31 julho, 2025

CID, A. Salter - PLANTAS AROMATICAS E PERFUMES. Agricultura Colonial. Lisboa, Typographia da Livraria Ferin, 1906. In-8.º (21 cm) de 46, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante manual de fabrico de perfumes elaborado a partir da identificação e transformação de plantas aromáticas produzidas nas colónias portuguesas.
O autor justifica o cultivo destas plantas em solo ultramarino com o crescente interesse dos mercados internacionais nestes produtos, dando como exemplo a França - um dos potentados da indústria perfumeira -, a Alemanha e a Inglaterra, ilustrando o apontamento com alguns dados estatísticos sobre a importação de matérias primas similares realizadas por estes países.
"Pensamos que teria alguma cousa de util e opportuno chamar a attenção dos colonos portuguezes para a exploração de algumas plantas uteis e de bastante importancia commercial, por isso nos resolvemos a confeccionar este modesto trabalho em que trataremos de um dos muitos gruppos d'essas plantas uteis que conviria explorar, - as plantas aromaticas. [...]
Ao grande valor venal dos productos da industria de perfumaria accresce a enorme vantagem, sobretudo para as colonias longinquas, do seu pequeno volume e portanto diminutas despezas de transporte.
O material industrial para a sua fabricação é tambem, relativamente insignificante e pouco braços exige a sua laboração.
Como em portuguez pouco se tem escripto sobre esta especialidade, talvez alguma utilidade tenha esta publicação que, embora d'um modo resumido, encerra o essencial que ao colono europeu convêm saber sobre a cultura de algumas das principaes plantas aromaticas de que se extrahem perfumes."
(Excerto do Prefacio)
Indice:
Prefacio. | Badiana. | Belgate - Chá do Gabão. | Benjoin. | Canneleira. | Geranio Rosat. | Girofeiro. | Patchouly. | Vanilheira. | Ylang-Ylang.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel no canto superior direito.
Raro.
35€

30 julho, 2025

VERDE, Dominó -
CONTOS D'OUTRO TEMPO
. Porto, Livraria Luso-Brazileira - Editora, 1895. In-8.º (15,5x10 cm) de 125, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Colecção de contos singelos, prefaciados por Palmyra Castro (Virginia). Cada história é dedicada a um amigo do autor, sendo acompanhada de uma pequena estrofe de conhecidas personalidades da cena literária portuguesa da época.
Em termos bio-bibliográficos, nada foi possível apurar acerca deste "Dominó Verde", pseudónimo de alguém que parece ter ligações ao norte do país.
Obra curiosa e muito invulgar.  A BNP não menciona. No verso da f. rosto existe uma dedicatória(?) manuscrita que pouco ajuda a deslindar o "mistério" da autoria do livro.
"Ainda o sol se conservava occulto e só as aves chilreavam ao longe nos salgueiraes e já o bronze do campanario, tangia lugubremente, annunciando aos habitantes da aldeia que um dos seus irmãos havia rendido a alma ao Creador e aquelles que a curiosidade levava a entrar na Herdade, deparavam com o corpo do morgado hirto na rigidez da morte.
A noticia correndo de bocca em bocca, havia surprehendido toda aquella gente, pois ninguem esperava tão rapido desenlace e a impressão que a todos cauzava tão fatal noticia, era bem dolorosa, porque o morgado, era o protector da aldeia, o amigo dos pobres."
(Excerto de Saudades...)
Encadernação meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Manuseado. Trabalho insignificante de traça, junto da margem lateral, visível nas primeiras três páginas.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

