30 setembro, 2025

VIEIRA, Affonso Lopes -
AR LIVRE. Lisbôa, Livraria Editora Viuva Tavares Cardoso, 1906. In-8.º (19x12 cm) de 216 p. ; E.
1.ª edição.
Obra poética, das primeiras e mais apreciadas do autor.

"A ância da ideia que procura a fórma,
quer som, mármore e côr e, num momento,
achada a fórma, é alma, e nella ondeia.

A Palavra do homem, - sentimento
da vida que sentiu e que o rodeia, -
é pedra, côr, som, alma: é pensamento.

Eu senti: e aqui vai, muda e vivida,
- pobres palavras ditas em tropel, -
a pobre escrita em que falei da Vida:

Escrevêr, é falar-se no papel."

(Preâmbulo)

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos, com assinatura de posse na capa frontal à cabeça.
Muito invulgar.
20€

29 setembro, 2025

POVOA DO VARZIM -
XVIIº Congrés Intyernationale de Navigation : Lisbonne 1949 / XVIIth International Navigation : Lisboa 1949. [S.l.], Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos, 1949. In-4.º (25x19 cm) de 8 p. ; mt il. ; B.
1.ª edição.
Obra de propaganda sobre a Póvoa de Varzim e o seu porto de mar, bilingue (texto em francês/inglês), publicada por ocasião do XVII Congresso Internacional de Navegação, certame realizado em Lisboa.
Bonito opúsculo impresso sobre papel couché, ilustrado com desenhos, mapas e fotografias, sendo que uma delas - vista da vila e do porto a 180º - ocupa as páginas centrais.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
20€

28 setembro, 2025

ESTAÇÃO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS -
GUIA DOS ENSAIOS DE CAMPO. Elvas, [s.n. - Tipografia Elvense de António dos Santos - Elvas], 1942. In-8.º (21,5x13,5 cm) de 19, [1] p. ; [2] plantas ; il. ; B.
1.ª edição.
Guia da Estação de Melhoramento de Plantas, reputado estabelecimento de investigação agrícola localizado em Elvas.
"A ENMP de Elvas, ao longo da sua história, foi responsável pela obtenção e melhoramento de dezenas de variedades de plantas, tendo-se especializado em espécies de cereais, pastagens biodiversas, leguminosas e oliveira." (https://www.lusosem.pt/noticias/estacao-de-melhoramento-de-plantas-de-elvas-celebra-75-anos)
Livrinho ilustrado com fotografias no texto e duas plantas agrícolas em separado.
"A Estação de Melhoramento de Plantas tem a missão de crear formas de cereais e forragens com valor económico superior ao das que existem presentemente. Por essa circunstância deve ser considerada como «Fábrica de Novas Plantas». [...]
Para se conseguires êstes objectivos que ficaram apontados, existem na Estação de Melhoramentos de Plantas numerosos talhões com hibridos e ensaios de natureza diversa. É  a enumeração daqueles considerados de maior importância que se faz nesta publicação, afim de facilitar ao visitante a apreciação dos trabalhos em curso."
(Excerto de Palavras prévias)
Índice:
Palavras prévias | I - Trigo. II - Cevadas. III - Aveias. IV - Forragens. V - Milhos. VI - Centeios. VII - Ensaios de adaptação.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
15€

27 setembro, 2025

TRIGUEIROS, Luís Forjaz -
A NOVELÍSTICA CATÓLICA EM PORTUGAL.
Separata da Revista Laikos. [S.l.], [s.n.], 1984. In-8.º (21x14,5 cm) de 27, [1] p. ; B.
1.ª edição independente.
Contributo para a história da literatura de ficção católica, e os autores que mais se distinguiram neste género literário, como, entre outros, Francisco Costa, Antero de Figueiredo, Manuel Ribeiro, Nuno de Montemor, Vitorino Nemésio e Moreira das Neves.
Ensaio invulgar e muito curioso, por certo com tiragem reduzida. A BNP não menciona.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Que a ficção de raiz, intenção ou sentido católicos nas várias expressões que estes qualificativos relativamente de circunstância podem implicar, é muito mais rara porque mais difícil de obter do que a «literatura» católica, propriamente dita, sabe-se, até pela crescente diminuição do número dos que a praticam (com qualidade e autenticidade de escritor e de narrador, condições que sempre privilegiámos), ao mesmo tempo que no decorrer deste século foi crescendo o número, em Portugal e no estrangeiro, dos escritores católicos de ideias. Escritores, ensaístas, conferencistas, filósofos, mas muito mais raramente ficcionistas ou em poucos casos as duas coisas juntas. A aceleração da História  as rápidas mutações que nestes oitenta anos decorreram, terão provocado não só as grandes crises de consciência de que as obras de pensamento - católicas ou agnósticas - dão testemunho e sobretudo a traumatização, mais ainda que alteração, dos princípios e, em consequência, dos costumes."
(Excerto do Ensaio)
Luís Forjaz Trigueiros (1915-2000). "Nasce em Lisboa em 1915. Inicia, desde muito novo, a atividade jornalística tendo então colaborado com diversos jornais e revistas literárias. Entre 1946 e 1953 é diretor do Diário Popular para o qual convidou a escrever autores como Vitorino Nemésio, David Mourão-Ferreira e Gilberto Freire. Começa por publicar ficção em 1936. Aborda grande variedade de temas, dando relevo ao estudo da cultura e da literatura brasileira, que conhece muito bem, e à crítica literária. Morre em Lisboa no ano de 2000, com 85 anos."
(Fonte: https://fbracaraaugusta.org/autor/luis-forjaz-trigueiro/)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
15€
Reservado

