ARTUR, Maria de Lourdes - O PORQUÊ DE SÃO JOÃO DE ALMADA. [S.l], [s.n. - Composto e impresso na Tipografia Portuguesa, Lda. - Lisboa], 1959. In-4.º (25x18,5 cm) de 10, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Conferência proferida no Salão Nobre do Município de Almada em 22 de Junho de 1955, integrada nas festas em honra de S. João Baptista.
"Assim, querem alguns que Almada entre na História pela mão de S. João Baptista. Para eles foi o Santo Precursor que presidiu às manifestações advindas da vitória alcançada pelos cristãos almadenses, no séc. XII, sobre os mouros, senhores de grande parte do território na Península Ibérica desde o séc. VIII.
Como sempre, a lenda cria-a o povo, é ele o seu fautor, transmite-a oralmente através dos séculos até que um dia é escrita por um, por outro e ainda por outros que, se bem que seguindo a mesma fonte informativa, não obstante dão uma versão que tem muito de pessoal; assim as diferenças posto que acidentais, assim os seus distintos cambiantes!...
O caso do S. João da Ramalha em relação com a conquista de Almada aos mouros não se encontra documentada nos livros nem anda na boca do povo pelo que se torna de fácil contestação uma vez dissecados os factos históricos. Se não, vejamos: - Como sabemos, a tomada de Almada aos mouros anda ligada à de Lisboa, como aliás todos os acontecimentos históricos ocorridos nesta.
A pedido de D. Afonso Henriques, do qual foi porta-voz o bispo do Porto, D. Pedro, os cruzados que seguiam com destino à Palestina, aceitam a intervenção na empresa da conquista de Lisboa. Haviam chegado ao Douro a 16 de Junho de 1147 e entram no Tejo 12 dias depois. Entretanto havia passado dia de S. João sem que algo houvesse ocorrido em Almada!...
Depois de concretizadas as negociações, não sem grande dificuldade por serem de proveniência vária os componentes do "Navalis Exercitus Dei", a cidade de Lisboa é tomada pelos cristãos entre os dias 21 e 24 de Outubro.
A História omite o caso de Almada mas refere-se a Sintra e Palmela que capitularam. É natural que o mesmo tivesse sucedido à nossa vila quando os mouros divisaram que no castelo de S. Jorge a bandeira da cruz substituíra a do crescente. É provável ainda que se tivessem posto em fuga tanto mais que haviam experimentado já a violência dos cruzados ao vingarem a morte dos seus companheiros quando certo dia foram pescar àquelas margens."
(Excerto da Conferência)
Maria de Lourdes Costa Arthur (Amora, Seixal (Setúbal), 1924-2003). "Foi uma arqueóloga e feminista portuguesa. Foi a primeira arqueóloga portuguesa a trabalhar de forma sistemática numa ação de salvamento na Quinta de São João no Seixal, em 1950. Anteriormente a ela, a primeira mulher a realizar trabalhos arqueológicos em Portugal foi Vera Leisner em conjunto com o seu marido, Georg Leisner. Com isto abriu-se um precedente da atuação da mulher no campo da Arqueologia em Portugal, com pelo menos sete mulheres a trabalharem na área da arqueologia e da museologia desde a década de 1940."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
10€

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