspecto gentil e perturbante, os olhos cheios de meiguice e ternura que não era fingida e o seu corpo escultural, encantaram os homens do seu tempo."
(Excerto do Proémio)
Índice:
Poucas palavras como proémio. | I - Primeiras investigações. II - O conde Vimioso. III - Na vida airada. IV - A companheira de Severa. V - Um incidente na Praça do Campo de Santana. VI - As façanhas da Severa. VII - Não dou felicidade a pessoa alguma... VIII - Os actores Teodorico e Epifânio na rua do Capelão. IX - A ervanária da Mouraria. X - Uma amiga da Severa. XI - No «Colete Encarnado». XII - A taberna do «Manhoso». XIII - Recordações. XIV - O retrato da Severa. XV - Que expiação? XVI - Lancem-me à vala comum!... XVII - A Severa no teatro. Aditamento (Certidão de óbito da Severa). | Quando eu morrer raparigas [partitura]. | Índice. | Índice alfabético dos personagens, locais e factos que figuram neste livro.
Encadernação recente, em tela, com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Com sublinhados a caneta ao longo do livro.
Invulgar.
Com interesse histórico.

2 volumes encadernados num único tomo.
Preço conjunto:
35€

21 novembro, 2025

COSTA JUNIOR, José Duarte da - BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O VESTUARIO DE HYGIENE. Dissertação inaugural de... 24 de Julho de 1905. Escola Medico-Cirurgica de Lisboa. Lisboa, Imprensa de Libanio da Silva, 1905. In-8.º (22x15 cm) de [16], 60, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Trabalho académico, pioneiro, sobre a influência do vestuário e da moda no comportamento humano, com aplicação teórico-prática à Medicina Legal.
Pela distinção e reconhecimento público, a título de curiosidade, nomeiam-se os insignes Professores que compuseram o júri que avaliou a tese de Costa Júnior: Presidente: Salazar de Sousa; Vogais: Pedro Bettencourt Raposo; Alfredo da Costa; Ricardo Jorge; Francisco Soares Branco Gentil.
Raro e muito interessante. A BNP não menciona.
"A visão totalizadora da medicina induziu alguns alunos a apresentarem teses sobre temas muito variados. Costa Júnior, apresenta um curioso trabalho sobre a composição dos diferentes tecidos «com inegável interesse para a Medicina Legal» estabelecendo relações entre aquela, as cores e as formas e o estado de saúde individual; de caminho, não deixou de enfatizar, naturalmente, a irracionalidade da moda feminina."
(Fonte: file:///C:/Users/aassm/Downloads/miguel_bombarda_e_singularidades_de_uma__poca__2006__garnel.pdf)
Exemplar valorizado pela oferta na capa e dedicatória autógrafa no interior do autor a sua irmã - D. Maria José Duarte Costa.
"O homem, diz-nos a physiologia, maravilhosamente organizado, mantem a sua temperatura nas proximidades de 37 graus centigrados. E no entanto forçoso é não esquecer, que a sua demasiada nudez, expondo-o quasi por completo ás intemperies do mundo exterior, contrasta singularmente com a dos restantes animaes que portadores de pellos, pennas, escamas ou outros productos da epiderme, encontram em si mesmo outros tantos agasalhos, os mais legitimos e higyenicos vestidos. [...]
Como é sabido, o corpo humano em repouso perde diariamente cêrca de 2:700 calorias das quaes, uma grandissima maioria, 2:572 são abandonadas pela pelle da seguinte forma: 558 por evaporação do suor, 803 por conductibilidade e 1181 por irradiação. Equivale isto a dizer que o vestuario, visto elle cobrir os quatro quintos da nossa superficie cutanea, ha-de por força ir actuar sobre as trocas thermicas reduzindo-as consideravelmente.
Qual o vestuario mais adequado e quaes as desvantagens que resultam da falta de observancia relativa ao seu emprego, subordinando-se por ventura a caprichos eventuaes, aos da moda por exemplo, tudo isto verêmos nós, quanto possivel, no decorrer do nosso estudo."
(Excerto do preâmbulo)
Índice:
[Preâmbulo] | Tecidos, sua proveniencia e principaes propriedades: Proveniencia: - Reino mineral; - Reino animal; - Reino vegetal. Caracteres microscopicos: - Algodão; - Linho; - ; - Seda. Conductibilidade. Propriedades hygrometricas. Propriedades electricas. | Da fórma e escolha do vestuario | De alguns artigos do vestuario em especial: - Do espartilho; - Do chapeo; - Do calçado; - Das meias. | Da cama: - O leito; - Os colchões; - Os enxergões; - Os travesseiros; - Os lençoes; - Os cobertores; - As colchas e as cobertas; - Os cortinados; - Os mosqueteiros. | Conclusões | Proposições | Jury | Bibliographia.
Encadernação coeva inteira de pele com nervuras e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Muito raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
35€
Reservado