26 setembro, 2025

COSTA, Vieira da -
ENTRE MONTANHAS (Scenas da vida do Douro). Por...
 Romances Nacionaes - IIILisboa, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1903. In-8.º (19x12 cm) de 493, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Romance naturalista de costumes durienses cuja acção decorre, sobretudo, no Praso das Mattas, vasta quinta vinhateira situada no Douro transmontano.
"Nos principios d'este ultima decada do seculo, que vae correndo, era motivo geral de curiosidade nas Caldas do Mollêdo, já entre os banhistas adventicios, já entre os indigenas interessados, a presença alli, em determinados dias, d'um rapaz para muitos desconhecido, e que de ordinario se apresentava com uma regularidade severa de funccionario escrupuloso. Viam-n'o sempre chegar a horas certas, pelo começo da tarde, ás vezes a cavallo, ás vezes no comboio, inteiramente vestido de luto aliviado, muito cuidado no seu vestuario e profundamente comedido nos seus modos. Tão comedido mesmo, que ninguem lograva atinas com a causa das suas visitas, para muitos inteiramente mysteriosas.
Era um elegante typo de rapaz, alto e delgado, de curtis mate, olhos castanhos e um fino bigode louro-escuro sobre a bocca séria, sensual e carnuda. Não tomava banhos, não visitava ninguem, não parára jamais em frente de qualquer janella: e como tambem não assistia a nenhum divertimento, - a nenhum baile ou soirée, a nenhuma reunião ou merenda, a nenhuma burricada ou regata - nem mesmo se podia dizer que o desejo de distracções o trouxesse á terra.
A verdade, porém, é que se muitas eram as pessoas que ignoravam quem elle fôsse, algumas havia, comtudo, que o conheciam a fundo, com grande precisão de pormenores illucidativos. E d'essas, o commendador Amaral Leitão era o mais instruido, e foi o que logrou desvendar o mysterio.
O tal rapaz, que elle conhecia tão bem como os seus dêdos - aquelles dêdos grossos, cabelludos, com um rico annel de brilhantes no fura-bollos da mão direita - chamava-se Affonso Duarte da Cruz Silveira, era vaccinado, tinha vinte e cinco annos de edade e 1,74 centimetros d'altura, rigorosamente medidos no estalão administrativo quando fôra á inspecção para soldado, de que, aliás, um numero alto o livrára. Pelo que respeitava a bens de fortuna, ou meios de a adquirir, possuia uma casa de moradia nas ribas do Douro, uma legua para oeste, em sitio ermo, com uma terreola annexa onde cultivava com aproveitamento couves gallegas e aboboras meninas, cebollinho e outras plantas hortenses e dois milheiros de cêpas muito cuidadas, que davam o melhor de doze pipas de vinho, bom anno, mau anno, ; tinha ademais uma commisão para compra de vinhos da respeitavel firma ingleza - Coley and Smith - Oporto - que negociava na especialidade; e como esperanças de futura prosperidade, possuia lá para as bandas de Murça um tio materno, septuagenario, doente e sem mais herdeiros. Sobre o luto, que elle trazia, não se sabia nada."
(Excerto do Cap. I)
José Augusto Vieira da Costa (1863-1935). "Nasceu em Salgueiral, concelho da Régua, em 14.3.1863. Aí morreu em 13.1.1935. Colaborou em vários jornais e revistas, nomeadamente na Ilustração Transmontana e em jornais do Brasil. Publicou os romances Entre Montanhas (1903) A Irmã Celeste (1904) e A Familia Maldonado (1908). Deixou organizado o romance O Amor, e a novela Sob a Folhagem. Já quase cego escreveu Portugal em Armas, publicado por ocasião da Grande Guerra. A cegueira deixou-o na miséria pelo que a Câmara da Régua lhe estabeleceu uma pensão. O Dr. Fidelino Figueiredo publicou uma análise crítica sobre a sua obra."
(Fonte: http://www.dodouropress.pt/index.asp?idedicao=66&idseccao=555&id=2555&action=noticia)
Encadernação simples em tela com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Com imperfeições nas pastas.
Raro.
45€

25 setembro, 2025

NO CENTENÁRIO DO GENERAL BARROS RODRIGUES. O Artilheiro e o Combatente. Pelo General Guilherme de Sousa Belchior Vieira. O Oficial e o Chefe do Estado-Maior do Exército, Pelo Coronel Carlos Gomes Bessa. O Professor e o Historiador, Pelo General Manuel Freire Themudo Barata. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso nos Serviços Gráficos da Liga dos Combatentes], 1991. In-8.º (23x16 cm) de 42, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Homenagem ao General Barros Rodrigues, oficial do Exército Português, combatente em França na Primeira Guerra Mundial.
"Alistado como voluntário no Regimento n.º 4 de Cavalaria, Regimento do Imperador da Alemanha Guilherme II (Lisboa), em 27 de Julho de 1909, o ex-aluno n.º 6 do Real Colégio Militar, José Filipe de Barros Rodrigues, decide ingressar na Escola de Guerra em 1912. [...]
Em 1914 deixa a Escola de Guerra, classificado como n.º 2 num curso de 14 alunos, para ser promovido a Alferes em Novembro de 1915, sendo Aspirante-a-Oficial do Regimento de Artilharia n.º 4 (Amarante), donde virá a ser transferido, logo no ano seguinte, para o Regimento de Artilharia n.º 2 (Figueira da Foz).
Mobilizado para o Corpo Expedicionário Português (o CEP) ainda como Alferes, embarca em 31 de Março de 1917 para França, ali permanecendo, sem gozar qualquer licença em Portugal, até 22 de Agosto de 1918 - 1 ano e 145 longos dias na frente, de acordo com os registos oficiais.
Ao partir da Estação do Rossio, confessa não ter sentido «grande comoção»: «Parti - escreve - como teria partido para uma digressão. É que ainda não há listas de mortos e feridos, e a inconsciência foi sempre uma das grandes características do portuguez». Contudo, ao atravessar a fronteira francesa, assalta-o uma súbita comoção: «Quem sabe se nunca mais voltarei a Portugal...!» [...]
12 de Junho de 1917
A 3.ª Bataria do 1.º Grupo de Batarias de Artilharia (1.º GBA) encontra-se em posição desde 9 de Maio, no sector de Neuve Chapelle. Até hoje, as granadas da poderosa e infatigável artilharia alemã não a tinham atingido.
No observatório da Bataria, a cerca de 600 metros da frente, o Alferes Barros Rodrigues, que ali se encontrava desde as 5 horas da madrugada, localiza um morteiro de trincheira no dispositivo inimigo. A Bataria recebe os elementos de tiro e as peças de 7,5 TR abrem fogo de imediato. Era a primeira vez que a 3.ª Bataria executava tiro sobre um objectivo referenciado do observatório.
Cerca das 3 horas da tarde cai uma primeira granada alemã de 12 cm na posição e às 7 horas ainda a posição era batida de 2 em 2 minutos.
As guarnições das peças e os telefonistas procuram precipitadamente abrigo numa casa próxima. Há, porém, quem de repente se lembre ter sido deixado na posição um pipote de vinho. Não houve necessidade de convocar voluntários - o dito pipote foi recuperado num abrir e fechar de olhos..."
(Excerto de O Artilheiro e o Combatente. Pelo General Guilherme de Sousa Belchior Vieira)
José Filipe Barros Vieira (Vila Real, São Pedro, 1890 - Lisboa, 1957). "Oficial do Exército. 1917 - Integrou o CEP e participou na Batalha de La Lys; 1927 - Chefe do Estado-Maior do Destacamento do Norte nas operações contra os revoltosos de 3 de Fevereiro; Chefe do Estado-Maior da Missão Militar Portuguesa de Observação em Espanha, durante a guerra civil; Chefe da Divisão de Fotogrametria dos Serviços Cartográficos do Exército; Professor do curso de Estado-Maior da Escola Central de Oficiais; Professor da Escola Militar. Procurador à Câmara Corporativa por designação do Conselho Corporativo. Carreira parlamentar: Legislaturas I/II - Defesa Nacional."
(Fonte: Assembleia da República - Parlamento)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse para a bibliografia WW1.
20€

