CASTELLO BRANCO, Camillo - HORAS DE PAZ : escriptos religiosos. Por... Porto: Livraria e Typographia de F. G. da Fonseca, Editor, 1865. In-8.º (19x12,5 cm) de 333, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante conjunto de reflexões pela pena do Mestre de S. Miguel de Seide, pela primeira vez vertidas em livro. Reúne escritos anteriormente publicados nos jornais portuenses O Christianismo e A Cruz.
"Na terra não ha palavra que mais prompto incenda o espirito em pensamentos do céo.
Padre, este titulo augusto, que nunca se mancha das impurezas de quem mal o exerce, nada tem como o homem, indigno d'elle, e parece refugiar-se no seio de Deus, d'onde viera, como vinculo sagrado, entre os attributos divinos e as fraquezas do homem.
A sua historia é anterior á das nações. A sua presença na sociedade é eterna como o principio que representa: é a religião personificada na magestade de sua missão."
(Excerto de I - O Padre - I)
"Enlucta-se o coração, e amesquinha-se o pensamento, ao escrever estas oito letras, que se me afiguram o epitaphio d'esta sociedade, esvaída de coragem para luctar com a miseria e a desesperação! Eu não sei que seja possivel transfigurar o homem moral, mandando-o soffrer com paciencia o infortunio, depois que a resignação desmereceu no conceito do homem irreligioso. Não sei que aproveitamento esperam as minhas palavras, sem uncção talvez para os que m'as lêem, e menos ainda para uma sociedade entretida em grangear-se amarguras, e incredula de mais para acreditar que possa um jornal religioso suavisal-as!"
(Excerto de IV - O Suicidio - I)
"Não chamem ao suicidio o resultado d'uma demencia. O homem, que se mata, é responsavel da sua morte: é arbitro d'aquelle ferro que empunha, d'aquelle braço que ergue, e d'aquelle sangue que derrama. [...]
Os raros suicidios, que a medicina póde capitular demencias, não devem, ainda assim, considerar-se taes. Antes d'esse extremo de infortunio, a logica da desgraça atravessára por todos os raciocinios que levam o homem a desquitar-se da vida, condição terrivel dos seus padecimentos."
(Excerto de IV - O Suicidio - II)
Encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. "Partido" na junção da lombada com a pasta anterior. Pequeníssima falha de papel marginal nas três primeira folhas do livro. Rubrica de posse na f. ante-rosto.
Raro.
45€
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