20 novembro, 2025

FIGUEIREDO, Jaime -
IMPÉRIOS MARIENSES (folclore açoriano). Lisboa, C. de Oliveira, Limitada (Editores), 1957. In-8.º (21,5x15 cm) de 160, [4] p. ; [8] p. il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história das festas Marianas no arquipélago dos Açores, e em especial na ilha de Santa Maria de onde o autor é natural.
Obra interessante, com interesse histórico e etnográfico.
Ilustrado com inúmeras fotografias a p.b. distribuídas por 8 páginas separadas do texto.
"Quando se vive longe da terra-mater, no ruído alucinante da urbe capital, quantas vezes, em nosso íntimo, acordam vozes extintas - a toada dispersa de coisas queridas e distantes.
É o apelo de longe, o eco subtil do passado, que nos chega através do tempo e do espaço, e por fim nos arrasta e empolga, até ao reino maravilhoso das primeiras ilusões da mocidade.
São essas vozes esparsas que nos dão alento para publicar estas páginas - a nossa romaria de saudade ou a ilusória viagem do regresso, que hoje vamos empreender de Lisboa até aos Açores.
Entre os costumes e as tradições, que vincular a grei açoriana ao nosso passado histórico, está sem dúvida a celebração, bem arreigada em todo o arquipélago, do divino Espírito Santo.
Ainda é a sua festa mais típica e curiosa, a que se manteve no decorrer dos séculos, com o mesmo sabor antigo, o mesmo fundo medieval, conforme a soube idealizar a alma gentil da Rainha Santa Isabel.
E onde ela se conserva mais de harmonia com a época dinisiana, sempre apegada a velhas costumeiras - de beleza primitiva, mas com expressão litúrgica -, é na minha pequena pátria, na ilha de Santa Maria."
(Excerto de À laia de prólogo)
Índice:
À laia de prólogo | Cantigas dos Foliões | História e Tradição | Função do Império | Trono ou Altar | Irmandade | Alumiações | Escolhimento | «Frutas» ou «Flores» | Romaria da Copeira | Missa da Coroação | Bodo do Império | Erguer a Coroa | Toques, Cantos e Falsetes | Bibliografia.
Jaime Soares de Figueiredo (Vila do Porto (Açores), 1896 - Lisboa, 1964). "Foi um escritor e publicista que se destacou na divulgação da história e do folclore da ilha de Santa Maria.
Deixou uma vasta obra, quase toda de temática mariense ou ligada ao descobrimento dos Açores, tendo sido colaborador assíduo da imprensa açoriana e editor de diversos trabalhos de divulgação açoriana. Foi colaborador da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira sobre temáticas açorianas."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
40€

19 novembro, 2025

M. M., José -
NASCIMENTO DA MAÇONARIA MODERNA : o cisma religioso chamado regularidade. [S.l.], R. L. Liberdade, 2003. In-8.º (21x15 cm) de 70, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso subsídio para a história da Maçonaria.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Edmundo Pedro, histórico dirigente socialista.
"O cisma que levou à divisão da Maçonaria, ajudando os adversário da liberdade de consciência, e perspectivando para a maçonaria cismática objectivos que se afastam daqueles que estão na base da sua criação e existência, como campo de união entre todos aqueles que desejam a paz entre todos os homens e mulheres, crentes de todas as religiões e não crentes, unidos na moral universal e natural da virtude, dos bons costumes e probidade da honra e da dignidade, que os maçons chamam, na lenda simbólica da sua origem, a busca da palavra perdida com o assassinato de Hiram pelos seus falsos Hr., desde muito cedo alertaram o autor para as falsas denominações que se contêm nas expressões regularidade e irregularidade."
(Excerto de Palavras prévias)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
15€
Reservado