24 setembro, 2025

CORREIA, Manuel -
O PERDIGUEIRO PORTUGUÊS
. Lisboa, Editorial Presença, [1981]. In-8.º (18,5x12,5 cm) de 158, [2] p. ; [4] p. il. ; [1] mapa desdob. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história do Perdigueiro Português, raça de cão de caça nacional.
Obra invulgar e muito interessante.
Ilustrada a p.b. no texto com esquemas de pedigree, desenhos e fotografias antigas de exemplares icónicos da raça, e em separado, com 8 fotografias a cores distribuídas por 4 páginas, e um mapa de pedigree desdobrável intitulado: "Uma plêiade de campeões Odelouca e seus descendentes".
"O cão perdigueiro vive disperso por todo o território metropolitano, encontrando-se mais numerosamente nas grandes aglomerações citadinas, em que é bastante elevada a existência de devotos de Santo Huberto, seus possuidores.
No que respeita à sua proveniência, ignorada como ainda hoje é a estirpe originária, seria temeridade afirmar duma maneira peremptória, como verdadeira, uma determinada origem, pois que não passaria duma hipotética asserção, por ausência da necessária comprovação. Possivelmente originário do Oriente, a existência do braco na Península Ibérica remonta a épocas bem longínquas e a sua presença em Portugal parece registar-se, com certa verosimilhança, desde as últimas décadas do século XIV. Sendo assim, é crível que com o decorrer dos tempos e por influências de vária natureza, algumas das modificações que se produziram no indivíduo originário, hoje se encontrem fixadas no cão actual, de forma a poder ser considerado o perdigueiro português ou braco nacional como um aborígene, constituindo, pelas suas características morfológicas, dinâmicas e psíquicas, uma raça autoctone, perfeitamente definida."
(VI - Standard ou Estalão - Estalão do Perdigueiro Português)
"Cão mediomorfo, rectilíneo, tipo bracóide; buscador tenaz e caminheiro activo, bate os terrenos com a constância e pertinácia do explorador teimoso, procurando insistentemente o que o levou à liça, isto é, a caça, pondo ao serviço de tão afadigosa missão a extraordinária subtilidade do seu olfacto e dispensando à busca toda a atenção que ao seu experiente conhecimento lhe merece o acto de caçar. Trabalhador sagaz, em desinteressada e imprescindível colaboração com o caçador desportivo, do qual deve andar próximo e em perfeito contacto com ele; silenciosamente, agindo com natural vivacidade, cabeça alta, tomando ventos, de maneira a revelar ao caçador apercebido, pelas suas atitudes e olhares, posição da cauda e ainda pela forma como anda, as impressões sentidas pela sua acuidade olfactiva, o bom perdigueiro denota sempre uma acentuada vontade de bem servir com inteligência, e às vezes até com uma surpreendente e astuciosa habilidade. É um cão que fica estático quando os eflúvios da caça lhe despertam a actividade sensorial; que pára firme, em atitudes insólitas, associadas a um estado psíquico que lhe é próprio: fácies contraído, olhar esgazeado e fixo, orelhas em posição de escuta, cabeça imóvel, cauda hisra, um membro levantado e indiferente, por momentos, ao que se passa em volta..."
(Excerto de VI - Standard ou Estalão - I. Aspecto geral e aptidões)
Índice:
I - O cão de parar. II - Bracos e perdigueiros. III - Os perdigueiros peninsulares. IV - O perdigueiro português. V - Difusão do perdigueiro em Portugal. VI - Standard ou Estalão. VII - Caracetrísticas de trabalho. VIII - Melhoramentos da raça. IX - Criação. X - Adestramento. XI - Influência do perdigueiro português na formação do pointer. XII - Dois obreiros. | Anexos: I - Organização da canicultura oficial em Portugal. II - As provas de trabalho. III - Criadores de perdigueiro português. IV - Campeões de Portugal de beleza. V - Registos no L.O.P. | Notas | Bibliografia.
Exemplar em brochura, bem conservado. Rubrica de posse datada na f. ante-rosto.
Muito invulgar.
Indisponível

23 setembro, 2025

DIAS, Maduro -
VEJO SEMPRE MAR EM RODA
. Angra do Heroísmo, [s.n. - Oficina de Cruz & Lemos, Lda. - Angra do Heroísmo], M C M L X I I I [1963]. In-8.º (21,5x15 cm) de 38, [10] p. ; B.
1.ª edição.
Obra poética do autor dedicada à memória de seu Pai, Avô e Bisavô maternos, "Ilheus dos Açores e emigrantes".
Bonita edição impressa em papel reciclado, por certo com tiragem reduzida.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do poeta a Álvaro de Freitas em cartão colado na f. guarda anterior.

"O MAR alto não me tenta,
só terra não me segura.
Nas ilhas ganho amarado
as soldadas da ventura.
 
Na maré, rente ao calhau,
acaba a terra mindinha.
Mas há barcos, êle há velas,
escaleiras e prainha."

