06 maio, 2025

DOMINGUES, Mário –
O PRETO DO «CHARLESTON» (novela)
. Lisboa, Livraria Editora Guimarães & C.ª, [1930]. In-8.º (19x12,5 cm) de 276 p. ; B.
1.ª edição.
Capa (belíssima) de Roberto Nobre.
Publicado em 1930 O Preto do «Charleston» é um romance de ficção que retrata a Lisboa boémia dos 'loucos anos 20', o bas-fond da capital e o ambiente licencioso dos clubes e cabarets, que reflecte a experiência do autor como porteiro do Clube Ritz.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Tem que esperar um bocadinho, mademoiselle Odette - disse Clara, a gentil empregada do «Cabeleireiro da Moda», muito elegante na sua bata e sorridente na face agarotada, a que uns cabelos curtos, impossivelmente louros, oxigenados, davam um vago aspecto de costureira parisiense.
Odette,a despeito do seu nome e habitos bastante franceses, era, no entanto, suficientemente portuguesa para resignar-se a esperar.
- Se tivesse combinado a sua hora pelo telefone - dizia-lhe Clara - não teria agora a maçada de aguardar a sua vez.
- Não me lembrei a tempo de lhe telefonar . respondeu-lhe Odette - mas não importa, aguardarei um momento.
A empregada retomou o trabalho que interrompera: o meticuloso corte das unhas róseas de uma rapariga magra, esguia, que lembrava um desenho estilizado de magazine."
(Excerto do Cap. I - No «Cabeleireiro da Moda», em pleno Chiado, trava-se conhecimento com duas elegantes)
Mário José Domingues (Ilha do Príncipe, 1899 – Lisboa, 1977). "Foi jornalista, cronista, tradutor e escritor. A sua mãe era negra, natural de Angola, tendo sido levada para a ilha do Príncipe com 15 anos para trabalhar na roça Infante D. Henrique. O pai, António Alexandre José Domingues, era português branco, funcionário dessa roça, e trouxe-o para Lisboa com 18 meses, onde foi criado pelos avós paternos num ambiente de classe média. Realizou o curso de Comércio no antigo Colégio Francês da Rua Álvaro Coutinho. Iniciou a vida profissional nos finais da década de 1910 como ajudante de guarda-livros e correspondente de francês e inglês, e aos 19 anos começou a publicar contos no diário anarquista A Batalha. Em Novembro de 1919, aceitou ser jornalista profissional daquele diário, marcando o início de uma actividade muito intensa na imprensa, até ao estabelecimento da ditadura do Estado Novo, com passagem também por publicações como Repórter X e Detective. Ao longo da sua vida, escreveu novelas, romances, peças de teatro, policiais, ficções de cowboys, aventuras e evocações históricas, com destaque para os títulos Hugo, o Pintor (1923), A Audácia de Um Tímido (1923), Entre Vinhedos e Pomares (1926), Anastácio José (1928), O Preto do Charleston (1930), O Crime de Sintra (1937) e Uma Luz na Escuridão (1938). Para viver das obras que publicava, chegou a assiná-las com nomes ingleses e franceses, ou com nomes de tradutores fictícios."
(Fonte: Wook)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. .
Muito invulgar.
Indisponível

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