21 março, 2025

SERPA, António Ferreira de -
CRÓNICA DE EL-REI D. SEBASTIÃO,
único dêste nóme e dos Reis de Portugal o 16.º, compósta pelo Padre Amadôr Rebêlo, companheiro do Padre Luís Gonçalves da Câmara, Mestre do dito Rei Dom Sebastião. Porto, Livraria e Imprensa Civilização - Editora, 1925. In-8.º (19x12,5 cm) de [4], 283, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Crónica de D. Sebastião da autoria do Pe. Amador Rebelo. Trata-se de um documento manuscrito - na época, inédito - depositado na Torre do Tombo.
Exemplar valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao "Ex.mo Sr. Dr. Manuel J. Correia".
"A crónica, que se publica, é um dos numerosíssimos documentos guardados no rico Arquivo Nacional da Tôrre do Tombo, desconhecido e desestimado pelos governantes, e por aqui póde avaliar-se a colossal incultura de que são prodigamente dotados e de quem têem dado próvas exuberantes. [...]
O que se tem escrito a respeito de Dom Sebastião, pró e contra, [é] uma conseqüência dessa falta de estudo, além de que o vencido de Alcácèr Kibir não é uma criatura vulgar, como se demonstra com as discussões travádas. [...]
O Padre Amadôr Rebêlo, jesuíta, calígrafo notável e Reitôr do Colégio de Santo Antão, conheceu o Rei dêsde a idade dos 6 anos e foi seu professôr de escrita.
A sua crónica tem todo o cunho da imparcialidade: censúra ou louva o seu régio discípulo, sempre que há motivo para isso.
Conhecia Marrócos e a sua política, o que não causará estranhêsa, pois Dom Sevbastião lá mandára quem atentamente examinasse a situação do país onde iria combater, e o próprio monarca foi uma vês à África, para, de visu, pessoalmente, confrontar as impressões colhidas com a realidade. As virtudes e os defeitos do néto de Carlos V patenteiam-se a toda a luz nêste escrito do Pe. Amadôr. Sem sombra de dúvida, esplendem o seu amôr por Portugal e a sua corágem inegualável, porque era desmedida.
Foi bem um cavaleiro medieval extraviado no século XVI e num país dessorado pelas drógas do Oriente. Quis reatar a tradição africana da sua dinastía, e resgatar êrros que de longe vinham e, daí, a sua emprêsa.
Ao seu plano não faltou grandêsa: ia restabelecer um sultão destronado, garantir, no grande celeiro marroquino, a provisão de trigo de que o reino sempre carecía, e ocupar Larache que o poderío otomano cubiçava, para dominar no Atlântico, oprimir e pôr em perígo a cristandade, isto é, toda a Európa, ainda não escravisada pelo Grão-Senhôr, como já estava o Mediterrâneo convertido num lago turco."
(Excerto do preâmbulo - Ao leitôr)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas envelhecidas, com furos de traça marginais e pequenas falhas de papel, que se estendem à lombada. Interior correcto. Em suma, bom exemplar de trabalho/leitura.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€

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