29 julho, 2025

DESAGGRAVO DEVIDO AO SS. SACRAMENTO DO ALTAR.
Lisboa. Na Typographia de Bulhões, Anno 1829. Com Licença da Meza do Dezembargo do Paço. In-8.º (12,5x7 cm) de 33, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso opúsculo publicado em época de pré-Guerra Civil, período em que as igrejas foram assaltadas e saqueadas, pretendendo-se o desagravo das faltas cometidas pela oração. Trata-se de um importante contributo histórico-religioso típico do período conturbado que se viveu entre nós no primeiro quartel do século XIX.
Obra invulgar e muito interessante.
"Durante as guerras civis fez-se huma associaçaõ de pessoas devotas, que de commum acordo aspiravaõ a prestar ao Santissimo Sacramento do Altar o Culto, e homenagens, que os Soldados lhe arrebatavaõ. Ellas eraõ acordes entre si sobre hum certo número de Missa, e Communhões, e de Orações, que deviaõ praticar para este fim. E porque naõ farieis vós huma associaçaõ semelhante, empregando-vos como aquelles, em reparar as irreverencias praticadas dentro de nossas Igrejas, e diante do Santissimo Sacramento do Altar? Ai de mim! Quantas Igrejas tem sido prostituidas! Quantos Altares destruidos! Quntos Tabernaculos despedaçados! Quantos Vasos Sagrados profanados! E quantas Sagradas Hostias indignamente tratadas! Quantos Sacerdotes vilipendiados! Quantos Mosteiros destruidos! Quantas Igrejas desertas! Quantos Religiosos e Religiosas em fim como homiziados pelas Cidades tem abandonado os seus Claustros, e cessado de cantar os Louvores de Deos. He necessario, na verdade, sermos bem pouco sensiveis á Gloria de Deos, ao amor de Jesus Christo, e á honta da sua Igreja para naõ resentir-nos destas desordens, e para naõ magoar-nos das que se tem praticado ultimamente nesta Capital."
(Excerto do Preâmbulo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Conserva as capas de protecção originais. Assinatura de posse coeva na f. rosto.
Raro.
Indisponível

28 julho, 2025

CIDADE, Hernani -
ZARA (Tempos de D. Dinis).
Um acto em verso, representado pela primeira vez em Leiria, em récita a favor do cofre da Liga dos Amigos do Castelo, a 10 de dezembro de 1915. Leiria, Tip. Leiriense, 1916. In-4.º (23,5x14,5 cm. Com [2], 22, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Peça de teatro histórica cuja acção decorre na zona de Leiria. Trata-se, julgamos, do primeiro trabalho do autor, publicado pouco antes de seguir para a Flandres, França, onde combateu integrado nas forças do CEP.
Inclui no final, em página inteira, partitura da música expressamente composta para a peça por José Zúquete.
Exemplar impresso em papel encorpado, muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.

"Tempos de D. Dinis.
Episódio da paisagem dos arredores de Leiria. Ao fundo, o Castelo, elegante e novo, recortando a distância, na penumbra que desce, o perfil épico e trovadoresco. Á E. uma casa de campo, alpender e escada exterior.
O velho mouro lê o Alcorão, enquanto a filha, dentro de casa, canta:

Fermosas flores do verde pinho,
que novas dais do meu amigo?
Ai, Deus, u é?
Minha alma alegra o seu carinho,
morre de frio sem seu abrigo,
Ai, Deus, u é?"

(Excerto da Peça)

