28 outubro, 2025

ÁVILA, Artur Lobo d' e MENDES, Fernando -
A VERDADEIRA PAIXÃO DE BOCAGE.
Romance historico sobre a vida do grande poeta. O Romance Popular. Lisboa, Secção Editorial de «O Seculo», 1926. In-8.º (200x14 cm) de [6], 236, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Romance histórico sobre a vida do grande vate setubalense. Obra folhetinesca, muito curiosa, impressa a duas colunas.
"Setubal, a famigerada «Cetobriga» dos antigos, fundada por Tubal - segundo as mais remotas lendas e velhas cronicas - cento e quarenta e cinco anos depois do diluvio, e que hoje vemos convertida numa das mais belas e adiantadas cidades de Portugal, era, ao começar o ultimo quartel do seculo XVIII, uma vila importante e laboriosa, já então com incontestaveis requisitos para a concessão daquele mais elevado fôro. [...]
No ano da era de Cristo de 1773, época em que se deram os factos que vamos narrar, Setubal era um dos mais frequentados portos portugueses. O Comercio do sal, do peixe, do vinho, bem como a exportação de frutas, em especial laranjas e limões, atraíam ao Sado numerosos navios nacionais e estrangeiros, tornando prospera a população setubalense, então computada em doze mil almas. [...]
Era no principio da segunda semana da Quaresma, e passava das quatro horas da tarde, quando um tipo classico de sacerdote, em trajo de passeio - chapéu de pêlo com aba larga, colarinho romano, ampla sobrecasaca, calção e botas de cano com sua borla caída na frente - vinha atravessando o largo da igreja então conventual e hoje paroquial de S. Sebastião.
Enfiando pela rua de S. Domingos, o correcto eclesiastico foi bater á porta duma casa onde hoje se vê uma lapide com a seguinte inscrição comemorativa:
«Nesta casa nasceu o insigne poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage, a 15 de Setembro de 1765. Alguns dos seus conterraneos mandaram fazer este memoria no ano de 1864».
A criada da casa, assomando á janela de grade antiga, formada por grossos varões de ferro, exclamou:
- Ah! É vossa reverendissima, sr. D. João de Medina?
- Os teus patrões já vieram?
- Estarão a chegar... Como vossa reverendissima sabe, veem «por agua» de Lisboa á Moita; daí, aos Olhos  de Agua, e depois por Palmela até cá."
(Excerto do Prologo - I. O ninho setubalense)
Encadernação meia de pele com rótulo carmim e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura anterior.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Apresenta restauro na f. rosto, ante-rosto e 1.ª p. texto (do prefácio).
Invulgar.
30€

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