26 janeiro, 2019

NINGUEM, João - O 9 DE ABRIL. Por... Folhetim do «Jornal de Benguela» (separata). Benguela, Tip. do «Jornal de Benguela», 1921. In-8.º (19cm) de 60, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante trabalho publicado em Benguela, Angola, devotado por inteiro aos aspectos tácticos da Batalha de La Lys e os seus antecedentes, justificados com a opinião escrita de Ludendorff e Gomes da Costa. O autor critica ainda com severidade os "patriotas" - a classe política e alguns militares - que qualificaram desastroso o «9 de Abril», "o momento mais traumático da acidentada participação portuguesa na Grande Guerra".
Sobre o pseudónimo que encobre o seu verdadeiro nome, no final do livro o autor esclarece: Não é por modestia ou por receio de contestações que resolvi entrincheirar me por detraz de um pseudonimo tão vago, como é o de João Ninguem. [...] Com responsabilidades profissionaes na guerra em França eu seria necessariamente levado ao campo das referências a pessoas, lugares, factos e datas a que o meu nome anda ligado nessa campanha; porém eu resolvi nêste trabalho de compilação, satisfazer apenas a curiosidade dos leigos em materia militar e não tratar de mais nada e muito menos de mim.
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"Um dos mais ilustres de entre os soldados portuguêses que á Flandres foram manter, mais uma vês, perante o mundo e perante a sua Patria, o bom nome das tradições da raça lusitana; - honrou o Jornal de Benguela, cedendo-lhe para publicação as páginas que se seguem.
Nelas palpita, tumultuoso de expressão e de sinceridade, o arranco indomavel de uma mal contida indignação perante o qualificativo, tão miseravel quão injusto, com que os nossos politicos alcunharam a Batalha do Lys, onde os Soldados de Portugal souberam pelejar com brio e morrer com honra.
Esse qualificativo foi o de - Desastre de 9 de Abril - e, de facto, êle em desastre redundou finalmente para todos nós, que sofremos o choque reflexo de tão desastrada denominação.
Não precisamos encarecer o valor dessas páginas  que não pretenderam enfeitar-se das galas e ouropeis do estilo, nem dos efeitos literarios.
Elas são sobrias e claras como a linguagem rude e precisa do soldado; elas são breves e incisivas como uma voz potente de comando.
É que foi a mão nervosa e seca de quem soube comandar em França, com assiduidade e valentia, os nossos soldados, quem as escreveu, para explicar, pela primeira vês,  em terra portuguêsa e a portuguêses, por modo que todos o compreendessem, o que foi na verdade o 9 de Abril, o que ele teve de batalha normal e honrosa e o que não teve de desastre afrontoso."
(Excerto da Nota da Redacção)
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"Como é do conhecimento de todos, ninguem em Portugal chegou até hoje a ter uma noção aproximada do que foi O 9 de Abril.
Ao fazer esta afirmativa, refiro-me aos leigos em assuntos militares, como é a massa da população e até áqueles que tendo estado em França e nas linhas, não tiveram ocasião de apreciar com documentos idoneos, o papel do nosso exército, nesse dia de 9 d'Abril de 1918.
Toda a política do meu país, dos últimos seis anos, caíu sôbre os soldados de Portugal, que na Flandres receberam um dos muitos e varios ataques, com que os alemães procuraram vencer os aliados.
O período da guerra que, para a Alemanha, constituiu a sua última ofensiva no «front ocidental», começou em 21 de Março de 1918 e prolongou-se, sem interrupção sensivel, por toda a primavera dêsse ano, numa série de batalhas e avanços correspondentes, até 18 de Julho, dia em que começou a contra-ofensiva dos aliados.
De facto, começando as tropas alemãs, em 15 de Julho de 1918, pela manhã, a passar o Marne, num avanço que Luderdorff classifica de brilhante; na madrugada de 18, as tropas alemãs, não só detêem o seu avanço, mas começam, a perder terreno. Daí em deante o resto da campanha foi uma derrota sucessiva para o exercito alemão, assistindo, desde essa data, o general Ludendorff, seu Quartel Mestre General, ao desabar de todos os seus sonhos!"
(Excerto da primeira parte da obra)
Encadernação simples em meia de percalina com cantos. Corte das folhas pintado. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Aparado. Assinatura de posse(?) - Autógrafo do autor(?) na f. rosto.
Raríssimo.
Com interesse histórico.
Sem registo na BNP ou de qualquer outra fonte bibliográfica.
Peça de colecção.
Indisponível

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