Hernâni António Cidade (Redondo, 1887 - Évora, 1975). "Professor no Liceu Passos Manuel em regime provisório, em 1914 é já efetivo do Liceu de Leiria. Em prol da Liga dos Amigos do Castelo escreve os versos da peça em um ato Zara (Tempos de D. Dinis) (1916), representada em 1915, o que serve para ilustrar o “idealismo construtivo” que sempre pôs nos assuntos coletivos. Na Primeira Guerra, incorporado no Corpo Expedicionário Português, comanda com bravura e humanidade um pelotão na Flandres. Debaixo de fogo, vai à zona alemã resgatar feridos portugueses e recolhe na “terra de ninguém” ferido alemão moribundo. Condecorado com a Cruz de Guerra, feito prisioneiro na Batalha de La Lys, em 1918, aproveita para desenvolver o conhecimento da língua alemã e vai divulgando a literatura portuguesa entre estrangeiros e compatriotas. Em 1956 haveria de ser agraciado pela França com a Legião de Honra.
Regressado, em 1919 entra para o corpo docente da recém-fundada Faculdade de Letras do Porto, contratado para o grupo de Filologia Românica. Terá a seu cargo cadeiras de literatura — portuguesa, francesa, italiana — e de «linguística» — Filologia românica, Gramática comparada das línguas românicas, Filologia portuguesa. Chega a catedrático, mas a Faculdade de Letras do Porto é extinta em 1928. Até ao encerramento efetivo da mítica faculdade, ensina também no Liceu Rodrigues de Freitas. Nesta década portuense publica bastante na Águia e estreita laços com colegas com quem mais tarde haveria de colaborar na História de Portugal dita de Barcelos ou na menos ambiciosa História de Portugal da Lello, de cujo quarto volume se encarregou. E decerto se refletiu na maneira de conceber o ensino a proximidade entre professores e alunos marca da faculdade ideada por Leonardo Coimbra.
Em 1930 integrará o grupo de professores da Faculdade de Letras de Lisboa, apresentando-se a concurso para a cátedra com a dissertação a A obra poética do Dr. José Anastácio da Cunha — com um estudo sôbre o anglo-germanismo nos proto-românticos portugueses (1930) e a lição, «à escolha», Fernão Lopes é ou não o autor da “Crónica do Condestabre”? (1931). Colabora com a Seara Nova, por 1934, e com Joaquim de Carvalho e Mário de Azevedo Gomes dirige o Diário Liberal (1934-1935). Conotado com a oposição ao Estado Novo, mesmo se não o caracterizavam as atitudes mais sonoras e se, à época, já se ia afastando da luta contra a implantação do regime, em 1935 o seu nome constaria da conhecida lista de professores a serem exonerados, valendo-lhe o ora colega germanista ora ministro germanófilo Gustavo Cordeiro Ramos, que fora seu contemporâneo em Évora. Estudantes e alguns colegas desagravam-no na Homenagem aos Professores Mário de Azevedo Gomes, Hernâni Cidade, Joaquim de Carvalho (1935), onde os alunos de Letras o epitetam como “o mais amado e o mais respeitado dos mestres”."
(Fonte: https://dichp.bnportugal.gov.pt/historiadores/historiadores_hernani_cidade2.htm)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
25€

27 julho, 2025

BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE LOJISTAS DE LISBOA -
Janeiro - 1937 : Ano I - N.º 5. Director  e Editor: Domingos Gama Garcia. Visado pela Comissão de Censura. Lisboa, Associação Comercial de Lojistas de Lisboa, 1937. In-fólio (32x23 cm) de 32 p. (inc. capas) ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Número desta conhecida associação de comerciantes lisboeta, distingue na capa e no interior em artigo laudatório o Ministro do Comércio e Indústria, Pedro Teotónio Pereira (1902-1972), indefectível do Estado Novo e um dos mais próximos do líder, António Oliveira Salazar. Além dos cargos de relevo que ocupou durante o regime, ficou conhecido pela contratação do escritor de marinha australiano Alan Villiers (1903-1982), quando embaixador em Washington, para escrever sobre a saga da pesca longínqua portuguesa, que resultaria num bestseller da especialidade - A Campanha do Argus.
Ilustrado com fotografias a p.b. e numerosa publicidade da época.
"Membro de uma Família Ilustre de comerciantes, é, pode dizer-se, o verdadeiro creador e orientador do Movimento Corporativo Nacional.
Com solida preparação intelectual, creada mercê de aturado estudo (foi um dos mais distintos alunos da Faculdade de Sciencias da Universidade de Lisboa); subordinado a regras moraes que sempre impuzeram pela sua absoluta integridade; respeitado, estimado e admirado, desde muito novo, por todos quantos, um dia, com ele conviveram; caracter recto e digno; Homem de Acção a quem o trabalho constante não assusta, é, sem contestação, um Ministro verdadeiramente á altura do cargo que ocupa."
(Excerto do Artigo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Manuseado, com pequenas falhas de papel.
Muito invulgar.
15€