18 novembro, 2025

ANTAS, Azeredo e MONTERROSO, Manuel -
A SALUBRIDADE HABITACIONAL NO PÔRTO (1929-1933).
Por... Delegados de saúde. Ministério do Interior : Direcção Geral de Saúde. Inspecção de Saúde do Pôrto. Lisboa, Imprensa Nacional, 1934. In-8.º (22x14 cm) de 51, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante trabalho - produzido nos alvores do Estado Novo - composto pelos relatórios que sobre o assunto escreveram dois especialistas em saúde e higiene urbana na cidade do Porto.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa de Azeredo Antas ao conhecido médico, publicista e dirigente político Brito Camacho.
"Pertinazmente, mas com apropriada ductilidade, tem de ser conduzida a acção sanitária na cidade do Pôrto, dadas as condições especificamente ligadas à topografia e vida social dêsse aglomerado.
A Inspecção de Saúde do Pôrto fixou proficientemente umas normas de procedimento, fugindo a quaisquer luzimentos mas insistindo em realizações práticas que hoje já começam a ser verificadas.
Os médicos sanitários dessa Inspecção, escolhidos para a fiscalização e estudo da salubridade  habitacional, têm revelado um critério perfeito nos conhecimentos doutrinários e sagazmente modelado por experiência longa."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
Relatórios apresentados à Inspecção de Saúde do Pôrto:
I - A salubridade habitacional no Pôrto, por Azeredo Antas e Manuel Monterroso..
II - A salubridade das novas habitações, por Azeredo Antas.
III - A salubridade urbana em geral (correcção dos defeitos sanitários), por Manuel Monterroso.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Apresenta pequena falha de papel na capa, à cabeça.
Muito invulgar.
15€

17 novembro, 2025

CAVALHEIRO, Rodrigues -
O REGICÍDIO DE 1908 E A "RIGOROSA E IMPLACÁVEL LÓGICA" DAS SUAS CONSEQUÊNCIAS.
[Por]... Da Academia Portuguesa de História. Lisboa, [s.l. - Composto e impresso na Gráfica Santelmo, Lda. - Lisboa], 1965. In-8.º (22x15 cm) de 21, [3] p. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante ensaio sobre o Regicídio e as consequências políticas que sobrevieram do atentado.
Estudo publicado em separata da Revista de Cultura Político-Social Sulco, II Série - Ano I - N.º 4 - Novembro-Dezembro 1965.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao "Ao seu Amigo Dr. Joaquim Macedo de Barros, com mto. sincero apreço".
"No notável livro em que publicou algumas das mais importantes cartas que, durante os ministérios da sua presidência, lhe dirigiu D. Carlos, escreve João Franco, a propósito das consequências imediatas do crime do Terreiro do Paço:
Morto El-Rei, tive desde logo a impressão de que o governo morrera com ele. E quando, ao começo da noite, fui ao Paço das Necessidades levar a proclamação ao novo Rei, a fim de ser por ele assinada, a hesitação que logo se me mostrou em o jovem Soberano assinar qualquer diploma apresentado pelo governo; e o reparo formal à frase protocolar - Outro-sim declaro que Me apraz que os actuais Ministros e Secretários de Estado continuem no exercício das suas funções - acabaram de mo confirmar. [...]
Essa réstia de esperança na conservação do gabinete a que presidia havia sido, de certo modo, alimentada pelo facto de, já após o Regicídio, mas ainda no Arsenal da Marinha e quase perante os cadáveres de D. Carlos e D. Luís Filipe, se haver João Franco encontrado, nessa tarde de 1 de Fevereiro, com Júlio Vilhena, que - segundo este menciona no seu livro de notas autobiográficas - lhe oferecera, como chefe do Partido Regenerador, os seus serviços perante a tremenda situação que o duplo e horrendo crime havia criado à sociedade portuguesa. E isso explica que, na manhã seguinte, antes da reunião do Conselho de Estado, João Franco, possìvelmente no seu gabinete do Ministério do Reino, onde presidira a uma reunião ministerial, telefonasse para o Jornal da Noite, orgão vespertino do Partido Regenerador-Liberal dirigido por Paulo Osório, que nos narra, em páginas inéditas, este pormenor, ordenando-lhe que salientasse em normando a parte da proclamação do novo Rei que dizia manter-se no poder o seu governo."
(Excerto do Estudo)
António Rodrigues Cavalheiro (Lisboa, 1902-1984). "Historiador, professor, político e olissipógrafo. Licenciado em Ciências Históricas e Geográficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi professor no Liceu Camões e no Liceu Gil Vicente, ambos em Lisboa, e também na Escola Naval, onde leccionou História Marítima."
(Fonte: https://www.estudosportugueses.com/antoacutenio-rodrigues-cavalheiro-1902-1984.html)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
15€

