28 junho, 2018

COIMBRA, Adriano - AUTO DO SOL=PÔR. De... Chaves, Na Tipografia Gvtenberg de Castro Lopo, M. CM. XVI [1916]. In-8.º (22cm) de 30, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Rara colecção de poesias de Adriano Coimbra, figura de relevo da cena cultural flaviense da primeira metade do século XX. Colaborou no Almanaque de «O Comércio de Chaves», de Júlio Xavier Júnior.
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao fulgurante Poeta do «Nada».
"Mais um punhado de versos que lanço na estrada em sombras da minha mocidade.
Não são para demonstrar o meu engenho poético rude e fraco que o meu velho amigo de sempre, António de Castro Lopo teve a gentileza de os editar. Não, não são. [...]
Na primeira parte da minha poesia intitulada Elogio do Sol que, com as duas seguintes, constituem por assim dizer a introdução do Auto, procurei cantar a vida do astro-rei e a sua influência na natureza.
Na segunda parte choro o poente, sinto a dôr bem definida que me causa o pôr do sol de sempre.
Na Hora-Saudade o mesmo amôr e pranto se reflecte, a mesma mágoa se denota na Hora Crepuscular. Vem finalmente o Auto de Sol-Pôr onde lembro os costumes humildes da gente campesina da minha muito amada província transmontana, formando, com as suas paixões ardentes e alegrias bizarras, cheirando a rosmaninho e alfazema, uma pequena grinalda de flores silvestres (muito imperfeita), que deponho com toda a vénia nas mãos do autor da Alma Popular, (um feixe de límpidas canções da minha terra,) dêsse cultor primoroso da arte sublime dos sons que a tuba da Fama num clangor heroico ha-de fazer chegar aos logares mais recônditos do mundo e cuja fronte ha-de ser aureolada pela luz viva da Gloria e coroada ainda de mirtos e de louros."
(Excerto do prelúdio, Prœludium)
"Campos de Traz-os-Montes expostos aos ultimos vislumbres do sol, que se despede num beijo luminoso e santo da grande Natureza.
Hora de beleza e misticismo! Doce religião da luz feita de crepúsculo!
Três cruzes talhadas em pedra, monumentos de fé e crença da alma dos simples da minha aldeia, elevam-se nos ares, acolhendo nos seus braços cobertos de musgo, uns lampejos fraquissimos do sol que se desfaz numa chúva de pétalas sangrentas, morrendo numa apotéose cravejada de ametístas e rubins e atravez duma heroicidade grande."
(Preâmbulo do Auto do Sol-Pôr)
Poesias:
Prœludium; Elogio do Sol; Hora-Saudade; Hora-Crepuscular; Auto do Sol-Pôr.
Exemplar brochado, parcialmente por abrir, em razoável estado de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel. Pelo interesse e raridade a justificar encadernação.
Muito raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

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