26 julho, 2025

SILVEIRA, Cap. F. Lemos da - CORREIO AÉREO EM PORTUGAL : 1900 - 1945.
[Por]... Roll of Distinguished Philatelists. Lisboa, Edições Inapa, 2001. In-fólio (32x25 cm) de 127, [1] p. ; mto il. ; E.
1.ª edição.
História do voo postal em Portugal, precedido de uma introdução - Os Precursores - onde o autor aborda os momentos mais significativos da história aérea nacional.
Obra belíssima, de grande sentido estético e apuro gráfico, profusamente ilustrada no texto a p.b. e a cores.
"O "LAT. 17" foi o primeiro carimbo aéreo português (Palma Leal, C-1), circunstância que deu origem, forçosamente, aos muitos motivos de interesse desta marca e, por consequência, das primeiras correspondências conduzidas por via aérea de Portugal para o estrangeiro - no voo experimental que largou de Alverca na madrugada de 19 de Setembro de 1926 rumo a Tânger. [...]
Na manhã de de 26 de Agosto de 1926, às 10 horas, aterrou na pista internacional de Alverca, vindo de Tânger, um avião comercial francês tipo Laté-17, pertencente à Société des Lignes Aériennes Latécoère.
Com o número de matrícula 605, era um dos aparelhos que faziam o transporte de correio e passageiros no serviço França-Marrocos-França.
Monoplano de construção metálica, com um motor Jupiter de 380 CV e velocidade de cruzeiro próxima dos 160 km/h, dispunha de cabina para 4 passageiros e um depósito para 1100 kg de correspondência. Tripulavam-no o piloto Vareille e o mecânico Jayet.
O que terá justificado, exactamente, esta visita inesperada?"
(Excerto de Primeiro ensaio de correio aéreo em Portugal
Encadernação do editor em tela vermelha, com título e autor gravados em baixo relevo na pasta anterior.
Exemplar em bom estado de conservação, como novo.
Invulgar.
Com interesse histórico.
20€

25 julho, 2025

CORRÊA, Fernando Calapez -
O AMERÍNDIO VISTO POR UM PORTUGUÊS DO SÉCULO XVIII: PONTES LEME
. Lisboa, Academia Portuguesa da História : Comissão Portuguesa de História Militar, 2002. In-4.º (25x18,5 cm) de 39, [1] p. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso estudo sobre a visão de um português de setecentos sobre o nativo brasileiro, que contradiz a visão europeia da época sobre o tema.
Obra invulgar, não mencionada na BNP, impressa em separata da «Preito e Reconhecimento», publicação patrocinada pela Academia Portuguesa de História.
No final do livro são reproduzidos três documentos relevantes para o assunto, relacionados com o biografado e a sua empresa ao serviço do Reino.
Tiragem limitada a 150 exemplares.
"António Pires da Silva Pontes Leme nasceu cerca de 1750 no município de Mariana, da capitania brasileira de Minas Gerais... [...] 
Se avô paterno, o Capitão paulista Francisco da Silva de Carvalho e Costa, prestou relevantes serviços de carácter militar à Coroa em 1711, quando uma esquadra corsária francesa sob o comando de de Du Guay Trouin cercou, tomou e saqueou a cidade do Rio de Janeiro, retirando após o pagamento de elevado resgate, facto inserido na Guerra de Sucessão de Espanha. [...]
Desconhece-se onde e como adquiriu a formação que lhe permitiu frequentar a Universidade de Coimbra; talvez com o Capelão de sua Casa, ou nalgum estabelecimento de ensino religioso, como era então usual em abastadas famílias brasileiras, particularmente de Minas Gerais. Notícias seguras datam de Coimbra, 24 de Dezembro de 1777, dia em que se doutorou em Matemática, na respectiva Faculdade da sua vetusta Universidade.
Dois anos mais tarde foi escolhido para integrar a expedição ao Brasil destinada a cartografar e marcar no terreno os limites entre este território e os da América Espanhola, expedição que ficou conhecida como a Terceira Partida do Tratado de Limites."
(Excerto de 1 - Resenha Biográfica)
"O Ameríndio foi sempre encarado como um ser arreligioso, possuidor de alma passível de conversão à Fé Cristã... [...]
Por outro lado, na Europa transpirenaica, influenciada pelas ideias iluministas desde a centúria anterior, acreditava-se que o ameríndio era a incarnação do "bom selvagem", ser que nascia naturalmente bom e que, ao entrar em contacto com o Europeu, rapidamente adquiria os vícios de que este enfermava. Portanto havia que protegê-lo, deixá-lo viver tal como os ancestrais e copiar-lhe os hábitos se se desejava solucionar os problemas da Europa, todos originados no egoísmo que o viver em sociedade produzia, e na educação europeia que não tinha em conta os valores do "bom selvagem".
Por seu turno, Pontes Leme, homem que nasceu no meio de ameríndios e que passou boa parte da sua vida entre eles, apresenta uma visão algo diferente desta última, tanto quanto três momentos significativos da sua vida deixam antever."
(Excerto de 5 - A visão do Ameríndio)
Índice:
Do Autor [Trabalhos do] | 1 - Resenha Biográfica. 2 - Formação intelectual. 3 - O Cientista. 4 - O Académico: 4.1. Da Academia Real das Ciências de Lisboa; 4.2. Da Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica. 5 - A visão do Ameríndio. | Documento I - Memória Sobre os Homens Selvagens da América Meridional, que serve de introduçam às Viagens de António Pires da Silva Pontes Leme... Anno de 1792. Documento II - Observaçoens feitas na Academia dos Guardas da Marinha em 16 de Setembro de 1792. Documento III - Ofício do Governador da Capitania do Espírito Santo, António Pires da Silva Pontes Leme...
António Pires da Silva Pontes Leme (1750-1805). "Doutor na Faculdade de Matemática pela Universidade de Coimbra, Matemático ao serviço de Sua Majestade na Capitania de Mato Grosso; Professor de Matemática na Academia Real dos Guarda-Marinha; Capitão de Fragata da Armada Real; Governador da Capitania do Espírito Santo; Sócio da Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica."
(Fonte: https://arquivo.acad-ciencias.pt/descriptions/1411)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
20€

