MENEZES, Monsenhor João Rebello Cardoso de - OS SEMINARIOS. Por... Capellão Honorario de Sua Santidade Leão XIII = Extra Urbem =, Vice-reitor do Seminario de Braga, e Examinador Pro-Synodal do Arcebispado. Braga, Typographia Lusitana, 1880. In-8.º (19x12,5 cm) de 134, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Obra interessante e muito invulgar, dedicada pelo autor a D. Crisóstomo de Amorim Pessoa, Arcebispo de Braga, "em
testimunho de sincera gratidão e humilde respeito, e para commemorar o
fausto acontecimento da abertura no novo Seminario dos Apostolos S.
Pedro e S. Paulo".
D. João de Menezes, apologista da educação religiosa ministrada em seminários, considera ser essa a única forma de passar competências aos futuros sacerdotes e dar-lhes a base necessária para um bom desempenho da actividade pastoral. Traça ainda o diagnóstico da educação clerical no país, em época conturbada e de crise de vocações, aliada a
um forte sentimento anticlerical.
"A maior
obra de caridade actualmente em Portugal é a instituição de bons
seminarios, onde se eduque um clero com verdadeiro espirito
ecclesiastico." (Impresso na f. rosto)
"Como portuguez, como christão, e ainda mais como Padre, não posso, nem devo deixar de me condoer dos males que affligem Portugal.
Tenho corrido quasi todo o nosso reino, e tocado com a mão nas suas chagas, e é á vista d'ellas que por mais d'uma vez tenho exclamado - Portugal seria uma terra de santos, se tivesse um certo numero de clero com um verdadeiro espirito ecclesiastico.
Amo o clero, e desejava vel-o elevado á altura do santo e sublime ministerio, de que por Deus foi encarregado, e posso dizel-o bem alto, que não só com as minhas palavras, mas ainda com minhas obras eu tenho proclamado esta verdade. [...]
Nos males actuaes do clero em Portugal, nem tem culpa o simples clero nem os Prelados. Que haviam elles fazer relativamente á sua educação em circumstancias tão anormaes?
É verdade que não ha sociedade sem religião; não ha religião sem ministros, e não ha ministros da religião dignos d'esse nome sem que haja uma casa, onde elles se eduquem. [...]
Que é um Padre? É o homem do sacrificio em beneficio da humanidade e para honra e gloria de Deus. [...]
Quem é este homem quasi divino que assim se sacrifica pelos seus irmãos?! Este home é o Padre catholico."
(Excerto do Cap. I, Da excellencia o estado ecclesiastico)
"Como portuguez, como christão, e ainda mais como Padre, não posso, nem devo deixar de me condoer dos males que affligem Portugal.
Tenho corrido quasi todo o nosso reino, e tocado com a mão nas suas chagas, e é á vista d'ellas que por mais d'uma vez tenho exclamado - Portugal seria uma terra de santos, se tivesse um certo numero de clero com um verdadeiro espirito ecclesiastico.
Amo o clero, e desejava vel-o elevado á altura do santo e sublime ministerio, de que por Deus foi encarregado, e posso dizel-o bem alto, que não só com as minhas palavras, mas ainda com minhas obras eu tenho proclamado esta verdade. [...]
Nos males actuaes do clero em Portugal, nem tem culpa o simples clero nem os Prelados. Que haviam elles fazer relativamente á sua educação em circumstancias tão anormaes?
É verdade que não ha sociedade sem religião; não ha religião sem ministros, e não ha ministros da religião dignos d'esse nome sem que haja uma casa, onde elles se eduquem. [...]
Que é um Padre? É o homem do sacrificio em beneficio da humanidade e para honra e gloria de Deus. [...]
Quem é este homem quasi divino que assim se sacrifica pelos seus irmãos?! Este home é o Padre catholico."
(Excerto do Cap. I, Da excellencia o estado ecclesiastico)
Indice:
Da excellencia do estado ecclesiastico. II - Da impossibilidade d'um bom clero sem um bom seminario, onde elle se eduque. III - O espirito do sacrificio necessario ao clero só no seminario se póde adquirir. IV - O espirito da fé necessario ao Padre só se adquirirá no seminario. V - Os obstaculos que no mundo se dão ao espirito de fé. VI - A vocação. VII - Os signaes da verdadeira vocação. VIII - Os signaes de verdadeira vocação ordinariamente só se conhecerão no seminario. IX - Ou bons seminarios ou nenhuns. X - Condições necessarias para o seminario ser bom e conforme ao espirito da Santa Egreja. XI - A devoção ao Agusto Mysterio da Eucharistia. XII - A devoção a Maria Santissima. XIII - A obediencia. XIV - O desapego do mundo. XV - A castidade. XVI - Meios de que se deve lançar mão para suscitar e conservar as vocações para o estado ecclesiastico. | Monita ad Sacerdototes.
