1.ª edição.
Depoimento
de João Moreira de Sá, na época imediato do Yacht Real Amélia, que
transportou D. Manuel II rumo ao exílio após a eclosão do movimento
republicano de 5 de Outubro de 1910.
"Aclarando a Verdade constitui a principal fonte, cremos que a única conhecida, do que ocorreu no iate Amélia no
dia 5 de Outubro de 1910, quando da grave opção posta à Família Real
sobre o destino da viagem; seguir ou não para o exílio. Mesmo
tratando-se de um depoimento pessoal, são textos desta amplitude que
permitem aos historiadores compreender o horizonte de esperanças e
inquietações com que o rei D. Manuel II se defrontou na hora em que viu o
Trono derrubado. A narrativa do vice-almirante Moreira de Sá completa a
que José Jacob Bensabat deixou no opúsculo A Verdade dos Factos [1929]."
(Excerto prefácio da edição mais recente do Prof. J. Veríssimo Serrão)
"Alguns
amigos, conhecedores dos factos ocorridos a bordo do Yacht «Amélia», a 5
de Outubro de 1910, aconselharam-me e instaram comigo para que, no
intuito de aclarar a verdade, relatasse na mais singela e absoluta
pureza, quanto ali se passou.
É isso o que vou fazer.
Após
vinte e quatro anos de pelourinho, fustigado mesmo por aquêles que
sabiam como os acontecimentos se tinham dado e que, por escrúpulo de
consciência, deviam sêr os primeiros a autenticá-los, aceitei os
conselhos dêsses amigos e, com pesar, resolvi escrever esta resumida
narrativa."
(Preâmbulo - Palavras curtas)
"Nos
últimos dias do regime monárquico a propaganda republicana fazia-se com
desplante e com audácia por todo o país, sem que a necessária repressão
a entravasse.
Dir-se-ía que os poderes constituídos, se não a auxiliavam, também nenhuma espécie de importância lhe concediam.
Na
imprensa, nos comícios, nos centros de conversação, nos clubes, nos
cafés, semelhante propaganda fazia-se às claras, com pertinácia e
audácia inacreditáveis, e com tanto maior incremento quanto era certo as
autoridades consentirem-na em nome de uma liberdade que tocava as raias
da licença e que, estabelecido o novo regime, nunca mais houve.
Sentia-se,
palpava-se, pairava em densa atmosfera por tôda a parte e muito
especialmente, nos quartéis, entre as guarnições dos navios, actuando no
espírito da soldadesca, da marinhagem.
Fora dêste meio, onde quer que se formasse um grupo, aí estava ou surgia inesperadamente um missionário da república.
No
Paço, os altos dirigentes afirmavam, todavia, que todo êsse torvelinho,
propulsor a agitação do país, era absolutamente inofensivo, não passava
de ridícula atoarda.
A
família real acreditava nestas calmantes informações, talvez sinceras,
mas que, impõe-se dizê-lo, eram demasiado ingénuas e condenadamente
irreflectidas."
(Excerto da Narrativa)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas levemente manchadas.
Muito invulgar.
30€

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