24 julho, 2025

CESARINY, Mário - JORNAL DO GATO. Contribuição ao saneamento do livro pacheco versus cesariny edição pirata da editorial estampa colecção direcções velhíssimas. Lisboa, Assírio & Alvim, 2004. In-8.º (20,5 cm) de 59, [5] p. ; il. ; B.
Obra muito interessante. Trata-se da correspondência trocada entre Mário Cesariny, Luiz Pacheco, António Maria Lisboa, Victor Silva Tavares, … aqui divulgada por forma a responder às incorrecções que surgiram na edição que Luiz Pacheco publicou na Estampa, sem o conhecimento dos destinatários das cartas. 
Exemplar autografado, muitíssimo valorizado pela lamentosa e extensa dedicatória hard-core do autor a um outro poeta português sobre amores desencontrados, os seus, com trocadilhos de teor religioso de gosto duvidoso.
Ilustrado com uma fotografia em página inteira de Cesariny "correndo pelas ruas de Toledo".
Mário Cesariny (Lisboa, 1923-2006). "Poeta e pintor, a sua formação artística conta com o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio, estudos na área da música com o compositor Fernando Lopes Graça e a frequência da academia parisiense La Grande Chaumière. Mário Cesariny é considerado o mais importante poeta do surrealismo português, tendo exercido grande influência na criação do Grupo Surrealista de Lisboa, em 1947, no mesmo ano em que se encontrou com André Breton, facto que marcaria o seu trabalho pictórico e literário. A sua personalidade inquieta e algumas discordâncias ideológicas levariam-no a afastar-se desse grupo e a lançar Os Surrealistas, escrevendo o Manifesto Abjeccionista, com Pedro Dom. Da obra escrita: poesia, intervenção, sempre polémica, significativas antologias, para o que é do surrealismo em Portugal e no mundo, traduções de Rimbaud, Buñuel, Novalis. Dos primeiros anos da década de 40 datam as suas primeiras pinturas, poemas e desenhos. Após uma breve passagem pelo neo-realismo e de influências de Cesário Verde e do futurismo de Álvaro Campos, é na corrente surrealista que encontra o seu estilo. No entanto, a pintura de Cesariny nunca foi citação, nem recitação, dos temas, formas e paisagens que fazem a imagem vulgar e banalizada do surrealismo. A propósito da sua pintura não faz sentido fazer uma teoria geral. Como a poesia, a pintura de Cesariny é espontânea e subversiva, marcada por uma dimensão algo mágica e onírica, com predomínio da cor, da desordem ou do caos associados ao automatismo e ao acaso próprios do surrealismo. O recurso ao "non-sense" e ao absurdo, tão caros às primeiras vanguardas, aparecem na sua obra pictórica, mas também nos objectos e nas "assemblages", a par de uma atitude estética de experimentação, através do uso de métodos menos convencionais (colagens, tintas de água) mas que se traduzem numa consistente obra plástica. Defensor e impulsionador de um movimento surrealista em Portugal, Cesariny influenciou diversos artistas portugueses, tendo visto reconhecida a sua contribuição para a arte portuguesa do século XX com a atribuição do Grande Prémio EDP 2002."
(Fonte: cvc.instituto-camoes.pt)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar e valioso.
100€