(Excerto do Poema)

Francisco Coelho Maduro Dias (1904?-1986). "N. Angra do Heroísmo, 12.2.1904 ? m. 21.12.1986. Pintor, escultor, desenhador, decorador e poeta. Desenvolveu uma apurada sensibilidade artística em Lisboa, aquando da preparação do Pavilhão Português para a Exposição de Sevilha (1929). Para o desenvolver da sua sensibilidade artística não lhe foi indiferente o conjunto de sugestões e o ambiente à volta de Armando Lucena, Abel Manta, Jorge Barradas, Diogo de Macedo. Os anos determinantes da sua geração implicaram algumas discussões e mesmo rupturas. Regressou à ilha Terceira, terra natal, realizou o empedrado da Praça da Restauração (1930), planeou a Urbanização do Largo Prior do Crato (Angra do Heroísmo), tendo executado o respectivo monumento. Outros executou, como uma Memória da Restauração de 1640 (Praia da Vitória), o monumento ao historiador Francisco Ferreira Drummond (na vila de S. Sebastião), uma memória-abrigo no Pico de Matias Simão (nos Altares, ilha Terceira). Executou e decorou a ?Exposição do Emigrante? da Junta Geral (Angra do Heroísmo), tendo pintado quadros para o Salão Nobre da mesma Junta Geral de Angra do Heroísmo (destaque-se o ?Sonho do Infante?), para o Governo Civil do então existente distrito do mesmo nome (hoje Palácio dos Capitães Generais) e fez alguns trabalhos para o Hotel de Angra e para vários particulares. Consciente da correlação das Artes e voltado também para a expressão verbal, Francisco M. Dias escreveu contos (de tónica regionalista) e poesia. Um certo tímido sentido de recato da vida intelectual e a fraca projecção que então tinham os artistas fora do arquipélago talvez tenham impedido um maior conhecimento da sua obra. F. M. Dias pertenceu à geração fundadora do Instituto Histórico da Ilha Terceira, com o qual colaborou (lembre-se o papel fundador de Luís da Silva Ribeiro). F. M. Dias colaborou, nas possibilidades de enquadramento do meio, em muitas actividades, por exemplo como cenógrafo, como desenhador e decorador (orfeões, operetas e diversas sociedades recreativas), sendo de destacar a colaboração prestada à opereta regional Água Corrente. Ainda nos fins da década de 70 a primeiros anos da década de 80, F. M. Dias foi convidado a desenvolver ensino artístico no destacamento americano da Base das Lajes (Clube de Oficiais, onde se realizaram várias exposições), o que denota a sua vocação para um certo magistério artístico que nunca o abandonou. A uma fina ironia na convivência e na poesia de acento popular, acrescentamos, também na poesia, uma tónica religiosa. António Machado Pires (Mar.2003)."
(Fonte: https://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/default.aspx?id=2680)
Exemplar em brochura, por abrir, em bom estado de conservação. 
Raro.
Indisponível

22 setembro, 2025

O CASO TIMEX
. [Lisboa], Sindicato das Indústrias de Ourivesaria, Relojoaria e Correlativos do Sul, [1976]. In-8.º (21x14,5 cm) de 470, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Processo político e sindical pós-25 de Abril que incidiu sobre a Timex, empresa multinacional da área da relojoaria.
"A multinacional Timex instala-se em 1970 no Monte de Caparica, Almada, com uma sofisticada linha de produção de relógios mecânicos de pulso. O pessoal é maioritariamente feminino. A importância da unidade industrial para o país reside nas empresas que se formam à sua volta, e que fornecem, entre outros, instrumentos de precisão como nunca antes se tinham fabricado em Portugal. [...]
Dá-se o 25 de Abril de 1974 e a Timex tem de enfrentar um aguerrido Sindicato de Ourivesaria, Relojoaria e Correlativos do Sul, que estava politicamente nas mãos da extrema-esquerda maoista. Os cerca de cinco mil associados deste sindicato coordenam uma luta interna dos trabalhadores da multinacional, dando origem ao chamado “Caso Timex”, que até deu direito à publicação de um livro."
(Fonte: https://estacaochronographica.blogspot.com/2025/06/coisas-do-ephemera-os-relogios-timex.html)
Livro ilustrado no texto com desenhos, tabelas e quadros estatísticos.
"A TMX Portugal, Lda., empresa multinacional, que tem por objecto a produção de relógios em grande escala e a baixo preço, é um caso típico de uma unidade de produção que operando em vários países, explora a força de trabalho dos que nela se empregam, aproveitando-se do desequilíbrio económico das nações e implantando-se em regiões do globo que melhor a sirvam. [...]
Foi esta empresa, entre milhares de outras, que acabou, logo após o 25 de Abril de 1974 por ganhar, em diversos períodos, as boas graças das caixas altas dos jornais, não em atenção aos relógios, mas em resultado de um processo que simplesmente se poderá traduzir por luta de classes.
A última, mas provavelmente ainda não a derradeira dessa caixa jornalística, permaneceu de meados de Dezembro de 1975 a finais de Abril de 1976.
Do ponto de vista da experiência desenvolvida, analisada na perspectiva daqueles que apenas têm para vender a sua própria força de trabalho, o «caso Timex» é fértil, qualquer que seja a perspectiva do observador.
Seria portanto grave negligência não o dar a conhecer publicamente, através da análise dos seus aspectos mais significativos."
(Excerto da Introdução)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
20€

