19 agosto, 2025

CAUFEYNON e JAF, Drs - AS MISSAS NEGRAS. Feitiços, diabruras, maleficios e sortilegios. Os amores e o culto de Satanaz. Lisboa, Typographia Lusitana Editora, 1909. In-8.º (20,5x13 cm) de 258, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Curioso estudo sobre feitiçaria e o culto a Satanás. Obra dividida em duas partes: as seitas e o culto demoníaco em si, através do cerimonial e das missas negras; a adoração a Satanás sob o ponto de vista dos costumes - eróticos e sensuais.
Obra invulgar e muitíssimo interessante. A BNP não menciona.
"As missas negras, seja qual fôr o cerimonial que n'ellas se observe, teem sempre por objectivo o culto do Demonio; aquelles que as celebram, sacerdotes ou não, são crentes do dogma christão, porque é evidente que o sacrilegio não poderia existir onde não houvesse a crença; a profanação intencional caracterisa o proprio acto. [...]
As missas negras caracterisam-se especialmente pela inversão absoluta do rito christão; são officios ao revez e nos quaes, com o espirito de se pôr bem em relevo a profanação aprazivel a Satanaz, se ministra a hostia consagrada maculando-a de differentes maneiras. [...]
Quando se estuda a origem das seitas dos primeiros seculos da era christã, fica-se profundamente impressionado pelas indubtaveis analogias que taes associações offerecem com os mysterios da antiguidade. Os prazeres sensuaes formam o seu principal attractivo; quanto ao dogma, consiste em considerar Baccho como o verdadeiro Senhor dos Deuses, desthronado pelo usurpador Jupiter. As seitas gnosticas e as que d'ella derivam, consideravam Saranaz como o verdeiro Deus, desthronado pelo Altissimo. Entre uns e outros todos os desregramentos se julgavam legitimos. Os vicios constituiam virtudes.
As missas negras derivam das primeiras seitas que ministravam a Eucharistia mesclada de substancias repugnantes e sangue, que veneravam Satanaz e se abstinham de tudo que o Evangelho preceitua, recorrendo a quanto n'elle se prohibe.
As missas negras revestem um caracter especial de maleficio; são geralmente celebradas como as missas lithurgicas, por intenção de determinadas pessôas; differem apenas n'isto: as primeiras visam os vivos, as segundas os mortos. Quando se deseja mal a alguem, faz-se consagrar no altar, pelo officiante, uma figurinha de cêra, na qual se cravam alfinetes de ferro; isto basta para causar, n'aquelle que se visa, enfermidades terriveis e muitas vezes a morte. A missa negra serve tambem de feitiço para o amor, quer dizer, obriga o homem ou a mulher ao sacrificio corporal em favor do feiticeiro; para varrer do caminho um rival ou uma rival, e, n'este caso, para lhes causar a morte ou, pelo menos, provocar-lhes qualquer doença incuravel, e ainda levál'os a praticar qualquer acto que resfrie o amor d'aquelle ou d'aquella que os ama.
Finalmente, as missas negras, verdadeiro culto satanico, constitue uma das superstições mais aferradas do nosso tempo, porque a verdade é que estão ainda em uso, fazem parte integrante da prostituição moderna."
(Excerto do Prefacio)
Indice:
Prefacio | Primeira Parte: O culto de Satanaz: I - Origens e progressos dos Mysterios. II - A Demonomania dos Antigos. III - As seitas heresiarchas e as suas cerimonias. IV - Festas licenciosa do seculo XII. V - Votos e maleficios consagrados. VI - Profanações dos seculos XIV e XVI. VII - As missas e cerimonias escandalosas do seculo XVI. VIII - Assembléas satanicas. - Missas negras dos feiticeiros. IX - Maleficios, sortilegios, sacrilegos e missas negras do seculo XVII. X - Os Convulsionarios e as suas doutrinas singulares. XI - O Templo da Maçonaria Egypcia. - Cagliostro. XII - Cerimonias sacrilegas da Revolução. XIII - Missas negras modernas. Segunda Parte: Os amores de Satanaz. Orgias do tempo antigo: I - Torpezas dos grandes senhores e do clero. II - Costumes dissolutos dos reis francos e dos bispos da Edade Media. III - Costumes publicos e privados a partir do seculo XI - Os possessos demoniacos. IV - As possessas de Loudun e Louviers. V - Os vicios dos seculos XVII e XVIII. VI - Os possessos de Morzina.
Jean Fauconney  (1870-1970). Escritor francês e médico militar, conhecido sobretudo pelas suas obras de índole erótica, algumas delas relacionadas com a sexualidade, saúde e e hábitos de higiene. Escreveu sob os pseudónimos Dr. Jaf (ou Jaff), Brennus e Dr. Caufeynon, sendo este último um anagrama do seu apelido. A obra As Missas Negras, no original Les Messes Noires, le culte de Satan-Dieu. (Paris: Pancier, 1905), que representa uma inusitada incursão do autor no tema da superstição e do sobrenatural, é praticamente desconhecida, sendo raríssimas as referências ao livro.
Encadernação meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Papel de fraca qualidade, folhas escurecidas. Sem f. ante-rosto.
Muito raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

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