23 julho, 2025

MARTINS, Guilherme d'Oliveira -
LAPIDE OLIVEIRA MARTINS.
Sessão inaugural da Lapide commemorativa do fallecimento do Conselheiro Joaquim Pedro de Oliveira Martins na frente da casa n.º 30 da Calçada dos Caetanos, da cidade de Lisboa, mandada fazer e collocar, segundo os dizeres e indicações de sua dedicada viuva D. Victoria Barbosa de Oliveira Martins. Palavras Proferidas. Auto Respectivo. Publicação feita por... Novembro de 1919. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1919. In-8.º (19x12 cm) de 54, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Preito de homenagem a Joaquim Pedro de Oliveira Martins por seus colegas, amigos e familiares, por ocasião do 25.º aniversário da sua morte. No final vem listada as pessoas que compareceram à cerimónia de descerramento da Lápide comemorativa.
Com dedicatória de oferta no interior de um familiar de J. P. Oliveira Martins.
"Oliveira Martins esteve quatro annos na mina de Santa Eufemia, quatorze na direcção do Caminho de Ferro da Povoa e dois na da Regie.
Como factos comprovantes da sua dedicação para com os operarios citar-vos-ei, tiradas entre muitas, as seguintes passagens:
Era por ocasião da festa de Santa Barbara, advogada dos mineiros. O dia foi passado festivamente. O abuso das bebidas determinou nos animos um estado de excitação de que naturalmente resultou uma grande desordem, um verdadeiro combate.
Avisado Oliveira Martins, promptamente se dirigiu para o local do conflicto, confiando completamente em que ninguem lhe faria mal. [...]
Usando do seu extraordinario prestigio, conseguiu estabelecer a ordem, e tudo serenado passou toda a noute a curar os feridos, alguns de gravidade, pondo em acção as suas aptidões cirurgicas e a sua manifesta caridade. [...]
D'estas passagens relativas à estada na mina de Santa Eufemia, venho referir-vos uma outra colhida d'entre muitas e referente ao periodo durante o qual dirigiu a linha de Caminho de Ferro da Povoa.
Desempenhava o logar de chefe do movimento um empregado tam zeloso como bom chefe de familia bem numerosa.
Aprouve a Deus dar-lhe uma doença de espinha que o inutisou. Reconhecida a incurabilidade da doença, propõe Oliveira Martins que lhe continuasse a ser abonado o vencimento, proposta esta que não foi bem aceite... [...]
Relativamente ao tempo de estada na Regie, falam largamente os manipuladores, e ainda na hora presente registo ter sido A Voz do Operario o unico jornal, que por ocasião de ser inaugurada a Lapide Oliveira Martins, se occupou em artigo especial d'este grande homem."
(Excerto de Ao Leitor, por Guilherme d'Oliveira Martins)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos. Sem f. rosto.
Raro.
15€

22 julho, 2025

GOMES (Luso), Luiz - ALOCUÇÃO.
Proferida por... Do «Gremio Planetario» Na cerimonia da entrega do estandarte oferecido ao Regimento de Artilharia de Montanha pela cidade de Portalegre em 24-V-920. Portalegre, Tipografia Lecoq & Irmão, 1920. In-8.º (22,5x11 cm) de 15, [1] p. ; B.

1.ª edição.
Discurso proferido por ocasião da homenagem do município de Portalegre ao Regimento de Artilharia de Montanha que combateu na Grande Guerra, nos Teatros de Operações Europeu e Africano.
Opúsculo raro, com interesse para a bibliografia WWI. A BNP não menciona.
 "Ex.mo Sr. Ministro da Guerra:
Ao entregar a V. Ex.ª esta insignificante oferta da cidade ilustre que é Portalegre, consenti que eu beije com uncção este naco de seda com bordaduras, que, desde este momento, passa a ser um simbolo, uma bandeira do glorioso exercito portuguez e o estandarte do bravo, heroico e sacrificado Regimento de Artilharia de Montanha.
Em boas mãos o entrego, pois a altivez, a heroicidade, o brio e a valentia de taes soldados, lhe farão inscrever brevemente datas novas e legendas valorosas, que honrem e encham de orgulho os soldados desse Regimento, e brilhem fulgurantes como façanhas da nossa Raça e do nosso Exercito, nas paginas aureas da pujante Historia da nossa Nacionalidade.
Viva Portugal!
Viva a Republica!
Viva o Exercito Portuguez!
Viva o Regimento de Artilharia de Montanha!"
(Excerto do discurso)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado, com pequenos defeitos.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
20€
Reservado

