CORRÊA, Fernando Calapez - O AMERÍNDIO VISTO POR UM PORTUGUÊS DO SÉCULO XVIII: PONTES LEME. Lisboa, Academia Portuguesa da História : Comissão Portuguesa de História Militar, 2002. In-4.º (25x18,5 cm) de 39, [1] p. ; B. 1.ª edição independente.
Curioso estudo sobre a visão de um português de setecentos sobre o nativo brasileiro, que contradiz a visão europeia da época sobre o tema.
Obra invulgar, não mencionada na BNP, impressa em separata da «Preito e Reconhecimento», publicação patrocinada pela Academia Portuguesa de História.
No final do livro são reproduzidos três documentos relevantes para o assunto, relacionados com o biografado e a sua empresa ao serviço do Reino.
Tiragem limitada a 150 exemplares.
"António Pires da Silva Pontes Leme nasceu cerca de 1750 no município de Mariana, da capitania brasileira de Minas Gerais... [...]
Se avô paterno, o Capitão paulista Francisco da Silva de Carvalho e Costa, prestou relevantes serviços de carácter militar à Coroa em 1711, quando uma esquadra corsária francesa sob o comando de de Du Guay Trouin cercou, tomou e saqueou a cidade do Rio de Janeiro, retirando após o pagamento de elevado resgate, facto inserido na Guerra de Sucessão de Espanha. [...]
Desconhece-se onde e como adquiriu a formação que lhe permitiu frequentar a Universidade de Coimbra; talvez com o Capelão de sua Casa, ou nalgum estabelecimento de ensino religioso, como era então usual em abastadas famílias brasileiras, particularmente de Minas Gerais. Notícias seguras datam de Coimbra, 24 de Dezembro de 1777, dia em que se doutorou em Matemática, na respectiva Faculdade da sua vetusta Universidade.
Dois anos mais tarde foi escolhido para integrar a expedição ao Brasil destinada a cartografar e marcar no terreno os limites entre este território e os da América Espanhola, expedição que ficou conhecida como a Terceira Partida do Tratado de Limites."
(Excerto de 1 - Resenha Biográfica)
"O Ameríndio foi sempre encarado como um ser arreligioso, possuidor de alma passível de conversão à Fé Cristã... [...]
Por outro lado, na Europa transpirenaica, influenciada pelas ideias iluministas desde a centúria anterior, acreditava-se que o ameríndio era a incarnação do "bom selvagem", ser que nascia naturalmente bom e que, ao entrar em contacto com o Europeu, rapidamente adquiria os vícios de que este enfermava. Portanto havia que protegê-lo, deixá-lo viver tal como os ancestrais e copiar-lhe os hábitos se se desejava solucionar os problemas da Europa, todos originados no egoísmo que o viver em sociedade produzia, e na educação europeia que não tinha em conta os valores do "bom selvagem".
Por seu turno, Pontes Leme, homem que nasceu no meio de ameríndios e que passou boa parte da sua vida entre eles, apresenta uma visão algo diferente desta última, tanto quanto três momentos significativos da sua vida deixam antever."
(Excerto de 5 - A visão do Ameríndio)
Índice:
Do Autor [Trabalhos do] | 1 - Resenha Biográfica. 2 - Formação intelectual. 3 - O Cientista. 4 - O Académico: 4.1. Da Academia Real das Ciências de Lisboa; 4.2. Da Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica. 5 - A visão do Ameríndio. | Documento I - Memória Sobre os Homens Selvagens da América Meridional, que serve de introduçam às Viagens de António Pires da Silva Pontes Leme... Anno de 1792. Documento II - Observaçoens feitas na Academia dos Guardas da Marinha em 16 de Setembro de 1792. Documento III - Ofício do Governador da Capitania do Espírito Santo, António Pires da Silva Pontes Leme...
António Pires da Silva Pontes Leme (1750-1805). "Doutor na Faculdade de Matemática pela Universidade de Coimbra, Matemático ao serviço de Sua Majestade na Capitania de Mato Grosso; Professor de Matemática na Academia Real dos Guarda-Marinha; Capitão de Fragata da Armada Real; Governador da Capitania do Espírito Santo; Sócio da Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica."
(Fonte: https://arquivo.acad-ciencias.pt/descriptions/1411)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
20€