16 novembro, 2025

FERREIRA, Reynaldo -
PUNHAES MISTERIOSOS / O FANTASMA BRANCO.
Romance de Aventuras / AS CHAVES DO PARAIZO. Romance de Aventuras. Colecção «Leituras Modernas». Lisboa, Edição de João Romano Torres & C.ª, [1926]. In-8.º (19x13 cm) de 172, [4] p. (I) - 156, [4] p. (II) - 139, [5] p. (III) ; E.
1.ª edição independente.
Trilogia aventurosa em edição original (completa), de Reinaldo Ferreira, o famoso Repórter X, publicada no mesmo ano (1926), encadernada num único tomo.
"Aventurosa, romântica e com um toque de exotismo e mistério, esta história é protagonizada por um jovem oficial do exército espanhol (Carlos Insúa) que se perde de amores por uma mourita encantada (Zami) no icónico Palace Hotel do Buçaco, pondo em marcha várias peripécias que transportam o leitor até Madrid, Barcelona e aos confins de Marrocos.
Escrita em Espanha, foi publicada em Portugal entre agosto e novembro de 1924, nas páginas do matutino Correio da Manhã, com o título Punhais Misteriosos e a assinatura de Edgar Duque, outro dos pseudónimos de Reinaldo Ferreira, antes de adotar o definitivo Repórter X. A trama foi adaptada ao cinema pelo próprio Reinaldo, mas o filme fracassou comercialmente e acabou por se desaparecer quase sem deixar rasto.
O folhetim ainda ressurgiu em forma de livro, em 1926, numa edição em três volumes de bolso, mas não voltou a ser publicado."
Obra recentemente reeditada pela Pim, é um claro exemplo da fértil imaginação do seu autor.
"Perdido entre a matta de arvoredos misteriosos e seculares e em contraste violento com a solidão do Bussaco - o Palace-Hotel ergue-se como uma cathedral de marmore, muito branca e rendilhada... Poucos portuguezes o conhecem e frequentam; mas de todos os pontos da terra chegam diariamente dezenas de estrangeiros que veem atrahidos pela fama romantica do sitio e que se installam, com confortos commodistas e luxuosos de Quinta Avenida - no meio de uma das regiões mais bellas e despovoadas de Portugal.
N'aquella noite de primavera que ainda se não entende com o verão, o grande salão do Palace aquecido e tépido estava apinhado por uma multidão cosmopolita, variada e pitoresca... Os homens, como que uniformisados, vestiam todos smocking - um smocking gasto, um smocking de quem está habituado a usál-o diariamente... Havia inglezes, sombrios, separados pelo orgulho do resto dos hospedes; havia allemães novos ricos, regressados de aventurosas viagens ao novo mundo; havia francezes barbudos; italianos de bigodeira de gendarme e ar de dançarinos de tango. Havia até, n'um recanto distanciado os fez vermelhos de dois marroquinos... Um d'elles tinha já os primeiros pós de prata a embranquecerem-lhe as frontes... Era alto, forte d'uma elegancia natural, um segredo mal occulto de dominio e despotismo... O fez conico e de côr de sangue era como que um vestigio do seu poderío por essas terras mussulmanas; mas o seu trajar, as suas attitudes eram d'um europeu de requintada civilisação...
O outro, o que se sentava a seu lado, hirto, com os olhos de fogo, perscrutantes - era mais novo, mais plebeu, menos distincto... Estavam ambos immoveis como duas figuras decorativas collocadas alli pelo bom gosto do arquitecto..."
(Excerto de Punhaes misteriosos - I - No meio da noite...)
Reinaldo Ferreira (Lisboa, 1897-1935). "Nasceu em Lisboa a 10 de agosto de 1897. Em 1914, ingressou na redação d’ A Capital, onde deu os primeiros passos no jornalismo. A propensão para o insólito, para o espetacular, levou-o a tornar-se também um verdadeiro mestre da literatura policial. Em 1919, casou-se e passou um ano em Paris, antes de se radicar em Espanha, onde, além do jornalismo e da ficção, desenvolveu outra vertente do seu talento multifacetado: o de realizador de cinema. Em rota de colisão com o regime de Primo de Rivera, em 1924 teve de regressar a Portugal, para não ser preso, passando a colaborar com várias publicações de Lisboa, primeiro, e do Porto, a seguir. Data dessa altura a gralha tipográfica que ditou o pseudónimo Repórter X, com que assinou algumas das prosas mais sensacionais da sua carreira tão breve quanto prolífica. Intenso por natureza, Reinaldo consumiu a vida com a avidez da paixão que faz perder os heróis trágicos. Tendo encontrado na morfina um bálsamo para males de amor e combustível para a criação, ex-morfinómano se confessou num belo livro de memórias, para logo depois reincidir no velho hábito, que destruiu o pouco que lhe restava da saúde débil. Morreu aos 38 anos, em Lisboa, a 4 de outubro de 1935."
(Fonte: Wook)
Encadernação simples, meia de percalina lisa, com fantasia geométrica recobrindo as pastas. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Apresenta insignificante trabalho de insecto nas primeiras páginas do I Volume junto as festo, sem prejuízo do texto.
Raro.
75€