21 setembro, 2025

REDONDO, Belo -
GUIA DA VOLTA A PORTUGAL EM BICICLETA : História da "Volta".
Por... Prefácio do Prof. Beirão a Veiga. Com um desenho de Ferreira de Albuquerque e várias fotografias. Regulamento da prova - Itinerários das 16 étapas e respectiva quilometragem - Mapas dos récordes, tabelas das corridas, lista dos campiões. O mais completo guia ilustrado da VI Volta a Portugal, indispensável a todos os desportistas. Lisboa, [s.n.], 1935. In-8.º (18x12,5 cm) de 71, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história da Volta a Portugal em Bicicleta.
Trata-se do primeiro guia especializado sobre o evento, que conta com o prefácio de Caetano Beirão - o ideólogo e dinamizador da "Volta".
Inclui uma espécie de carnet em branco - "As étapas e os resultados da VI Volta" - para preenchimento com notas e apontamentos relevantes sobre a prova, etapa a etapa, e observações sobre as classificações.
"Especificamente sobre a Volta, o primeiro registo é de Júlio Guimarães, chama-se Recordação da IV Volta a Portugal em Bicicleta: Verso e Prosa, de 1933, sendo uma elegia ao evento e aos seus campeões, nomeadamente Nicolau e Trindade; data de 1935 o primeiro esboço da história da Volta, elaborado por Belo Redondo, Guia da Volta a Portugal: História da Volta, no qual são descritas as cinco primeiras edições, bem como os respectivos campeões."
(Fonte: https://www.mundossociais.com/temps/livros/08_03_11_29_voltaffindiceintrodt.pdf)
Ilustrado com uma caricatura de corpo inteiro que antecede o prefácio - "O Prof. Dr. Beirão da Veiga, criador da "Volta a Portugal", visto por Ferreira de Albuquerque", bem como quadros, tabelas e fotografias de dirigentes e atletas no texto.
A Volta a Portugal, também conhecida como Volta a Portugal em Bicicleta, é uma corrida de longa distância, realizada por etapas, em Portugal. A 1.ª edição realizou-se em 1927 e é considerada a maior prova do ciclismo português, seguida pela Volta ao Algarve. É uma das competições por etapas mais antigas do mundo.
A Volta foi organizada por uma parceria entre os jornais Diário de Notícias e Os Sports que se inspiram no Tour de France, inventado pelo jornal L’Auto em 1903. A Volta aparece a seguir ao Giro d'Italia organizado pela La Gazeta dello Sport em Maio de 1909, e antes da Vuelta a España realizada pelo Informaciones em 1935. Tanto a Volta a Portugal como o Tour de France são corridas de bicicletas que se distinguem de todas as outras pela articulação que os primeiros traçados estabelecem com a linha da fronteira territorial dos respectivos países, seguindo os seus contornos durante algumas décadas. A competição iniciou-se a 26 de abril de 1927 e percorreu o país durante 20 dias, num percurso de 2 000 km repartidos por 18 etapas terminando com uma recepção em apoteose pela população em Lisboa. António Augusto Carvalho sagrou-se o primeiro vencedor naquela que viria a ser chamada de Prova Rainha do ciclismo português."
(Fonte: Wikipédia)
"Os que discordam da «Volta a Portugal» em bicicleta, fundados nos supostos prejuízos que causa o esfôrço a que ela obriga, ignoram que se trata de uma manifestação desportiva a que só são chamados os consagrados «ases» do velocipedismo. A «Volta a Portugal» em bicicleta é uma prova para campeões. E se em tôda a manifestação desportiva, além dos bons recursos atléticos, é indispensável a preparação, segue-se que, escolhendo os organizadores os concorrentes entre os ciclistas que com melhores «tempos» fizeram no ano, na «Volta» só tomam parte atletas em boas condições físicas e suficientemente treinados. O que seria excessivo para o comum dos mortais é, portanto, normal para êles."
(Excerto de As cinco Voltas da Volta)
Índice:
Prefácio - Duas palavras do Prof. Dr. Caetano Beirão | A história da prova - Pelo jornalista Belo Redondo: As cinco Voltas da Volta | Notas sobre o Regulamento | Os conquistadores de étapas | As étapas e os resultados da VI Volta.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Infelizmente manchado na capa e "enrugado" por acção da humidade.
Muito raro.
Com interesse histórico.
Peça de colecção.
Indisponível

20 setembro, 2025

GALLIS, Alfredo - A BAIXA.
Lisboa no Seculo XX. (A grande aldeia). Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira : Livraria Editora, 1910. In-8.º (
19x12 cm) de [6], 394, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Curioso romance de costumes de cariz erótico. O autor, conhecido pela sua escrita sensual, descreve a baixa de Lisboa em tudo quanto esta pode oferecer de mau e repreensível, atentatória da moral e bons costumes da época, através dos "tipos" que a frequentam e habitam.
Obra invulgar e muito curiosa.
"Ha que explicar ao publico a synthese philosophica e sociologica d'esta obra, antes de entrarmos na sua contextura litteraria propriamente dita.
Ao raiar o dia 11 de Março do anno de 1910, dia em que começámos este trabalho, Lisboa, capital do reino de Portugal, tomada aos m ouros pelo primeiro rei portuguez D. Affonso Henriques, no anno de 1147, contando portanto sete seculos e sessenta e tres annos de existencia, é ainda, se a compararmos com as demais capitaes, do mundo civilisado, uma grande aldeia que d'essa civilisação mundial,  só tem um vago conhecimento pelo que lhe contam os donos das lojas de modas e chapeus para senhora, que annualmente vão a Paris e Londres fazer as suas encommendas e escolher os seus fornecimentos para a proxima estação de inverno.
Seria um erro grosseiro, chamar-se absolutamente civilisada, a uma capital europea, simplesmente porque ella possue tracção electrica, um theatro lyrico, meia duzia de avenidas desgraciosas e mal illuminadas, um tribunal da Boa Hora, que nem para servir de sentina publica está nos casos exigidos pela hygiene e decencia precisas, e alguns hoteis antiquados em locaes improprios a maioria d'elles aproveitando-se da velha disposição architectonica de quando a cidade foi reedificada depois do terramoto de 1755, ha seculo e meio!
Chamar-se franca e positivamente civilisada a esta capital, onde os garotos jogam a pedra pelas ruas, e os mendigos andrajosos e cobertos de vermes dia e noite assaltam os transeuntes, estendendo a mão á caridade publica como se usa nas estradas da Beira; onde no seu centro mais concorrido gira toda a noite uma legião de prostitutas, bandalhas da mais alta esphera, trocando entre si phrases obscenas, que chegam aos ouvidos de toda a gente, e servindo de materia de engorda para os cofres das multas policiaes; onde a gaitada semi-núa e devassa, risca a carvão as paredes dos predios, desenhando imagens eroticas e palavras indecentes... [...]
A vida da cidade é na baixa que circula com mais intensidade, n'esse acanhado peymetro que vae da rua das Pretas ao Terreiro do Paço, da rua dos Fanqueiros á praça de Camões. É n'elle que existem os theatros, os clubs, as lojas de modas, os hoteis, os restaurantes, os cafés, as tabacarias de luxo, as secretarias de estado, os tribunaes, o correio, os telegraphos, os templos elegantes, os ateliers de modista, os consultorios medicos de maior fama, as ourivesarias mais opulentas, as pastellarias da moda, os grandes magasins, Gran della e Armazens do Chiado; os dentistas de fama, os cabelleireiros e perfumistas, tudo emfim quanto chama a concorrencia e intensificação da vida de uma capital, á excepção dos banhos publicos,  que eram as casas de reunião dos romanos distinctos dos tempos de Nero e Tiberios."
(Excerto do Proemio)
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). "Mais conhecido por Alfredo Gallis, foi um jornalista e romancista muito afamado nos anos finais do século XIX, que exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra e o de administrador do concelho do Barreiro (1901-1905). Usou múltiplos pseudónimos, entre os quais 'Anthony', 'Rabelais', 'Condessa do Til' e 'Katisako Aragwisa'. Desde muito jovem redigiu artigos e folhetins em jornais e revistas, entre os quais a Universal, a Illustração Portugueza, o Jornal do Comércio, a Ecos da Avenida e o Diário Popular (onde usou o pseudónimo Anthony). Como romancista conquistou grande popularidade, especializando-se em textos impregnados de sensualismo exaltado que viviam das «fraquezas e aberrações de que eram possuídas, eram desenvolvidas entre costumes libertinos e explorando o escândalo». Escreveu cerca de três dezenas de romances, por vezes publicados com o pseudónimo 'Rabelais'. Alguns dos seus romances têm títulos sugestivos da sensualidade que exploram, nomeadamente Mulheres perdidas, Sáficas, Mulheres honestas, A amante de Jesus, O marido virgem, As mártires da virgindade, Devassidão de Pompeia e O abortador. É autor dos dois volumes da História de Portugal, apensos à História, de Pinheiro Chagas, referentes ao reinado do rei D. Carlos I de Portugal."
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Aparado. Capa frontal apresenta pequenas falhas de papel no pé.
Muito invulgar.
45€