21 julho, 2025

CARVALHO, Torres de - "NAZIS" : aspectos citadinos e políticos da Alemanha. [Prefácio de António da Costa Cabral, Ministro Plenipotenciário, antigo Ministro de Portugal em Berlim]. Lisboa, Henrique Torres : Editor, 1933. In-8.º (19×12,5 cm) de 167, [1] p. ; [9] f. il. ; B.
1.ª edição.
Reportagem efectuada por um jornalista português na Alemanha nazi seis anos antes da eclosão da 2.ª Guerra Mundial.
Trata-se de um importante documento histórico. O autor, conhecido germanófilo, esteve no congresso de Nuremberga realizado nesse ano (1933) a convite do regime nazi, tendo oportunidade de entrevistar os principais líderes alemães, todos homens da confiança de Hitler: Rudolf Hess, Adjunto do Führer; Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda do Reich; Alfred Rosenberg, principal teórico do Nacional-Socialismo; Ernst Röhm, Chefe da milícia alemã; Hans Frank, Advogado, Ministro da Justiça da Baviera; Arthur Schumann, Chefe do Serviço de Inteligência Política do NSDAP, Ministério das Relações Exteriores do PNS; Dr. E. Pflaumer, Cirurgião e professor da Faculdade de Medicina de Enlangen, Baviera.
Vem ainda reproduzido o último discurso de Hitler, pronunciado no Reichstag, na noite de 14 de Outubro de 1933, por ocasião da renúncia da Alemanha à Sociedade das Nações.
Livro ilustrado com nove estampas extratexto reproduzindo os retratos de Hitler e dos entrevistados, e de uma parada militar em Nuremberga.
O jornalista Torres de Carvalho, no livro intitulado Nazis - que constitui um notável documento sobre a Alemanha dos anos 30, com curiosos comentários aos importantes acontecimentos que então ali se verificavam, e que constituíram marcos importantes da ascensão do Nazismo, e com entrevistas a alguns responsáveis máximos do governo nacional-socialista (Hess, Goebbels, Rosenberg, Ernst Rohm, Hans Frank) - manifesta um tom aparentemente desapaixonado, em que mesmo se nota algum receio pelos excessos de alguns partidários de Hitler, não é de admirar que acabe por manifestar alguma admiração pelo Führer e que, no prefácio, o embaixador em Berlim, António da Costa Cabral, revele alguma compreensão por esses excessos, admitindo que eles acabarão por ser sanados.
No Prefácio, que se intitula "Palavras de verdade", diz o embaixador de Portugal na Alemanha: "A mocidade do Führer e dos seus sequazes, longe de se me afigurar perigosa, julgo-a favorável à instauração de um novo estado de coisas. Se xenofobia existe nas juventudes nacionalsocialistas alemãs, esse excesso de patriotismo deve sanar-se mercê da clarividente actuação dos seus Chefes supremos, que apenas procuram o bem público pelos processos que a mentalidade germânica mais favoriza e que nós, latinos, repudiaríamos e não compreendemos".
(Luís Reis Torgal. Salazarismo, Alemanha e Europa, Revista de Historia das Ideias Vol. 16 1994)
"Para compreender a transcendência do movimento que vem transformando a Alemanha são indispensaveis livros como êste. Quotidianamente tem o simples leitor de gazêtas ou o estudioso ensejo de conhecer o desenrolar dos acontecimentos e tudo o que o Partido Nacional-Socialista tem demolido, substituido ou criado no «Terceiro Reich». Mas a rapida leitura da imprensa diaria não é, por certo, informação suficiente por desconnexa e, em geral, pouco profunda.O livro, sim, esse compendia e metodisa o que convem ou interessa sabêr.
A grande massa de pessôas que já hoje, entre nós, se preocupa com o que se passa além fronteiras, isto é, que acompanha com curiosidade e ainda com desejo de aprender e perceber a evolução das instituições dos Estados que adoptaram novas formulas para resolução dos problemas políticos e sociais da hora presente, merecia que pela penna de um jornalista experimentado e de justa visão, lhe fôssem servidas, sôb forma atrahente e de suma elegancia estilistica, algumas verdades sôbre o Hitlerismo."
(Excerto do Prefácio)
"Vais lêr um livro que fala da Alemanha actual, dêsse país onde Hitler domina, dêsse ponto da Europa que provoca as atenções do mundo inteiro.
É um livro escrito por um jornalista que esteve na Alemanha, fazendo reportagem, que ali foi alheio à política, tratar de política, colhêr impressões, relatando os acontecimentos tais como o são, imparcialmente, naturalmente, sem coacções nem facciosismos.
A Alemanha atravessa um dos momentos mais melindrosos.
Todas as apreciações, ácêrca dela, são, por enquanto, extemporâneas.
Hitler procura-a restabelecer do mal que a ia victimando: o comunismo.
Os mesmos remédios que curam, tomados em excesso, muitas vezes provocam a morte. Aguardemos, portanto.
Hitler pretende despertar a Alemanha, purificar a raça, impedir aos judêus o direito de cidadãos, criar uma nova Alemanha... Para isso dispende uma actividade sobrehumana; discursa, faz prelecções, entusiasmando, estimulando o povo a acompanhá-lo nos seus ideais."
(Excerto do preâmbulo)
Índice: - Prefácio. Palavras de Verdade. - [Preâmbulo]. - Hamburgo. - Berlim. - Munich. - O Congresso de Nürnberg. - Bremen. - O pensamento de Hitler, atravez um dos seus discursos. - [Entrevistas]. - O ultimo discurso de Hitler, pronunciado, na noite de 14 de Outubro, por ocasião da saida da Alemanha, da Sociedade das Nações.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Manuseado. Capas cansadas, com acidez. Assinatura de posse na f. rosto.
Raro.
Com interesse histórico.
85€

