26 novembro, 2018

OSORIO, Ana de Castro - A ACÇÃO DA MULHER NA GUERRA ACTUAL. Conferencia publicada pela Associação de Propagandas Feministas. O produto é oferecido á Comissão Feminina "Pela Patria" para a obra dos agasalhos e roupas para os soldados. Lisboa, Imprensa Comercial, 1915. In-8.º (22,5cm) de 12 p. ; B.
1.ª edição.
Conferência com interesse histórico. Os esforços desenvolvidos pelas mulheres nos primórdios da Grande Guerra, e a sua "convivência" com a República.
Junta-se um folheto/boletim de inscrição da Associação de Propaganda Feminista, organização presidida na época por Elzira Dantas Machado, mulher de Bernardino Machado.
"Quando em tempos de paz - em tempos que não vão longe e tão afastados já nos parecem! - nós, as mulheres, reclamavamos em nome da Justiça e do Direito que nos considerassem seres, civica e legalmente iguais aos homens, os adversários do progresso das ideias alegavam: que a mulher não podia reclamar direitos politicos visto não ser chamada ao serviço militar. Isto, havendo paises, como a Inglaterra, em que o serviço militar não é obrigatorio e havendo paises, como o nosso, em que os soldados não têm voto.
Agora, por um concurso de circunstancias, de crimes e de ambições desenfreadas, de que a mulher não tem directa responsabilidade, a guerra declara-se com uma violencia, uma crueza, uma injustiça que a humanidade nunca experimentou, nem nos seus dias de mais torvo delirio. [...]
Neste momento póde vêr-se com assombro como a mulher, a despresada mulher, que não é digna de ter direitos civicos e politicos, põe de parte todos os seus interesses, esquece todas as injustiças de que tem sido victima e tem só um pensar, tem um unico sentir em todos os paises: estar ao lado dos homens da sua raça, defender os direitos da sua patria, pôr o seu trabalho ao serviço dos que lutam e sofrem.
A mulher, que não é soldado nem responsavel pela loucura bélica que atacou a Alemanha, arrastando para o abismo o mundo inteiro, não é decerto quem menos tem sofrido nestas horas ttragicas que a humanidade tem vivido. Nem será ela, por certo, quem menos ha de sofrer as consequencias do terrivel conflito, que deixará baralhadas e confundidas todas as ideias do passado."
(Excerto da conferência)
Ana de Castro Osório (1872-1935). "Escritora, feminista e ativista republicana. É considerada a fundadora da literatura infantil no nosso país. Escreveu alguns livros que foram utilizados como manuais escolares e publicou ainda uma obra marcante na sua época, a coleção Para as Crianças, que lhe ocupou perto de quatro décadas de trabalho. Outros títulos dignos de realce são A Minha Pátria, As Mulheres Portuguesas (em que alia o feminismo a uma postura patriótica) e A Mulher no Casamento e no Divórcio (uma tomada de posição sobre a problemática do divórcio, que seria objeto de legislação por parte de Afonso Costa, e em que colaboraria). Ana de Castro Osório criou ainda a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas."
(Fonte: wook)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e algo manchadas.
Muito raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

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