19 setembro, 2025

BETTENCOURT, Jácome de Bruges de -
O FAIAL E A PERIFERIA AÇORIANA NOS SÉCULOS XV A XX.
Atas do VI Colóquio. Separata. [Por]... Scrimshaws de uma colecção faialense (séculos XIX-XX). Horta, Edição do Núcleo Cultural da Horta, 2015. In-4.º (24x17 cm) de 7, [1] p. (445-451 pp.) ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante subsídio para a história da baleação nos Açores. Estudo devotado, sobretudo, ao trabalho artístico gravado em dentes de cachalote, peças que integram o acervo do pai do autor, com reprodução fotográfica a cores das mais emblemáticas no final do opúsculo.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa de Jácome Bettencourt.
"Os dez scrimshaws apresentados neste pequeno trabalho, pertenceram à coleção de Francisco Joaquim Martins de Bettencourt (Horta, 1919-Angra do Heroísmo, 2006), conhecido como o maior e mais eclético colecionador de antiguidades que existiu na ilha do Faial no século XX.
Embora esta coleção englobasse uma centena de peças [...] escolhemos, somente, estes dentes de cachalote.
Perguntar-se-á qual a razão, perante a diversidade e interesse destes curioso objetos?
Porque, em minha opinião, os trabalhos realizados em dente de cachalote foram a mais autêntica e genuína arte do baleeiro. Daquele que embarcava em veleiros da caça às baleias por 3 ou 4 anos, às vezes até sem voltar durante todo esse tempo ao porto do armamento.
O artista podia ser qualquer um dos tripulantes da barca ou navio, tratando-se assim de um entretenimento para horas de ócio, calmarias, temporais, rotas corridas, estações, entre-quartos, em descanso. Certamente, também, expressão dum natural saudosismo, motivado pela prolongada ausência dos familiares e fora das vivências do seu meio.
Assim, ia-se matando tempo fazendo-se scrimshaws..."
(Excerto Scrimshaws de uma colecção faialense (séculos XIX-XX))
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Indisponível

18 setembro, 2025

SALDANHA, Marechal Duque de - O SENHOR DR. BERNARDINO ANTONIO GOMES E O SEU FOLHETO. Pelo... Lisboa, Imprensa Nacional, 1859. In-4.º (23 cm) de 61, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Polémica entre o Marechal Saldanha e o médico da Família Real, Bernardino António Gomes, a propósito do folheto Estado da Medicina em 1858, publicado pelo primeiro, defendendo o lugar da homeopatia na medicina, e que  provocou a reacção do médico através do opúsculo O Sr. Duque de Saldanha e os Médicos. O presente trabalho é a réplica a esse opúsculo.
Exemplar muitíssimo valorizado pela dedicatória manuscrita do Marechal Saldanha na capa, à cabeça.
"Antes de entrar na analyse do folheto, que o Sr. Dr. Bernardino Antonio Gomes acaba de publicar, com o titulo «O Sr. Duque de Saldanha e os Medicos» não posso deixar passar desapercebido o titulo do referido folheto.
Eu não escrevi sobre os medicos, escrevi sobre a medicina. Não me passou pela mente discutir as pessoas; discuti a sciencia, os systemas, as cousas. Por mais respeitaveis que possam ser os membros de qualquer corporação, medicos, legistas, militares; por mais importantes que devam reputar-se os serviços que elles prestem, os escriptos que publiquem, ou os trabalhos que emprehendam, os homens significam muito pouco diante do complexo dos factos, diantes das verdades eternas, diante da obra de Deus."
(Excerto da introdução)
João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun GCTE • GCC • GCSE • GCNSC (Lisboa, 1790 – Londres, 1876). "1.º conde, 1.º marquês e 1.º duque de Saldanha, também conhecido por Marechal Saldanha, foi um oficial do Exército Português, no qual atingiu o posto de marechal, diplomata e um dos políticos dominantes do século XIX em Portugal, com uma carreira política que se iniciou na Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) e só terminou com a sua morte em 1876. A sua longa carreira política, e os cargos de relevo que exerceu, fizeram dele o mais importante homem de estado do período da monarquia constitucional portuguesa,[1] influenciando de forma substancial o rumo dos acontecimentos políticos em Portugal ao longo de meio século. Entre outros cargos e honrarias, foi marechal general do exército, par do reino, conselheiro de estado efetivo, ministro plenipotenciário em Londres, mordomo-mor da Casa Real, vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar, vinte e quatro vezes ministro,[carece de fontes] assumindo designadamente as pastas da Guerra e dos Negócios da Fazenda, e, por quatro vezes, presidente do Conselho de Ministros de Portugal (em 1835, 1846–1849, 1851–1856 e em 1870).[2] Dedicou-se ao estudo de temas filosóficos e foi um dos pioneiros da homeopatia em Portugal.
"
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, empoeiradas, com pequenos defeitos; com dois selos postais incompletos no pé.
Raro.
45€