D. João Rebelo Cardoso de Menezes
(1832-1890). "Irmão da Condessa de Margaride, nascido na Rua Direita,
em Vila Real, baptizado na igreja de S. Pedro no dia 4 de Novembro de
1832. Fez com distinção os preparatórios no Liceu de Vila Real e estudou
Teologia no seminário de Braga, onde, pelo seu talento e aplicação, foi
considerado o aluno mais notável do seu curso. Em 1 de Junho de 1855,
concluído o curso, recebeu ordens menores em Barcelos das mãos do bispo
de Leiria, D. Joaquim Pereira Ferraz. A 22 de Dezembro do mesmo ano teve
ordens de sub diácono, conferidas pelo prelado de Lamego, D. José de
Moura Coutinho. Em 20 de Dezembro de 1856 foi o arcebispo de Braga, D.
José Joaquim de Azevedo e Moura, que lhe impôs ordens de diácono; em 19
de Setembro de 1857 era-lhe dada a dignidade de presbítero. Depois foi
missionário apostólico durante doze anos nos Açores. Posteriormente foi
chamado a Braga e ali lhe deram a direcção do seminário do
arquiepiscopado, cuja reforma se tornara urgente. O papa Leão XIII
nomeou-o então seu capelão honorário extra urbem, dando-lhe, em Agosto
de 1879, o título de monsenhor. Em Outubro de 1880 foi nomeado
desembargador honorário da relação eclesiástica de Braga e em Fevereiro
de 1881 protonotário apostólico e prelado doméstico de S.S. Foi
examinador prosinodal e director do jornal Semana Religiosa Bracarense.
Em 10 de Setembro de 1884 foi nomeado arcebispo e vigário geral do
Patriarcado e logo confirmado com recomendação do papa para que lhe não
fosse aceite qualquer escusa no elevado cargo. A 7 de Dezembro era
sagrado arcebispo de Mitilene no seminário de Santarém pelas mãos do
patriarca e tendo por assistentes o bispo do Algarve, D. António Mendes
Belo, e o de Macau, D. António Joaquim Medeiros. A seguir o papa Leão
XIII conferiu-lhe o grau de doutor em Teologia pelo diploma de 16 do
mesmo mês e ano. Logo entrou no desempenho dos cargos de provisor e
vigário geral do Patriarcado, não deixando, contudo de pregar e
confessar, doutrinar laboriosamente, fazer ordenações, crismar, e até
ajudar humildemente o pároco da igreja onde diariamente dizia missa.
Distinguiu-se muito como orador sagrado, pronunciando em S. Vicente de
Fora, na Quaresma dos anos 1884-85 e 86, conferências
religiosas-filosóficas que foram muito apreciadas não só pelos fiéis
como também pelos mais ilustres homens de letras do seu tempo, que foram
ouvi-lo, atraídos pela fama da sua erudita e vernácula eloquência. Em
1887 foi nomeado arcebispo de Larissa, coadjutor e sucessor do bispo de
Lamego. A 12 de Maio do mesmo ano fez a sua entrada solene naquela
cidade. Escreveu este prelado três obras de importância: O Código Penal da Igreja, que é um comentário da instituição Apostolicae Sedis; Os Seminários e um Cerimonial.
D. João Rebelo Cardoso de Menezes faleceu, com 58 anos, no Paço
Episcopal de Lamego, no dia 5 de Junho de 1890, foi sepultado na Capela
de Arroios - Vila Real, de nome original de Santo António, doando todos
os seus bens à Diocese de Lamego."
(Fonte: http://www.cm-vilareal.pt/gremio/images/publicacoes/tellus_48.pdf)
(Fonte: http://www.cm-vilareal.pt/gremio/images/publicacoes/tellus_48.pdf)
Encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas cansadas. F. rosto apresenta pequeno restauro lateral.
Raro.
30€
Reservado


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