29 junho, 2018

FLAMMARION, Camilo - INICIAÇÃO ASTRONOMICA. Traducção de Manoel Ribeiro. Obra ornada com 89 gravuras. Lisboa, Guimarães & C.ª - Editores, 1910. In-8.º (19cm) de 220, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Trabalho de divulgação científica com grande interesse histórico e didático dado a época em que foi publicado (originalmente em França, apenas dois anos antes da 1.ª edição portuguesa, a presente, em 1908).
"O conhecimento das maravilhas do universo constitue uma sciencia muito vasta, bastante ardua, sem dúvida, para quem queira dedicar-se-lhe inteiramente; mas as suas noções elementares podem adquirir-se sem fadiga e até com prazer muito intenso, como quem se diverte. Prova-o, re resto, a sua origem que remonta á mais alta antiguidade. Os primeiros observadores do seu, fundadores da Astronomia, não blasonavam de «sabios», nem consideravam como «estudo» a contemplação dos ceus e como «sciencia» o resultado dos seus devaneios.
Estes primitivos astrónomos eram humildas lavradores e pastores da Cháldea. Nas longas e luninosas noites do Oriente, deitados ao pé das suas colheitas, notavam a forma invariavel das constelações, viam as estrelas voltar todas as noites por cima dos campos, anunciando as estações, e admiravam o movimento silencioso e preciso que arrasta no mesmo ritmo os inúmeros luzeiros do ceu, como se o vasto azul fôsse uma cúpula cravejada de pregos d'ouro que girasse em torno das nossas cabeças."
(Excerto do Cap. 1, Primeiras aspirações astronomicas)
Encontramo-nos sôbre a Terra, sôbre este globo que fluctua, que rola e que gravita, joguete de mais de doze movimentos incessantes e variados; mas tão pequenos sômos neste globo que tudo nos parece imóvel e imutável. Entretanto a noite desdobra as suas azas negras, as estrelas acêndem-se no fundo dos ceus e a Lua derrama na atmosfera a sua claridade pálida. Partamos, voemos com a velocidade da luz que é, lembrêmo-nos, de 300.000 quilómetros por segundo. Depois do primeiro segundo, passaremos á vista do mundo lunar que abre deante de nós as suas crateras escancaradas, as suas montanhas anulares de desfiladeiros abruptos, as suas cristas sélvagens e escalvadas, os seus vales profundos e as crevassas multiplicadas do seu solo convulsionado. Mas não paremos. O sol reaparece e permite-nos lançar um último olhar á Terra iluminada, este pequenino globo inclinado que cae, diminuindo na noite infinita. Está perto Vénus, uma nova terra egual á nossa; talvez ella seja povoada de sêres mais ou menos análogos a nós. Não nos demoremos. Passamos agora muito próximo do Sol para reconhecermos as suas explosões gigantescas e formidáveis; mas continuemos o nosso vôo. Eis Marte com as suas neves polares e mares estreitos, os seus canaes sombrios e terrenos avermelhados."
(Excerto do Cap. 45, O espaço sem limites)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágias com defeitos, exibindo vestígios antigos de humidade. Falha de papel na extremidade inferior da lombada.
Muito invulgar.
Indisponível

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