18 dezembro, 2024

FILHO, Teutonio -
M.ᴹᴱ BIFTECK-PAFF : romance
. Lisboa, Guimarães & C.ª - Editores, 1914. In-8.º (18,5x11,5 cm) de 211, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Edição original deste pouco conhecido trabalho de Teotónio Filho, autor "maldito" brasileiro, conhecido pelas suas obras controversas e reacionárias, indispôs a elite brasileira da época.
Raro. Obra inicialmente publicada em Portugal, a BNP não menciona.
"- Mariazeta!
No cáes, em pleno dia, sob um sol que faiscava contra as vidraças das carruagens, Flavio empolgou num abraço a delgada cretaura que noutras épocas fôra a sua irmã mui bem querida, o pequeno anjo dos seus dias d'infancia morta. E agora, nesse amplexo doce, nesse retorno de vida passada, ele punha toda a volta d'uma esplendida, antiquissima ternura.
- Mariazeta! Mariazeta!
- Flavio!
Ela parecia comovida. Ele julgou descobrir-lhe uma lagrima figidia e rompeu o silencio, perguntando:
- Esperaste muito?
- Dez minutos. Bôa viagem?
- Os nove dias de Lisbôa aqui, foram agradaveis... De Cherburgo a Lisboa, não... O mar, por taes bandas é violento - oh! nem imaginas...
Desviaram a vista para o oceano - ele, com expressão de fadiga terminada - ela, com expressão de desejo e de amor pelo horizonte misterioso. O porto interno estava pouco movimentado. Junto aos recifes vapores de carga sopezavam mercadorias d'alvarengas enormes. Lá fóra, na Lamarão, o transatlantico balançava-se ás vagas da maré alta."
(Excerto do Cap. I)
Theotônio de Lacerda Freire Filho, ou Theo Filho, (1895-1973). "Foi um dos escritores mais lidos no Brasil nos anos 20 do século passado. Descreveu a boémia parisiense e carioca, e os vícios da elite brasileira. Cônsul brasileiro em França, correspondente internacional, jornalista, poeta, dramaturgo e comediógrafo. Romancista "pré-modernista" e "maldito"."
(Fonte: https://www.skoob.com.br/autor/1272-theo-filho)
"Theotonio Filho publicou três títulos em casas editoriais portuguesas. A Tragédia dos Contrastes apareceu em 1911, por Guimarães & C., de Lisboa. Seu primeiro romance, todavia, parece que foi mal recebido por uma parte do público brasileiro. Em 1912 [1914] Mme. Bifteck-Paff foi lançado pelo mesmo editor. Esse romance, escrito em Aix, no ano anterior, mas ambientado no Recife e na praia de Olinda, desenvolvia o tema da traição, observado ora pela lógica da mulher adúltera, ora pela lógica do canalha que a passou para trás. Finalmente, Bruno Ragaz, anarquista surgiu, em 1913, em edição de Magalhães & Moniz Editores, do Porto."
(Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp056898.pdf)
Encadernação em percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Miolo correcto. Apresenta mancha na f. rosto.
Raro.
35€

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