23 agosto, 2025

PIMENTA, Belisário -
ANTÓNIO AUGUSTO GONÇALVES : polemista
. Coimbra, [s.n. - Composto e impresso nas oficinas da «Coimbra Editora, Limitada» - Coimbra], 1968. In-4.º (24,5x17,5 cm) de 26, [2] p. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante apontamento biográfico sobre o Prof. António Augusto Gonçalves, ilustre pensador, artista e historiador natural de Coimbra. Estudo publicado em separata do Arquivo Coimbrão, Vol. XXIV, 1968.
"António Augusto Gonçalves nasceu em Coimbra, a 19 de Dezembro de 1848. Herdou de seu pai, pintor e decorador com alguns merecimentos, uma fina sensibilidade estética e um critério de apreciação que irá aplicar na pedagogia e na vulgarização artísticas. Concluídos os seus estudos secundários, frequentou na Universidade de Coimbra, o curso de Farmácia, que logo abandonou. A partir de então passa a dedicar-se ao ensino livre do Desenho e da Matemática, ao mesmo tempo que irá alargando o campo dos seus conhecimentos artísticos. Belisário Pimenta, que com ele de perto privou, traça-nos … o perfil da sua mentalidade: «tinha contra si a mácula das suas ideias ao tempo muito avançadas em política e a outra mácula não menor da falta de crenças religiosas; de modo que o seu atrevimento em não seguir os cânones pedagógicos oficiais em Arte, o seu tolerante republicanismo apenas de princípios embora firmes e o não menos tolerante livre-pensamento, teriam, na época ressonância verdadeiramente revolucionária». Neste testemunho falta apenas a alusão ao enternecimento que lhe mereciam as camadas populares mais humildes e o operariado carecido de instrução."
(Fonte: https://acercadecoimbra.blogs.sapo.pt/coimbra-e-as-suas-personalidades-29734)
"Nas décadas dos meados do século passado, a seguir à implantação do sistema liberal em Portugal, nasceu uma série de gerações notáveis de que ùltimamente temos andado, com mais ou menos interesse, a celebrar os contínuos centenários. [...]
Coimbra foi então um centro de inquietadora rebeldia. A Universidade mantinha velho prestígio e velhas prerrogativas apesar do vendaval de 1834; a sua acção dominantemente conservadora exercia-se com relativa independência do poder central mas não acompanhava as elevadas intenções dos rapazes que, com a viveza dos 20 anos, sentiam o que havia de caduco na instituição dionisiana que impunha até à própria actividade cidadã bastante da sua gravidade e autoritarismo. [...]
Coimbra era pois um ambiente de inconformismo e de espírito de revolta - não aquela revolta que truculentamente surge nas ruas, de armas na mão quase sempre de origens duvidosas e sem finalidade de interesse elevado ou proveitoso, mas sim a revolta em que a inteligência domina e tem como armas a livre discussão e a livre intenção de progresso. [...]
Foi pois em ambiente de elevada aspiração idealista, de inconformismo raciocinado que muitas vezes se manifestava com algum entusiasmo, que se formara a mentalidade de António Augusto Gonçalves a cuja memória aqui deixo traçadas algumas linhas de impressões que vão ao correr da memória e ao sabor da velha amizade e da admiração que por ele sempre tive."
(Excerto do Estudo) 
António Augusto Gonçalves (Coimbra, 1848-1932). "Insigne arqueólogo, artista, crítico e historiador da Arte, e polemista vigoroso. De seu nome completo António Augusto Gonçalves Neves, era filho de um pintor conimbricense de merecimento. Completou os cursos liceal e de Desenho Filosófico, mas não chegou a obter qualquer grau na Universidade. Leccionou Matemática e Desenho, Professor de Desenho na Associação dos Ajustas de Coimbra e no Colégio dos Orfãos. Criou a Escola Livre das Artes do Desenho em Coimbra em 1878, que funcionou sob a sua direcção. Relator do Centro Operário de Coimbra em 1881. Secretário da Comissão Executiva da Exposição de Artefactos e Manufacturas do Distrito de Coimbra em 1884, tendo papel de relevo na organização do certame. Professor de Desenho na Escola de Desenho Industrial Brotero a partir de 1884, e desde 1889 na Escola Industrial Brotero, sendo então nomeado seu Director. Secretário da delegação de Coimbra da Associação Industrial Portuguesa em 1888. Por sua iniciativa, foi criado em Coimbra em 1890 um Museu de Arte Industrial. Embora filiado no Partido Republicano, obteve o apoio da Rainha D. Amélia e do Bispo-Conde D. Manuel de Bastos Pina para o seu plano de restauro da Sé Velha, cujas obras foram iniciadas em 1.1893. Reorganizou a partir de 1894 o Museu de Antiguidades do Instituto de Coimbra, que em 1911 deu lugar ao Museu Machado de Castro. Iniciado na Maçonaria em 1897 com o nome simbólico de “Fernão Vasques”. Superintendente dos Palácios Reais, nomeado pelo Governo Provisório em 24.10.1910. Sócio do Instituto de Coimbra e da Associação Liberal de Coimbra. Transitou para a Faculdade de Ciências em 12.5.1911. Professor da Faculdade de Ciências. Cadeiras - Desenho (1911-1928), prof. ordinário. Jubilação - Em 2.3.1929. Transitou da Faculdade de Filosofia como professor da cadeira de Desenho anexa às Ciências Biológicas. Pediu a aposentação em 7.1917, o que lhe foi indeferido. Vereador da Câmara Municipal de Coimbra. Membro do Conselho de Arte e Arqueologia de Coimbra em 1920."
(Fonte: https://www.uc.pt/org/historia_ciencia_na_uc/autores/GONCALVES_antonioaugusto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas apresentam manchas de acidez.
Muito invulgar.
Indisponível

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