GALLIS, Alfredo – AS 12 MULHERES DE ADÃO. Fantasia Biblica e Histórica através dos séculos. (2.ª edição). Lisboa, Casa Ventura Abrantes : Livraria Editora, [1927]. In-8.º (20x13 cm) de 303, [3] p. ; E.
Colecção de contos naturalistas de cariz erótico tendo por assunto, em sentido figurado, as mulheres de Adão, o "primeiro homem na Terra". São portanto doze as "degeneradas", alvo do trabalho do autor. Gallis "parte do pecado original de Eva para criar perfis de mais onze mulheres “pecadoras” através dos séculos, num arco temporal que vai da Roma antiga ao século XIX. Dos doze perfis, alguns são baseados em pessoas reais, como a romana Messalina (17-48) e a rainha Joana de Nápoles (1326-1382). Outros perfis são puramente ficcionais." (Mendes, Leonardo & Moreira, Aline, Alfredo Gallis (1859-1910), pequeno naturalista, Convergência Lusíada, Rio de Janeiro, 2021)
Colecção de contos naturalistas de cariz erótico tendo por assunto, em sentido figurado, as mulheres de Adão, o "primeiro homem na Terra". São portanto doze as "degeneradas", alvo do trabalho do autor. Gallis "parte do pecado original de Eva para criar perfis de mais onze mulheres “pecadoras” através dos séculos, num arco temporal que vai da Roma antiga ao século XIX. Dos doze perfis, alguns são baseados em pessoas reais, como a romana Messalina (17-48) e a rainha Joana de Nápoles (1326-1382). Outros perfis são puramente ficcionais." (Mendes, Leonardo & Moreira, Aline, Alfredo Gallis (1859-1910), pequeno naturalista, Convergência Lusíada, Rio de Janeiro, 2021)
"Todos sabem que o amor transfigura o homem, adoça-lhe o caracter, burne-lhe o porte, alegra-lhe o espirito, rejuvenesce-lhe a alma e enflora-lhe de galas o coração, por mais duro e frio que elle seja.
O que o amor não consegue conquistar, cousa alguma existe no mundo que lhe tenha força e poder superiores. […]
E para que esse sentimento ao mundo viesse com os primeiros seres humanos, Adão apaixonou-se por Eva apenas se viu a sós com ella, e esse amor crescia dia a dia com a posse material da formosa mãe dos homens. Então o Paraiso duplicou de encantos á sua vista e a todos os seus sentidos!"
(Excerto de No Paraizo - Eva)
O que o amor não consegue conquistar, cousa alguma existe no mundo que lhe tenha força e poder superiores. […]
E para que esse sentimento ao mundo viesse com os primeiros seres humanos, Adão apaixonou-se por Eva apenas se viu a sós com ella, e esse amor crescia dia a dia com a posse material da formosa mãe dos homens. Então o Paraiso duplicou de encantos á sua vista e a todos os seus sentidos!"
(Excerto de No Paraizo - Eva)
"Por uma noite fria e escura do anno de 1791, um homem de elevada estatura e apresentando robustez pouco vulgar, de grandes olhos negros e brilhantes, bocca desdenhosa e fresca como a de uma donzella, espessos cabellos pretos annellados e lustrosos, entrou rapido n'uma das tabernos mal afamadas de Londres, sentou-se a um canto, e pediu, brandy, emquanto sacudia a longa capa cinzenta que escorria agua por todas as suas amplas pregas.
A taberna achava-se atulhada de freguezes, caras m ais ou menos suspeitas, rufiões, trabalhadores do porto, operarios, marinheiros e vadios perigosos, que beberricavam, riam e falavam em voz alta... [...]
Uns dez d'estes frequentadores, que a policia vigiava de perto, faziam roda a uma rapariga dos seus dezoito annos, dotada de peregrina formosura, formosura pouco vulgar, rara mesmo, ainda nos seus menores detalhes.
Vestia pobremente, mas atravez a modestia do seu fato, descobria-se a s fórmas delicadas e correctissimas do seu corpo gentil. [...]
Os homens semi-embriagados, dirigiam-lhe amabilidades obscenas, e ella ria muito, sem se mostrar melindrada nem offendida.
Do seu canto, o homem da capa cinzenta observava-a fixamente."
(Excerto de Na Inglaterra e na Italia - Lady Hamilton)
Joaquim Alfredo Gallis (Lisboa, 1859-1910). "Jornalista, romancista, contista, tradutor e historiador, iniciou-se na imprensa, segundo várias fontes, no periódico As Instituições, em 1881 – assinou aí crónicas políticas e sociais, contos e poemas, com nome próprio e com um dos pseudónimos que mais usou (Rabelais).
Escreveu para periódicos de forma continuada (As Instituições; A Ilustração Portuguesa; O Universal; Tempo; Nova Alvorada; Ecos da Avenida; Jornal do Comércio; Diário Popular; O Manuelinho d’ Évora) ou episódica, como no Correio Paulistano, de São Paulo, de que foi correspondente em 1893, publicando as
crónicas políticas "Correspondência de Lisboa", assinadas por Rabelais.
crónicas políticas "Correspondência de Lisboa", assinadas por Rabelais.
Dedicou-se aos romances naturalistas – escritos que evidenciariam a observação direta da natureza e a análise rigorosa das histórias dos homens sem rodeios nem abstrações. Entre 1901 e 1904, publicou os 12 volumes de Tuberculose Social, destinados a denunciar os vícios e males da sociedade. Como uma tuberculose podia atacar qualquer dos órgãos do corpo, também "a moral pode estar tuberculosa em qualquer das suas múltiplas e complexas manifestações" (Chibos, 1901, p. 9). Cabia ao escritor não só declarar aos doentes a sua enfermidade como demonstrar aos saudáveis as causas da doença e a sua quota-parte de responsabilidade na propagação.
Dedicou-se, também, aos romances sensualistas, licenciosos, eróticos e pornográficos, com
representações e descrições explícitas de sexo, vendidos aos milhares e abundantemente noticiados na
publicidade dos jornais (como "Livros para homens" ou "Biblioteca do solteirão").
Distinto jornalista e escritor afamado, estimado e ultrajado, reconhecido em Portugal e no Brasil, publicou
cerca de 35 títulos. No Brasil saíram volumes de contos eróticos e muitas livrarias brasileiras possuíam uma
categoria chamada "Obras de Rabelais". Mais de uma dezena de obras estiveram proibidas durante o Estado
Novo. Além de Rabelais, usou como pseudónimos Antony, Barão de Alfa, Condessa de Til, Duquesa
Laureana, Kin-Fó, Ulisses e Katisako Aragwisa.
Em 1908, aos 49 anos, publicou o primeiro de dois volumes que continuavam a 3.ª edição da História de
Portugal. Popular e Ilustrada, de Pinheiro Chagas, a quem chamava “mestre” (já continuada por Barbosa
Colen e Marques Gomes). Para escrever a quente sobre o regicídio, a editora tinha escolhido "um escritor
brilhantíssimo na forma, ponderado nas ideias, independente e, portanto, imparcial em política, homem que
tem o braço afeito a publicações desta ordem" (História de Portugal (Complemento)…, p. 6)."
(Fonte: Dicionário de Historiadores Portugueses - Da Academia Real das Ciências ao final do Estado Novo)
Encadernação inteira de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Mancha de humidade no pé, mais ou menos visível, mas transversal a todo o livro. Capa restaurada. Dedicatória manuscrita - não do autor - na f. ante-rosto.
Raro.
Indisponível

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