13 agosto, 2025

GRE
AVES, Manuel - AVENTURAS DE BALEEIROS. Cidade da Horta, no Arquipélago dos Açores, Edição do Autor, Ano de 1950 [Imp. 1949]. In-8.º (19,5x12,5 cm) de 206, [10] p. ; [1] f. desdob. ; [20] p. il. ; B.
1.ª edição.
Gravura da capa: O arpoador espera a baleia.
Interessante narrativa, fidedigna, de um moço faialense que embarca rumo à aventura no perigoso mundo da pesca à baleia.
Livro ilustrado em separado com inúmeras fotografias distribuídas vinte páginas e uma folha desdobrável (19,5x24 cm).
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. Ramos Taborda.
"Algumas vezes historiou o José Rodrigues a sua aventura da mocidade, à baleia, durante os serões familiares da casa paterna, no lugar do Valverde, na ilha do Pico deste Açores. O filho António, falecido em 1928, possuia o dom da afinada retenção, e fixára, talvez pelo excesso do relato, até os mínimos pormenores da aventura.
Se estou certo que pai e filho não inventaram, mais certo fico de que não leram o Julio Verne, finado na sua casa de Amiens em 1905, com 77 anos. Eles não sabiam ler, e, à época dos 18 anos do pai, provável que o notável francês não houvesse trabalhado, ainda, a contextura dos 48 romances da sua famosa obra de geografia científica.
O António contaria uns 50 anos em 1922, quando me contou, em simples linguagem de campónio, a aventura do pai, durante uns serões de Agosto, naquela estância da fronteira do Pico.
A minha curiosidade prendeu-se à história e levou-me a anotá-la. Ela aí vai, em bases de verdade, amaciada por ligeira fantasia, e acrescida duns casos à margem, colhidos de improviso."
(Nota do Autor)
"Há setenta anos, ou mais, o feitio aventureiro dos ilhéus moços, neste oeste-açoreano, conquistára o auge. Mal o buço começava despontando, os rapazes entravam a planear a fuga por esse mar-além, à procura duma sorte. Aos do Pico, não se lhes prendia o coração às pedras negras, contra que se estiolavam no trabalho os pais, mal conseguindo ganhar o pão de cada dia. [...]
O sonho doirado dos rapazes era embarcar, à busca da ventura distante. Ontem, como sempre, a visão atlântica absorvia-lhes os pensamentos, embalava-os, dava-lhes a côr fagueira da verde-esperança. A terra americana, a mil e novecentas milhas, seduzia-os. Tantos que estavam ganhando bem, e prosperavam por lá!
Muitos sofreram ásperamente os rigores da má-sorte, embarcados em navios americanos da pesca da baleia. Os barcos aportavam ao Faial, afim-de tomarem mantimentos enviados pelos armadores de New Bedford, deixando os enormes cascos gordurentos, cheios de óleo, que mais tarde eram reembarcados para aquele porto da costa leste dos Estados Unidos, então o maior centro balieiro do mundo."
(Excerto do Cap. II - À aventura! - Embarcar, ou para a missa)
Índice dos capítulos:
[Nota do Autor] | I - A fuga pela noite - com um adeus e um cabaz de ilusões. II - À aventura! - Embarcar, ou para a missa. III - A abalada pela noite. IV - No mar, a noite gera receios e recordações - Enfim, a bordo! V - Na rota para o sul - Um capitão engenhoso. VI - Desporto perigoso - Tubarões e romeiros. VII - Em plena pesca. VIII - Prossegue a luta - Arpoadores - Uma baleia perigosa. IX - Cãis hábeis - e de quanto são capazes. X - Falta um homem no bote do capitão! XI - Opéra o Deus do Bom-Acaso. XII - Comando novo - Volta ao Pacífico. XIII - Naufragados - Navio perdido! - Dos ciclones. XIV - Entre perigos - Alguns dias de jangada. XV - Caminho da ilha de areia branca. XVI - Na ilha de areia - A visão do Anjo da guarda. XVII - Trabalha! Eu te ajudarei... XVIII - Oito mêses desterrados - Os pioneiros - Os imigrantes. XIX - A salvação - Para Honolulu e San Francisco. XX - Paragem em San Francisco - A arrancada para San José. XXI - Passam os anos - Entretanto, agitam as saudades... XXII - ... E atormentam os arrependimentos - 30 anos volvidos.
Manuel da Silva Greaves (Horta, 1878?-1956). "Escritor e jornalista. Iniciou-se no jornalismo, ainda estudante do Liceu da Horta, colaborando em A Primavera, A Estudantina e Sal e Pimenta. Posteriormente, foi redactor de O Ocidente dos Açores, O Atlântico e Jornal Açoreano. Também colaborou com outros jornais do arquipélago, do continente, dos Estados Unidos da América e do Brasil. Os seus artigos de política partidária caracterizam-se pela sátira e pela ironia com que visava os adversários. Escritor regionalista, deixou vários livros de temática açoriana, onde o mar e os baleeiros são destacados, o último dos quais editado postumamente. Sobre a sua prosa Casimiro (1957) escreveu: «Publicados em períodos diferentes, marcam duas épocas da sua vida: mocidade e maturidade. Em todos está bem marcada a personalidade do escritor pela forma como foram concebidos, neles está vincada a maneira de ser do prosador pelo estilo pessoal e característico [...]». Histórias que me contaram e Aventuras de Baleeiros são os melhor conseguidos e aqueles em que contribui mais significativamente para a etnografia açoriana. [...] Era Verificador das Alfândegas."
(Fonte: http://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/Default.aspx?id=5765)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico e etnográfico.
Indisponível

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