01 setembro, 2018

J. F. M. M. - BREVE NOTICIA // DE // Como entrou neste Reyno a devoçam da gloriosa // SANTA ROSALIA // VIRGEM // Padroeira da Cidade de Palermo Cabeça do Reyno // de Secilia, // E mercê, que modernamente fez aos moradores da Villa // da Ponte da Barca aonde se venera a sua Santa // Imagem neste mez de de Março de 1754. / Escrita à instancia de hum devoto // POR // J. F. M. M. // [No cólofon] LISBOA: // Na Officina de Pedro Ferreira, Impressor da Augus- // tissima Rainha Nossa Senhora. // Anno do Senhor 1754. // Com todas as licenças necessarias, e Privilegio Real. In-8.º (21 cm) de 4 p.
1.ª edição.
Raro folheto sobre o culto da Santa Rosália em Ponte da Barca, e a intervenção milagrosa da santa para acabar com uma epidemia que assolou a vila em Março de 1754. Quando todos os outros santos "falharam", Santa Rosália não vacilou. Inclui ainda alguns casos de curas miraculosas por interseção da mesma.
"Navegando para a Ilha de Maltha hum Portuguez natural da Villa da Ponte da Barca, situada na comarca de Vianna do Lima, lhe sobreveyo na altura da Ilha de Sicilia hum vento tam contrario, que lhe foy precizo arribar ao porto de Palermo, Cidade principal, e cabeça daquelle Reyno. Sahiu do navio para ver aquella antiquissima povoaçam; e encontrando hum grande concurso de gente sem saber o motivo o foy seguindo, e viu que toda se encaminhava a vezitar a sepultura da glorioza Virgem Santa Rosalia, natural do mesmo Reyno, onde se lhe tributa huma especialissima veneraçam, que a Santa retribue pelas infinitas merces que cósegue de Deos para os seus devotos, os quaes em reconhecimêto lhe dà o titulo de milagrosa. O que notou, e o que produziu nelle huma dovoçam tam grande à mesma Santa, que mandou esculpir huma Imagem que trouze consigo para o Reyno quando voltou, e querendo-a introduzir na sua Patria a colocou na hermida de Santo Antonio, chamado da carreira na mesma Villa da Ponte da Barca, onde tres annos sucessivos a festejou muy solemnemente.
Cresceram os devotos da Santa, e começo ella a florecer el milagres, que destribuia por todos os que recorriam a fazerlhe prèces diante da sua veneranda Imagem. Esfriou depois este fervor devoto, e poucos se lembravam já da Santa, nem do culto da mesma Imagem senam quando a viam. Parece que se servia Deos de que ella continuasse, porque permitiu que houvesse na Villa da Ponte da Barca huma epidemia malina, e como especie de contagio, de maneira que se fecharam muitas cazas por haverem perecido todos os seus habitantes. Fizeram os mais da Villa huma procissam de préces em que levaram as Imagens de Nossa Senhora da Conceiçam, de Santo Antonio dito do buraco, e de S. Sebastiam. Prègou sobre o motivo o Reverendo P. M. Prégador geral Fr. Diogo de Santa Gitrudes Mexia Monge Beneditino; reprehendendo os peccados como cuasa de tal castigo, e amoestando a emmenda para fazer cessar o falgello; mas nam só nam cessou antes se aumentou com tanta força que morria muito mais gente de que antes, e com tanto excesso, que os Medicos prohibiam que nam entrasse ja ninguem nas cazas dos doentes mais q os Parocos para lhes administrarem os Sacramentos. Notouse que na rua da carreira de Santo Antonio, e nas suas vezinhanças era a parte onde o mal fazia mais estrago, e cauzava mais mortandade o contagio, e ponderouse que poderia ser o motivo nam se haver recorrido á proteçam de Santa Rozalia..."
(Excerto do texto)
Exemplar desencadernado em bom estado geral de conservação.
Raro e muito curioso.
Com interesse histórico e religioso.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

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