17 setembro, 2025

SEQUEIRA, Gustavo de Matos e CÂNCIO, Dr. Francisco - O RIBATEJO E AS FESTAS CENTENÁRIAS DE LISBOA.
Por... Jornalista e Arqueólogo, e por... Escritor e Jornalista, promovidas pelo Grupo de Coordenação Cultural de Santarém. [S.l.], Edição das Cantinas Escolares de Santarém, 1947. In-8.º (20x14,5 cm) de 36, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante subsídio para a história do Ribatejo. Trata-se das conferências de dois eminentes vultos da cultura portuguesa do século XX sobre a zona ribatejana e a sua ligação a Lisboa via Tejo, pronunciadas por ocasião das celebrações do centenário da tomada da capital aos mouros.
"Terra de lavradores e fidalgos, o Ribatejo! Ao contrário do Minho, a lavoura não é só faina de caseiros, mas honra dos proprietários e título da sua nobreza. Grandes nomes de criadores de toiros e de cavalos, de lavradores de searas, vinhas e olivais nos ficaram do passado. Deixaram fama e título ganaderias e coudelarias cujo ferro marcado na carne ainda se tem de cór.; mas a tradição permanece, e hoje ainda os há, e todos os conhecem, lavradores de estirpe, que primam em apurar raças e sangues, na Azinhaga, na Golegã, em Vale de Figueira, em Salvaterra, na Azambuja, em Coruche, em Benavente, no Cabo, em Samora Correia, e noutras terras da riba do sagrado rio que os clássicos poetizaram."
(Excerto da Conferência de Gustavo de Matos Sequeira)
"O Ribatejo, todo ele, tem motivos de ternura e de enlevo, desde as lezírias sem fim dos campos de Vila Franca e Santarém, com os seus toiros bravios e os seus campinos heróicos, até à vegetação luxuriante da Chamusca e aos olivais ricos das chãs ubérrimas da velha Abrantes.
Ao norte, pela margem direita do Tejo além, as colinas e os outeiros, numa leve cordilheira, com os seus casais caiados, perdidos por entre pinhais e searas em plena florescência, as vilas e aldeias, com os campanários das suas igrejas e os restos heróicos dos seus castelos; mais para cima a serrra de Aire com a sua beleza mística, fronteira do Ribetejo, enquadrando um horizonte de glorioso passado e de grandezas mortas.
O sul, com as suas pastagens, as suas valas ensombradas, com as suas povoações ricas de vida agrícola prende em muito a nossa atenção.
Já o tenho dito e parece-me não ficar mal repeti-lo mais uma vez, que o Ribatejo possui um pouco de todas as paisagens de Portugal."
(Excerto da Conferência de Francisco Câncio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e regional.
15€

16 setembro, 2025

BRAGA, Alberto -
CONTOS ESCOLHIDOS.
Illustrações de E. Casanova. Collecção Litteraria Portugueza. Lisboa, M. Gomes, Livreiro Editor, 1892. In-8.º (19x12,5 cm) de [6], 246, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de onze contos naturalistas, maioritariamente de matriz rústica.
Obra superiormente ilustrada com capitulares a duas cores, vinhetas tipográficas e belíssimos desenhos no texto e em página inteira - um por história - por Enrique Casanova (Saragoça, 1850 - Madrid, 1913), pintor aguarelista espanhol que veio para Portugal em 1880 como refugiado político.
"O capitão Fortunato, logo que se levantou, chegou á janella para ver o mar. O dia amanheceu carregado e triste. Uma chuva miuda, mas insistente, escorria nos vidros da janella, interiormente embaciados pela vaporação tepida do quarto. Dos beiraes, que defrontavam com a casa do capitão, a chuva caía em fio, estrugindo sobre o lagedo da rua. De vez em quando, uma rajada de vento abalava a casa e silvava pelas frinchas das portas. [...]
Na casa que ficava defronte - n'aquella estreita e solitaria rua de Leça da Palmeira - uma janella abriu-se, e um velho magro, fresco, de suissas muito brancas e as faces muito vermelhas, envolto n'uma robe de chambre escura, assomou no peitoril, sorridente.
- Captain!
- Good morning, mister Rawts - correspondeu o capitão.
O inglez olhou para o mar. Elle esperava um vapor que deveria chegar n'esse dia de Liverpool."
(Excerto de I - Á beira-mar)
"Logo abaixo dos açudes, ficava de uma bando do rio a azenha do Euzebio moleiro, e da margem opposta, um pouco mais abaixo, a azenha do tio Anselmo.
Eram dois velhotes viuvos, de bons sessenta annos, e amigos desde creanças. Para contradicção do anexim popular, estes dois moleiros queriam-se como dois irmãos, a despeito de serem do mesmo officio. [...]
No verão, quando a levada era minguada, os dois velhotes visitavam-se a miudo, atravessando destemidamente pelas poldras; mas, quando as chuvas do outomno principiava a tornar o rio caudaloso, limitavam-se então a fallar de um lado para o outro. Era triste!
- Anselmo, falla mais alto, que não te ouço.
- O que é? - perguntava o outro, inclinando o pavilhão da orelha.
O Euzebio fazia um porta-voz com as mãos, e gritava:
- Não te entendo.
Quando chegavam a fallar, concordavam sempre que era o barulho das rodas do moinho, que os não deixava ouvir. Isso sim! Era o peso dos annos que os tinha quasi surdos de todo. Pobres velhos!
O Euzebio tinha um filho, que era uma rapagão de vinte e dois annos, como um castello! Ainda o dia vinha longe, já elle estava a trabalhar, que era um regalo a gente vel-o.
- Lida como um  mouro! - diziam os conhecidos."
(Excerto de II - A guerra)
Índice:
I - Á beira-mar. II - A guerra. III - O sermão. IV - O retrato dos paes. V - Nem esculptura nem pintura... VI - O abandono do moinho. VII - O sonho da noviça. VIII - O engeitado. IX -  Que triste fim!... X - A azeitona de Sevilha. XI - Tristezas do Mondego.
Alberto Leal Barradas Monteiro Braga (Foz do Douro, Porto, 1851 - 1911). "Jornalista e escritor português. Foi secretário do Instituto Comercial de Lisboa. Ao longo da sua carreira assinou diversas crónicas literárias em jornais portugueses e brasileiros. Como autor, escreveu peças de teatro e livros de contos sendo reconhecido pelo seu estilo directo e claro, pela sobriedade na escrita e pelo tom sentimental que imprimiu a algumas das suas obras. Desenvolveu peças teatrais com uma forte raiz romântica e com pendor naturalista. Foi diretor da revista A semana de Lisboa (1893-1895) e colaborou em várias publicações periódicas, nomeadamente nas revistas Brasil-Portugal (1899-1914), Illustração portugueza (1903-1980), Serões (1901-1911) e A risota (1908). Faleceu na mesma freguesia onde nasceu, vítima de tuberculose."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel. Lombada restaurada. Apresenta ex-libris de António Viriato Lopes Tadeu na f. ante-rosto.
Raro.
30€

