05 março, 2025

ALMEIDA, D. Antonio d' -
MEMORIA SOBRE O MELHORAMENTO DA CULTURA DA BEIRA E DA NAVEGAÇÃO DO MONDEGO.
Por... Alferes do Exercito com o curso completo de engenharia em commissão hydrographica no concelho de Montemór o Velho. Dezembro de 1857. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1858. In-8.º (20,5x14 cm) de 21, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso estudo monográfico sobre o rio Mondego, a sua navegabilidade e potencial agrícola, desde que "dominado".
Raro e muito interessante.
"Um grande numero de rios da Europa, que antigamente corriam placidos en tre as suas margens, appresentam hoje um curso extremamente irregular; as suas inundações formidaveis causam nos valles, que deveriam fertilisar, desastres, cuja repetição deu o alarme ás povoações marginaes. [...]
Cabe pois ao Governo, sentinella avançada dos interesses do Paiz, mandar estudar e executar os trabalhos indispensaveis para remediar o mal, aos homens da arte indagar qual deva ser o remedio applicavel com mais vantagem e menos dispendio. [...]
A causa das inundações é, como todos sabem, a concurrencia rapida e quasi simultanea em o leito dos rios das massas aquosas parciaes, trazidas pelos seus affluentes quando as chuvas são copiosas ou são reforçadas pelo derretimento das neves nas montanhas; mas sendo a bacia dos rios a mesma que outr'ora, não tendo variado as circumstancias climatericas, por que motivo os mesmo phenomenos naturaes produzem hoje na Europa effeitos que antigamente se não davam e não têm lugar ainda hoje na America, onde a civilisação está menos adiantada? A razão é obvia: é porque na America as montanhas ainda estão cobertas de mattas virgens de demoram as aguas, em quanto que na Europa a população mais densa roteou os montes para se alimentar.
Quasi todos os autores estão concordes em attribuir a esta causa os estragos produzidos pelas aguas nos valles. [...]
Voltando ao nosso Mondego, parece que antes de 1400 os senhorios obrigavam os rendeiros do campo a  fazerem ahi pousadas e moradas, e a morar nas terras corporalmente por si e suas pessoas.
No cartorio de S. Pedro em Coimbra existe uma sentença proferida na éra de 1392 pelo Vigario da dicta cidade contra um inquilino: no pleito foi allegado pela senhoria que era costume antigo pagarem os lavradores que morassem nas terras que as Egrejas de Coimbra tinham no campo o dizimo dos fructos e crianças á Egreja, cujas forem as dictas terras.
Ouvimos pela primeira vez fallar nas inudações do Mondego em uma Carta Regia de D. Affonso V, do anno de 1464, que prohibe as queimadas e roteação das alturas vertentes no Mondego. (Lei que se não executou por iniqua.) Mais tarde o Marquez de Pombal renovou esta lei com o mesmo resultado. D'essa épocha em diante os clamores dos lavradores do campo subiram ao throno de todos os nossos Monarchas sem que se achasse o remedio."
(Excerto do Estudo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
15€

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