10 maio, 2025

BRANDÃO, Couto -
AO ALGARVE E A SEVILHA. Lisboa, Bibliotheca do "Correio Agricola de Lisboa", 1900. Oblongo (16,5x18 cm) de 328 p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Impressões recolhidas pelo autor nos dois passeios que empreendeu pelo sotavento algarvio e sul de Espanha com dois seus amigos, em ocasiões diferentes, e que aqui junta.
Livro ilustrado com desenhos no texto, onde se contam, entre outros, os retratos, respectivamente, do Severino, de D. Pepa, a estanqueira, da Lolasita, sua filha, e do autor.
Raro e muito interessante, sobretudo o passeio pelo Algarve, e os "amores" sevilhanos. A BNP não menciona.
"O que vae lêr-se já foi publicado avulso em artigos do "Correio de Lisboa" em 1897, anno em que eu e o meu amigo Sousa Pires, ao tempo redactor do "Correio Nacional", fômos de passeio ao Algarve.
Reproduzo-o agora em folhetim no "Correio Agricola" não só para juntar os artigos dispersos num volume, mas tambem para accrescentar-lhe as impressões do passeio que o anno passado realisei a Sevilha com o meu bom amigo e companheiro de redacção Severino Soares, tomando até a Ayamonte o mesmissimo trajecto que dois annos antes tinha percorrido com o Sousa Pires.
Depois de publicado todo o passeio ao Algarve, incluindo a volta a Lisboa, retomei o novo passeio desde Ayamente a Sevilha, passeio que me deixou as mais doces recordações e as mais vivas saudades."
(Uma explicação)
"Em um vapor dos caminhos de ferro do Sul e Sueste, transportámo-nos ao Barreiro, onde tomámos logar no comboio que nos devia conduzir a Faro.
Pouco foi o tempo em que pudémos contemplar do nosso wagon as paizagens que nos appareciam de terrenos ribatejanos e alemtejanos, porque a noite depressa nos surprehendeu.
Causou-nos verdadeira pena a contemplação dos vastissimos campos sem culturas, sem uma unica casita a animar aquella grande solidão. E veiu então ao nosso espirito, com perfeito conhecimento de causa, a justiça com que tantas vezes se tem censurado aos governos o pessimo systema de administração que tem seguido, conservado nos mais condemnaveis dos abandonos uma provincia que poderia ser se não a mais rica de Portugal, ao menos uma das mais importantes.
Vinda noite, como a nossa vista nada podia lobrigar que nos despertasse curiosidade, fomos mentalmente adivinhando o que seria o resto d'aquelle desgraçado Alemtejo, a avliar pelo que tinhamos presenceado até Montemór-o-Novo, e esta é a parte mais bem tratada do que viramos.
Depois de um somno de quatro horas acordamos perto de Messines, que n os offereceu uma vista surprehendente na sua bellissima vegetação. E de Messines até Faro os nossos olhos foram-se extasiando na magestosa e admiravel fertilidade do sólo algarvio, tão pujante e encantador como o do nosso Minho tão cantado em versos maviosos e descriptos os seus costumes por romancistas como Julio Diniz e Augusto Vieira."
(Excerto de I - De Lisboa a Faro)
Índice:
Primeira Parte - Ao Algarve e a Sevilha: I - De Lisboa a Faro. II - Faro. III - De Faro a Olhão. IV - De Olhão a Tavira. V - De Tavira a Villa Real. VI - Ainda em Villa Real. VII - De Villa Real a Castro Marim. VIII - Castro Marim. IX - De Villa Real a Ayamonte. X - O regresso.
Segunda Parte - A Sevilha: I - De Lisboa a Beja. II - [Em Beja. Beja - Algarve - Ayamonte].  III - Em Ayamonte. IV - A noite de S. João em Villa Real. V - Partida matutina. VI - De Ayamonte a Gibraleón. VII - Huelva. VIII - Um parenthesisa: A estanqueira; A Lolasita; Eu. IX - A Sevilha. X - Sevilha. | O regresso.
Encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas. Livro impresso a duas colunas, cada uma delas numerada, encontrando-se o verso em branco.
Exemplar em razoável estado de conservação. Pastas em mau estado, com o bordo lateral chamuscado. Miolo correcto; papel de fraca qualidade. Lombada apresenta falha de pele no pé. Dado o interesse e raridade, deve ser reencadernado.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

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