15 setembro, 2025

CARVALHO, D. Maria Amalia Vaz de – UMA PRIMAVERA DE MULHER : poema em 4 Cantos. Por… Precedido de um prologo (conversa ao reposteiro) por Thomaz Ribeiro. Lisboa, Typographia Franco-Portugueza, 1867. In-8.º (22,5 cm) de [8], 164 p. ; B.
1.ª edição.
Estreia literária da autora. Trata-se da primeira edição da sua primeira obra.
"Poema narrativo em quatro cantos, prefaciado por Tomás Ribeiro e acompanhado de uma carta de António Feliciano de Castilho, que teria sugerido o título à poetisa.
No prefácio, o autor de D. Jaime elogia o "talento de eleição e de excepção" manifestado no livro, que considera marcado pela trindade "a mulher, a inocência e a solidão".
O poema, absolutamente romântico, trata dos amores infelizes de Beatriz e Vasco, narrado do ponto de vista feminino."
(Fonte: Infopédia)
Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921). "Nasceu e faleceu em Lisboa. Casada com o poeta Gonçalves Crespo, a sua residência tornou-se no primeiro salão literário de Lisboa, tendo-o frequentado Camilo, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro e muitos outros. Além de poetisa consagrada pelos intelectuais da época, escreveu crónicas em vários jornais, entre eles o Diário Popular, assinando-as com o pseudónimo Valentina de Sucena. Dedicou-se a questões como a educação e o papel da mulher na sociedade da época. Foi a primeira mulher a ingressar na Academia de Ciências de Lisboa."
(Fonte: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=200)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Páginas algo oxidadas. Dedicatória (não da autora) na f. ante-rosto.
Raro.
25€

14 setembro, 2025

PIMENTA, Alfredo - O PROBLEMA DA GUERRA.
Commentarios por...
[S.l.], Edição e propriedade do auctor [imp. na Typographia Luzitania - Mario Antunes Leitão, Porto], 1916. In-8.º (21 cm) de 30, [2] p. ; B.

1.ª edição.
Interessante estudo, publicado pouco tempo antes da declaração de guerra da Alemanha a Portugal. O autor faz a análise do contexto nacional e internacional, pesando as várias opções do país num quadro de exigência política, diplomática e bélica.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"O problema da guerra pode ser encarado sob dois aspectos fundamentais; sob o aspecto generico, independente dos nossos interesses e da nossa atitude; e sob o aspecto propriamente nacional, isto é, dizendo respeito ás suas consequencias internas.
No primeiro caso, fallam os homens que encaram os phenomenos friamente, e os analysam atravez do criterio philosophico sob que julgam os aontecimentos da vida social. No segundo caso, fallam os politicos, os homens que tem de manter sempre todos os interesse do paiz, as conveniencias do paiz."
(Excerto do Estudo)
Alfredo Pimenta (Guimarães, 1882 - Lisboa, 1950). "Escritor, conhecedor profundo da língua portuguesa, desenvolveu em estilo próprio, de grande clareza e rigor científico, uma vasta bibliografia que se espraia pela História, teorização politica, crítica filosófica, literária, géneros que muitas vezes tomaram a feição de polémica, em que era exímio, pela defesa intransigente dos seus pontos de vista e argúcia de argumentos. Cultivou também a poesia."
(Fonte: https://www.amap.pt/p/alfredo-pimenta)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar. 
20€
Reservado

13 setembro, 2025

CABRAL, Júlio Navarro -
A MADEIRA NOS PAÍSES BÁLTICOS. Nos Jogos Olímpicos de Helsínquia.
[Por]... Da Ordem de Benemerência. [S.l.], Edição do Grupo dos Amigos da Finlândia, 1954. In-8.º (22x15,5 cm) de LIII [53], [1] p ; [8] f. il. ; B.
1.ª edição.
"O Autor foi à Finlândia como Enviado Especial do Turismo Madeirense e do Jornal "A Voz". As crónicas reunidas neste volume foram todas publicadas no referido Diário."
Obra invulgar e muito curiosa. Ilustrada com 8 estampas em separado reproduzindo retratos de algumas altas individualidades de países do norte da Europa, além da finlandesa eleita «Miss Universo».
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Manuel de Bianchi.
"Encontrei o Júlio Navarro em Helsínquia, quando naquela capital se realizavam os Jogos Olímpicos em que os desportistas portugueses colaboraram. Tive, nessa altura, ocasião de apreciar a actividade, o denodo, a persistência com que ele sabia chamar, em toda a parte, a atenção de todos para as belezas da Madeira, sua terra natal, e espalhar a fama dos produtos desta ilha, cujas amostras, pequenas garrafas e bordados saíam constantemente das largas e generosas algibeiras dele, como do infindável mostruário de um prestidigitador.
Agora vejo-o em Portugal, com a mesma combatividade, a fundar o «Grupo dos Amigos da Finlândia», a promover saraus d propaganda, a escrever artigos, a proferir conferências, a agitar idéias, com o ardor e a veemência dum apaixonado. O seu entusiasmo pela nação finlandesa, nação sempre nobre, independente e corajosa, não pode deixar de merecer a minha simpatia. É um entusiasmo que se justifica plenamente. O meu amigo sabe exprimi-lo, comovidamente, com todo o ardor romântico de um latino e a tenacidade de um finlandês."
(Excerto da Carta de Luís Norton de Mattos, Ministro de Portugal em Oslo e Helsínquia)
Exemplar em brochura, bem conservado. Capas apresentam pequenas manchas de acidez.
Invulgar.
15€