20 julho, 2025

SILVA, Padre Fernando Augusto da -
VOCABULÁRIO POPULAR DO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA.
Alguns subsídios para o seu estudo. Funchal, Edição da Junta Geral do Funchal, 1950. In-8.º (20,5x15,5 cm) de 145, [7] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio lexical para a história e conhecimento da língua madeirense.
Ilustrado com um retrato do autor em página inteira.
"Indicaram-me para prefaciar este livro. É honra que agradeço sem deixar de confessar a minha incompetência, atribuindo o facto tão sòmente à amizade de quem se lembrou de mim ou às velhas e amistosas relações que me ligavam ao Autor. [...]
Já as flores desabrochavam nesta primavera sobre o seu humilde coval, e ainda a imprensa está a dar à luz esta obra póstuma, como fulgurância do seu espírito.
Julgo-o de utilidade, por vir sobretudo ajudar os forasteiros a entender o dialecto do nosso povo, por vezes curioso e pitoresco.
Muitas palavras serão corruptelas do bom português. Algumas, português bárbaro do século quinze e outras, formadas pelo mesmo povo pela necessidade que tem de se exprimir, visto desconhecer os termos técnicos, terminologia correcta, etc."
(Excerto de À maneira de Prefácio, do Cónego F. C. de Meneses Vaz)
Fernando Augusto da Silva (Santa Maria Maior, Funchal, 1863 - Funchal, 1949). "Foi um sacerdote, investigador da História da Madeira, professor e escritor português. Nasceu em 1863 em Santa Maria Maior, filho de Fernando Augusto da Silva e de Joana Augusta de Freitas. Cursou o liceu e o seminário, tendo-se ordenado presbítero em 1888, exercendo depois funções eclesiásticas em diversas freguesias da Madeira, sendo por fim colocado como pároco na freguesia de Santo António do Funchal. Foi também professor efectivo, aposentado, na Escola Industrial e Comercial António Augusto de Aguiar, no Funchal. Faleceu na cidade do Funchal em 1949, estando sepultado no Cemitério de Santo António."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Indisponível