26 maio, 2018

AGUIAR, Prof. Doutor Asdrúbal de - CAUSAS DAS MORTES DO REI D. CARLOS I E DO PRÍNCIPE REAL D. LUÍS FILIPE. Pelo... Da Academia das Ciências de Lisboa. Separata das «Memórias» (Classe de Ciências - Tomo VIII). Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1960. In-4.º (24,5 cm) de 25, [3] p. ; B.
Importante subsídio médico-legal para o apuramento das causas que conduziram à morte do rei D. Carlos e do príncipe herdeiro, D. Luís Filipe.
"Até ao presente, e já vai decorrido mais de meio século, não foram indicados, de maneira decisiva ou pelo menos presumível, as causas das mortes do rei D. Carlos e do Príncipe Real D. Luís Filipe, sucedidas no Terreiro do Paço no dia 1 de Fevereiro de 1908, pelas 17 horas e meia ao regressarem com a Rainha D. Amélia a Lisboa, vindos de Vila Viçosa.
 Não vou aludir aqui aos precedentes imediatos ou distantes do regicídio, não me demorarei a registar as justificadas preocupações da Família Real antes e durante a viagem até Lisboa. Seria fastidioso fazê-lo. Demais nada disso importa para o propósito em vista, qual é, o de determinar as verdadeiras causas das mortes do rei e do príncipe. Também não tratarei dos fins trágicos dos regicidas sucedidos igualmente no Terreiro do Paço logo após o atentado. Apenas muito sucintamente me referirei à maneiro como foi executado o duplo homicídio e aos efeitos imediatos dos tiros constatados em D. Carlos e D. Luís Filipe, logo após a consumação dos crimes, e isso, porque de qualquer modo pode interessar para a boa compreensão de certos factos a que aludirei.
O rei D. Carlos, a rainha D. Amélia e o príncipe real D. Luís Filipe desembarcaram do vapor que os conduziu do Barreiro até à estação Fluvial do Terreiro do Paço, então instalada na margem do Tejo, próximo do torreão integrado nas instalações do Ministério da Guerra. Aí se lhes juntou o infante D. Manuel. Tomaram então todos lugar num «landau» aberto, tirado por cavalos, ocupando D. Carlos e D. Amélia os lugares trazeiros - a rainha à direita do rei, e D. Luís Filipe e D. Manuel os lugares dianteiros, o príncipe em frente do rei e o infante em frente da rainha. A carruagem pôs-se em marcha entrando na rua ocidental do Terreiro do Paço sendo seguida, a certa distância, por duas outras conduzindo, a primeira o Presidente do Ministério e a segunda os camaristas de serviço.
Quando a carruagem real atingiu o então Ministério da Fazenda instalado sobre as arcadas próximas da rua do Arsenal, foram disparados seguidamente dois tiros de carabina sobre o rei por um indivíduo de nome Manuel da Silva Buíça, o qual saíra de súbito, de entre os populares estacionados no passeio do lado do Terreiro e avançara para o leito da rua para trás da carruagem e também dois tiros de pistola Browning sobre o príncipe por outro indivíduo, Alfredo Luís da Costa, que parece ter surgido de entre os mesmos populares, o qual correu igualmente para trás da carruagem, que ia já a voltar para a rua do Arsenal.
Mal foram disparados os tiros que atingiram o rei, este caiu para o lado direito. Igualmente apenas foram disparados os tiros que alcançaram o príncipe, este caiu para o interior da carruagem.
O rei pouco tempo teve de vida - alguns escassos segundos. [...] O príncipe teve morte instantânea. [...]
Já de noite os cadáveres do rei e do príncipe real foram conduzidos para o Paço das Necessidades.
No dia seguinte, 2 de Fevereiro, procedeu-se ao embalsamamento de ambos após o exame dos ferimentos neles existentes.
Não se realizaram as autópsias por determinação do governo. Julgaram-nas dispensáveis. Realmente elas nada importavam para a organização do corpo de delito directo destinado a julgamento dos regicidas, pois estando estes mortos, não podiam ser julgados. Este e possivelmente outros motivos, levaram o governo a tal decisão."
(Excerto de Causas das mortes do Rei D. Carlos I...)
Matérias:
- Causas das mortes do Rei D. Carlos I e do Príncipe Real D. Luís Filipe. [Introdução]. - Relatório do exame no cadáver de Sua Majestade El-Rei o Senhor D. Carlos. - Conclusões. - Relatório do exame no cadáver de Sua Alteza o Príncipe Real Senhor D. Luís Filipe. - Conclusões. - I. Efeitos traumáticos provocados no Rei D. Carlos pela agressão de que foi vítima. - II. Efeitos traumáticos provocados no Príncipe Real D. Luís Filipe pela agressão de que foi vítima. - Em resumo.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

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