10 março, 2019

VILLA-MOURA, Visconde de - NOVA SAPHO : tragedia extranha. Segundo milhar. Rio de Janeiro, Annuario do Brasil : Porto, Renascença Portuguesa, 1921. In-8.º (18,5cm) de 262, [2] p. ; E.
1.ª edição brasileira, segunda absoluta.
Romance cuja acção decorre entre o Minho e Lisboa. Publicado pela primeira vez no Porto, em 1912, deu brado pelo sensualismo evidente. Como todos os livros "malditos", depressa esgotou, vindo a acontecer o mesmo com os exemplares desta edição.

"Encontrei-a indolente, distrahida, em viagem pelo Minho.
Estou a vê-la! - mulher de trinta annos, cabellos negros, olhar ennevoado, sombrio, sobrancelhas luzentes, labios finos, mostrando a espaço os dentes brancos, rosto moreno, talhado em linhas puras, modelo de bronze precioso de casa antiga, com ademanes de adolescente e artista. Acompanhava-a uma extrangeira mais nova, de cabellos e olhos castanhos, muito branca, boca pequena, duma beleza vulgar, que abria em riso ingenuo, ar aventureiro de quem segue por um mundo de acaso, ao capricho doutra, da companheira, que a envolvia, ás vezes, num largo olhar complacente e tenebroso."
(Excerto do Cap. I, Maria Peregrina)
Bento de Oliveira Cardoso e Castro Guedes de Carvalho Lobo (Baião, Grilo, 1877 - Porto, 1935). "Primeiro e único visconde de Vila Moura. Formado em Direito, foi um político, intelectual e escritor decadentista, que, entre outras funções foi deputado às Cortes da Monarquia Constitucional Portuguesa. Correspondente de Fernando Pessoa, foi cronista da revista A Águia e autor de uma vasta e fecunda obra como escritor, novelista, contista, cronista e crítico literário. De entre as suas obras destaca-se Nova Safo (1912), pela coragem na abordagem dos temas do lesbianismo, necrofilia e homossexualidade masculina, que provocou grande escândalo à época.
Depois de concluir os estudos liceais no Colégio dos Vasconcelos, no Porto, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se viria a licenciar em 1900, ano que foi agraciado com o título de 1.º Visconde de Vila Moura por decreto de 25 de Outubro de 1900, do rei D. Carlos I de Portugal. Herdou de seus pais importantes propriedades, tornando-se num dos maiores proprietários do concelho de Baião. Nunca tendo casado, não teve descendência.
Ainda estudante em Coimbra revelou-se um escritor dotado, iniciando, a partir de 1898, a publicação de uma extensa obra literária que inclui diversos géneros, desde o conto, o romance e a novela até ao ensaio literário. Membro do movimento cultural portuense da Renascença Portuguesa, aderiu à estética decadentista, recusando o positivismo e o naturalismo neo-realista. Algumas das suas obras têm um cunho marcadamente sensual, com referências explícitas à homossexualidade, o que foi fonte de escândalo ao tempo.

Na política foi militante do Partido Regenerador, pelo qual foi eleito deputado pelo círculo do Porto Oriental nas eleições gerais de 1908. Prestou juramento a 2 de Maio de 1908, integrando durante o mandato diversas comissões parlamentares.
Com a implantação da República Portuguesa abandonou a política activa, recolhendo-se à cidade do Porto e dedicando-se quase em exclusivo à actividade literária. Foi no período pós-1910 que publicou o essencial da sua obra, revelando-se um escritor de grande mérito."

(Fonte: wikipédia)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Manuseado, com falhas no revestimento da lombada. Capa apresenta manchas e alguns riscos a caneta.
Raro.
30€

Sem comentários:

Enviar um comentário